segunda-feira, dezembro 20, 2004

Uma Pena...

Já viu como, mais uma vez, não disse nada, Caturo!?

“< Defende um deus, mas idolatra o Homem, uma vez que esse deus não é mais que um reflexo de seus intuitos,»

Isto é mera propaganda cristã e/ou materialista, cuja base é inteiramente forjada por uma descrença relativamente aos Deuses.”

Não acha que é possível dizer que tudo é propaganda? Que argumento é este?
Não é um argumento! É só dizer não…

Mais um exemplo…

“«Sabendo que estes conceitos terrenos são limitados e imanentes, como poderão ser eles a resposta final e subordinar o transcendente. A divinização do que não é Deus. O que não tem qualquer capacidade de guiar as nossas acções passa a ter uma capa de divino, apenas para esconder um poder não analisado. Se isto não é um problema…»

De facto, não é problema algum porque o diagnóstico falha pela base.”

Mas porque falha? Não diz… Lamento, mas isto não é uma refutação! É outra vez dizer não. Sem arguir…

Isto justifica-se… O Caturo acredita em qualquer forma de verdade?

“E quem é que aceita um Deus por «verdade»? Espero, talvez em vão, resposta para esta questão.”

O Caturo está tão cego pelas manipulações religiosas que faz que não compreende que uma formulação metafísica não é uma coisa manipulável… Tem lógica e filosofia! Sujeita-se ao exame racional…
Por isso é que a sua “antropologia contemporânea” é uma débil análise… Será que a religião não pode ser mais complexa ou simples? É óbvio, mas não para o Caturo, que não acredita em qualquer tipo de verdade… Mas se não há verdade não existe qualquer verdade na Estirpe… Estranho!!!
Peço-lhe que explique se pretender refutar, mas não diga “três vezes não”…

O Caturo tem uma religião, mas não acha que ela seja mais verdadeira que as outras…

Tudo é uma questão de opinião? “Em termos de doutrina, sim”

Isso diz tudo. Porque a escolha, como vimos anteriormente, é um processo lógico-filosófico… E não, como no caso do neo-paganismo, em que, Caturo dixit, escolhemos os deuses porque são nossos! Mesmo que estejam errados, ou sejam uma resposta insuficiente. Ora isto é indefensável… Indefensável e destruidor do mais importante. A lealdade à verdade…
Isto é uma paródia da religião. Porque se é a minha identidade a definir o meu deus, é lhe superior… O Caturo não apresentou um único argumento relativo às suas posições filosóficas!

Só uma religião vazia pode afirmar que um deus incompleto é supremo. Se existe um Deus superior a esse, porque é que havemos de obedecer? Por lealdade… Mas porque não ser leal à religião cristã que é a da minha sociedade? Se é por isso…
Mais uma vez o Caturo não explica. Só diz não… Diz:

“É completo, sim, é uma Entidade autónoma e que recebe culto de determinado povo. E não necessita de ser a fonte de todo o Bem para ser divino.”

Então eu, como ser autónomo, desde que tenha pessoas a prestar-me culto também posso ser deus… Marx e Lenine foram deuses, portanto! Isto não quer dizer nada… Não é solução para nada… Nem sequer é uma resposta! Ou um deus é qualquer coisa que seja adorada?
Dirá o Caturo que sim. E eu pergunto-lhe se um sujeito for para África e se houver uma tribo que o adore, poderá ele ser deus?
Se calhar pode… Porque eu sou um totalitário repressivista, digo que não. Qualquer pessoa como o Caturo diria “porque não?”. Isto é indefensável… Só é lógico para os seus companheiros filosóficos, a esquerda de Rorty, dos Heiddeggerianos franceses e até do Manuel Maria Carrilho… Curiosas afinidades.
Mas já que aqui chegámos seria interessante que explicasse de que forma, se todas as verdades são autocriações, como se pode dizer que a Estirpe existe… O que a torna melhor que a Social Democracia? É que se é tudo uma questão de verdade interior é tudo o mesmo…
Esta maneira de pensar não tem forma de se aguentar…
É como a religião, que é a mesma coisa que outra qualquer religião… Não tem particular verdade, para que valha a pena a sua difusão, pois ela é uma questão individual…
O Caturo diz depois que são os deuses que escolhem os Povos, mas continua a asseverar que, mesmo encontrando um Deus verdadeiro, total e fonte do Bem, é deplorável que os abandonem… E depois diz que não compreende porque é que isto vai contra a filosofia!!! Se se submete a verdade a essa ligação com um Deus imperfeito, o que é que se está a fazer? Não é essa busca de verdade a filosofia? É óbvio… Por isso é que por mais voltas que lhe dê não chega a lado nenhum… Porque inicia a busca filosófica sem fé na possibilidade de verdade! O mesmo realiza na religião, em que não vê como o Bem só é compatível com uma perspectiva monoteísta (O Deus de Platão não era Zeus! A distinção é clara… Também que as quotas, como da outra vez, ou aceita a minha palavra?).
Por isso se afirma por evidência, a superioridade de um Deus total a um deus parcial.
É algo autoevidente…
Para mais reafirmo que não se trata de uma religião, pois subordina o terreno ao transcendente… Se eu devo aderir a um deus só porque ele é do meu povo, significa que a sua verdade está subordinada ao colectivo, ao histórico. Não é por isso uma “re ligação” ao transcendente, mas uma fixação terrena do homem.
Isto também é autoevidente. E um obstáculo teológico intransponível, ou não?

E depois acha que o “Totalitarismo” é essa forma de pensar… Não é! O totalitarismo é a forma de pensar que faz coincidir o “Poder com o Dever”. Qualquer enciclopédia razoável pode esclarecer este embróglio…
É fruto do “positivismo”, que, ao contrário do que diz

“É aliás curioso que o Corcunda tanto critique o Positivismo e se veja aqui a repetir um dos dogmas positivistas mais derrotados, o de que o monoteísmo é superior ao politeísmo”

Como bem convirá nada disto tem, obviamente nada a ver com positivismo. Até terá, mas em inverso… O positivismo distingue-se por afirmar que é indiferente se é superior ou não, mas que interessa apenas o que é mais forte, como observará em Weber, nos realismos políticos, neo-maquiavelismos, “raison d´état” e Pufendorff, etc… Onde não existe qualquer interesse em justificações, mas em adequações e utilidades…
O mesmo acontece com a concepção de Natureza e em particular da Natureza Humana. Divertidamente o Caturo acha que há tanta diferença entre os peixes e os homens, como entre os homens de diferentes raças… Isto é muito interessante. É mais uma vez o desprezo pela capacidade racional do Homem. Não reconhecer a unidade racional do Homem é a costumeira apologia marxista-freudista. O homem é um mero animal…
É pena que as pessoas se retratem dessa maneira, desresponsabilizando-se dos seus actos. Não há verdade, eu não tenho obrigações…
Pois! Se este pensamento é aceitável…

Engraçado que o Caturo, a seguir, refira os “esquerdismos”.
Onde está a “ordem” defendida?
Onde está a “autoridade”? Diluída nesse existencialismo pós-moderno?
Onde está a necessária “hierarquia” nessa doutrina igualitária e privatista de origem liberal, em que cada um faz o que quer desde que seja branco?
Pena que não compreenda que num Estado em que os cidadãos não têm um conjunto de “significações partilhadas”, não há qualquer possibilidade de ter Paz e Justiça…
Mas como isso são tudo invenções… Tudo propaganda!

Mas para que interessa a doutrina racial?
A resposta final fica para o nosso interlocutor…
“Tudo é uma questão de opinião. Em termos de doutrina”.