O Estado da Esquerda
O Éden Marxista, o Estado Quintal, o Homem de Palavra
Como já disse num texto anterior, “Mais Obsessões Democráticas”, a nomeação de um governo é no nosso quadro constitucional, sempre uma iniciativa presidencial. Não parece de facto haver qualquer dúvida acerca desse assunto.
O que parece de facto ser interessante nesta barulheira toda é a forma como a esquerda se uniu em torno de princípios que contradizem a totalidade da sua existência póos- Abrilina…
A razão do conjunto de sedições no marxismo esconde a essência desumana do próprio movimento. A questão essencial do movimento, preparar a vinda de Cristo, sob a forma de abundância e satisfação plenas do Homem, que se consagram na máxima “a cada um segundo as suas necessidades”, resulta na separação entre os movimentos social-democratas, revisionistas e ortodoxos, os caminhos para o Paraíso Terrestre.
A ideia (partilhada por todos os socialistas) da possibilidade do estabelecimento desse reino eterno da técnica e da satisfação amoral, é uma situação impossível no nosso mundo, limitado pelas capacidades dos homens pelo tempo e lugar, irredutíveis cadeias da nossa existência animal.
O socialista hodierno não esconde essa ideia e tradição. Não esquece que só se pode impôr através de uma ditadura, uma vez que a impossibilidade de demonstrar a sua inatingível perfeição humana e de estabelecer esse governo puro da satisfação. Assim se vai fazendo aos poucos ou aos muitos, uma redistribuição dos bens sociais, apoiado nas vontades populares, nas discussões livres dos intelectuais ou no centralismo democrático.
A Queda do Muro conduziu a uma aceitação do jogo democrático pela esquerda, ideia que não mudou fundamentalmente a sua concepção da Democracia enquanto regime, que já desde o 25 de Abril pouco mais era que um instrumento do seu Poder. Eleições só quando der o resultado esperado… Essa era a diferença entre PS e os restantes!
O PS de Soares e restantes distinguia-se do resto da “esquerdalha” por assumir o compromisso constitucional como supremo, e o seu espírito democrático como estruturante do Estado Português.
Foi assim que Ferro, numa unidade de toda a esquerda, veio defender uma democracia anti-constitucional. Veio defender a democracia plebiscitária contra a democracia representativa, no que constitui uma das maiores revoluções ideológicas de um partido político parlamentar no pós 25/4.
Só assim se pode compreender a concordância de toda a esquerda na relevância de argumentos como: “nós não elegemos esta maioria de direita e extrema-direita”,
“só ao povo cabe a eleição de um governo”, ou ainda a inenarrável asserçãao de Ana Gomes, “um Governo, uma maioria, um Presidente”, que identifica a democracia representativa e a própria Constituiçãao de 76 como “direitistas”.
Parece óbvio que desapareceu neste PS qualquer concepção de neutralidade, patente no desprezo pela ideia de “sentido de Estado” de “Bem Comum”, de algo que rejeite a facção como essência da praxis política.
Este é o resultado do que se abordou num “post” anterior do diálogo entre o Sofista e o Amante da Ideia. Uma destruição de qualquer nexo de comunidade e partilha na verdade.
Esperava o PS actual que esta perspectiva pós-moderna tivesse alastrado a todos os membros, como é o caso do actual PR. Esperavam que o espírito de facçãao estivesse mais forte que nunca, que este se encontrasse subjugado pelo seu apoio partidário!
O Estado deve ser Português (que pena sê-lo tão pouco!) e não um feudo rotativo da partidocracia vigente… Sampaio percebeu isso! Percebeu que o seu compromisso, que padece de tantas enfermidades e simplismos rudimentares, é para com Portugal. Um Portugal esquerdista, nacional-porreirista (pá!), laico e socialista, que comenda terroristas, mas que não se submete nas suas primaridades aos anseios particulares de meia dúuzia de sequiosos.
Será esta a sua melhor hora e nada de melhor se poderá vir a dizer no futuro deste senhor, que apoiou o terror socialista, as prisões arbitrárias, as torturas em nome do “anti-fascismo”!
Etiquetas: Comunismo e Socialismo
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