quinta-feira, julho 01, 2004

Algumas Questões Correlativas
Face ao Último Post e Comentários

Em relação ao Sr.Nuno questionarei apenas as suas qualidades académicas… Gostaria de conhecê-las! Queria saber com que razão diz que sou um "básico salazarista"! De onde tirou essa ideia… Por ter uma citação de Salazar no meu blog? Esta asserção é que me parece básica, como o são as conversas do “preto”, dos “milhares de anos na Europa” (pelo mesmo raciocínio temos milhões de anos em África!), e esse "paganismo rácico" nada explica, a nada responde. Note-se que há questões tão importantes como a Ideia de Raça que nem foram tocadas nos comentáarios! Há aqui, parece-me um qualquer tipo de obsessão…
Eu ainda estou na casa dos 20 anos, sendo portanto a questãao do “mundo real”, do “sair da torre” e outros argumentos retóricos falaciosos, uma mera disposição de mau gosto e má fé!


Em relação ao Sr. que se identifica como Identitário, personagem que me parece mais urbana e articulada, gostaria de cordialmente contrapor algumas ideias às suas teses, colocando algumas questões/reflexõoes que me parecem pertinentes…

Etnia (sem acento) vem do grego “ethnos” que significa “aldeia”, qualquer agremiação de pessoas que se consubstancia na subsistência, mas que é infra-políitica! A etnia não é um ponto político, para Aristóteles…
Na modernidade este conceito foi adulterado… Com intuitos imperialistas intra-europeus (incompatíveis com o nacionalismo que apregoam nos vossos blogs!).
No Portugal do Séc.XII havia uma quantidade enorme de Arabes, Moçarabes, Judeus, Alanos, Suevos (e já esses eram misturas de vários povos civilizados e prée-civilizados)… O que os une? A formação de uma cultura diversa (Portugal teve juridicamente até ao séc.XVI dois Reinos, o cristão e o judeu, ambos subordinados à Coroa…), unida num Bem Comum, principalmente no funcionamento cristão da sociedade, na manutenção da Independência, na defesa da Lei.
Parece que, mais importante que a Raça (ou sua mitificação!) é a Cultura, a existência de uma comunidade de interesses.

Gostaria de saber também, com o mesmo propóosito, porque facto é que amigos meus, professores universitários, médicos e advogados, nacionalistas e patriotas, são menos Europeus que qualquer um de vós?… Porque ée que muitos deles, estudiosos das culturas e civilizações da Europa, pelo facto de terem os olhos mais rasgados ou a tez mais escura, são de menor validade cultural ou humana que vós?

Se é em relação aos povos Indo-Europeus, primevos ou contemporâaneos, o que é certo é que não existe qualquer tipo de continuidade cultural entre eles! Dumezil estava claramente enganado…
A diferença das sociedades cristãs para as primevas sociedades indo-europeias é muito superior à diferença entre a sociedade portuguesa e angolana!

Lembro-me sempre de Herder, que no seu estudo dos povos germânicos considerou os judeus da Europa Central um dos mais importantes povos germânicos, visto que o iidiche é uma forma de hebraico com gramática e vocabulário germano…
O mesmo se poderá dizer dos judeus sefarditas, que tem uma língua derivada do Português, perfeitamente perceptível por qualquer falante do nosso idioma, que levaram para o mundo inteiro.

Resta-me dizer que essa “mundivisão” que refere só existiu uma vez na História da Europa (que na altura era apenas um lugar e a que vós quereis agora dar um significado superior e imperativo), que foi na Respública Christiana, que representa exactamente o oposto da estrutura social Indiana, em princípios e estruturas… E que representa um corte com a cultura até aí existente. A Reforma Protestante destruiu o que restava dessa unidade existencial…

Que pontos serão esses que unem as sociedades indianas de qualquer tempo, e as sociedades deste canto do mundo! Hierarquia? Todos a têm…

Parece-me que a preocupação deveria ser a defesa de valores culturais portugueses com a compreensão da sua complexidade, de um estado que querendo ser neutro, nos "impinge" essas culturas não-portuguesas, que considerais serem "nossas", dos Europeus (o que quer que isso queira dizer...)!

Agradeço a discussão, mas agradecia que deixassem o insulto para os nossos políticos parlamentares...

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