sexta-feira, julho 23, 2004


2ª Feira já lá estou! Não é pátria de heróis nem de Santos, mas é a minha terra!

O Fascismo em Rede

O essencial blog do Camisanegra apresentou-nos, nos ultimos tempos, textos obrigatorios. Dumezil, Sardinha, desmistificaçoes do fascismo, todos de elevada qualidade.
Um artigo de importancia e qualidade extrema e “Progresso e Retrocesso”, sobre o papel da “razao” na direita portuguesa. Ai se reflecte sobre a natureza do Homem, se apresenta o Fascismo como sintese de uma tradiçao do pensamento ocidental.
Qualquer inferencia do naturalismo-cientista e um pensamento de esquerda, a vitimizaçao do Homem ao material, ao sangue. Um Homem desprovido de liberdade e razao. Algo sobre o que temos reflectido muito por estas bandas da blogosfera.
Os textos de A.J. de Brito são dadivas preciosas, que esperamos nos continue a ofertar.

quinta-feira, julho 22, 2004

O Maior Despotismo
 
Hoje não há duvidas, não há incertezas. O Super-Estado Europeu não quer saber de Justiça, não quer saber de Verdade. Essa Europa, mentirosa, arroga-se de ser a portadora dos valores europeus. So reconhece a cultura moderna como fonte do seu pensamento, desconhece a outra Europa. Há Europa para alem da Uniao. Eu diria mais, so há verdadeira Europa onde essa absorçao moderna não existe!
Substituiu-se a pluralidade das formas cristas de vida, por uma Religiao dos Direitos Humanos (essa grande e falsa populista, de origens na abjecçao iluminista!), trocou-se a virtude pelo consumo e liberdade desregrada, tomou-se a Paz onde havia Bem.
 
Esta ate poderia não ser uma ideia tao abjecta, se a Uniao mantivesse a sua funçao meramente economica. Não seria assim a imposiçao de uma moral ou de uma justiça ilogicas, como essa dos DH, que concede limites e direitos eternos, mas que apenas podem ser cumpridos por algumas sociedades… O Homem que se caracteriza pelo ter (veja-se a quantidade de vezes que vemos nas noticias jornalistas e entrevistados a dizerem que por terem habitaçoes degradadas, poucos rendimentos ou instruçao, não tem um vida condigna), e não pelo ser. Que vertigem e esta que define o Homem pelo seus meios e não pelos fins? Um Homem  que e deixado a deriva moralmente, a quem se diz, desresponsabilizando o Estado e a sociedade, cria os teus proprios fins (ainda que eles possam ser auto-destrutivos, individual e colectivamente).
 
Por isso sempre defendi a Turquia na NATO e na UE. A UE nunca foi uma partilha existencial, mas uma associação, provisória e instante, de defesa dos nossos “interesses” (e não do nosso Bem), de cariz economico e material. Mas nas sociedades liberais a politica e a materialidade, e força da imposiçao. Por isso e que Napoleao sabia que tinha de propagar o Iluminismo, substituindo a Justiça pela capacidade efectiva de dominio! O dominio e assim justificado pela obtençao de autonomia individual, relegando para o dominio do “mito” e da “religiao” qualquer ideia de justiça partilhada.
 
E aqui foi Portugal, aqui sera Portugal! Uma ideia de Bem, de continuaçao, de Identidade Portuguesa. Mudando os meios para preservar os fins. Os fins que nos enobreceram ao longo da Historia, que justificaram as nossas falhas. So essa verdade politica, esse “cumprir” o Homem, pode justificar-nos… So a nossa sede de Bem podera redimir-nos.

Etiquetas:


A proposito do dia 18. So para lembrar a a vitoria da Unidade nacional contra as abstraçoes modernas.

terça-feira, julho 20, 2004

As Confusões Costumeiras
 
Foi o descalabro democratico do costume. A Democracia Portuguesa, escondida nos lugares-comuns que idolatra, voltou a demonstrar todos os problemas que a caracterizam.
A tomada de posse do novo Governo voltou a ser uma anedota de desconhecimentos e sobreposiçoes de competencias.
Começou com o PR a sindicar opçoes governativas, como se fosse competencia sua. Como se o Governo lhe tivesse de prestar contas da acçao governativa. Esta ideia, inconstitucional, atingiu o auge quando afirmou que este governo seria um sucedaneo do anterior, o que teria meramente como objectivo a justificaçao da decisao tomada dias antes. A bajulaçao a oposiçao prosseguiu quando afirmou que um dos mais importantes modos de controlo da actividade governativa seria a oposiçao. Parece desconhecer em absoluto que e ao Parlamento que compete executar essa funçao (em materias de não-exclusividade do executivo), e que a ordem juridico-politica portuguesa não executa distinçoes entre bancadas de governo e oposiçao (excepto no Regimento da AR em materias procedimentais).
O PR quis brincar aos arbitros sem para isso ter Poder, ou carisma!
O resto foi o costume, profissoes de fe democraticas, o individuo acima do Estado, a defesa dos Direitos Humanos… Todo esse desfilar de ideias vazias!
Santana recorreu ainda a esse ultimo reduto da sofistica, a moral democratica, da qual afirma não abdicar. Faltou explicar que moral e essa… A Ditadura das maiorias? A Amoralidade do regime? A Lei fundada no consenso de alguns?

Etiquetas:

segunda-feira, julho 19, 2004

A Morte de Socrates
 
A questão essencial da morte de Socrates e a compreensão do que a sua aceitação visa.
Na “Republica” e na “Apologia” compreendemos que a existência humana só interessa se for vivida na persecução do Bem. Não há certamente nenhuma identificação dos fins da cidade com a sua defesa. A defesa e certamente necessária, como a alimentação ou o comercio, mas não será certamente um fim (em si) da cidade.
Ate porque corresponde como se observa na correspondência seguinte (referente a Republica) a um meio (1 e 2) e não aos fins contemplativos da cidade.
 
Virtude— Classe Social—Função—Cidade (fase da)
 
1.Temperança—Produtiva—Material—Cidade dos Porcos
2.Coragem—Guardas—Protectiva—Cidade Muralhada
3.Sabedoria—Filósofos—Contemplativa—Cidade dos Filósofos
 
A constante referencia de que a contemplação e a justiça (educação da alma) são os sumos propósitos do Homem, conduzem a compreensão de que há uma justiça superior a que e meramente positiva, que há uma Lei superior a lei, que há uma norma superior a que emerge da contratualidade. A superioridade da Physis ao Nomos! A superioridade de Socrates sobre Trasimaco.
 
Porque facto e que, se considerasse a superioridade desse poder mundano, Socrates haveria de discordar da sociedade. Porque e que haveria de continuar os seus ensinamentos se já havia sido advertido de que estes eram “perigosos”? Deveria então submeter-se a opinião da comunidade, de modo a não a perigar, a não suscitar a “stasis”, a sedição.
Porque motivo não se submeteu a essa justiça da Polis?
Porque a sua morte representa o sumo sacrifício, do Homem ao Bem!
O “Criton” explica que a morte de Socrates era claramente evitável… A retractação ou a fuga seriam os caminhos para a sobrevivência do homem. Mas que vida seria essa subordinada pela vulgaridade da “doxa”. Socrates aceita a positividade das leis do Homem. Sabendo que esta vida só faz sentido movendo o Homem para o Bem, morre para que os seus compreendam que existe algo superior a comunidade, algo que a comunidade esta obrigada, para seu próprio bem, a seguir, e que e superior ao conjunto de opiniões dos seus membros (a tirania da Grande Besta).
 
Agora que tanto se fala em Democracia como fundamento das sociedades ocidentais, convém que não se esqueça o pensamento de Platao e a sua visão das idolatrias comunitárias, dos positivismos, do igualitarismo simplista. Ou será que Platão não faz parte do pensamento ocidental?

Etiquetas:

sexta-feira, julho 16, 2004

“Disputationes” (cont.)
 
Carissimo Caturo
 
Infelizmente outros afazeres me impedem de dar uma resposta completa as suas questoes e asserçoes. Vao aqui ficando, na medida do possivel algumas reflexoes sobre os problemas que estamos abordando. Agradeço a avidez das suas respostas.
Acho que o melhor elogio que se pode fazer a alguem, nos dias que correm, e que não faz no seu pensar concessoes em detrimento da verdade. Continuemos…
 
Unidade e Raça
 
Uma ideia central na sua concepçao politica, que reflecte as concepçoes universais que preconiza, e a forma como se apresenta a estirpe, raça ou etnia. Esta apresenta-se como fundamento de acçao politica, da unidade politica. Mas porque razao? Sera que as nossas crenças, a nossa moral, a nossa estrutura social, derivam da nossa genetica? Parece-me impossivel arguir tal coisa.
Primeiro porque isso implicaria que o Homem estaria subjugado pelas suas condicionantes geneticas, representado isso uma irresponsabilidade fundamental que conduziria a algo de muito semelhante ao freudismo, a irresponsabilidade perante o impulso, ao homem-animalesco.
Parece-me tambem que concorda com esta visao, pois que defende uma democracia livre dos jugos morais da historia, apelando a esse primevo instinto da Raça (instinto que e defendido pelos modernos humanistas, que unificaria a existencia de todos os seres humanos). A Raça serviria como unidade e providenciaria a compreensibilidade e a unidade dos membros da comunidade, fundada nessa unidade do Sangue.
O problema surge quando observamos que essa unidade racica não se verifica no seu seguimento historico. Todos os povos foram “corrompidos”! A India perdeu o seu espirito comunal e tornou-se uma comunidade de castas, e em parte islamicas. O Irao tornou-se uma Republica Islamica, oposta a tendencia indo-europeia para o “tripartidismo”, a Europa abraçou vigorosamente o Cristianismo! A Estirpe parece não ter um poderio assim tao grande…
Ainda que essa tendencia racial (a admitir a sua existencia) fosse relevante, porque não haviamos nos de a contrariar? As semelhanças com Rousseau e os modernos e obvia! A primitivade do Homem e a sua verdadeira Natureza. E uma oposiçao a perspectiva classica-crista da natureza do Homem como “Fim”. Um homem que apercebe a sua Natureza pela contemplaçao do que lhe e exterior e não pelos instintos interiores.
São de facto a crença nesses instintos interiores como supremos no Homem, que lançam a discordia, ao predominar o acessorio, em vez do principal, o instinto sobre a logica, o desejo sobre o bem. Os cristaos não obedecem a Deus apenas porque essa e a Sua vontade, mas porque ela e o seu Bem (a mais importante mensagem de Aquino). Não e um impulso e uma sujeiçao!
E certo que todos temos instintos, mas cabe-nos como seres humanos controla-los!
O apelo a Raça como fundamento da sociedade politica surge como uma tentativa de unificar de forma “irracionalista” (desprovendo a razao do lugar que me parece ter como fundamental), de mitificar uma unidade que não existe e não e verificavel pelo laboratorio da Historia! Desta forma a não se verificar (como não se verificou) a unidade da decisao, o predominio do Sangue e da Raça, so restam ao Homem duas hipoteses: o Existencialismo de Sartre, o vazio do Homem no nada, na impossibilidade de partilha, encerrado na loucura (verdades privadas e subjectivas) ou a Leviatanica moral do Outro, que dobra os outros para os trazer para a sua visao, incapazes de discutir Justiça ou Bem (pela anterior destruiçao da razao). Em qualquer dos casos so sobrevive a arbitrariedade. A arqui-inimiga do Homem!

Etiquetas:

quinta-feira, julho 15, 2004

Mais Explicaçoes sobre as Questoes de Identidade

Agradeço ao Caturo as questoes postas e espero que estes comentarios sejam esclarecedores.

1. A Questao dos Direitos

a) “Não, não é indiferente o modo como a lei lida com isso. Pelo contrário. A lei assenta, em princípio, sobre a Justiça, que é definida, desde sempre, como a intenção de dar a cada um aquilo que é seu.”

“A Tradição Ocidental é a da liberdade e dignidade do indivíduo, na insubmissão a quaisquer poderes tirânicos e opressores, sejam de que natureza forem - política, física, espiritual.”


Pois e carissimo, mas há uma infinidade de formas como essa igualdade se revela. A igualdade correcta para Aristoteles (de quem empregou bem a definiçao de Justiça que e aceite como universal em termos logicos) e a da lei vigente em Portugal na Constituiçao de 76 são radicalmente incompativeis! Não há uma orientaçao que se possa dizer que elas partilhem. O que se considera como igualdade e desigualdade e a aplicaçao da propria justiça que pode resultar, sob duas perspectivas ocidentais como são a da CRP76 e a de Aristoteles, em Escravatura ou na consagraçao dos Direitos Humanos, consoante o que se entenda como criterio para a distinçao.
Tirania e opressao sao conceitos que como sabe mudaram ao longo do tempo, não podendo ser considerados como raizes do pensamento ocidental. A Tirania, o governo de um em funçao do interesse proprio, foi substituida por uma concepçao de limitaçao do governante pelas vontades dos subditos, com o advento da Modernidade, que e essencialmente Moderna.. De que tradiçao anti tiranica estara a falar? A palavra e a mesma, mas certamente não encontrara na Historia Europeia uma linha de continuidade no conceito, que considera estruturante e genetico da cultura ocidental. Nem sequer encontrara, de cultura europeia em cultura europeia, essa unidade significante…
Dizer que essa tradiçao (que como já disse não possui qualquer unidade) permitiu os grandes feitos da nossas civilizaçoes e absolutamente descabido. O que tera em comum a monarquia portuguesa de 1500 e a Constituiçao de 76?
E curioso observar a forma como considera a libertaçao do jugo Cristao e depois considera como essencia da Ocidentalidade toda a doutrina crista da dignidade da pessoa, e da recta razao, nas suas versoes secularizadas (Carl Schmitt, em Theologie Politique observa com acuidade essa questao). Libertaram-se so do Papa, do pecado original, da imagem do Cristo sofredor… de resto esta la tudo!

b) “A Identidade, ao contrário do que diz Corcunda e a Esquerda em geral, não está sempre em mutação de acordo com as modas do tempo.
A Identidade é herdada à nascença, pois que todo o ser humano, quando nasce, JÁ É, AUTOMATICAMENTE, de uma determinada Raça, de uma determinada Etnia, de uma determinada Nação, de uma determinada Família, filho/a de determinados pais.”

“Se assim não fosse, se fosse como o Corcunda pretende, então nenhum povo era livre para mudar de rumo e para corrigir a sua direcção com vista à auto-preservação”


E interessante observar como o Homem encontra na sua perspectiva deveres na Raça, mas não encontra deveres na familia, na comunidade, entidades que tem identidades e que visam fins historicos. Como bem li no texto da Alternativa Identitaria há um conjunto de direitos e deveres inerentes ao Homem. E so uma questao de identidade, de continuidade historica, a obediencia as obrigaçoes do passado.
Como já demonstrei não há unidade nessa pretensa unidade etno-cultural ocidental.
Não há portanto nenhuma imperatividade que ela comande. Não há obrigaçoes que esta imponha, porque não encontra uma essencia trans-historica, um reduto essencial.
Encontra-se nessa inaceitaçao do que e anterior a sua existencia uma rebeldia como a do Paraiso Poerdido de Milton, sintoma gravoso da Modernidade.

c) "O Identitarismo, pelo contrário, reconhece que cada povo tem o seu modo de ser e deve governar-se por si próprio.
Os identitários dizem o oposto: quem não quer preservar a identidade do povo, é livre de se ir embora do país.

É a ideia assente no respeito pela diversidade de culturas, que existe enquanto o ser humano for saudável e acaba quando o indivíduo se torna num autómato massificado, sem consciência da sua herança e da sua diferença."


Mas que identidade e essa de Portugal livre do Cristianismo? So pode ser uma identidade fabricada, como esse Pan-Ocidentalismo…
Porque e que não se preserva a nossa concepçao crista? Se se deve preservar tudo?

2. O Totalitarismo e o Telos

a) “Dizer que o NS é igual ao Comunismo porque ambos são totalitários, é fazer precisamente o contrário daquilo que, segundo diz o Corcunda, Aristóteles recomenda”
”O totalitarismo não tolera que exista, no mundo, outro modo de ver e outro modo de ser.”

“O totalitarismo não admite dissidências. Na União Soviética, ninguém podia abandonar o país”.

Sera o totalitarismo apenas uma expressao maxima de intolerancia?
Repare-se que o Estado Novo tinha na Constituiçao de 1933 uma concepçao de direitos que podiam ser retirados em qualquer momento caso fossem perigosas para a Naçao. O criterio não era a adesao (como no genocidio da Vendeia, na China de Mao, ou na Alemanha Nazi), mas não fazer perigar a estrutura e os fins que o Estado prosseguia, tornando-se entao um Estado Autoritario.
Quais as razoes para esta diferença?
A verdade e que todas essas formas de totalitarismo são formas de religiao intramundanas. Se observarmos todas as suas justificaçoes metafisicas (socialismo cientifico, Declaraçao dos Direitos de Homem, a Vontade do Fuhrer) são constituidas com base em conceitos mundanos. São a submissao do Homem ao Mundo e não ao Espirito. Por esse facto são “imanentizaçoes da escatologia crista” como e bem patente na obra de Voegelin. Esse desejo da carne que condiciona o espirito e uma constataçao fundamental, observada por Cabral de Moncada, a proposito de Maquiavel.
Esta e a verdadeira fonte de totalitarismo e não a intolerancia! Essa e apenas a sua face superficial.


b) Isso significa que um Estado que não tenha como fundamento e “telos” o Bem, e onde esse não seja o Espirito, a Harmonia entre o apetitivo (sophrosyne), sensitivo (andrea) e intelectivo (sophia), domadas pela dikaiosyne, a Justiça, não e uma cidade verdadeira!
Por esse facto a ideia de que a Comunidade Politica (Polis, Estado) em Platao seria um Fim (telos), como afirma em “Para Platão, ideólogo da sociedade tradicional, o fim último da Política é precisamente o governo da Pólis, isto é, do Estado.” e absolutamente inacreditavel. Todo o objectivo da analogia somatica, da alegoria da linha e da luz, da alegoria do barco, da caverna, e a compreensao da sujeiçao da Comunidade ao Bem!!!! E esse o significado da morte de Socrates!!!! E essa toda a “identidade” de A Republica… Os fins que visa alcançar!
Perdendo-se este significado nem vale a pena ler nada! Nem se pode compreender qualquer ponto da Filosofia Politica Ocidental.

c) “O Identitarismo não prega o culto do líder... ao contrário do Fascismo, do NS e do Salazarismo, do qual o Corcunda será, talvez, defensor.”

Não ignorara certamente que o culto do lider, entre Salazar e Hitler tem naturezas claramente distintas, uma politico-religiosa e outra politico-civil! Nem se pode comparar… Isso e uma superficialidade gritante!
Hitler e o Demiurgo da Nova Ordem, do Homem que destruiu a moral e apenas recebe apelos da Vontade e da sua fonte Sangue e Raça.
Salazar e o interprete de uma Moral (sempre subordinadora do Estado) e da sua aplicaçao prudente ao dominio do circunstancial. Não reinventa a moral, não se considera detentor da sua propriedade. Apenas um politico que aplica essa interpretaçao com os poderes civis que possui…
Sobre o que penso sobre Salazar fica para depois…

d) “Ou porventura está a querer insinuar que há certas identidades que, por serem más (isto é, por não se regerem pelos valores que o Corcunda considera «bons»), devem ser erradicadas?”

Não devem ser erradicadas. Esta a presumir que defendo uma perspectiva totalitaria. Devem e ser controladas, pelo dominio politico e não religioso, como eram as nossas colonias estipendiarias, os territorios de Administraçao Indirecta… Não e um exterminio fisico ou cultural… Quem duvida que a ideia anti-colonial e a originaria dos Totalitarismos Islamicos (advento de modernidade no seu mundo), faz melhor ir comprar uma cana de pesca…

3. A Direita e Esquerda

“De resto, o Corcunda limita-se a dizer que o ponto de vista de Norberto Bobbio não serve porque nada explica - ironicamente, é o Corcunda quem nada explica sobre esta definição, o que, pelas suas próprias palavras, consiste, realmente, numa idiotia.”

Va la ver atras ao texto se não expliquei que considero de esquerda a “invençao” de uma metafisica, substiuindo a reflexao tradicional pela ciencia secularizada e por uma nova metafisica… Ate fiz mençao ao liberalismo e a substituiçao dos fundamentos da sociedade tradicional pela abstraçao individualista. Esta la tudo…

Agradeço mais uma vez a atençao demonstrada pelas suas extensas questoes!

Etiquetas:

quarta-feira, julho 14, 2004

Allo, Allo!

Soube da existência de alguns problemas de acesso ao Pasquim!
Queiram vosselencias fazer o obséquio de remover dos vossos links ou atalhos, o www…
Vede se não funciona melhor!
Se ainda não experienciaram problemas tanto melhor!

Muito gratos pela preferencia

Recensão

Há dias recebi uma mensagem de um amigo que me alertava para um lançamento literário muito importante.
O livro era “Diálogo de Gerações” de Mário Soares e Sérgio Sousa Pinto e descreveu-o nos seguintes termos: “tem folhas muito macias, mas mesmo assim continuo a preferir o de folha dupla do LIDL…”.
Ainda bem que alguém encontrou para essa obra uso adequado.

Etiquetas:

Mais Reflexões sobre a Pretensa Identidade Portuguesa

Em relação aos últimos posts da Alternativa Identitaria

A Velha Direita

A Velha Direita Portuguesa que defendo estará certamente em crise, mas certamente não está extinta. Mesmo no partido que o seu movimento diz apoiar, dir-lhe-ei que é muito mais forte que os erros do “Identitarismo”. E certamente será muito mais forte do que esse “pastelão de chavões” que defendeu e que irei sumariamente desmontar.

A Direita e Esquerda

A ideia de que uma ideologia não se pode enquadrar na dicotomia direita e esquerda não é certamente original.
Marx, Lenin, Os Verdes, todos se dizem à frente e absolvidos dessa dicotomia, certamente porque se consideram portadores de uma nova sociedade, de um conjunto de valores inovadores que as mentalidades passadistas, ou os cânones antigos, não poderiam compreender. Esta ideia é claramente estúpida! Não se pode compreender Marx como esquerda? Claro que sim, uma vez que tentou criar um sistema metafísico, para destruir a velha sociedade. É obvio que já os Liberais, radicais dos Direitos Humanos, já haviam feito o mesmo a uma escala não tão destruidora. Por isso são ambos de esquerda!
Por isso se consideram as Religiões Políticas um apanágio da esquerda.
Dizer que a diferença entre esquerda ou direita é uma questão de Liberdade vs Igualdade (como Bobbio p.ex.) é um simplismo que roça a idiotia e que nada explica.
Uma concepção orgânica e hierárquica, uma intenção redistributiva de bens sociais, não torna ninguém de esquerda ou direita!
“Só os fins que o objecto visa o poderão definir” é uma norma aristotélica que parece fundamental nestas questões. Só atendendo a isto podemos compreender o que ée direita e esquerda, o conflito entre modernidade e a “verdadeira identidade da nossa civilização”, há muito destruída enquanto unidade.

O Problema da Modernidade

Pelas razões anteriormente descritas considera-se que os portadores da Nova Moralidade são de esquerda, os que tentam conter o fluxo da Modernidade são de direita! Por esse facto grande parte da direita do século XX, não o é na realidade, porque é muito mais uma perspectiva criadora e inventiva do Homem do que um realismo, não sendo uma compreensão ontológica da sua existência, através dos seus fundamentos culturais e históricos, mas uma mera adaptação do Homem ao social, económico e ao material, ou em última análise a vontade do mais forte, aos ditâmes do sangue… Todos extrincessismos morais, e portanto modernas e erróneas invenções!
O exemplo do nazismo é paradigmático desta situação. O nazismo provém, primeiramente da resposta pragmática ao comunismo, pela criação de um estado capaz de prover por um bem-estar económico, que evitaria a entrada do comunismo (não sendo em essência muito diferente deste, por advogar um estado todo-poderoso, e absoluto).
Rapidamente essa tentativa de contenção do comunismo se tornou um movimento niilista, pela crença do advento da morte de Deus e da moral. O nazismo tornou-se assim um movimento não movido por ideais nacionalistas ou fascistas, mas um movimento religioso. Religioso porque a fé que o move é a da crença no desvendar da História e do Mundo. Só uma motivação existe, só uma lei nos domina, “a Vontade de Poder”. O Fuhrer é o homem que consegue essa interpretação, que consegue gerar a Força dos Homens, canalizando-a para a acção. Só ele compreende Deus, porque compreende a ausência de uma moral! Só ele pode manipular a lei… Critérios como Justiça são meramente dimanentes da sua Vontade, que é divina!
O Homem só tem que se dobrar perante a sua justiça! Mas porquê? Porque deveráa o Homem dobrar-se a Deus, se este não for um Bom Deus?

Que Moral? Que ensinamentos?

A proposta dos Identitários Europeus apresenta-se como essencialmente anti-moderna, rejeitando os seus subprodutos individualistas e comunistas. Incorre contudo nos erros da modernidade quando encara (recorrendo aos disparates de Tonnies) a comunidade como um fim em si. Esta perspectiva é uma subversão completa da estrutura existencial do Ocidente (como viu Voegelin em “As Religiões Políticas” e em “The New Science of Politics”), caindo numa ilógica e concomitante rejeição e aceitação dos pressupostos da Modernidade.
A identidade encontra-se como valor máximo do domínio político. Será que essa identidade não tem que estar subordinada a alguma coisa?
Dizer que se age de determinada forma porque essa e a nossa identidade e uma ideia sem qualquer tipo de nexo!
“Porque é que és criminoso? Porque é essa a minha identidade!”
“Porque é que não reflectes sobre o bem da tua sociedade, preferindo um conjunto de apetites imoderados? Porque é essa a minha identidade!”
“Porque é que a sociedade se estrutura assim? Porque é essa a nossa identidade”
Afirmar que a identidade justifica alguma destas coisas é um vazio lógico! A identidade seria algo de eterno e imutável… O mesmo seria se uma pessoa tivesse de ficar com a identidade dos seus 7 anos para sempre!
Eu sou aquilo que prossigo.

Mas que Identidade?

“Defendemos a bio-diversidade, a preservação de todas as culturas e modos de vida na Terra”Que ideia é essa de preservar tudo no Mundo? Que conservadorismo extravagante e mal compreendido é este? Como se o Mundo que temos fosse obra acabada… Engraçado que após tanta crítica a Marx se incorra na mesma ideia de Mundo que este, um “fim da História”!
Qual o intuito dessa preservação? O que é que essa preservação visa? Que “sumo-bem” é esse que torna a comunidade e a pertença cultural um fim em si, numa religião intramundana? Porque é que não se deve preservar o bem e extirpar o mal? Preserve-se então o crime e o erro, apenas porque fazem parte dessa diversidade!
Se o objectivo da acção humana é a comunidade (etno-cultural ou outra) é ela que dispõe da vida e da existência total dos seus elementos, o que é um claro totalitarismo, entrando em contradição com o professado no “post” da Alternativa Identitária.
Isto implicaria que o Estado, ou Nação, não poderia errar, pois seria o horizonte máximo da acção política. Exactamente o mesmo erro do hitlerismo… A obediência seria absoluta e total, sem lugar para Justiça!

Que Justiça?

É certo que defendem direitos, mas quais são? Qual das tradições ocidentais de direitos defendem? (Decerto compreendem que na civilização ocidental coexistem um grande número de tradições…) A Inglesa, a Feminista, a Moderna, a Pós-Moderna, a Liberal… Se é um mero conjunto de direitos adquiridos, como afirma a propósito dos direitos da mulher, não tem qualquer interesse como ideia… Só um legalismo vazio, uma manutenção do presente! E quando mudar essa perspectiva? Que alternativas terá? Que reflexão sobre a Justiça é essa que nada mais é senão uma confirmação dos direitos que já possuímos? Para esta situação já dispomos de uma justificação liberal!

“Não somos culpados pelos erros dos nossos antepassados.”

Que tipo de identidade é esta que não se projecta na história das suas instituições?
Que tipo de identidade é a do homem que recusa as responsabilidades do passado (mais um dos flagelos da modernidade, a crença de que o indivíduo só é responsável pelas acções da sua vontade!).
Que tipo de Homem se diz inocente pelas acções do passado! O Direito Penal seria uma impossibilidade prática, pois qualquer homem que possa afirmar esse corte com o Passado poder-se-á dizer inocente, ser uma identidade diferente por pensar de forma diferente, considerar-se um Homem-Novo sem responsabilidade sobre os actos do homem anterior!
Cai assim na Esquizófrenia da Modernidade, considerando um Homem como uma pluralidade de identidades!

Agradeço as questões postas, mas gostaria de lembrar que tenho aqui um “lápis azul”, que me permite apagar os comentários que me parecerem impróprios. Em último caso apagáa-los-ei a todos, para que algumas pessoas não libertem neste blogue o seu espírito brejeiro e as suas lacunas educativas…

Peço também desculpa pela falta de acentuação, mas por questões de tempo e teclado é-me impossível colocá-la correctamente (só ficam os acentos da correcção ortográfica automática do Word…)

Etiquetas: , ,

terça-feira, julho 13, 2004

Mais Um

A família Soares já nos habituou às suas eloquências.
Desta vez, no meio de insultos à direita populista (a esquerda, que promete políticas sociais, aumentos de reformas, investimento público para criação de empregos, não é populista!), alvitrou o Joãozinho:
“Não sou homem de falar em “off”… Os seus colegas jornalistas poderão-me desmentir”!
Pérolas de um homem de grande sabedoria.

Etiquetas:

segunda-feira, julho 12, 2004

O Estado da Esquerda

O Éden Marxista, o Estado Quintal, o Homem de Palavra

Como já disse num texto anterior, “Mais Obsessões Democráticas”, a nomeação de um governo é no nosso quadro constitucional, sempre uma iniciativa presidencial. Não parece de facto haver qualquer dúvida acerca desse assunto.
O que parece de facto ser interessante nesta barulheira toda é a forma como a esquerda se uniu em torno de princípios que contradizem a totalidade da sua existência póos- Abrilina…

A razão do conjunto de sedições no marxismo esconde a essência desumana do próprio movimento. A questão essencial do movimento, preparar a vinda de Cristo, sob a forma de abundância e satisfação plenas do Homem, que se consagram na máxima “a cada um segundo as suas necessidades”, resulta na separação entre os movimentos social-democratas, revisionistas e ortodoxos, os caminhos para o Paraíso Terrestre.
A ideia (partilhada por todos os socialistas) da possibilidade do estabelecimento desse reino eterno da técnica e da satisfação amoral, é uma situação impossível no nosso mundo, limitado pelas capacidades dos homens pelo tempo e lugar, irredutíveis cadeias da nossa existência animal.
O socialista hodierno não esconde essa ideia e tradição. Não esquece que só se pode impôr através de uma ditadura, uma vez que a impossibilidade de demonstrar a sua inatingível perfeição humana e de estabelecer esse governo puro da satisfação. Assim se vai fazendo aos poucos ou aos muitos, uma redistribuição dos bens sociais, apoiado nas vontades populares, nas discussões livres dos intelectuais ou no centralismo democrático.

A Queda do Muro conduziu a uma aceitação do jogo democrático pela esquerda, ideia que não mudou fundamentalmente a sua concepção da Democracia enquanto regime, que já desde o 25 de Abril pouco mais era que um instrumento do seu Poder. Eleições só quando der o resultado esperado… Essa era a diferença entre PS e os restantes!
O PS de Soares e restantes distinguia-se do resto da “esquerdalha” por assumir o compromisso constitucional como supremo, e o seu espírito democrático como estruturante do Estado Português.

Foi assim que Ferro, numa unidade de toda a esquerda, veio defender uma democracia anti-constitucional. Veio defender a democracia plebiscitária contra a democracia representativa, no que constitui uma das maiores revoluções ideológicas de um partido político parlamentar no pós 25/4.
Só assim se pode compreender a concordância de toda a esquerda na relevância de argumentos como: “nós não elegemos esta maioria de direita e extrema-direita”,
“só ao povo cabe a eleição de um governo”, ou ainda a inenarrável asserçãao de Ana Gomes, “um Governo, uma maioria, um Presidente”, que identifica a democracia representativa e a própria Constituiçãao de 76 como “direitistas”.

Parece óbvio que desapareceu neste PS qualquer concepção de neutralidade, patente no desprezo pela ideia de “sentido de Estado” de “Bem Comum”, de algo que rejeite a facção como essência da praxis política.
Este é o resultado do que se abordou num “post” anterior do diálogo entre o Sofista e o Amante da Ideia. Uma destruição de qualquer nexo de comunidade e partilha na verdade.
Esperava o PS actual que esta perspectiva pós-moderna tivesse alastrado a todos os membros, como é o caso do actual PR. Esperavam que o espírito de facçãao estivesse mais forte que nunca, que este se encontrasse subjugado pelo seu apoio partidário!
O Estado deve ser Português (que pena sê-lo tão pouco!) e não um feudo rotativo da partidocracia vigente… Sampaio percebeu isso! Percebeu que o seu compromisso, que padece de tantas enfermidades e simplismos rudimentares, é para com Portugal. Um Portugal esquerdista, nacional-porreirista (pá!), laico e socialista, que comenda terroristas, mas que não se submete nas suas primaridades aos anseios particulares de meia dúuzia de sequiosos.

Será esta a sua melhor hora e nada de melhor se poderá vir a dizer no futuro deste senhor, que apoiou o terror socialista, as prisões arbitrárias, as torturas em nome do “anti-fascismo”!

Etiquetas:

quinta-feira, julho 08, 2004

Vai Haver Coligação?

A Deputada Isabel de Castro, do departamento Verde do PCP, colocou uma interpelaçãao ao PS, sobre se o referido partido estaria pronto para ser governo...
Logo a seguir Antonio Filipe fez o mesmo!
O que leva deputados da CDU a interpelar um membro do PS?
Qual o interesse do PCP em fazer brilhar Medeiros Ferreira?
Será que há algum acordo entre a esquerda para aumentar o seu tempo de discurso no Parlamento?
Será um prelúdio de um acordo pós-eleitoral?
Valha-nos Deus!

Talvez esteja na altura de fugir...
É o Aborto de Portugal!

A Retoma

O Banco de Portugal, nas suas previsões para o biénio 2004/2005, diz que, desde que haja controlo orçamental e salarial, Portugal começará a retoma económica ainda este ano!
Para quando a retoma moral?

quarta-feira, julho 07, 2004

A Prudência e o Bem
Um diálogo revelador das diferenças entre Filosofia e Democracia (ao Buiça)

“Sophistes: Let's dialogue.

Philologos: To what purpose?

Sophistes: To discuss what you want, and I want, so that we can understand each other, identify differences, find common ground, and work out ways to accommodate each other and live together peacefully.

Philologos: Why not try to understand what is good, so we can act accordingly and live together peacefully that way?”

Jim Kalb in Turnabout


O que é que está patente numa discussão como esta?
Essencialmente uma confusão… A destruição da ideia de Bem pelo sofismo moderno, do cariz imperativo desse conceito (porque vantajoso para a totalidade da sociedade)!
A confusão essencial e a troca dos graus da discussão.

O sofista concebe toda a discussão sobre uma perspectiva de vontades, de meras perspectivas que tem de ser harmonizadas para que haja Paz, ausência de conflito. Essa é a sua Justiça e a sua metafísica, num mundo onde nada existe de verdadeiro… Só um conjunto de resquícios desse “mito” antigo, a Verdade! Subordina o acessório ao primordial!

O Filósofo, o verdadeiro homem-livre, conhece a imperatividade do Bem, a necessidade de dobrar os seus desejos à sua prossecução, de modo a realizar-se nas suas múltiplas facetas, a família, a comunidade, a pátria, a humanidade…

O Filósofo torna-se em “político justo e sábio” quando consegue coordenar na acção estas duas realidades fundamentais à existência humana, noesis e phronesis, sabedoria e prudência, ideal e contingente.
O político contemporâneo torna-se “prudente” quando percebe que a histeria dos tempos que vive, se deve à divinização do contingente, do acessório, numa busca de domínio, do “domar a besta” que cada vez mais armas e vícios possui!
O Político só pode ser “político” quando lembrar que a retórica deve estar constrangida por uma ideia completa da existência.
O Político só pode ser Homem se compreender a sua submissão ao Bem como sua única Liberdade.

E aqui só podemos lembrar Leo Strauss. Fez renascer a Tradição que fez de nós o que somos, a doutrina platónica-aristotélica como essência do pensamento ocidental. Esta engloba a necessária discussão do contingente e a negociação dos consensos, e uma tradição, profundamente moral, de compreensão de valores, da compreensão do Homem e da sua verdadeira natureza, através dos fins que este deve perseguir.

A Prudência sempre ao serviço da Ideia.

Etiquetas:

terça-feira, julho 06, 2004

Fundamentalismo Moderno

Reino Unido quer limitar direito dos pais a baterem nas crianças

É um tema que está a dividir o Parlamento e a sociedade britânica. A Câmara dos Lordes está a estudar uma proposta de alteração à Lei das Crianças que visa limitar o direito dos pais a baterem nos seus filhos. Se for aprovada - a primeira votação estava marcada para ontem - , a medida será aplicada em Inglaterra e no País de Gales e vai inibir, pelo menos, os progenitores de aplicarem as formas de castigo físico mais violento nas suas crianças, noticiou ontem a BBC "online".

O ponto que mais separa tanto os políticos como a própria sociedade civil diz respeito à interdição total dos pais baterem aos filhos, defendida, por exemplo, pelo escritor Salman Rushdie. O Governo de Tony Blair deu aos deputados trabalhistas liberdade de voto, mas avisou que deveriam insurgir-se contra qualquer alteração à lei que venha a impedir totalmente os pais de baterem nos filhos.

O Governo quer garantir que as novas medidas representam um equilíbrio entre o direito dos pais a disciplinarem os filhos e os próprios direitos das crianças. O executivo teme que, no caso de ser aprovada, a total proibição de os progenitores recorrerem ao castigo físico leve a um incremento de pequenas acções judiciais.

O secretário de Estado da Saúde, John Reid, disse acreditar que a maioria das pessoas no Reino Unido tem uma posição semelhante à do Governo. Os que reclamam que os pais sejam totalmente proibidos de bater nas crianças lembram que o que está em causa "é uma questão de direitos humanos", resumiu à BBC Salman Rushdie.

In Publico

Agora quem é que é o fundamentalista? Essa ideia idiota de que é possível eliminar a violência da sociedade é o pior dos fundamentalismos! Inacreditável como não compreendem que as crianças podem não compreender o seu próprio bem (que está na origem da própria ideia de Educação)!
O erro está na incompreensão da violência como algo que pode ser canalizado para o bem! Para estes fundamentalistas a acção está isolada das consequêencias! São incapazes de compreender a necessidade de uma moralidade não absoluta! Estes Direitos Humanos destroem a humanidade e tornam-na incapaz de funcionar e prosseguir os seus bens… Não conseguem compreender o carácter indicativo do Decalogo, da DUDH, da Carta da ONU… Ao tomá-los como imperativos absolutos está a subverter o sentido limitado da próopria essência do ser humano!

É certo que o poder paternal não é um poder despótico e absoluto… Há sobretudo a necessidade de verificar quando é que a violência é no interesse das crianças ou deformação dos progenitores, hoje, mais que nunca sujeitos aos vícios do mundo (droga, homossexualidade, pedofilia…)! Essa é a verdadeira limitação moral do poder, o interesse dos verdadeiros destinatários!

Etiquetas:

Nova Força Europeia

Na Europa existirá uma nova força parlamentar, que se apresentará sob o nome de “Independência e Democracia”. É constituído pelos Movimentos de Junho da Dinamarca e Suécia (partidos anti-corrupção na UE) e o UKIP, a Liga das Famílias Católicas Polacas e o Movimento pela França (Independentistas), partidos que ganharam força nas últimas Europeias.
Pode questionar-se a coesão desta força política. Não tem um articulado de ideias, uma ideologia… E ainda bem! Demonstra que a Europa é um conjunto de inspirações diversas, um conjunto de existências autónomas, que hoje está unida para que no futuro possa ser livre e independente, para que essas unidades do espírito e da história não sejam meras delegações de um poder estrangeiro, tão diferente de nós no sentir e no pensar…
É pena que não exista um conjunto articulado de esforços, no sentido de construir a União não tecnocrática, que não seja um Super-Estado Social Democrata, um Totalitarismo Popular Democrático… Ainda!

segunda-feira, julho 05, 2004

A Trivialidade Ética segundo MacIntyre

Autor maldito para quase todos, Alasdair MacIntyre encontrou o seu caminho no aristotelismo. Partilhamos isso. Partilhamos também muitas perguntas. As suas obras são um tributo à inconformidade face ao tempo presente e seus “lugares comuns”, um questionamento constante dos valores da Modernidade, da qual é inimigo jurado.
A Modernidade colocou, com a sua ânsia democrática, ao mesmo nível argumentos lógicos de determinadas proveniências que se inserem em determinadas pré-posições que impossibilitam o estabelecimento de um consenso e de uma decisão política coerente. Toda a opinião é igual em valia, todas podem ser discutidas de igual forma!
Esta concepção provém da emergência de uma “trivialidade ética”, o relativismo, que é essencialmente derivada dos horrores da II Guerra Mundial e da emergência de uma hegemonia que pretende impôr a Paz como valor estruturante e fundamental da ordem política. Este desenraizar da discussão política é bem patente no prélio do Aborto em que todas as partes se arrogam de defensores da Vida e dos Direitos Humanos, embora sob perspectivas claramente divergentes das mesmas.
Com MacIntyre parece ter-se, durante uns anos fugazes da década de 80, reequacionado a necessidade de uma “ideia de bem” face ao avanço das ideias democráticas, destruidoras dessa ideia, em prol da falsa estabilidade das “maiorias” que negam a ordem como um diálogo, uma narrativa. Sabendo que do relativismo e da ciência nada pode emergir de duradouro, só um equacionar das raízes e tradições da existência da comunidade, dos fins que a koinonia visa, pode tornar esse diálogo compreensível e a lei coerente, provida de um sentido moral eudaimonico e não meramente técnico-funcional! Só na Justa Ordem se pode encarar a existência da Liberdade, se pode libertar o Homem da auto-servidão dos desejos colectivos e individuais. Só entrando nesse diálogo, compreendendo a tradição, atendendo aos circunstancialismos, se pode aferir da justiça ou injustiça de determinada situação política.
MacIntyre tentou reanimar o conceito de Justiça, afastando-o das concepções socialistas, hedonistas e materialistas, distributivas que grassam na contemporaneidade.
Penso que falhou nas suas propostas, não sobre as teóricas, mas sobre as políticas práticas que defendeu em determinadas ocasiões, mais por falta de prudência do que por incompetência teórica. Ainda assim é um crítico preciso da modernidade, caído em desgraça por um passado marxista, e por se considerar um “aristotélico revolucionário”!

Etiquetas:

sexta-feira, julho 02, 2004

On to the Restoration!

A todos os tradicionalistas (em particular ao JSarto e Manuel Azinhal em retribuição do seu último post) e apreciadores do pensamento “politicamente incorrecto” sugiro o www.counterrevolution.net . É o site de um professor americano James Kalb, possuidor de alguma literatura de sua autoria relevante nestas matérias. Tem também interessantes links, nacionalistas, conservadores, irredentistas, católicos-tradicionalistas, e uma mensagem muito restauracionista! Sabe bem do que fala…
Visitem também o seu blog, sempre atento ao pensamento e teoria política contemporâneas, sempre do ponto de vista tradicionalista-libertário americano.

Para os mais interessados na desconstrução da “teoria política contemporânea” também um texto sublime no Turnabout, o seu blog, que fala da Igualdade de Oportunidades e da impossibilidade de alcançar essa “igualdade divina”!

Etiquetas:


E depois tudo caiu... "Oh Porto Impudente, Oh Braga fiel, que sempre quiseste, O Rei D.Miguel"!

Etiquetas:

quinta-feira, julho 01, 2004

Mais Obsessões Democráticas

Das várias confusões que povoam a contemporaneidade há uma de particular importância, a Democracia e a Eleição!
Portugal é uma Democracia, mas que alguns querem tornar um Regime Eleitoralista, baseado na Democracia Directa… A obsessão com as bases, com a “opinião popular” expressa em urna, tomou conta do regime português.
Porque é que tem de haver uma eleição legislativa só porque o Governo se demitiu?
O Miguel Sousa Tavares diz que as pessoas “votam em caras”! Paciência! Que sirva para que votem em projectos, em ideias…
A nomeaçao é do PR… Só a ele cabe decidir quem será o PM! Como sempre… Não está vinculado por eleições, ou opiniões parlamentares ou eleições partidárias!
Também por isso não se compreende a obsessão de algumas pessoas com a eleição pelas bases! Democracia não é apenas o Poder Popular maioritário, mas a obediência às regras do jogo (como se observou nas últimas Presidenciais Americanas!).
Os grandes povos sabem que o mais importante não é a maioria, mas a partilha existencial e por isso é legítima a eleição indirecta do Presidente Americano, visto que ela representa a essência da Federaçao e não de um estado central e total como é a maioria dos Estados Europeus!
Por isso só podem ser irresponsáveis os que querem eleições no PSD, como se a justificação das bases fosse Palavra Divina, e depois defendem o oposto para o Povo Português!

Algumas Questões Correlativas
Face ao Último Post e Comentários

Em relação ao Sr.Nuno questionarei apenas as suas qualidades académicas… Gostaria de conhecê-las! Queria saber com que razão diz que sou um "básico salazarista"! De onde tirou essa ideia… Por ter uma citação de Salazar no meu blog? Esta asserção é que me parece básica, como o são as conversas do “preto”, dos “milhares de anos na Europa” (pelo mesmo raciocínio temos milhões de anos em África!), e esse "paganismo rácico" nada explica, a nada responde. Note-se que há questões tão importantes como a Ideia de Raça que nem foram tocadas nos comentáarios! Há aqui, parece-me um qualquer tipo de obsessão…
Eu ainda estou na casa dos 20 anos, sendo portanto a questãao do “mundo real”, do “sair da torre” e outros argumentos retóricos falaciosos, uma mera disposição de mau gosto e má fé!


Em relação ao Sr. que se identifica como Identitário, personagem que me parece mais urbana e articulada, gostaria de cordialmente contrapor algumas ideias às suas teses, colocando algumas questões/reflexõoes que me parecem pertinentes…

Etnia (sem acento) vem do grego “ethnos” que significa “aldeia”, qualquer agremiação de pessoas que se consubstancia na subsistência, mas que é infra-políitica! A etnia não é um ponto político, para Aristóteles…
Na modernidade este conceito foi adulterado… Com intuitos imperialistas intra-europeus (incompatíveis com o nacionalismo que apregoam nos vossos blogs!).
No Portugal do Séc.XII havia uma quantidade enorme de Arabes, Moçarabes, Judeus, Alanos, Suevos (e já esses eram misturas de vários povos civilizados e prée-civilizados)… O que os une? A formação de uma cultura diversa (Portugal teve juridicamente até ao séc.XVI dois Reinos, o cristão e o judeu, ambos subordinados à Coroa…), unida num Bem Comum, principalmente no funcionamento cristão da sociedade, na manutenção da Independência, na defesa da Lei.
Parece que, mais importante que a Raça (ou sua mitificação!) é a Cultura, a existência de uma comunidade de interesses.

Gostaria de saber também, com o mesmo propóosito, porque facto é que amigos meus, professores universitários, médicos e advogados, nacionalistas e patriotas, são menos Europeus que qualquer um de vós?… Porque ée que muitos deles, estudiosos das culturas e civilizações da Europa, pelo facto de terem os olhos mais rasgados ou a tez mais escura, são de menor validade cultural ou humana que vós?

Se é em relação aos povos Indo-Europeus, primevos ou contemporâaneos, o que é certo é que não existe qualquer tipo de continuidade cultural entre eles! Dumezil estava claramente enganado…
A diferença das sociedades cristãs para as primevas sociedades indo-europeias é muito superior à diferença entre a sociedade portuguesa e angolana!

Lembro-me sempre de Herder, que no seu estudo dos povos germânicos considerou os judeus da Europa Central um dos mais importantes povos germânicos, visto que o iidiche é uma forma de hebraico com gramática e vocabulário germano…
O mesmo se poderá dizer dos judeus sefarditas, que tem uma língua derivada do Português, perfeitamente perceptível por qualquer falante do nosso idioma, que levaram para o mundo inteiro.

Resta-me dizer que essa “mundivisão” que refere só existiu uma vez na História da Europa (que na altura era apenas um lugar e a que vós quereis agora dar um significado superior e imperativo), que foi na Respública Christiana, que representa exactamente o oposto da estrutura social Indiana, em princípios e estruturas… E que representa um corte com a cultura até aí existente. A Reforma Protestante destruiu o que restava dessa unidade existencial…

Que pontos serão esses que unem as sociedades indianas de qualquer tempo, e as sociedades deste canto do mundo! Hierarquia? Todos a têm…

Parece-me que a preocupação deveria ser a defesa de valores culturais portugueses com a compreensão da sua complexidade, de um estado que querendo ser neutro, nos "impinge" essas culturas não-portuguesas, que considerais serem "nossas", dos Europeus (o que quer que isso queira dizer...)!

Agradeço a discussão, mas agradecia que deixassem o insulto para os nossos políticos parlamentares...

Etiquetas: