terça-feira, março 30, 2004

Quem é ele?

É o director de um jornal. Apregoa sempre - num tom sério, fitando o céu, como se fosse assunto de extrema gravidade- que o seu jornal é o jornal de referência em Portugal.
No mestrado em Ciência Política da Universidade Católica proferiu estas pérolas de sapiência, que qualquer jamais olvidará.

- “Gostava que retessem esta ideia!”
- “Quando o Dr. Mário Soares concorreu contra o General Soares Carneiro nas eleições presidenciais…”
- “Os círculos uninominais são exactamente o mesmo que os círculos maioritários”
- “Segundo a Constituição Portuguesa os deputados da Assembleia da República devem defender os interesses do círculo eleitoral pelo qual foram eleitos…”
- “Devia criar-se um tribunal para julgar as decisões dos políticos…”
- “Quando o Durão Barroso me liga eu não atendo, porque já não sei o que lhe hei de dizer…”

Quem adivinhar não ganha nada, a não ser o bom senso de não ler as alarvidades do “Politica à Portuguesa” e do Pasquim que dirige.

segunda-feira, março 29, 2004

A Doença Moral do Socialismo

Mário Soares é o pai da Democracia Portuguesa. Decerto será essa uma das razões da mediocridade do regime. Mário Soares não é mau. É um tipo bonacheirão e bem intencionado, que gosta de comezainas e de se ouvir.
É contudo um socialista, um verdadeiro socialista. Defende o socialismo democrático, mesmo com os erros que daí advêm. O socialismo defende a sociedade igualitária como fim e objectivo da sociedade política. O socialismo democrático encontra compromissos que permitam uma maior igualitarização, com o objectivo da paz, da resolução dos conflitos sociais. Ao resolver as diferenças resolve-se qualquer disputa futura. Para esse alto fim, o socialismo democrático apoia-se na rejeição de julgamentos morais, apoiado na concepção pós-moderna de que tudo é perspectiva individual, tudo é relativo, tudo é negociável para assegurar os ideais do hedonismo e da passividade, do conforto individual.
É assim que se pode compreender o apelo à negociação com os movimentos terroristas. Não é novidade e Soares compreendeu-o. Negociar até à Paz, negociar o que for preciso para que não corramos risco de vida, para não termos medo. Numa palavra, ESCRAVATURA. Medo de lutar, para preservar os bens que por nós deviam ser mais estimados, medo de dizer que os princípios sob os quais queremos viver são superiores ao conforto da televisão e da sala de estar. Talvez se tivéssemos negociado com Hitler se tivesse conseguido terminar o Holocausto, mas talvez o nazismo fosse uma força ideológica estruturante na ordem europeia... Assim acabamos na mesa de negociações, com alguém que da negociação não pretende outra coisa senão conversão, a princípios que são heterodoxia islâmica e que a generalidade dos governos e autoridades religiosas dos países islâmicos rejeita, ou a destruição…
Acresce a isto que não temos necessidade de negociar, de nos submetermos a essa discussão, pela superioridade da Aliança Ocidental em termos técnicos e bélicos, em relação a uma estrutura como a Al-Qaeeda, que é ilegítima a todos os níveis…
Enquanto, em Paris, espezinhava a bandeira portuguesa, defendia esta mesma política de sujeição ao “terror”, por mais irracional ou destrutivo que este fosse. É coerente, mas é perigoso e portanto errado. Os terroristas tinham uma perspectiva, hoje têm outra… importante é conversar!

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quinta-feira, março 25, 2004

A 1ª Excelência

Há muito tempo que não se via uma entrevista assim!
Os entrevistadores não perceberam a linguagem, a mensagem, o pensamento de Adriano Moreira. Perguntaram as coisas erradas, mas as respostas saídas da sua boca ganharam uma importância que há muito não se via na TV.

Devo dizer que andava triste com Adriano Moreira. Infeliz, recentemente, pelo discurso abstracto sobre os direitos humanos, o primado do Direito Internacional e a importancia da ONU. Parecia que o tínhamos perdido no mar do politicamente correcto (tanto Teillard de Chardin acaba por fazer mal a uma pessoa), numa tentativa de se afastar do conservadorismo que serviu sempre lealmente.
A idade traz calma e desinteresse. Donoso Cortes, Edmund Burke, Halifax, são exemplos óbvios, ainda que não muito famosos, do que digo. Quem nada espera jáa da vida, pode observar a verdade e dizê-la sem necessidade de compromissos.

Quando instado a pronunciar-se sobre a Democracia como regime, Adriano Moreira afirmou: "o regime que melhor garante a paz no mundo em que vivemos". Não houve interferências... não houve barulho... não se falou em direitos de expressão, de participação, de auto-destruição... Só uma coisa: O bem de Portugal e neste sentido a noção de que neste momento nada pode fazer no plano internacional (uma vez que amputado da sua vocaçãao universal) a não ser guardar-se para dias mais felizes, para que um dia se cumpra. Comecemos pela paz para chegar ao Bem!

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terça-feira, março 23, 2004

À guisa de introdução, reflexões sobre Fernanda Mestrinho


A RTP representa Portugal. A RTP sempre representou Portugal. No Estado Novo a voz da RTP ecoava como estrutura permanente ao lado dum estado permanente, que se via como depositário de uma cultura, de um ideal de serviço público, de Portugalidade.

Acontece que a moderna RTP, "neutral e imparcial" do pós 74 , não tem consciência das próprias limitações discursivas da "Europa à moderna", dos "pluralismos" civilizados, do "multiculturalismo" como ideal vazio dos nossos dias...
É assim que surgem excrescências a-intelectuais como Fátima Campos Ferreira e Fernanda Mestrinho, é assim que começa a nossa história de hoje.
Num dos sazonais debates sobre Salazar pretendia-se a discussão, o conflito de opiniões, e todo esse chorrilho de banalidades que a turba considera importantes para que se alcance a verdade.

A apresentadora, Fernanda Mestrinho, bombardeava os comentadores presentes, Jaime Nogueira Pinto e Fernando Rosas, com perguntas que considerava serem perguntas de "cidadania", no interesse dos "cidadãos".
A determinada altura a jornalista, insultada com a falta de liberdades civis no Estado Novo, pelas medidas de repressão da propagação do comunismo, pela Censura, pergunta a propósito do estadista Salazar:
"Esses factos não denotam, em Salazar, uma grande falta de cultura democrática?"
Os circunstantes ficaram tristes.

Rosas indagou se todos os seus aliados, agregados na visão politicamente correcta que, agora se arroga de neutral, seriam paramécias ignorantes, camuflados por uma linguagem balofa e abstracta...
Jaime Nogueira Pinto sonhou durante milésimos de segundo com o reavivar de uma cultura de interesse histórico e nacional... recomposto disse ao seu estilo "ouça, Salazar não era um democrata!".

A conversa ficava por aí... Eu pensava no Bem Comum de Portugal... a tv continuou inocentemente a despejar propaganda liberal... voltei às leituras de Alfredo Pimenta sobre as verdades vencidas Deus, Pátria e Rei.

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