domingo, janeiro 30, 2005


Guerra

Soube agora, com lamentável atraso, que Sara Marques é candidata pelo PND no círculo de Santarém. Para além de advogada, anti-europeísta e conservadora, católica e "mulher do norte", a combativa Sara ainda tem a graça de ser minha amiga.
Pede-se aos mais libidinosos (sim, Viriato) que refreiem os comentários, que a senhora é recém-casada.
E no dia 19 lá vou eu receber um sms...

Andreia

Na sua habitual acção de legitimação da prostituição os jornalistas da RTP quiseram “pôr a nú” as difíceis vidas das prostitutas. De entre algumas toxicodependentes e transexuais, travestis e fauna similar destacou-se Andreia. Transexual e prostituta(o) queixava-se do país… que as pessoas ainda não aceitam bem os transexuais e a prostituição, que não há emprego para travestis…
Ó meu, vai te queixar ao sindicato!
Isto é de facto um país muito atrasado…

Estranhamente, na mesma reportagem, os bloquistas (leia-se jornalistas) deixaram escapar uma ideia muito interessante. As ditas prostitutas só se dedicam a essa actividade porque querem ganhar mais do que “mil euros por mês”. É uma doença moral antes de ser uma doença social.

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“Who´s the racist now?”

A FA, a “federação de futebol” de Inglaterra, retirou de circulação um DVD sobre os melhores jogadores de sempre da Selecção. A razão é simples. Não há nenhum preto nesses quarenta nomes! Não discuto se Ian Wright mereceria estar no lote… Só não consigo perceber porque é que uma escolha que deve ser futebolística é impedida por questões anatómico-epidérmicas…

Castela

Continuamos ansiosos pelo lançamento pela Casa de Sarto de um texto aprofundado de Rafael Castela Santos sobre o Iberismo. Eu já li e gostei. Será um contributo para o aprofundamento da Portugalidade. Portugal não é uma não-Espanha! Não se pode afirmar como algo “contra”. É uma afirmação e não uma negativa. Nove séculos de história não o permitem!

Pois, Pois…

Diz a Comissão Eleitoral Iraquiana que 72% dos iraquianos já votaram!
Na Ucrânia era fraude…
Relembre-se que a Aliança Internacional não permitiu a visita de jornalistas às mesas de voto.

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Duas Sugestões Americanas

Como houve receptividade, ficam aqui mais duas sugestões. Duas revistas que se encontram em versões completas na Internet!
A revista First Things tem artigos de elevada qualidade, em particular de estudantes e professores das melhores universidades americanas! Trata de quase todas as áreas das Humanidades. Do último número salienta-se o artigo sobre George Santayana, um crítico fervoroso e original do liberalismo e da Modernidade. Muitos consagrados começaram aqui…
A revista Humanities, do National Humanities Institute, criado por Irving Babbit, tenta reconciliar a tradição conservadora americana, frequentes vezes demasiado moderna, com o classicismo literário, de forma a produzir um regresso a virtudes perdidas na História. Um esforço interessante, deitado por terra no plano teórico pela falta de uma teleologia fundamentadora!
Vejam por vós próprios!

Podem ver estas e outras recomendações na Revista de Teoria Política.

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Tradição e Revolução

É já amanhã, dia 28 de Janeiro, que o Professor Adelino Maltez apresenta o seu novo “filho”, “Tradição e Revolução”. Já tive a oportunidade de folhear a obra e posso garantir que se trata de uma obra de extrema qualidade (o contrário seria de estranhar). É uma detalhada análise política, ano por ano, do século XIX e XX. Uma obra fundamental para “curiosos” e especialistas.
Se puderem passem pelo Centro Nacional de Cultura pelas 18.30…
Deve valer a pena!

terça-feira, janeiro 25, 2005

Iconoclastas

Nos dias que correm nada é o que parece!
Quando vemos um autoproclamado membro da extrema-direita proferir que um dos maiores politólogos de sempre foi Norberto Bobbio, sabemos que as coisas vão mal…
Bobbio é um dos ídolos de vultos como Mário Soares e Freitas do Amaral!
Pode parecer surpreendente, mas não é! Na verdade não há nada que distinga o pensamento da Direita Pós-Moderna, dos chavões do Politicamente Correcto!
Defendem a Religião Privatista Liberal dos Direitos Humanos de uma esfera de liberdade individual absoluta, uma Democracia Igualitária (um homem, um voto), que o Poder se funda nas Vontades do Povo (ao contrário de se fundar na Nação, i.e. nos costumes, no acervo histórico e legal, no assumir da Nação como portadora de uma cultura e vocacionada para cumprir um Ideal de Virtude, a Natureza Humana).
Tirando a delimitação de pertença à comunidade, uma delimitação racial e territorial, nada separa esta concepção dos jacobinos que compõem o PSD, PS, PCP e BE… Nada!
Na essência, e como se vê nalguns portais nacionalistas, até o Garcia Pereira pode ser ídolo destes “nacionalistas”…
Não existe, para além do apelo nacionalista, nenhuma distância entre ambos!
A razão é por demais evidente…

Existem várias distinções entre direita e esquerda. Utilizando uma distinção Universalismo vs Particularismo chega-se a um critério manifestamente insuficiente em que a delimitação externa é o único critério valorativo! Desde que seja feito o apelo “particularista” tudo pode ser feito no plano interno! O Povo que decida…
Daqui a nada Rousseau ou o Abade de Siéyès também eram de direita! Seriam eles universalistas?
Peculiares ideias políticas…

Qualquer autor que tenha estabelecido a “direita” como Ordem (como quase toda a “direita” do século XX de Cortés a Schmitt, de Salazar a Evola) só poderia desprezar estas ideias como um “esquerdismo disfarçado”, tentando penetrar na direita para lhe retirar a sua característica essencial. Não existe qualquer reconstrução da Ordem, mas a aceitação do fraccionamento da mesma.
E se uma unidade não se funda no espírito humano, numa partilha existencial, não é uma Ordem, mas um aglomerado… e logo não será uma Nação!

Se a Nação se funda em algo que não tem um ensinamento, se se funda em algo que não permite discernir o certo do errado (algo que só a história pode fazer, através da experiência histórica e da narrativa colectiva, a que chamamos Nação), como é a Raça, não existe possibilidade de partilha existencial, de uma concordância em que se funde uma unidade política, subordinada a um conjunto de valores comuns.
Assim se reduz o horizonte do Homem à obediência! Às maiorias, ao Chefe, à mera vontade!

Pena que os nossos interlocutores não consigam observar que um homem pode ter ou não razão, comandando assim a obediência. Habituados que estão a ver tudo como mera questão de perspectiva, não conseguem ver as razões por detrás dos homens. Não conseguem ver que por trás do Monarca se pode esconder o Tirano, por trás do Aristocrata o Oligarca, por detrás do Democrata o Demagogo. Não é uma questão de número, mas de razão onde se inserem. Se defendem o Público ou o Privado, se defendem a facção ou o total.

Até os Founding Fathers americanos viram isto! Hamilton, Madison, Adams fizeram uma Constituição em que se defendesse o Povo das suas próprias ambições. Por isso instituíram um Presidente eleito indirectamente, Senadores eleitos indirectamente (até ao século XX), um Supremo Tribunal (de funções constitucionais) não eleito e que não presta contas a ninguém… Estranha-se por isso a obsessão “eleiçoeira” dos mais americanizados!

Pior ainda são os que continuam a viver no “slogan”! Ignorando que a China já não é comunista! Embora ainda mantenha os ícones do Poder, tem um sector público em redução, uma iniciativa privada, um sector de Saúde pago pelos utentes…
E sobretudo um apelo muito mais chinês do que comunista, sendo muito mais um nacionalismo popular que um internacionalismo! Para o efeito basta atentar nas reflexões sobre a aliança com a União Soviética do Camarada Mao, que rejeitam claramente a união dos povos e a existência de interesses comuns entre Russos e Chineses!
Ainda que esse critério Universalismo vs Particularismo servisse de algo para a análise dos problemas do mundo, seria absolutamente desfasado da realidade e da observação…
E basta ler um bocado…

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Calmaria

Paulo Portas tornou-se, com o intuito de se estabelecer como alternativa governativa, um europeísta fervoroso! É incrível como alguém que há pouco tempo se definia como “eurocalmo” agora ataque os movimentos que são contra a Constituição jacobina!
Se a coisa correr bem a ideia vai colar! Todo o argumento da Soberania passou de moda! Com ele passou o soberanismo do PP…

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A Primeira Dama (um pequeno momento de surrealismo, ou não)

Os jornais, portugueses e brasileiros, dão destaque às indagações sobre quem será a Primeira Dama de São Bento! Segundo se conta não será uma dama, mas um Infante!
A versão dos cabeleireiros da moda (todos se reclamam de amizade com o futuro residente) é que isso é passado. Que o futuro residente aprecia a efemeridade sentimental… E que já substituiu o Infante, pelo que foi (por trinta dinheiros) o Infante de Cascais! O pai era o “traidor da foice” que ascendeu ao trono da vila de Cascais por via da Casa da Rosa!

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Cai Quem Quer!

Às vezes fico preocupado com a sanidade mental das pessoas!
No Porta Bandeira, em 2005, voltaram a surgir os habituais pesadelos fascistas! Dizem as bloquistas Dinah e Rita que a liberdade de expressão de que hoje dispomos é fruto do 25 de Abril! É uma disparatada afirmação! Vejamos…

A liberdade de expressão é sempre condicionada. Hoje em dia também o é! É proibida a disseminação de ideias racistas, de ideias que periguem a segurança pública (que no fundo poderá ser tudo…). Não é pelo simples facto de que a generalidade dos cidadãos concorde com essas limitações que elas deixam de ser limitações (até porque existia no Terceiro Reich ou na China Maoísta um largo consenso a favor das execuções sumárias, que adquiriam em grande medida um carácter habitual)! Esqueci-me!!! O povo é quem mais ordena! O povo terá sempre razão!!! Grândola Vila Morena!

O mais engraçado é verificar que não havia no 25 de Abril de 74 qualquer intenção da esquerda em ter uma democracia! O Partido Socialista, o Partido Comunista, os tão queridos UDP e MRPP e todas as outras “forças progressistas” nunca fizeram menção a qualquer intenção de instalar um regime de liberdade! Desafio a que me tragam qualquer referência a uma “democracia ocidental” por parte de Soares, Cunhal, Mário Tomé, Arnaldinho, Garcia Pereira! A única referência democrática é a “democracia socialista” que tantas alegrias trouxe à Alemanha Oridental, à grande Democracia Popular Chinesa, ao povo húngaro…
Até à acção de Carlucci, que forçou Soares a um consenso com Sá Carneiro, não havia qualquer projecto de esquerda democrática! O resto é conversinha… tipo “é tão fixe ser de esquerda”!

Mais curioso ainda é que não se perceba que a razão para as amplas liberdades de que dispomos hoje, vêm da própria estabilidade do país, vêm da própria natureza da perda de independência do país! Nada se decide aqui… Nada que fuja à ditadura de Bruxelas é aceitável! Por isso, nada do que se diga é perigoso, porque nada se alterará!
A vida de batráquio é essa! Prefere não decidir do que assumir o encargo de ganhar e perder… Preferir a injustiça à perigosidade da Justiça (muito mais do que dar dinheiro aos pobrezinhos)… Sapos e não gente!

A esquerda totalitária tinha capacidade de ferir Portugal. Não era a esquerda bem-disposta de hoje! Não é a esquerda de meninos! Era uma esquerda sovietista, apoiada por Moscovo, que tentava lançar a confusão e o aborto de Portugal, na criação do Homem-Novo! Quer quiser que negue, se puder!

Portugal encontrou-se em ditadura, porque o Ocidente se encontrava em Guerra! Em Guerra com duas frentes (aliados e inimigos)!
O resto são telenovelas… Mas para isso mais vale ver televisão

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sexta-feira, janeiro 21, 2005

Political Theory Daily Review

A não perder os dias de 18 e 19 de Janeiro desta E-revista! Com links interessantes e actuais...
Depois não se queixem...
A ler todos os dias! Só para estar actualizado...

Sufrágio Universal

Nunca mais poderei falar sobre aborto… O Reverendo Louçã diz que quem não tem filhos não pode falar sobre Vida Humana! Faltou explicar a razão para tal e por que é que a maior parte dos anti-abortistas mais convictos, quase todos jovens e sem filhos, podem votar e eu não posso! Não sou digno…
Mostra bem o que nos espera se esta gentalha estiver no Governo…

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quinta-feira, janeiro 20, 2005

Sinistro…

O discurso de posse de George W. Bush foi um momento histórico. Ficará nos anais da História. É a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos da América assume, como missão divina, o papel redentor do país. Não ficámos a saber, porém, qual a religião que dá azo a essa interpretação. Eu pelo menos não a conheço…
Parece-me ser um momento histórico, por ser a assumpção de uma ordem internacional a uma voz e uma completa união da gnose esquerdista moderna aliada a algumas ideias liberais-populares, vertida em Império Mundial.
Um verdadeiro Império dos Direitos Humanos jacobinos… Mas sempre com a “boca cheia” de Deus!
Que passe depressa!

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segunda-feira, janeiro 17, 2005

Pimenta na Língua?

Para quando um blogue do comentador Pimenta? Justificava-se... Já teria dois leitores! Eu e o Rafael Castela Santos lá estaríamos...

James Kalb

O leitor Jim van Meer, relembrou Jim Kalb, a quem já fizemos várias vezes referência… Nunca é demais a referência a um dos grandes blogues e sites do tradicionalismo americano. Kalb é um pensador que alia o conhecimento histórico, aos conhecimentos de filosofia política contemporânea e que tem uma visão acutilante da realidade americana. O Turnabout é, por isso, um local obrigatório, onde o pensador explana a sua crítica mais severa à Modernidade e aos seus subprodutos.
Para além disso Kalb coloca à disposição dos leitores, no seu site CounterRevolution.net , um conjunto de páginas sobre pensamento contra o “politicamente correcto”, de todos os quadrantes.
Obrigatório para todos os restauradores da Ordem…

P.S.- Os "canudos" dizem que sou politólogo... Não vejo grande diferença entre o filósofo e o politólogo. Mal da sociedade em que essa discrepância existe!

Obrigado pelos elogios

“Mulher Bonita, Espelho de Cabrão”

Não é pela existência do provérbio supracitado que se deverá proceder à punição de todas as mulheres bonitas… Qualquer fundamentação com base nestes “saberes” populares é hilariante, como o seria qualquer apelo que tivesse como teor “Gajas boas para a Sibéria!”.

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Links

Quase com um ano de atraso, aqui estão os meus links! São os blogues que leio regularmente... Sem critério que não seja a qualidade! Esqueci-me por certo de alguns... Agradecia que me lembrassem de alguns que falharam... Já vi um! O Cegos, Surdos e Mudos... Peço desculpa ao A!

Esforcem-se!

É boa a existência de tantos candidatos na blogosfera...
Está na altura de ganharem o meu voto! Com ideias, com coerência, com sinceridade!
Gostaria de compreender o que pensam... Gostaria de saber quais os problemas que apontam ao país e quais as soluções para eles. Seria ainda muito importante que demonstrassem qual o país que idealizam...
Para já o meu voto está em branco!

quarta-feira, janeiro 12, 2005

A Ver Vamos!

Anseio por ver se o MPT e o PPM terão o mesmo “tempo de antena” que o Bloco e Os Verdes…

terça-feira, janeiro 11, 2005

Holandês Voador

Há tempos passou pelo Pasquim um holandês...
A discussão entre ele e o comentador (cada vez mais residente) Pimenta, foi de extremo interesse e muito reveladora. O dito pairador dos países baixos alegava, como cada vez mais é frequente, a não existência de ordem no Universo.
A existência de ordem no universo é evidente. Chega mesmo a ser autoevidente...
Um filho nunca poderá gerar o pai. Esta afirmação evidencia uma verdade, verdade que se encontra na própria natureza das coisas, independente do que nós consideramos, da forma como observamos a problemática...
Ainda mais interessante é a forma como as interrelações dos homens no meio são tidas como coincidências impossíveis de analisar. Considerar impossível estabelecer qualquer "taxis" independente da vontade e observação humana é lançar o Homem no nihilismo absolutista. Lamentavelmente é essa posição sofística que mais observamos nos nossos dias.
Por isso é tão frequente o apelo à impossibilidade de estabelecimento de normas de verdade numa sociedade. Que tudo é consenso e convenção...
O facto de não atravessarmos os corpos dos nossos semelhantes, de vivermos num mundo onde predomina a "escassez" (em sentido económico), deveria lembrar-nos da relação fundamental entre o convencional e o natural, entre a linguagem e a verdade. A negação disto é a loucura nietzscheana... É achar que a existência do externo depende de mim... É o regresso à "religião do Eu" da filosofia alemã nascida das luzes. Neste dogma nada há senão o Eu. Não há humano. O Mundo é apenas uma aventura da minha imaginação...
A humanidade é uma ilusão de óptica. O Outro é um feixe de luz...

Quando vemos a generalidade da sociedade contaminada por tais disparates (perigosos), não podemos deixar de pensar se ainda residirá no povo e nos seus costumes alguma réstia de pensamento pré-moderno, como teorizaram Strauss e Voegelin... Se a democracia ainda será a fora de revelar essas formas mais sadias de existência, que se apresentam como contrapeso às doutrinas igualizadoras e totalitárias da Modernidade...

O problema é insolúvel no contexto do pensamento liberal!

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segunda-feira, janeiro 10, 2005

Uma Data Triste

Sardinha talvez não tenha sido o maior pensador, escritor, filósofo português. Foi sem dúvida o mais português dos pensadores. Nele se concentraram os fundamentos da Nação Portuguesa, num pensamento coerente, estruturado num sistema filosófico original.

O sistema Integralista de Sardinha rapidamente se demarcou de um pendor demasiado positivista da AF maurrasiana. Não buscou reconstruir pela vontade o que os antepassados haviam formado instintivamente, mas proceder a uma redescoberta da Verdade Portuguesa, regressar ao Universo Português. Regresso esse que só poderia consistir numa reconstituição do pensamento que moldou o Ser Português, que moldou toda a Europa até ao flagelo da Revolução Francesa e ao fatídico ano de 1848[1].

Sardinha dotou o pensamento contra-revolucionário português de uma originalidade própria. Não poderia ser doutra maneira, uma vez que defendeu sempre a afirmação da particularidade da Nação Portuguesa, de uma “narrativa” histórica cultural própria, no âmbito da Cultura Ocidental, num processo de redescoberta do Homem, do papel próprio da Humanidade. A Nação Portuguesa é, assim, universal e particular. Tem uma vocação universalista, buscando os fins do Homem, mas compreende que esse processo de recuperação do Homem só pode ser realizado através da narrativa própria de cada cultura, da concepção de uma cultura, de um acervo de similitudes e obrigações, que se concentram na Nação.

Foi desta forma que Sardinha dotou a Contra-Revolução portuguesa de uma estrutura que significaria o regresso ao pensamento Tomista, à reflexão filosófica tradicional portuguesa, oposta, metodologicamente, ao pragmatismo “utilitário” de Gama Castro, reflectia, em grande medida, um mesmo impulso de preservação tradicionalista, de manutenção das estruturas medievais e orgânicas da Nação.
A teleologia profundamente cristã e jusnaturalista de Sardinha impôs-se assim, corrigindo e aperfeiçoando as “intuições” de Gama Castro, que nunca se chegou a aventurar por completo na reflexão metafísica, não explorando assim as mais profundas implicações do seu pensamento.
Sardinha deu sentido completo à semente lançada…

O Bem-Comum é supremo na ordem política. Nele se condensa na acção a vocação humana, a faceta histórica, as necessidades do colectivo. Ele é a norma que, ao mover-se nestas três facetas se constitui como factor comparativo, horizonte da política, horizonte do homem no domínio do contingente.

Seria disparatado tentar abordar a generalidade do pensamento de Sardinha num “post” de um blogue. Um pensamento com tal riqueza merece um tratamento de fundo, obras de vida e não meras referências epidérmicas (como algumas que já dedicamos ao autor).
Seria loucura não aproveitarmos esta data para pensar onde estaria Portugal se se tivesse conseguido o “reaportuguesamento” da Nação, como Sardinha pretendia.
Como tributo poderá haver nada menos que a defesa das verdades defendidas por Sardinha.
Portugalidade, Humanidade, Ideal.

[1] Altura em que a Modernidade destrói a racionalidade pré-moderna. Um conjunto de ideias das Monarquias Iluminadas já havia procedido ao primeiro ataque ao sistema tradicional português, epitomizado na acção destruidora do Marquês de Pombal.

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sexta-feira, janeiro 07, 2005

Dietas Loucas

O Manuel Azinhal tem razão. Não tenho tido tempo para dedicar ao Pasquim. Um blogue pede dedicação e eu neste momento só posso esperar por melhores dias.
Faço muito gosto neste blogue. Até me sinto orgulhoso por ele. Por esse facto não o quero acabar. Não o quero acabar porque ainda não está acabado, porque ainda não logrou quase nada do que pretendia (não se podendo dizer também que falhou na sua missão, como dizia o Professor).
O Pasquim vai “emagrecer” por uns tempos…

Nacionalismo

Muitas vezes se discute a questão do Nacionalismo como ideologia.
Nunca fui adepto da ideologia nacionalista. Simplesmente porque não acredito em ideologias (religiões intramundanas, explicações terrenas para o que não o é), e porque não acredito que o nacionalismo possa ser uma solução universal.
Os nacionalismos distinguem-se de várias formas. Uma delas (para mim a principal) é a forma como se concede a qualificação de nação a determinada entidade. Nela residem as divergências entre todos os que se dizem nacionalistas. O nacionalismo, num plano teórico, é, quase sempre, um subproduto de uma concepção superior. O que o subordina é essa compreensão do que é o objecto, a Nação.
Um tradicionalista encara a nação como um acervo determinado pela História.
Um identitário-europeu encara a nação como uma subdivisão de uma unidade originalista.
Um conservador-liberal como um conjunto de costumes.
Um liberal como uma pertença jurídica e um garante da propriedade.
Todos podem possuir na sua concepção um teor mais ou menos nacionalista.
Todos possuem várias concepções.

Os “Pontos de Wilson” são um exemplo histórico do que falamos.
Consagram na Ordem Internacional o princípio nacionalista, mas defendem um tipo de Nação que é disparatada e insuficiente.
O direito, consagrado na Carta da ONU, de cada povo em constituir-se como Estado, é um dos direitos que mais instabilidade cria no Mundo.
Esta concepção, que aparentemente seria de índole nacionalista, torna-se um dos focos de instabilidade das Nações. Uma vez que o critério dominante para a existência de um povo é, em democracia, a vontade popular, está criado o clima para todo o tipo de manipulações que sirvam os interesses dominantes (criação de Nações que não passam de “entrepostos” dos Impérios).
O critério é tão perigoso que ninguém lhe toca. A solução é ignorar…

Há vários nacionalismos, que se tocam, ou não, no que corresponde à “praxis”.
No Estado Novo, na Guerra Civil Espanhola, houve a necessidade de união das forças contra a destruição da Nação. A união entre tradicionalistas e falangistas é um caso feliz (por algum tempo), como são as uniões entre os vários sectores da direita na solução compromissória de Salazar.

Há porém que recordar que a Moral é sempre o ponto principal da equação do compromisso político. No compromisso só lucra quem mantém os seus fins. São esses fins o destinatário de toda a acção.
São mais umas vezes esses fins que distinguem todas as “ideias” que encontram como destinatário principal a Nação. Qualquer discussão entre os verdadeiros nacionalismos é, nada menos que uma competição entre diferentes ideologias e não uma depuração ou a busca de uma essência de uma concepção única.

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quarta-feira, janeiro 05, 2005

Blasfémias

Agradeço muito o "link" que o Blasfémias efectuou a esta casa, dedicando ainda um "post" a propósito. Triste mesmo é o habitual insulto de alguns visitantes, que afirmam que o Pasquim, o Sarto e o Buíça, estão ligados a associações racistas e ao PNR...
Divertido... A incultura e a leviandade têm sempre estes "gags"!
Há sempre estes parodiantes de vistas curtas...

O Buíça é nazi! O Sarto é nazi! Até eu sou nazi...

É-se sempre o fascista de alguém!

Um Desejo para 2005

É frequente ouvir gente a dizer que este mundo não faz sentido. É verdade, embora não seja pelas razões mais invocadas para o efeito. “O mundo tem o sentido que nós lhe dermos”! É bem verdade, embora não esconda a recusa contemporânea de dar um sentido real.
O sofrimento, o desencanto, são razões mais frequentes para que se diga que o mundo não tem sentido. É falso. Tudo isso faz parte da vida. O que é triste é a perda de sentido das acções dos homens. O que é triste é uma sociedade que considera o certo como 50% mais uma das opiniões expressas… Uma sociedade que não consegue distinguir o ser do dever.
O essencial é expurgar o “parasita”. Um parasita que não é metapolítico (distinção idiota, uma vez que tudo o que é humano é político), mas que reside no Espírito, o domínio próprio da política.
O parasita lá está… prega o individualismo e o indivíduo de direitos, mas precisa da cultura e da história (esses resquícios de imposição fascista) para se autocompreender.
Prega a autosuficiência individual mas apoia-se nos significados e na linguagem, conceitos impostos e partilhados.
Postula a vontade do Homem como elemento supremo, mas não sobrevive sem as concepções religiosas que tenta afastar da vida pública.