domingo, outubro 31, 2004
A Crítica Não Chega (II)
Já aqui se expuseram suficientemente os problemas da democracia liberal. Não há dúvida de que se trata de um sistema repleto de imperfeições e becos sem saída!
Não há dúvida que é um sistema que comporta em si as sementes da sua própria destruição.
Não é por isso, porém, que alinhamos com os “tontos” anti-globalização, de que o Chomsky, o Saramago e o Dr. Soares são ídolos. A crítica tem de comportar uma resposta semelhante, uma comunhão de interesses, uma partilha de mundividência.
Não é isso contudo o que acontece com dois tipos de nacionalismo tão distintos quanto os que se vêm aqui discutindo.
Que alternativas de sociedade podem ter em comum?
Uma sociedade baseada numa identidade indo-europeia, ariana ou branca (todas são concepções bastantes distintas umas das outras…) é radicalmente oposta a moral que presidiu à formação de Portugal, à sua expansão, à sua contracção.
Não tenho dúvidas de que Portugal é uma Nação, apesar do conjunto distinto de etnias (que já na altura eram misturas de etnias…) que assistiram à sua formação!
Não tenho também dúvidas de que a moralidade indo-europeia pagã nunca esteve ligada a Portugal. O que por si só não significa que seja esvaziada de utilidade. Os seus problemas são bastante mais profundos que isso…
O problema é que não existe nenhuma proposta comum, entre os dois nacionalismos.
Imaginemos que esse movimento unitário de nacionalistas tomava o Poder…
O que poderíamos esperar do novo regime?
Substituir-se-ia o sistema multiculturalista e laicista, por um sistema biologista e etnicista, ou seja, um sistema cientificista por outro igual! Se só o branco pode ser português é preciso que se defina quem é branco(o que requer uma certeza científica!!!, algo que é um contra-senso, uma vez que a ciência não pode munir a sociedade de verdades absolutas)! Que grau de pureza poderá ser aceite?
Sabendo que a população portuguesa tem muitos antepassados judaicos… A quantos será negado o direito de cidadania?
E quantos algarvios não têm sangue magrebino?
Já tinham no século XIII…
Tudo recambiado…
Obviamente que esta concepção é incompatível com a vida portuguesa, concepção derivada de uma mundividência cristã, onde o Homem se define pelo seu espírito e não pelo seu sangue.
É da árvore do cristianismo que deriva a originalidade do ser Português. É à sua sombra que todo o “ethos” português se forma, que se encontra a sua originalidade, que se encontra o que o fez nobre no mundo!
A ideia de que à formação da nacionalidade presidiu alguma coisa de pagão, ou a ideia de Afonso Henriques como herói do “ethos” branco é, no mínimo, divertida!
Disto resulta uma importante mitificação de uma personagem, desviando a admiração de uma figura histórica para a própria explicação do mundo que tem!
Saramago, recentemente, expressou o seu desejo de um regresso de Dom Afonso Henriques. A ideia é a mesma… Identificar a figura com os nossos ideais, independentemente da sua acção histórica, e dos factores e valores que esta visou defender!
Se o problema “racial” for tomado, de forma mais superficial, apenas como uma necessidade de identificação com o Poder, o problema torna-se então ainda mais simples.
Bastará, como sucedeu durante tantos anos, demonstrar como é a unidade de Poder “Portugal”, que lhes permite levar a sua vida e usufruir dos seus benefícios!
Será impossível, ou sequer difícil, que alguém se identifique com alguém de outra raça?
Ainda para mais quando é à sombra desse Poder que levam as suas vidas, que é essa a língua que usam para se educar, que é às suas autoridades que recorrem para defenderem os seus direitos…
Pior são os que com alva derme renegam a sua “verdadeira identidade”, PORTUGUESA, e olham para os Jean Monet´s, para os Hitler´s, para os Napoleões, com abjecta reverência…
O que fazer com esses que encaram como supremas as lealdades Europeias e Indo-Europeias?
É que a Nação como sub-produto da Estirpe, comporta sempre uma supremacia do fim último, e quando este é a solidariedade essencial de Portugal com o Bangladesh…
Por fim gostava apenas de realçar que tanto este vosso serviçal, como o Caturo, têm uma virtude! Levam o seu pensamento até às últimas consequências. Por esse facto compreendem que a coerência e a posição política têm uma consequente posição metafísica!
Temos, pelo menos, a compreensão de que a Verdade não é algo de manipulável.
Louvo isso no pensamento do Caturo, apesar de todos os erros que sei que a sua posição comporta e de considerar que as nossas posições são impossíveis de conciliar.
Se alguma virtude temos é não estarmos indelsos ou “empastelados”.
As nossas sínteses são na acção e não no pensamento… Por isso não estamos confusos!
Etiquetas: Nacionalismo
sábado, outubro 30, 2004
O Valbom dos Gaviões
Embora liberal, embora libertário, embora seguindo as interpretações liberais de Burke, o Professor José Adelino Maltez continua a escrever com a sinceridade e a frontalidade de quem não condescende nas suas análises... É um homem de saber e lisura! Merece respeito e atenção, ainda que discordância das suas opiniões.
quinta-feira, outubro 28, 2004
A Crítica Não Chega… (I)
Sem dúvida que sou um bocadinho bolorento! Devo dizer que não tenho quaisquer pretensões a deixar de o ser… Não possuo essa doença moderna da Novidade, que não é senão uma incompreensão do eu, na sua perspectiva histórica e narrativa. O cruel filme de Mike Leigh “Naked” retrata com firmeza essa esquizofrenia existencialista. Não padeço de qualquer complexo bergsoniano, qualquer necessidade de afirmação pela novidade, pela substituição da essência por um “ídolo” reciclável, cheio de luzinhas e “sex appeal”, que se descarta assim que se considera que “os tempos mudaram”.
Esse é um argumento recorrente. Nem sequer é um argumento particularmente original… É usado por todos os que estão com o Poder. No caso dos marxistas foi usado por quem tinha certeza religiosa (pela religião materialista-histórica e dialética) de que o futuro lhe pertencia…
Não sabemos se o Socialismo Científico (nome pomposo para o marxismo), voltará e dominará… Como não sabemos se o liberalismo será, como o patético Fukuyama pretende, será o último estádio do Homem! É, pelo menos, altamente improvável…
O que podemos e devemos fazer é aferir os erros das variadas ideias e demonstrar as suas insuficiências.
Demonstrar como o marxismo nunca passará da fase ditatorial, por nunca poder obter a ilimitação dos recursos requerida para satisfazer todas as necessidades dos homens, como o demo-liberalismo, fundado nas paixões dos homens, em particular da vaidade, estará sempre sujeito às investidas dos sofistas! Caiu em Atenas, caiu em Weimar… Até caiu em Washington durante os períodos de hábeis interpretações da Constituição em que se puniram e perseguiram “criminosos de opinião”! Sardinha viu isso, apesar da morte o ter tolhido muito antes da decrepitude geral do sistema… Esta não era também uma opinião original! Aristóteles já havia prenunciado na Política Livros III e V a decadência democrática às mãos dos sofistas, a ideia de que a decisão política na democracia (demagogia) é propriedade do cidadão, em contraponto com o regime constitucional (politeia) onde todos votam, em consonância com os princípios constitutivos da “polis”, com a sua existência real, que se encontra na mautenção da partilha espiritual (homonoesis ou homonoia).
Ideias velhinhas de 2500 anos… decerto sem qualquer interesse para o nosso tempo!
Tenho de reiterar, por isso, que o isolamento me assusta menos que o erro.
Etiquetas: Pensamento Tradicional
Isto Já Está Como Há de Ir...
Sua Santidade acabou de se pronunciar sobre os eventos recentes no seio da UE!
Afirmou que "é preciso que todas as opiniões sejam respeitadas"!
Esqueceu-se, porém, de dizer que há que salvaguardar a verdade...
quarta-feira, outubro 27, 2004
Nacionalismos
Fui acusado pelo Caturo de não ser um verdadeiro nacionalista. Na verdade é necessário esclarecer alguns pontos.
Não considero a Nação o último reduto da existência humana. Se a existência humana é intrinsecamente política, como é, não se pode esgotar por aí a sua lealdade. Dar-se-ia conta de uma verdade sufocante do ponto de vista humano! Não há nada para além do Poder. Só essa capacidade de obrigar, fundada na coerção, seria a origem de um mero lançar de Poder contra Poder. Um caos em que a emergência da Paz provém apenas da rendição!
Se é verdade que num plano “realista” podemos aferir isto, mantendo apenas os olhos no contingente, a verdade é que a existência plenamente humana se completa num plano espiritual (ainda por isso terreno).
A felicidade de um Homem, de uma família, de um Estado, têm expressão real no mundo. Subordinam-se aos ditames do que é a sua felicidade.
A herança da Filosofia é de facto essa. Há o certo e o errado, o melhor e o pior… Algo que se encontra sempre interligado com o Político e o transcendente (como se lê abaixo do título do blogue, na citação straussiana), mas que a ele não se deve submeter, sob a obediência cega! Essa é a demissão da própria natureza do ser humano…
Por isso a Nação, quando soberana, exige uma própria compreensão dos seus princípios conceptuais, para que se compreenda quais as suas verdadeiras exigências.
Por isso é preciso distinguir entre a Nação de Rousseau, de Sieyés, de Mazzini, de Burke, de Donoso, de Sardinha, de Salazar…
Em nenhum destes pensamentos a nação é um fim-em-si…
Até porque essa seria uma impossibilidade lógica. Justificar a acção da nação com a própria nação é uma redundância. A única forma possível de justificar uma acção tem de ser tomar como medida o seu bem. É nela que se determina a causa final da comunidade…
A vontade geral de Rousseau, que resulta do consenso da comunidade segundo as classes populares e seus costumes é uma face da Nação.
A soberania nacional de Sieyés não é mais que a diluição dos estamentos socio-legais, na formação de uma assembleia decisória que representa os indivíduos como tal…
A ideia de Salazar a manutenção de uma entidade política na prossecução da sua forma de existência.
A Nação de Sardinha, um conjunto orgânico de ligações culturais e legais, prolongados na História e subordinados ao Bem Comum.
Esta é uma das reflexões pelas quais, ao contrário do que muitos afirmam, a reflexão sobre a Democracia é fundamental entre os nacionalistas.
Há um nacionalismo (totalitário, democrático) que considera que toda a existência da comunidade colectiva está subordinada à vontade de seus membros… outra que considera que os princípios constitutivos de um povo (a sua constituição verdadeira!), não podem ser referendados.
A verdade da Nação pode ter várias interpretações! A incompatibilidade entre as duas interpretações é auto-evidente.
Em suma, o Caturo aponta-me um defeito de que ele próprio também padece…
Veja-se o que afirmou nos comentários…
“A Nação, para mim, é um fim em si, mas só parte dele, ou seja, é parte do ideal maior em política, que é a Estirpe.”
Podemos logicamente entender que uma coisa não pode ser um fim-em-si e, no entanto, ser parte de algo que lhe é superior.
Parecem não restar dúvidas da incompatibilidade de posições com a afirmação de que:
“Como a verdade vem sempre ao de cima, os verdadeiros nacionalistas portugueses entendem que não há Nacionalismo autêntico sem consciência étnica e racial; que a Nação é só um degrau da Estirpe, mais abrangente do que a Família, e menos abrangente do que a Etnia, a qual por sua vez é menos abrangente do que a Raça.Ou seja, quem é Nacionalista autêntico, promove a sua Estirpe, cujos degraus são Família, Nação, Etnia, Raça.”
Etiquetas: Nacionalismo
O Sacana do Marreco
Andava meio mundo indignado com as minhas afirmações aqui no Pasquim!
Parece que afinal de tudo as sínteses são mesmo impossíveis…
Tanta indignação, tanto choque! No fim de contas viemos a saber que…
Os nacionalistas étnicos não querem alianças com os conservadores!
Não aceitam que exista outro nacionalismo que não o seu!
Algumas pessoas estão confusas sobre a sua nacionalidade e deveres políticos!
Muita gente insulta e tenta descredibilizar quem tem pensamento, só porque não interessa que alguém “ponha o dedo na ferida”(que conversa de sindicato!!!). Fazem-no independente das virtudes que esse pensamento comporte!
É interessante que por aí se fale em democracias de todos os tipos…
Para os mais Seráficos Democratas
Muito se afirma sobre a política de Salazar. De tortuoso maquiavélico, a inflexível idealista, tudo serve para definir a sua acção. Os recentes desenvolvimentos só podem reforçar a opinião de que o estadista será sem dúvida, o último “gigante” da política portuguesa!
1. A manutenção da integridade territorial não é apenas uma intransigência “modernista” de uma fronteira invariável. Ela representa a não cedência aos pérfidos interesses dos “poderosos” de então. Foi-no antes da Guerra com o elucidativo discurso “Não vendemos, não cedemos, não arrendamos” em que demonstrou a repulsa pela pressão do Reich em tomar (ou comprar, ou arrendar) as colónias portuguesas.
Com a mesma simplicidade que recusou as pretensões nazis, fê-lo em relação aos americanos…
2. A rejeição de Salazar deveria pôr muitos a pensar!
Algumas ideias se tornam incompatíveis (pelo mero uso da lógica).
A ideia de Salazar como um maquiavélico, viciado no Poder, viciado em “chazinhos” com as senhoras de classe alta, tornam se curiosamente desacreditáveis.
Os números propostos pelos EUA, a serem correctos, seriam elevada soma! O suficiente para desenvolver o “rectângulo”, para manter os detractores do regime calados (como faz a União Europeia através dos fundos). No rectângulo todos ganhariam…
Mas para Salazar não interessou apenas a manutenção do regime!
Interessou o longo prazo… Interessou a ideia de uma Nação resistente e firme nas suas convicções (aliás reiteradas por todo o Direito Internacional), de um povo que se mantém firme nas suas convicções.
3. A ideia de Vasco Pulido Valente de que o Povo Português não queria saber do Ultramar para nada corrobora a virtude do “ditador”. Se o povo não queria combater, se o povo não queria saber do Império para nada, porque é que Salazar manteve a sua política ultramarina? Não teria sido certamente por populismo…
Demonstra-se a existência de uma lógica que escapa à maquiavélica “computação” de apoios. Demonstra-se a essência de um homem moral…
Vender era o mais fácil! O que permitiria maior “bem-estar” de todos…
4. O “amigo” americano, afinal, sempre tinha interesse na África Portuguesa!
Os Delgados afinal não eram democráticos patriotas idealistas…
Os Carluccis não eram apenas agentes democratizadores…
Tudo coisas que ainda não sabíamos…
Etiquetas: Salazar
terça-feira, outubro 26, 2004
Corsrpe... quê?!
A muito custo lá voltamos à reeducação nacional.
Na Feira do Livro falava com uma senhora que orgulhosamente vendia os livros de Leitura do ensino primário do Estado Novo. Ela dizia-me "isto vende como água!", "muitos dos que andam nas faculdades nem isto sabem!"...
Como dessas lições dos livros de Tomás de Barros já não reza a história, temos o 14 Corserpentis 88! Este novo blogue apresenta alguns posts de temática revivalista, que visam lembrar o tempo em que Portugal não era uma palavra feia!
A serpente ainda é como o outro...
O único problema é o 88!!! Será um relembrar da viagem de Bartolomeu Dias, da derrota da Armada Invencível, da Glorious Revolution?...
segunda-feira, outubro 25, 2004
Verdades Vencidas
Soube pelo Último Reduto que há mais um blogue de quem pugna por Deus, Pátria e Rei.
Assim sendo, todos não somos demais para o difundir!
Que dure pelo menos tanto tempo quanto quanto essas verdades vencidas!
É a Hora!
domingo, outubro 24, 2004
Aromas
Serve a presente para alertar os que nos comentários afirmaram que lhes cheirava a bafio e a podre, que a culpa não é dos textos... O aroma deve-se a algo que se encontra mais perto do vosso nariz e que por negligência deixaram apodrecer! Os vossos cérebros...
Fica a advertência da gerência
As Melhoras...
sábado, outubro 23, 2004
Constrói sobre o Povo...
O meu amigo LHF relembra-me constantemente a máxima "Constrói sobre o Povo, constrói sobre a lama".
Grande texto de BOS, grande comentário do Dragão!
Um povo sem fins, sem retirar dos mortos os ensinamentos e fins futuros é um povo em letargia!
Um povo demitido de viver.
O problema da democracia foi albardar o povo com responsabilidades que não podia compreender...
E não ter líderes que os façam sonhar...
sexta-feira, outubro 22, 2004
Caro Caturo (I)
Infelizmente só tenho tempo para lhe remeter estas perguntas-respostas…
Qual o interesse em fundar uma Nação numa similaridade genética?
É que como o Caturo bem observou a similaridade comportamental nada interessa.
Porque se há de fundar uma unidade política nesse sangue comum. Porque é uma realidade? O sangue O rh + também é uma realidade e não é por isso que se devem unir todos os seus portadores…
Será que a Estirpe tem um “ethos” intrínseco? Mas, como viu o Prof. AJ Brito, que “ethos” é esse que não pode ser cumprido pelas outras “raças”? Seria preciso verificar-se a existência de um Bem nesse genótipo para que fosse um Bem em si mesmo mantê-lo.
Será que ele traz consigo uma mundividência? Ou pelo menos um sentimento específico?
Sendo isso verdade temos de fazer um grande esforço para conseguir observar esse sentimento único Indo-Europeu! Eu não consigo ver grandes semelhanças entre a existência social no Bangladesh e a Portuguesa.
Nem qualquer interesse nessa unidade comum.
Teria interesse se essa minha compleição genética implicasse um determinado número de comportamentos, mas como não parece haver qualquer fundo para crer nisso…
Continuarei, assim que puder, a responder aos seus comentários...
Melhores Cumprimentos
Etiquetas: Nacionalismo
Insanidade Política
Fiquei a saber por um amigo sueco que alguns partidos da esquerda e centro do referido país, se preparam para obrigar os Homens a pagar um imposto especial.
O recipiente de tal verba serão as mulheres suecas, que serão assim ressarcidas por séculos de exploração...
Para os que afirmam que a UE não tem perigos...
Etiquetas: Comunismo e Socialismo
quinta-feira, outubro 21, 2004
De Saudar Efusivamente!
O post de ACR vai ao encontro do que aqui falámos. Deter-nos-emos em maior pormenor sobre algumas reflexões (que apesar do seu caracter sintético) se encontram inclusas em suas palavras. Assim que tiver tempo... O que parece não abundar por aqui!
De louvar...
Sempre que existe boa vontade...
quarta-feira, outubro 20, 2004
Caríssimo Viriato
Gostaria que citasse as passagens em que o insultei!
Gostaria também que citasse os momentos em que terei utilizado o argumento do reconhecimento académico, ou dos meu “canudos”, ou dos meus estudos no estrangeiro, para espezinhar ou humilhar alguém.
Gostaria também de saber como presume que eu o olho com desconfiança por ser de um bairro “pesado”… Não sei, nem me interessa onde o Viriato vive! Será que eu o conheço? Não faço mesmo ideia de onde vive (sei através de um “post” seu que li que e na Margem Sul do Tejo, que se estende de Almada a Vila Real de Santo Antonio). Acredite que não sei onde vive! Nem percebo como foi buscar esta história!
Essa vitimização não fica bem num homem de direita.
Quando afirmei as fragilidades da sua argumentação fiz demonstração dos seus problemas, com a acidez de quem tinha acabado de ser chamado de obtuso e ignorante.
Peço desculpa também pela deselegância da correcção ortográfica do seu texto. Por ela me penitencio com esperança que perdoe o meu erro como eu lhe perdoei os seus extemporâneos insultos. Todos nós falhamos…
Não lhe parece que a minha recusa pode ser uma questão estratégica e moral e não uma questão de ignorância e obtusidade? Se reflectir bem vai ver alguma injustiça da sua parte!
A parte positiva do seu “post” foi ter-se afirmado “soberanista”, preocupado com a imigração.
Essas são de facto duas das minhas maiores preocupações!
A minha questão é se essa unidade de todos os nacionalistas engloba um partido soberanista como é actualmente o PCTP-MRPP! Só isso…
A minha tese é que não basta uma mera convergência de interesses momentâneos para se ter um partido. Que não é possível reunir num “partido” pessoas de tão distintas ideias! Poderia contudo ter lugar num movimento ou numa coligação (o que de facto o BE é!), com vantagens a nível de funcionamento.
É uma reflexão que nem sequer é particularmente original.
E depois de ver pessoas que se consideram “nacionalistas” defender uma CONFEDERAÇÃO e ainda algo mais no Futuro (entenda-se Federação ou Estado)!
Depois de ver as mesmas pessoas e outras a defender o Portugal, Pátria Branca.
Digo que é impossível fazer com eles alianças, porque são anti-soberanistas e porque considero o racialismo um erro, oposto aos princípios portugueses!
Parecem-me até medidas muito sóbrias…
Etiquetas: Nacionalismo
Contra os Fassistas
(Este título poderia ser de um post de O Anacleto)
A Associação Académica de Coimbra, sempre muito anacleta, considera que a carga policial de hoje é o fim da Universidade democrática. A AAC toma a intervenção da Polícia dentro da Universidade como uma afronta!
São eles quem sequestra, quem insulta, quem defende ideias sem um mínimo de senso.
São eles quem acusa a Polícia de ilegalidade.
Defendem que a Polícia em circunstancia alguma deveria entrar.
Um estudante foi hoje detido por agressão a um polícia na Universidade.
A AAC acha que foi brutalidade policial.
Têm toda a razão.
Os polícias é que não tinham nada que deixar que se realizasse uma reunião fassista no Senado da Universidade. Ao invés, agrediram os nobres jovens que queriam impedir a maléfica reunião...
O Geraldo é que tem razão...
Esta história democrática teve o patrocínio das sanitas 25 de Abril.
Aleluia!
Acabou de suceder um dos maiores milagres informáticos de que há memória!
Os mais atentos verão que já tenho a acentuação completa no texto!
Não sei se foi Deus, o AVG anti-vírus ou uma tentativa de Update do sistema, que ficou a meio! De qualquer forma agradeço ao responsável!
Depois de tanto tempo sem acentos graves, agudos, circunflexos e tis, irei demorar algum tempo a habituar-me aos ditos...
Esclarecimento
Parece-me ter havido um mal entendido. Quando mencionei os resultados do PNR não estava, de forma alguma a criticar o partido e os seus dirigentes.
Estava apenas a tentar demonstrar que a necessidade de alianças com facçoes racialistas não tem o efeito de catapultar o referido partido para resultados espetaculares. Apenas isso.
Nunca poderia ser uma critica aos resultados eleitorais. Primeiramente porque não conheço a realidade interna do partido, em particular as pastas onde estao os militantes, e os sobejamente necessarios extractos de conta bancaria. Sem isso e impossivel aferir das potencialidades do partido e criticar ou não as suas opçoes.
Segundo, porque quem não participa activamente (pagar quotas, dar ao cabedal…) não tem o direito de criticar opçoes internas de gestao.
A única critica que posso fazer, portanto, e de ambito ideologico e alertar para possiveis problemas ideologicos e politologicos. Fi-lo e reitero a minha posiçao.
Gostaria por isso de relembrar que:
-O milagre sucedido nas ultimas europeias se deve essencialmente ao seu ambito nacional.
Ao Viriato, que suscitou a este pobre ignorante que vos fala uma reflexao sobre esta problematica, devo relembrar que o exponencial incremento de votantes se deve a existencia nas eleiçoes para o Parlamento Europeu de um circulo único, nacional.
Assim sendo todos os eleitores puderam votar no PNR, o que não sucedera nas legislativas, a não ser que haja recursos para ter uma lista em cada circulo eleitoral.
Pode não ser muito imaginativo dizer que eleiçoes de diferentes tipos não são comparaveis (mas, como o JAV deveria saber, não pretendo ter qualquer quota nessa turma do “politicamento incorrecto”. Essa do politicamente incorrecto e a conversa da ovelha negra do BE…)
-A especificidade das eleiçoes europeias e de um partido nacionalista nelas envolvido, decerto levaram muitos soberanistas a nele votarem.
Por outro lado, conheço muita gente que votou PNR, MPT ou MD, “ao calhas”, sem saber que pessoas estao envolvidas nesses movimentos, ou que projectos defendem.
Não pretendo de forma alguma, ser profeta da desgraça, mas apenas dar algumas ideias para a compreensao dos problemas que envolvem estes assuntos.
Etiquetas: Nacionalismo
terça-feira, outubro 19, 2004
Posiçao Politica
Nos tempos que correm difundiu-se a ideia de que a pluralidade de opinioes e um bem-em-si. Já aqui muitas vezes reflectimos que esse não e um bem, mas uma consequencia da circunstancialidade do mundo dos Homens, da sua Natureza imperfeita, da sua materialidade.
Como alertava há dias um amigo, fazer politica e essencialmente compromisso. Sei-o bem! Para um admirador confesso de Aristoteles e Cicero, de Aquino e Bodin, de Halifax e Burke, de Strauss e Voegelin, e obvio que a politica, como todos os assuntos praticos, deve ser governada pela suprema virtude da prudencia.
Há contudo que realçar que sem a ciencia a prudencia e absolutamente esteril. O que interessara a alguem saber que tipo de causas e consequencias que comandam a politica e depois não saber o que fazer, ou a que fins destinar a sua acçao? O mito de Hercules, reflecte essencialmente sobre a Força sem inteligencia pratica, a Força sem capacidade de dirigir a acçao para os fins!
Aqui tenta-se sempre fazer ciencia, ciencia pratica. So esta pode fazer o homem compreender-se no meio que o rodeia (no que lhe e superior e inferior)!
Fazer, sem fazer bem, sera sempre uma abjecçao!
Há com efeito muita gente para quem a lealdade e a referencia aos valores patrios, nada diz. O que não seria perigoso, não fosse o caso de se proclamarem como nacionalistas!
Num Congresso do referido sector politico, deparei-me com algumas pessoas que, mais velhas, haviam servido a patria na Guerra. No meio delas estava um senhor, africano e negro, que tambem havia feito o seu papel na defesa da Naçao Pluricontinental.
Passados momentos alguns moços, envergando cortes de cabelo de qualidade duvidosa, irromperam em brados pela culpa dos pretos por isto e aquilo… E apontaram inclusivamente para o dito senhor, que se manteve impavido.
O referido senhor fez mais pela patria num dia de combate em Africa do que todos esses pobres rapazes farao em toda a sua vida, combatendo quixotescamente inimigos que inventaram nos seus bairros sociais!
Ele sim se pode dizer que tenha “vivido perigosamente”, ao não negar, antes e depois da guerra, a devoçao a Patria! Os outros que vivem perigosamente atras de teclados deveriam prostar-se ao seu exemplo e não injuriar aquilo que as suas mentes os impedem de compreender.
Por aqui nunca se farao cedencias a lealdade, por maior que seja o valor envolvido…
O que nem sequer e o caso! Basta analisar os resultados das legislativas do partido do sector para se compreender que essa estrategia não e frutuosa. As ultimas eleiçoes em que o descredito em PS e PSD era gritante, em que o PCP demonstrou que já so existe nos seus bastioes tradicionais, supunha um aumento brutal dos votos nos partidos dos extremos da situaçao. Aconteceu de facto isso apenas na esquerda, com o BE. E o PP consolidou-se e chegou ao Governo! O PNR não foi uma alternativa credivel e ainda ficou atras do PPM por larga margem… Tudo porque continua a ser conotado, e pelos vistos a apoiar-se em causas e tipos de cultura que o povo portugues rejeita! Não sera essa a verdadeira cedencia que se tem de fazer ao eleitorado? Deixar de fora as culturas que poluem as nossas ruas e as mentes dos nossos jovens. Há menos malta para colar cartazes? Há. Há maior respeito de toda a sociedade pela causa do nacionalismo portugues? Não tenho sobre isso a mais pequena duvida.
Nas proximas eleiçoes, com todo o voto “util” não sei como sera!...
Mais uma vez devo lembrar que não faço parte do PNR. Nem de partido nenhum. Sou socio do Benfica e cidadao Portugues. Não tenho deveres para com nenhuma força politica para alem do meu pais e de todas as obrigaçoes dela decorrentes. Não tenho qualquer relaçao pessoal (presencial) com nenhum de seus dirigentes ou facçoes.
Sou apenas uma pessoa que sabe que um partido não pode ser apenas uma congregaçao de interesses. Fosse assim e o partido com que os nacionalistas se deveriam aliar seria o PCTP-MRPP, porque e o partido que mais se reclama do soberanismo nacional! Essa bandeira que parece agora ser deixada cair… e que mantem o Garcia com votaçoes superiores aos do PND!
Tem de haver uma partilha de concepçoes de justiça, de sociedade, de valores essenciais! A sintese tem de ser Portuguesa e não uma importaçao de icones estrangeiros, que são estranhos a cultura portuguesa… Elevar a categoria de exemplo um homem que recorre a violencia fisica contra os seus adversarios politicos, em particular a uma mulher, que tem um discurso incoerente em quase todos os pontos, e algo que causa repulsa a sociedade portuguesa!
Para merecer Portugal há que ser melhor…
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domingo, outubro 17, 2004
Das Sinteses
São tristes, porque efemeras, as instituiçoes que se formam contra algo. Sabemo-lo da politiologia que, o grupo que esta contra algo se esvai e dissolve, com o desaparecimento do objecto antagonico.
E verdade no caso das associaçoes civicas, dos grupos de interesses, dos paises.
As experiencias de paises “fabricados” por oposiçao a algo foram a tragedia do seculo XX, sobretudo nos momentos da sua dissoluçao.
Há porem quem pareça não ter aprendido as liçoes do passado e queira regredir as manipulatorias experiencias de paises artificiais na Europa. E o caso da formaçao de uma abjecta comunidade existencial (como fonte de lei e Poder autonoma, ou seja, soberania) no espaço da UE.
A necessidade de “inventar” tal espaço cultural em terreno tao rico e diversificado (Portugal não e o Wisconsin!), tem levado a que a Eurocracia se tenha pretendido afirmar, na ausencia de melhor, como um espaço “ANTI”.
Ultimamente tem andado muito ocupados, sobretudo em França (de certeza que e por acaso!!!) a criar uma Identidade Comum (recorrendo aos erros habituais das pan-interpretaçoes da Humanidade, como os racialismos, os marxismos historicos e outras manigancias similares).
Por isso o Islao surge como um ponto de coesao, atraves do medo. Essa ameaça e, segundo dizem, por demais evidente.
Há sobretudo que alertar para as MENTIRAS, que apesar de repetidas a exaustao e disseminadas na nossa sociedade, não ganham valor de verdade.
Vejamos…
I. A ideia de que o Islao, por ter sido inimigo de paises Europeus, adquira um estatuto de inimigo eterno dos Paises da Europa e uma ideia tonta, que so pode provir de uma qualquer mentalidade comprometida…
A ideia e similar a afirmar que os Espanhois, ou os Holandeses, são eternos inimigos da Patria Portuguesa. Defrontamo-nos, continuamos diferentes, podemos seguir pacificamente. Enquanto mantemos um diferendo com Espanha, sobre Olivença, não mantemos qualquer diferendo com a Turquia. Não nos fazemos por isso inimigos jurados uns dos outros, ou dissolvemos os nossos tratados…
Pronto, o erro foi meu… Não há, em boa verdade, qualquer diferendo, com Espanha, porque somos um e o mesmo Povo Indo-Europeu! Estou sempre a esquecer-me!
Tambem, o que e que são umas Igrejas Portuguesas do outro lado da fronteira?! Isso do “bolchevismo da antiguidade” não faz parte do nosso ser colectivo. Os nossos deuses Odin, Cuda, Arianhod e Teutates e que são os verdadeiros e importantes no nosso ser colectivo!
O Islao e de facto um perigo para a Europa Crista, mas um perigo igual ao da apologia da Modernidade feita pelo Liberalismo, pelo Socialismo, pelos Extrincessismos Morais (biologismos, freudismos, positivimos eticos), que trouxe a devastaçao dos seculos XIX e XX a esta parte do mundo. Erros alias partilhados pelos proponentes destas ideias, como observaremos posteriormente.
II. Nisto da politiquice e dos combates pela visibilidade o Erro acaba sempre por comandar. A ignorancia e visivel e crassa quando o desconhecimento se alia a tragicomedia do ilogico.
Aos que por ai bradam pela incompatibilidade entre o Islao e o respeito pela mulher, há a necessidade de lhes pedir que se detenham por momentos em leituras do Corao.
Não pedindo tanto, seria pelo menos compreensivel que se houvesse aprofundado os conhecimentos sobre a religiao que se diz analisar e se tivesse pensado na politica internacional dos ultimos anos, onde Benazir Butto, Megawati Sukarnoputri, todas as mulheres que desempenharam cargos governativos no Irao dao que pensar…
Qualquer analise não comprometida do Islao, e da palavra coranica, demonstra que existe um dever de respeito pela Mulher, porque ela e a portadora da Luz e do Futuro.
Em boa parte o Islao deve-se ao papel de uma mulher, a primeira mulher de Maome, Khadijha, que era (pasme-se!) uma mulher de negocios, uma viuva muito abastada. Foi ela a primeira seguidora da fe maometana e foi ela que delegou no marido um conjunto de negocios para que este se conseguisse impor como doutrinador e comerciante!
Não havendo uma instituiçao eclesiastica centralizada no Islamismo, o que sucede e que a interpretaçao das palavras do Profeta adquire um conjunto de significancias e interpretaçoes, adaptadas as culturas pre e pos islamicas das diversas sociedades!
O que acontece e que na cultura Arabe (apenas uma de muitas culturas do Mundo Islamico), as mulheres dos tempos pre-islamicos se tornaram bens do seu marido ou pai, e os ensinamentos dos imas acabaram por adaptar essa pratica! Tambem por ai se ve que o Islao e multifacetado e uma religiao plural (refutando-se qualquer visao, absolutamente nescia de um absolutismo monolitico, totalitario e univoco).
Contudo, em muitas outras partes do mundo, como no Irao, por exemplo, as mulheres tem evidentes recursos legislativos para obterem divorcios, indeminizaçoes por adulterio, custodia dos filhos, etc. E obtem-nos.
Esses principios de “desrespeito” pela mulher, que não são mais de que mera aferiçao da sua natureza diversa, são mitificados pelos “novos nacionalistas”, como anti-ocidentais, como se toda a nossa existencia como sociedade não se baseasse nesses principios. Grecia, Roma, Cristandade, Estado-Naçao Europeu ate a II Guerra Mundial, todos eles tomaram essa diferença da Mulher como algo a preservar… Em Portugal foi ate 1974!
Que ameaça velada ao Ocidente causou Portugal e o Estado Novo!
Que ameaça velada ao Ocidente constitui ainda o Catolicismo!
III. E porque nisto do disparate politico a malta tem sempre de armar ao metafisico, ainda se coloca em posiçao de executar reflexoes sobre problematicas que excedem claramente a sua compreensao do fenomeno religioso!
A afirmaçao de que o Cristianismo e uma forma religiosa individual, contrariando o Islao, proponente de uma cosmovisao total do mundo, e um nocivo argumento a favor da estatolatria moderna.
A afirmaçao de que o Cristianismo e uma forma religiosa individual e uma reflexao aterradora. Não tem o Cristianismo uma Historia repleta de doutrina em materias politicas? Obviamente! São Paulo, Santo Agostinho, São Tomas de Aquino (para apenas referir os mais importantes) são importantes doutrinadores não apenas do Cristianismo, mas do pensamento politico Ocidental. O desconhecimento de tal obra e das suas correlaçoes com a Politica (as suas teorias da Justiça, da Guerra, das Formas de Governo, etc.), desmentem esta visao de uma Igreja do individuo.
Parece estranho que se afirme essa redutibilidade do Cristianismo e a sua separaçao absoluta do Poder politico. Parece bizarro quando toda a Historia da Europa Universal desde o seculo IV a pelo menos o seculo XV, a questao essencial era justamente a (nunca definitivamente resolvida) questao das atribuiçoes de Igreja e Comunidade Politica, e que essa questao continua a ser de importancia fundamental na reflexao politica contemoranea (como se pode com clareza observar atraves deste clarividente texto).
Parece, mas não e. Esta reflexao conduz ao totalitarismo laico (como inteligentemente aqui observa James Kalb). Se a única reflexao religiosa que e admissivel na minha sociedade for de nivel individual, entro no dominio em que a religiao deixa de ser uma apreciaçao moral e se torna um mero paganismo (como bem viu Cabral de Moncada a proposito de Maquiavel), esta ira apenas reproduzir os ditames do Estado. Ao não possuir uma visao da Natureza e da Sociedade essa religiao não so seria inutil, como a sociedade dela decorrente seria uma mera sociedade da positividade, da Lei, ao inves de uma sociedade subordinada ao Direito Natural. Esta e de facto a sociedade europeia emergente, como se observa pelo exemplo da totalitaria Republica Francesa!
Recordem-se as sabias palavras de Antonio Jose de Brito:
“A nação, para ele, será o que mais se aproxima do Absoluto na perspectiva terrena, mas não é o Absoluto. Nesse sentido, o nacionalismo admite a manifestação revelada do Absoluto através da religião, especialmente quando for a religião tradicional e própria de um país. Não se julgue, porém, que o nacionalismo faz da religião um instrumento e pensa que não deve ser encarada do ponto de vista da sua verdade intrínseca. Simplesmente não lhe cabe, enquanto nacionalismo, pronunciar-se sobre o problema.”
IV. Subscreve-se aqui, na sua completude, a reflexao do referido professor, a proposito dos “ditos” nacionalismos etnocentristas, tao opostos a verdadeira doutrina do nacionalismo portugues.
“Portugal morreu. A confirmá-lo, da maneira mais definitiva está o aparecimento de grupinhos que se proclamam nacionalistas e que acalentam carinhosamente junto ao peito a visão abrilina e rectangularista. Eles não querem saber que o que caracterizou o breve tempo do rectângulo no passado, foi não se contentar em ser rectângulo, um cantinho apagado da Península. Com D. Afonso IV houve a expedição às Canárias, com D. Fernando a tentativa de avançar pelo resto da Espanha, com D. João I o desembarque em Marrocos. E depois veio a Índia, o Brasil, a África meridional.
A realidade fáustica (para usar a expressão de Spengler)da nação portuguesa deveria, se houvesse lógica, ser-lhes simpática. Mas não, o que querem é o cantinho da península abrilino estabelecido nas mais desonrosas condições — que pelos vistos não os incomodam muito. O modelo apontado por um dos mentores é a democrática Holanda actual, que, aos primeiros tiros e franzir de sobrancelhas dos U.S.A., recolheu prudentemente a casa. Brilhante exemplo de ética “nórdico ariana”, pelos vistos.
Há quem proponha como objectivo uma Europa do Atlântico a Vladivostock, composta de nações soberanas e dirigidas pela ética “nórdico-ariana”. O curioso é que os proponentes têm simpatias pela homogeneidade racial, um deles até se referindo desprezivamente ao Brasil como um caos étnico (para usar a expressão de H.S. Chamberlain). Ora, pelo menos, uma das nações, livres e soberanas da exalçada Europa, é ela um caos étnico com eslavos, mongóis, tártaros, etc. E porque maravilhosamente conseguem raças tão diferentes ter uma mesma ética e a consideram nórdico-ariana? Baptismo convencional? Admitamo-lo, mas assaz fantasista. E qual o motivo porque são excluídos dessa ética japoneses e homens de pele negra? Se abrange os mongóis porque dela se excluem japoneses e negros?Se a ética “nórdico-ariana” se puder estender a todas a raças (e então a que vem a invocação da Europa) verdadeiramente não é nórdico-ariana é uma ética universal e o que importa é a verdade do seu conteúdo. Pouco importa, porém, o que lhe chamemos (embora devamos fugir às extravagâncias). Se for a ética da devoção à comunidade política, do sentido do dever, da fidelidade e da coragem bem como da honra e da dignidade, sim, então está aí a síntese valorativa a seguir . Mas não tem nada a ver com Europa, aliás fixada arbitrariamente, nem com Norte e o Sul, nem com nações infelizmente mortas ou moribundas, nem com epidermes coloridas ou descoloridas.Dessa ética, dita nórdica-ariana, estão mais próximos os zulus que, perante a bravura de um punhado de ingleses que lhes resistira, retornaram em massa, não para os esmagar, mas saudar o inimigo que soubera bater-se; ou os soldados africanos que combateram lealmente e sem temor sob a nossa bandeira ou aqueles que partiam "de madrugada, após terem saudado o seu imperador para salvar os seu camaradas com o seu próprio sacrifício" do que os actuais descendentes de germanos, loiros e de olhos azuis que vomitam bílis mal cheirosa sobre a epopeia militar do III Reich e rojam-se abjectamente perante as lavagens do cérebro dos vencedores, ou os senhores Vítor Alves, Vasco Lourenço, Rosa Coutinho, Costa Gomes e quejandos que terão branca a macia cútis mas de cuja alma não é bom falar."
V. Não compreender a perigosidade destas concepçoes e manipulaçoes tera como consequencia evidente o desrespeito do Povo Portugues pelo “pastelao” ideologico que se prepara, bem como o desrespeito dos nossos futuros ao olharem para a nossa geraçao como seguidora dos que abandonaram Portugal!
Nao compreender que alimentar medos e odios desnecessarios foi a origem da I Guerra Mundial, e que podera ter os mesmos resultados a defesa de uma doutrina do "Clash of Civilizations" no seculo XXI, e uma irresponsabilidade que recai sobre quem a essas falsas ideias se alia. Incorrer nelas e penhorar a sua prole...
Etiquetas: Nacionalismo
sexta-feira, outubro 15, 2004
A Ignorancia Atrasada
Já dizia a Pomba Gira, essa figura incontornavel do panorama nacional, que “as pessoas tem uma ignorancia um bocado atrasada”. A demiurgica profundidade das suas palavras ressoa em mim todos os dias, procurando conhecer a origem das maleitas da sociedade contemporanea.
Na Democracia a maleita que mais gosto e a sua subversao, o populismo e a demagogia.
Não há nada tao inqualificavel e desonesto quanto a pessoa que derroga a verdade em troca do apoio popular. Do nescio e possivel ter piedade, do sofista não!
Lado a lado com este pecado, e aumentado pela natureza do proprio regime, fundado nas “paixoes” de seus membros. Cria-se uma ideia de que a mudança de opiniao, a leveza dos principios e a fragilidade das convicçoes são uma vantagem (e bom viajar com bagagem leve, sobretudo quando se deambula sem destino!).
E sintomatica deste estado de coisas a ausencia de principios. So interessa o que for vendavel… Se Portugal não esta na moda inventa-se uma qualquer tolice em seu lugar. Estar sempre a procura de um buraco, de se esgueirar nas paixoes dos homens para ganhar uns papelinhos e apoios, dizer o que for preciso para ser notado.
Este tipo de pensamento adquire a nocividade extrema quando não passa da repetiçao de tonteiras populares. Ate a exaustao… Ate se conseguir gerar o medo suficiente para a mentalidade agressiva das populaçoes!
E por isso que a inteligencia tem de ser usada por todos, não se deixando enlear nos despotismos da mente, que nada mais são, nestes casos, mais do que fruto de gente que não conhece meios para alcançar os seus fins egoistas!
Anda a gente alvoroçada com o Islao. Anda com medo e por isso mais susceptivel de cair nas suas falacias.
A criaçao de inimigos da Europa e a única coisa que a une, juntamente com os sonhos de reconquistar o lugar que lhe pertenceu nos ultimos quinhentos anos.
Esta episodica necessidade e evidente na criaçao de inimigos que os ditos europeistas realizam. A China, o Islao, os Estados Unidos, tudo serve… E preciso e instigar o medo!
Vistas as causas, vejamos as inconsistencias do seu pensamento!
Etiquetas: Internacional
A Derrota, Já!
A distancia do pensar ao dizer deve ser longa. Longa pela maturaçao, pela prudencia, por saber que, como no titulo de Weaver, “As Ideias Tem Consequencias”.
Há contudo momentos em que as palavras devem sair logo. E o que acontece neste momento em que nos encontramos derrotados.
As razoes da derrota são as razoes do mundo, e as razoes do mundo são as razoes dos homens.
A traumatica alteraçao do estado Imperial para o Estado continental, gerou nos espiritos mais fracos a duvida do destino. Para onde vai Portugal? No meio do "barulho" um grupo de gente manteve-se fiel na derrota. O Nacionalismo Portugues era a sua bandeira, a Naçao Portuguesa fonte da sua existencia. Era so uma questao de tempo ate Portugal, como havia sido por seculos (uma comunidade autonoma, um poder auto-originado, auto-interpretado, movido pela ideia de fazer o Bem, de aprender pela Historia como viver, segundo preceitos originais e sublimes fins) recuperar a sua grandiosidade (quando não no territorio, na eudaimonia das gentes).
Portugal fez-se Mundo. Fez-se de gentes de toda a Terra. Portugal fez se cupula de uma existencia colectiva dispar, com regioes e habitos diversos. Naçao-Mundo de cultura crista e influencias mundiais.
E se a cultura floresceu, e se a Saudade se sentiu, foi pelas culturas assimiladas, vertidas no Bem Comum de Portugal. As tecnicas arabes, os mapas judeus e genoveses, a reconversao das mesquitas, as Trovas do Bandarra. Assim se fez Portugal.
Mas a Modernidade e pouco defensora da Historia e sem ela e dificil evitar os erros do passado. A derrota e evidente, quando os que pela Patria e pela sua honradez deveriam pugnar transformam o Nacionalismo Portugues numa subsecçao da Grande Naçao Ariana, ou da etnia Indo-Europeia. Já os houve quem quisesse de Moscovo…
Onde um dia era Portugal agora e Magna Europa.
Onde era a Esfera ergueu-se a Estirpe.
Onde estava o Espirito ergueu-se o Sangue.
Para o Portugues a bandeira e um icone. Uma janela para uma verdade que não consegue completamente captar (essa e a sua natureza humana), mas que vai realizando na sua vida.
Mas os sequiosos do Poder não tem bandeira. A bandeira e ocasional, um mecanismo para os seus intentos. Por isso se refugiam na falsidade de suas concepçoes e acrescentam fim egoistas, onde estes nao existiam. A Naçao como fim em si, e uma abjecta abstraçao. A naçao como raça e o deserto total, de quem não consegue observar a elevaçao do espirito soerguendo-se sobre os cientismos-biologistas da Modernidade.
Portugal, como o Caturo me afirmava a proposito destes temas, “ou e uma naçao de etnia europeia, ou não e uma naçao”. Portugal e o excrescente… E uma dimensao esvaida da Raça. Algo de remoçao possivel, e mesmo provavel, uma vez que a comunidade verdadeira e ultima e a “etnia”. E esse o “realissimum”, a dimensao completa da existencia de Portugal.
A ideia enferma de varios problemas (Que unidade etnica havia em 1143? Que semelhança etnica existe agora? Que identidade indo-europeia e essa que engloba India e Paquistao, Irao e Russia, Portugal e o Bangladesh?).
Encerra contudo uma questao essencial. Qual a importancia da Identidade Genetica?
Primeiramente porque ela não implica uma afinidade especifica de modos e comportamentos (os exemplos de povos supracitados são absolutamente auto-evidentes).
Segundo, porque a afirmaçao, sobre a capa da “cientificidade”, de que existia uma afinidade primitiva entre os povos “indo-europeus” esta minada pela não analise de um conjunto de povos (quer por indisponibilidade documental, quer por falta de capacidade tecnica). Ainda que se conseguissem provar unidas por alguma coisa, esta questao seria absolutamente irrelevante, como se observou na primeira afirmaçao.
Terceiro, porque considerar esses povos destinatarios do sub-continente europeu (por terem chegado primeiro a esta parte do mundo) e de uma estupidez tao abrasiva, quanto as simplistas teorias de Nozick de “Justiça como Justo Titulo”. Afirmar tal sandice seria conceder a supremacia as concepçoes liberais, em que Justiça e Propriedade são coincidentes (o que seria absolutamente incompativel com as pretensas visoes sociais destes, ditos “nacionalistas”).
Esta “gnose”, onde o sangue e a carne são mais importantes que o espirito e as suas construçoes, adquire entao, a semelhança do milenarismo cristao, do comunismo e do nazismo, a sua maxima tensao no momento apocaliptico.
A catarse ocorre no momento da guerra racial, onde a "solidariedade do sangue" (provavelmente os O rh+ juntam-se aos Dadores Universais, para dominar o mundo!) se expressa, como por dotes de magia, depois de estar dormente por2500 anos.
A analogia crista e evidente e demonstra as lacunas (como se não houvesse já suficientes no que foi exposto anteriormente), de um pensamento “a moderna” cheio de “saltos-de-fe” kierkegaardianos, mais adequados a uma religiao que uma politica!
Que nao permaneçam duvidas!
Quem pactua com o Erro, fica por ele manchado!
Esta continuara sempre a ser uma casa Portuguesa!
Etiquetas: Nacionalismo
quinta-feira, outubro 14, 2004
A Vontade e o Bem
"The people are not to be taught to think lightly of their engagements to their governors; else they teach governors to think lightly of their engagements towards them. In that kind of game, in the end, the people are sure losers. To flatter them into a contempt of faith, truth, and justice is to ruin them; for in these virtues consists their whole safety. To flatter any man, or any part of mankind, in any description, by asserting that in engagements he or they are free, whilst any other human creature is bound, is ultimately to vest the rule of morality in the pleasure of those who ought to be rigidly submitted to it - to subject the sovereign reason of the world to the caprices of weak and giddy men."
Edmund Burke, "An Appeal from the New to the Old Whigs" 1791
quarta-feira, outubro 13, 2004
A Portuguesa
Ouvir o hino a tantos quilometros de casa e algo de quase religioso.
Longe de casa doi mais, sente-se mais...
E de facto O Hino Portugues! Ja foi republicano, mas ja se tornou mais que isso!
E um dos grandes contributos da Republica para a Portugalidade.
MorteShopping
Como estou longe de casa as noticias que habitualmente me chegariam de forma instantanea chegam ao ritmo dos sms´s e e-mails dos amigos!
Fui ontem alertado por amigos de que, no meu bairro de Alvalade, se pretendia instalar um Centro Mortuario de enorme volume, uma grande superficie da “cangalheirice”.
1. O Sobredimensionamento
Já existem muitas funerarias, nomeadamente no Largo Frei Heitor Pinto, que de forma alguma destroem o ambiente vivido no Bairro de Alvalade.
Nunca ninguem contra elas se insurgiu, porque estao dimensionadas para a vivencia de bairro.
Da mesma forma que seria perturbadora a instalaçao de um sambodromo ou de uma discoteca gigantesca na area residencial, tambem uma grande superficie de consternaçao e infelicidade pode destruir o ambiente e a qualidade de vida do Bairro.
2. A Morte como Parte da Vida
Fosse o problema um certo decoro “a grega”, de não querer lidar com a morte e opor-me-ia a esta medida. Esta medida não pode ser observada como uma tentativa de não lidar com a morte e com a tristeza que ela comporta!
O problema e apenas a dimensao do projecto e a forma como, numa ZONA RESIDENCIAL, se esta a colocar um projecto sobredimensionado.
3. O Apelo a Contestaçao
Este não pode ser uma mera expressao de que não queremos um empreendimento desta especie no nosso bairro, mas tem de ser uma expressao clara e inequivoca de que não e sustentavel a existencia de empreendimentos desta monta em Bairros Residenciais, quaisquer que eles sejam.
Estar contra não pode significar apenas mandar para outro sitio qualquer a dita funeraria!
So pode significar a sua colocaçao fora das zonas populacionais.
4. Consulte aqui a petiçao e assine, se concordar.
terça-feira, outubro 12, 2004
A Proposito da Discussao em O Monarquico
Sobre as Questoes da "Vertu" e da sua Adequaçao ao Principio Monarquico
em resposta a Nuno Cardoso e Silva
1. A vertu a que Maquiavel se refere não e, sem qualquer especie de duvida, a medida da acçao apropriada a um governante cristao. Primeiramente porque não engloba na sua essencia uma concepçao de Bem que não seja funcional. O Principe maquiavelico e (isso nota-se pelo enorme interesse suscitado na contemporaneidade pelo livro e autor) um tecnico da politica, desinteressado das suas facetas morais! Para o Principe so interessa o Poder. Trata-se da epitome dos erros da modernidade.
Essa virtude seria mentir em prol do interesse proprio ainda que em detrimento do colectivo e do seu bem-estar.
Por exemplo, seria alguem que sabe não ter direito a algo (um trono p.ex) tentar mudar as regras do jogo, ou alegar incapacidade de outrem para o desempenho desse cargo!
Quem defende este tipo de virtude apresenta-se disposto a tudo para a satifaçao de seus caprichos, ignorando o Bem do colectivo.
2. O que se passou em Portugal em todos os pontos da Historia referidos (1385/1580/1640/1828) não foi a consagraçao do principio da monarquia electiva!
Criar essa ideia e destruir a ideia das Monarquias Cristas Europeias.
Primeiro, porque na sua essencia reside uma ideia de titularidade não contratual, mas natural. O Rex apresenta-se como aparte da escolha, aparte da discussao, pois ele e o garante da neutralidade (neutralidade que nao e mais que a objectividade do Bem-Comum, o interesse de todos, como discerniu Aristoteles).
O que sucedeu nesses casos não foi uma eleiçao (com uma venda e compra de apoios sempre inerente), mas uma aclamaçao como legitimo herdeiro do trono. As Cortes, que jamais podem ser Soberano (deixaria de se tratar de uma Monarquia e passaria a ser uma Republica organica com a nomeaçao de um cargo por seu mando) não elegem, apoiam um determinado Rei, que e imposto pela Verdade e pelas Leis inviolaveis da sucessao hereditaria da Monarquia Portuguesa!
Afirmar que as Cortes são o Eleitor do Rei e uma ofensa ao principio monarquico de governo! As Cortes não tem capacidade para nomear um rei (dai que seja aclamado e não empossado!!!).
Não se trata portanto de uma escolha da comunidade…
Isso passa-se nos sistemas electivos! A Arabia Saudita e claro exemplo disso. Um grupo de imas emite o seu "parecer" vinculativo sobre quem pode ser o sucessor do Trono Saudita. Claro esta que não e a Nossa monarquia. A esses povos se aplica a vertu de Maquiavel, pelos expedientes que tem de utilizar, sacrificando o Reino, para agradar aos Imas (como por exemplo contrariar os EUA e albergar terroristas sem os denunciar a coligaçao, perigando a propria patria).
3. A destituiçao de um Rei so pode ser julgada em caso de abuso. Ainda assim, sempre rodeada das maiores cautelas. O abuso deve ser relativo as leis da Naçao e da Monarquia Portuguesa e não apenas uma contradiçao com a opiniao publica ou interesses da maioria! No fundo e essa a sua funçao, ser o garante da imparcialidade, engloba sobretudo, e com força de Lei ou Veto, ir contra a maioria.
Que utilidade teria um Rei sem opiniao? So mais um demagogo a satisfazer a “Grande Besta”? Já temos republicanos suficientes para isso!
A destituiçao do Rei não deve ser feita com base na sua capacidade politica, militar de vencer (essa e a legitimidade dos “condottieri” e dos Cesares), nem sequer o apoio a sua causa deve ser feito sob esse prisma! Esse tipo de apoios são os da contratualidade democratica moderna.
Um Rei representa uma unidade colectiva e soberana, debaixo da moral, que se constroi na Historia! O que Voegelin apelida de “representaçao existencial”. Não e uma escolha para que faça, e uma escolha para que seja. Não serve para que faça o que eu quero, mas para que por si interprete o Bem de uma Naçao. Ele existe pela comunidade, independente de vontades. Essa e uma garantia que nos da!
O Rei não e um funcionario publico a quem posso avaliar as capacidades de me servir!
A Monarquia escapa em absoluto a essa logica…
O Corcunda
Etiquetas: Monarquia, Pensamento Tradicional
Santos da Casa
Um habitual visitante deste Pasquim iniciou (presumo eu) a sua actividade bloguistica.
Parece-me ser uma ideia a seguir. Ainda que muitas vezes sem tempo, ainda que muitas vezes sem dizer nada de importante, um blogue e uma morada fixa para o nosso pensamento. Com sinceridade pode tornar-se um cartao de visita, foco de criatividade, uma expressao mais completa de quem somos.
Parabens ao FG Santos pela decisao!
Ameaças
Antonio Vitorino avisou que, em caso de rejeiçao do Tratado Constitucional Europeu, o nosso pais ira sofrer enormes tormentos!
Acredito! Ter de aguentar o regresso dos tecnocratas de Bruxelas e a vinda do “pequenito” para o Governo da Naçao não e brincadeira…
segunda-feira, outubro 11, 2004
O Silencio e de Ouro
No dia 28 de Setembro o Camisanegra colocou um post sobre a relaçao entre ciencia e politica!
O texto, de profundidade e clarividencia assinalaveis, reflectia sobre o combate ao positivismo, na necessidade de uma ciencia da etica e dos valores.
Como ninguem deixou qualquer comentario, embora os houvesse em barda a proposito de difamaçoes e calunias com mais lugar num tribunal do que num blogue, deixei algumas linhas de indignaçao!
Alguns comentarios posteriores chamaram a atençao, tanto pela extemporaneidade como pelo seu desconhecimento!
O comentador proferia com desdem: “Oh corcunda, entao nao se está mesmo a ver porque é que a malta nao comenta? Somos todos uma cambada de burros :-)”
E logo a seguir atira esta perola: “Agora mais a sério. É claro que pode haver uma ciência política; é o que Maquiavel faz no "Principe".
Encontram-se desde já tres soluçoes para o problema!
Ou o autor, que apenas a si vincula com a sua primeira asserçao, não estava de facto a usar de ironia quando proferiu o primeiro comentario, ou não leu o texto, ou desconhece por completo a problematica abordada!
Primeiro porque a ciencia politica a que o texto se refere e a oposta a CP de Maquiavel no Principe! E a ciencia como estudo do Bem. Quem for ver qualquer livro que se debruce sobre estas materias, encontrara que a razao pela qual o Principe tem lugar como primeiro livro de CP e devido ao facto de ser um livro positivista, por afastar a moral da problematica das ciencias humanas.
Ou seja, o comentador corroborou o autor, contradizendo-o!
Conclusoes:
As vezes e melhor estar calado e não querer fazer figura de culto, quando não se percebe obviamente do que se esta a tratar!
Os textos do Fascismo em Rede são muito bons.
Ao Liberal (como sempre sem acrimonia e com estima)
A afirmaçao de que preconizo um qualquer sistema totalitario (e que ate seria eventualmente homologo do Nacional-Socialismo!) e uma ofensa que me parece provir de uma não-compreensao da referida problematica na filosofia politica moderna.
Já aqui me referi bastas vezes a importancia de Edmund Burke (um autor de que o Buiça poderia vir a gostar e que muito influenciou F.A. von Hayek nas suas teorizaçoes sobre o mercado livre) e de Eric Voegelin na minha vida. Tivesse observado com atençao a obra de ambos e saberia que ambos se encontram profundamente marcados pela oposiçao ao Totalitarismo e ao Democratismo.
Podendo afirmar-se uma linha de continuidade evidente entre o deputado Whig e o Professor de Ciencia Politica, em ambos se observa uma gritante oposiçao ao conceito de perfeiçao na politica, que se vira a revelar p.ex. no Rationalism in Politics de Oakeshott (gosta deste, não gosta?), na oposiçao crista de Russell Kirk ao Marxismo e ate no conservadorismo de Reagan e Thatcher (se não gosta destes não gosta de ninguem!!!).
Os anti-modernos como eles e como eu não podem ser totalitarios, porque esse fenomeno e um sintoma da Modernidade, do avanço do Estado sobre todas as componentes da sociedade (destruiçao do organicismo tradicionalista, da sua multitude de fins e objectivos agregados num Summum Bonnum personificado na figura regia).
O problema do totalitarismo e a afirmaçao da completa existencia do Homem no dominio politico, já referido aqui no Pasquim, como observou Voegelin em “As Religioes Politicas”. A identificaçao da Verdade com as necessidades do Politico e o seu principal sintoma. A religiao ao serviço do Politico!
O Rei Luis XIV foi certamente poderoso, mas não podia dissolver os preceitos da sua instituiçao (nomeaçao do Rei, ordem de descendencia, fins da governaçao, destruir instituiçoes).
Os partidos do Bloco Central já reviram quantas vezes os “limites materiais de revisao” consagrados constitucionalmente?
Qual entao sera o poder mais invasivo e menos limitado?
Na mesma linha, e certamente por lapso, afirmou-se contra a existencia de soluçoes organicas idesmentiveis…
Por definiçao o organicismo opoe-se, na filosofia, na politica e ate mesmo na estetica, ao geometrismo, esse sim, preconizador do definido, do perfeito, do exacto.
Em boa verdade a democracia liberal tenta e ostenta ser esse “speculum mundi”, mas em boa verdade não o e! E um mundo onde so acede quem tem recursos! Não que isso seja mau em si! Nem todos devem ter capacidade de ditar as glorias do mundo! Mas o criterio não deve ser o dinheiro, ou a submissao a um conjunto de principios ditados pelo actual Imperio!
O Problema continua a residir no mesmo. Para o liberal o politico e o economico!
Esse e o seu pecado original!
Reitero as palavras de John Hallowell
“O Liberalismo Moderno não teve força para parar o despotismo em 1933, da mesma forma que agora não tem… é um convite ao suicídio!”
e de Eliseo Vivas
“Nenhum deweyano (ou democrata ndr) pode dar uma razão objectiva pela qual prefere democracia ao totalitarismo”.
Etiquetas: Modernidade
sexta-feira, outubro 08, 2004
A Desculpa e o Problema
Há coisa de dias pedi desculpa por um comentario infeliz que teci a respeito de um texto de Filipe BS. Foi uma a proposito de uma reflexao que estava descontextualizada. Ao ler apenas um conjunto de frases (de facto descontextualizadas) fiquei com a impressao de que se tratava de um ataque a televisao, enquanto meio (o que seria tao idiota como as pessoas que são contra as armas, ou contra as prisoes! ). Já ensinava Aristoteles que o objecto se define pela sua funçao e por isso uma arma nuclear pode ser uma coisa boa ou uma coisa ma, dependendo de que fins visa defender.
Há contudo que ressalvar que ambos os argumentos se encontram limitados.
Buiça incorre nos argumentos do costume. Trata a economia de mercado como um deus pagao e as liberdades individuais como Suprema Fonte da existencia humana, ignorando que existem coisas muito superiores.
Imaginemos que todo um mundo esta debaixo de um qualquer Bill Gates, detentor do monopolio mundial de todos os bens. Todos os seres humanos na terra dependenderiam da vontade desse homem. Ele poderia, assumindo o justo titulo da sua riqueza, decidir da vida e da morte de cada um, excluindo esse individuo do processo economico!
Poderia faze-lo? Claro. Ele tem direito a isso, porque esta no seu direito. E se quiser gerar um holocausto e fazer morrer a fome milhoes de pessoas apenas com o objectivo de demonstrar o seu direito?
E obvio que esta situaçao não e justa e demonstra a necessidade da supremacia do poder politico sobre o economico. Mas isto não afecta a economia de mercado? Claro. E as liberdades dos cidadaos? Sim, se a liberdade for entendida como autonomia individual e não como capacidade colectiva de descobrir e fazer o bem…
Essa e a diferença entre poder politico e economico, que Locke, Hayek ou Nozick ardilosamente tentaram fazer coincidir. Esse e um mundo abjecto em que dificilmente se consegue viver, em que se deve de facto erguer a voz (isto parece um discurso anti-globalizaçao, mas não e!!!).
Não se pode certamente concordar que se todos querem ir para o abismo os deixemos ir… O nosso dever etico e salva-los, como se salva um demente da sua loucura. Não se esta simplesmente a espera que cometa um crime para dizer que ele e demente e se proceder a sua cura. Isso seria indefensavel e cruel.
Para alem disso se e a liberdade (autonomia da intervençao estatal) o mais natural dos regimes, poderemos dizer que o Homem cumpriu a sua natureza nas democracias do seculo XX? Há ai Fukuyama a mais e classicos a menos! Já Platao escrevia que estava a encontrar o fim dos tempos (mas por razoes religiosas e não para ganhar uns cobres a vender papel impresso)…
Compreendo a irritaçao de Filipe BS. Os argumentos do Buiça são os argumentos que a turba coloca como oposiçao a qualquer ideia que fuja ao canone costumeiro da conversinha dos “direitos humanos” e do “e preciso acabar com a pobreza”. Não existe contudo qualquer necessidade de hostilizar a besta (não o Buiça, mas o conjunto informe de pessoas, que, como sempre me recorda o meu amigo LHF acerca do saber politico de Honore de Balzac, “nada mais precisa senao de jugo e palha”. Esse não e certamente o caminho.
Alem disso as nossas discussoes aqui pelo mundo dos blogues são de ambito tao restrito que são mais pelo prazer pessoal de deixar uma marca, do que pela repercussao social que este meio tem.
Apesar disso, o Buiça tem razao em afirmar que muitos aspectos a direita que por ai se apregoa como portadora dos valores nacionais, e, ou uma inversao completa do socialismo, ou uma adaptaçao do socialismo a um contexto não internacionalista, ou seja, a sua aplicaçao a um contexto comunitario.
Esta ideia deriva duma incompreensao do que e a esquerda, catalogando-a como erronea em virtude do seu sistema de organizaçao social, igualitario e internacionalista, e não pela sua errada mundividencia. Estao preocupados com o corpo e não com o espirito do problema, incorrendo e recorrendo nas mesmas erroneas concepçoes que causam a sua maleita.
Por isso encontramos ai muita gente da auto-apregoada Direita Nacional que recorre as simplistas doutrinas de um Saint-Simon, de um Proudhon, de um Comte, ou nos ultimos tempos de um Kadahfi ou de um Chavez. Nessa forma de pensamento a compreensao da existencia humana e baseada (como tantas vezes já aqui foi referido) na vontade comum. Por isso se encontram mais proximo da religiao da comunidade de Rousseau (há por ai alguem que tome Rousseau como um pensador de direita?), do que de qualquer pensador de direita ou de qualquer contra-revolucionario. Os problemas da doutrina rousseauniana são por demais evidentes! Reduzem a comunidade a um conjunto de caprichos momentaneos, que podem ser repletos de heroismo “a romana”, mas que são autodestrutivos. São apenas um conjunto de decisoes, em que a participaçao dos cidadaos os redime para logo a seguir por ela serem sacrificados!
Esse e um dos problemas da chamada direita nacional. Ou e uma completa rejeiçao da igualdade do Homem, o que levanta um conjunto de problemas que poderao ser aflorados em posts posteriores, ou são apenas a transformaçao, ou e um conjunto de ideias modernas onde foi retirado o factor “universalidade” e substituido por “comunitarismo”. Quando o Filipe BS reflecte sobre certos comportamentos como anti-sociais, não o faz sob um prisma do certo ou errado da pratica sob a sua fundamentaçao, mas sob o prisma da sociedade e da vontade geral por ela imposta, o que um obvio sintoma de pensamento socialista, moralmente falando.
E o problema dessa vida heroica em estilo heideggeriano. De que serve ser um heroi se os fins não forem correctos? Decerto que um assassino numa quadrilha de malfeitores tem essa capacidade de viver heroicamente e de pelos seus companheiros ser louvado e agraciado pelas suas malfeitoras proezas… Mas podera ser o objectivo de uma Naçao o heroismo? Não sera heroico quem trabalha doze horas por dia para dar de comer aos filhos, pagar os seus impostos, cumprir as suas obrigaçoes para com os seus? Não sera necessario o “viver perigosamente”. Essa e uma das poucas coisas que a “Opus Dei” viu bem. Heroismo e obedecer a Justiça, e fazer dela acçao, independente das consequencias.
Devo dizer, tambem, que desconheço por completo o conceito de democracia etnica, mas que não me parece uma conversa muito de direita (e mais parecida com as intervençoes exageradas de Afonso Costa a proposito da Raça, do que qualquer pensamento de direita que conheça…).
Carissimo Filipe BS
Pedi-lhe desculpa pelo simplismo da minha critica. Contudo os seus erros são a antitese das minhas verdades e dai que (por muito que gostasse) não mereço as congratulçoes que o amigo Mendo Ramires me deixou. Parece-me que qualquer sintese entre as minhas teses e as suas seria uma impossibilidade logica.
Espero que continue a visitar o meu blogue, mesmo com as suas criticas ferozes, mas mantenha sempre a certeza de que o nacionalismo conservador pode desaparecer, (por não ser vendavel na rua ou na tv, como essas toscas culturas suburbanas), mas as suas verdades são e permanecerao eternas.
Como se escreve por aqui nos colegios “Veritatis Fortis Est”.
Etiquetas: Pensamento Tradicional
quinta-feira, outubro 07, 2004
My Good Old Friend Henry
Já transferido para o alojamento dos graduados, onde presumia encontrar uma situação muito melhor que nas acomodações provisórias, tive oportunidade de ficar a conhecer na intimidade o Henry. O Henry tem olhos, nariz e boca, o que não seria particularmente interessante não fosse o caso de se tratar de um aspirador. Foi ele que me salvou das garras da imundície e por isso nunca o esquecerei.
Quando cheguei as acomodações que me estavam reservadas não consegui conter a minha desilusão. O quarto estava virado do avesso, cheio de cabelos, com lenços de papel sujos, poeira ate mais não. Avisaram-me de que os “scouts” estariam encarregues da limpeza do meu quarto e a eles me dirigi. Pediram muita desculpa, mas ainda não tinham tido tempo de realizar a sua função essencial. Quando chegaram ao meu quarto, olharam um para o outro como se eu fosse um picuinhas. Disserem que não demorava mais de dez minutos a limpar. Demoraram três minutos, cumpridos entre afagos ternos a imunda carpete de revestimento do insalubre local, e pausas por causa das “cruzes”.
Os papeis e outros dejectos permaneceram intocados, como vestais recordações de uma habitante que já não volta.
Não havia hipótese de permanecer no quarto naquele estado. Foi então que lancei mãos a obra! Se bem o pensei, melhor o fiz (sempre tinha querido escrever esta frase)!
Como português desenrascado que sou, comecei por gamar detergente e papel a essas criaturas inenarráveis e de trato impossível, os “scouts”. Depois, através de manhas e artifícios, consegui apoderar-me do VIAKAL, desinfectante de WC ultra-poderoso. So faltava mais um guerreiro-maravilha para completar o ataque a sujidade. Era o Henry! Os seus olhos ternos e o seu nariz longo, por onde sugou todo o tipo de javardices, são, para mim, símbolo da higiene e da eficácia britânicas. Consegui desvia-lo para a minha posse e ai passamos toda a manha a combater o mal, encarnado na forma de detritos. Foram horas de combate por um lugar onde simplesmente pudesse viver!
O quarto ficou “num brinquinho”, graças aos meus dotes domésticos e ao aspirador de formas elefantinas, que ostentava em “garrafais” o nome que lhe foi dado na fabrica do Worcestershire!
Se fosse em Portugal…
Sempre que alguma coisa acontece de mal em Portugal se culpa o atraso do pais, o anti-desenvolvimentismo de Salazar, a falta de genio das gentes, o estado social, o funcionalismo publico. Instalou-se em Portugal a ideia de que o pais não vai la! E por isso que toda a gente esta sempre com o “isto só em Portugal” na boca.
Na minha chegada a esta terra fria e chuvosa consegui fazer o pleno. Tudo o que estava dependente da sorte correu, de facto, mal. A minha mala partiu-se toda (talvez por isso tenha sido tao barata!), o tempo contrastava com o que deixara em Portugal (aqui estavam 10 graus e a chover) e (surpresa das surpresas!!!) esqueceram-se de me colocar numa residencia. Foi uma tarde que completou em beleza a triste despedida da familia e da namorada.
Como era sabado não estava la ninguem que pudesse corroborar a minha inscriçao e fui graciosamente colocado num edificio vazio de fronte do Colegio, ainda sem agua quente ou electricidade nas tomadas.
O problema demorou dois dias a ser resolvido…
Fosse em Portugal e o erro seria um atentado ao livre direito a educaçao, um reflexo do desgoverno do pais, razão para uma reportagem de 15 minutos num canal nacional.
Aqui e um sorriso e um pedido de desculpas!