terça-feira, janeiro 11, 2005

Holandês Voador

Há tempos passou pelo Pasquim um holandês...
A discussão entre ele e o comentador (cada vez mais residente) Pimenta, foi de extremo interesse e muito reveladora. O dito pairador dos países baixos alegava, como cada vez mais é frequente, a não existência de ordem no Universo.
A existência de ordem no universo é evidente. Chega mesmo a ser autoevidente...
Um filho nunca poderá gerar o pai. Esta afirmação evidencia uma verdade, verdade que se encontra na própria natureza das coisas, independente do que nós consideramos, da forma como observamos a problemática...
Ainda mais interessante é a forma como as interrelações dos homens no meio são tidas como coincidências impossíveis de analisar. Considerar impossível estabelecer qualquer "taxis" independente da vontade e observação humana é lançar o Homem no nihilismo absolutista. Lamentavelmente é essa posição sofística que mais observamos nos nossos dias.
Por isso é tão frequente o apelo à impossibilidade de estabelecimento de normas de verdade numa sociedade. Que tudo é consenso e convenção...
O facto de não atravessarmos os corpos dos nossos semelhantes, de vivermos num mundo onde predomina a "escassez" (em sentido económico), deveria lembrar-nos da relação fundamental entre o convencional e o natural, entre a linguagem e a verdade. A negação disto é a loucura nietzscheana... É achar que a existência do externo depende de mim... É o regresso à "religião do Eu" da filosofia alemã nascida das luzes. Neste dogma nada há senão o Eu. Não há humano. O Mundo é apenas uma aventura da minha imaginação...
A humanidade é uma ilusão de óptica. O Outro é um feixe de luz...

Quando vemos a generalidade da sociedade contaminada por tais disparates (perigosos), não podemos deixar de pensar se ainda residirá no povo e nos seus costumes alguma réstia de pensamento pré-moderno, como teorizaram Strauss e Voegelin... Se a democracia ainda será a fora de revelar essas formas mais sadias de existência, que se apresentam como contrapeso às doutrinas igualizadoras e totalitárias da Modernidade...

O problema é insolúvel no contexto do pensamento liberal!

Etiquetas: