sexta-feira, dezembro 24, 2004

Votos

Infelizmente não tenho estado junto a um computador. Por esse facto não tive oportunidade de desejar um Bom Natal a todos quantos visitam este espaço! Que tenham um Natal Feliz, que tenham toda a felicidade, que, como por aqui se defende, é muito mais do que os vossos desejos.

Em particular aos amigos Rafael Castela Santos, Pedro Guedes, Nelson Buiça, A, BOS, FG Santos, Viriato, Manuel Azinhal, JSarto, Geraldo, SJCM, Pimenta, que sempre nos ajudam com o seu espírito combativo e aberto. Também aos que involuntariamente tenha esquecido peço que me perdoem e aceitem as desculpas pela pressa com que foram redigidos estes votos...

Um Feliz Natal

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Repetindo...

Ao contrário do que o Caturo pensa, uma pessoa não tem que expor as suas visões religiosas para o refutar. Existe um processo, chamado filosofia (que parece desconhecer) e que faz isso sem recorrer a Deuses… Fá-lo pela verdade.
Ora é aí mesmo que reside a essência do problema.
A pergunta de Pilatos, “o que é a verdade?” é a pergunta mais simples de todas.
É a base da Humanidade.
É a base da Humanidade, porque é dela que provém a própria capacidade do Homem de pensamento abstracto, de pensamento para além do aqui e agora.
Não houvesse verdade e não haveria civilização ou cultura, uma vez que, ao não existirem significações partilhadas, não existiriam quaisquer tipos de diálogos possíveis. Dizer “eu vi um cão” seria o mesmo que dizer “eu comi um gelado”… Ora isto não é uma questão de perspectiva… como é evidente!
A filosofia compreendeu também que existe uma estreita ligação entre a Verdade, o Bem e o Uno. Foi assim que Platão na “Alegoria da Luz” bem como na “Alegoria da Caverna” revelou a ideia de que o Uno é supremo. Isto observa-se através do processo dialético, de estreitamento das opções. Da “doxa”, da opinião desconexa, e através do “Zetema”, claramente descrito na “Alegoria da Linha” se passa do formal ao essencial.
Observou também que a verdade, nessa linha da inteligência que separa o visível do cognoscível, reside o estreitamento desse conjunto de ideias não alinhadas e desconexas. Ou seja, o percurso que conduz ao Bem, o Uno, fonte de toda a Sophia, é a Verdade, por isso mesmo. O processo lógico e dialético permite a ordenação do Mundo, segundo graus.
Logo, só há um Deus, o Deus de que Sócrates falava, a Unidade Superior de todas as ideias numa força que movimenta o Mundo. Isto é a base fundamental do pensamento platónico, que irá ser aproveitado por toda a filosofia, de Agostinho aos Neo-Platónicos.
Tendo já referido este assunto tantas vezes é de estranhar que os Pilatos ainda continuem a fazer a pergunta… Mas é essa a miséria do Mundo.

As decorrências são óbvias. Uma vez que a vida melhor para o Homem é aquela que não está dependente do transitório e efémero, é óbvio que a felicidade do Homem é alcançada nessa esfera divina… Assim o Homem não pode renunciar à Justiça, que é a virtude, proveniente desse conhecimento, que o permite viver Bem com os outros. Vivendo segundo essa Justa Norma, que é derivada desse mesmo conhecimento do que é perene, realiza-se o Homem na esfera política e individual, pois que participam todos os cidadãos nesse Bem-Comum, embora com funções diferentes.

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terça-feira, dezembro 21, 2004

Cavaco II?

É de mim ou o PSD anda a tentar fazer do Mexia o novo Cavaco?

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Uma Pena...

Já viu como, mais uma vez, não disse nada, Caturo!?

“< Defende um deus, mas idolatra o Homem, uma vez que esse deus não é mais que um reflexo de seus intuitos,»

Isto é mera propaganda cristã e/ou materialista, cuja base é inteiramente forjada por uma descrença relativamente aos Deuses.”

Não acha que é possível dizer que tudo é propaganda? Que argumento é este?
Não é um argumento! É só dizer não…

Mais um exemplo…

“«Sabendo que estes conceitos terrenos são limitados e imanentes, como poderão ser eles a resposta final e subordinar o transcendente. A divinização do que não é Deus. O que não tem qualquer capacidade de guiar as nossas acções passa a ter uma capa de divino, apenas para esconder um poder não analisado. Se isto não é um problema…»

De facto, não é problema algum porque o diagnóstico falha pela base.”

Mas porque falha? Não diz… Lamento, mas isto não é uma refutação! É outra vez dizer não. Sem arguir…

Isto justifica-se… O Caturo acredita em qualquer forma de verdade?

“E quem é que aceita um Deus por «verdade»? Espero, talvez em vão, resposta para esta questão.”

O Caturo está tão cego pelas manipulações religiosas que faz que não compreende que uma formulação metafísica não é uma coisa manipulável… Tem lógica e filosofia! Sujeita-se ao exame racional…
Por isso é que a sua “antropologia contemporânea” é uma débil análise… Será que a religião não pode ser mais complexa ou simples? É óbvio, mas não para o Caturo, que não acredita em qualquer tipo de verdade… Mas se não há verdade não existe qualquer verdade na Estirpe… Estranho!!!
Peço-lhe que explique se pretender refutar, mas não diga “três vezes não”…

O Caturo tem uma religião, mas não acha que ela seja mais verdadeira que as outras…

Tudo é uma questão de opinião? “Em termos de doutrina, sim”

Isso diz tudo. Porque a escolha, como vimos anteriormente, é um processo lógico-filosófico… E não, como no caso do neo-paganismo, em que, Caturo dixit, escolhemos os deuses porque são nossos! Mesmo que estejam errados, ou sejam uma resposta insuficiente. Ora isto é indefensável… Indefensável e destruidor do mais importante. A lealdade à verdade…
Isto é uma paródia da religião. Porque se é a minha identidade a definir o meu deus, é lhe superior… O Caturo não apresentou um único argumento relativo às suas posições filosóficas!

Só uma religião vazia pode afirmar que um deus incompleto é supremo. Se existe um Deus superior a esse, porque é que havemos de obedecer? Por lealdade… Mas porque não ser leal à religião cristã que é a da minha sociedade? Se é por isso…
Mais uma vez o Caturo não explica. Só diz não… Diz:

“É completo, sim, é uma Entidade autónoma e que recebe culto de determinado povo. E não necessita de ser a fonte de todo o Bem para ser divino.”

Então eu, como ser autónomo, desde que tenha pessoas a prestar-me culto também posso ser deus… Marx e Lenine foram deuses, portanto! Isto não quer dizer nada… Não é solução para nada… Nem sequer é uma resposta! Ou um deus é qualquer coisa que seja adorada?
Dirá o Caturo que sim. E eu pergunto-lhe se um sujeito for para África e se houver uma tribo que o adore, poderá ele ser deus?
Se calhar pode… Porque eu sou um totalitário repressivista, digo que não. Qualquer pessoa como o Caturo diria “porque não?”. Isto é indefensável… Só é lógico para os seus companheiros filosóficos, a esquerda de Rorty, dos Heiddeggerianos franceses e até do Manuel Maria Carrilho… Curiosas afinidades.
Mas já que aqui chegámos seria interessante que explicasse de que forma, se todas as verdades são autocriações, como se pode dizer que a Estirpe existe… O que a torna melhor que a Social Democracia? É que se é tudo uma questão de verdade interior é tudo o mesmo…
Esta maneira de pensar não tem forma de se aguentar…
É como a religião, que é a mesma coisa que outra qualquer religião… Não tem particular verdade, para que valha a pena a sua difusão, pois ela é uma questão individual…
O Caturo diz depois que são os deuses que escolhem os Povos, mas continua a asseverar que, mesmo encontrando um Deus verdadeiro, total e fonte do Bem, é deplorável que os abandonem… E depois diz que não compreende porque é que isto vai contra a filosofia!!! Se se submete a verdade a essa ligação com um Deus imperfeito, o que é que se está a fazer? Não é essa busca de verdade a filosofia? É óbvio… Por isso é que por mais voltas que lhe dê não chega a lado nenhum… Porque inicia a busca filosófica sem fé na possibilidade de verdade! O mesmo realiza na religião, em que não vê como o Bem só é compatível com uma perspectiva monoteísta (O Deus de Platão não era Zeus! A distinção é clara… Também que as quotas, como da outra vez, ou aceita a minha palavra?).
Por isso se afirma por evidência, a superioridade de um Deus total a um deus parcial.
É algo autoevidente…
Para mais reafirmo que não se trata de uma religião, pois subordina o terreno ao transcendente… Se eu devo aderir a um deus só porque ele é do meu povo, significa que a sua verdade está subordinada ao colectivo, ao histórico. Não é por isso uma “re ligação” ao transcendente, mas uma fixação terrena do homem.
Isto também é autoevidente. E um obstáculo teológico intransponível, ou não?

E depois acha que o “Totalitarismo” é essa forma de pensar… Não é! O totalitarismo é a forma de pensar que faz coincidir o “Poder com o Dever”. Qualquer enciclopédia razoável pode esclarecer este embróglio…
É fruto do “positivismo”, que, ao contrário do que diz

“É aliás curioso que o Corcunda tanto critique o Positivismo e se veja aqui a repetir um dos dogmas positivistas mais derrotados, o de que o monoteísmo é superior ao politeísmo”

Como bem convirá nada disto tem, obviamente nada a ver com positivismo. Até terá, mas em inverso… O positivismo distingue-se por afirmar que é indiferente se é superior ou não, mas que interessa apenas o que é mais forte, como observará em Weber, nos realismos políticos, neo-maquiavelismos, “raison d´état” e Pufendorff, etc… Onde não existe qualquer interesse em justificações, mas em adequações e utilidades…
O mesmo acontece com a concepção de Natureza e em particular da Natureza Humana. Divertidamente o Caturo acha que há tanta diferença entre os peixes e os homens, como entre os homens de diferentes raças… Isto é muito interessante. É mais uma vez o desprezo pela capacidade racional do Homem. Não reconhecer a unidade racional do Homem é a costumeira apologia marxista-freudista. O homem é um mero animal…
É pena que as pessoas se retratem dessa maneira, desresponsabilizando-se dos seus actos. Não há verdade, eu não tenho obrigações…
Pois! Se este pensamento é aceitável…

Engraçado que o Caturo, a seguir, refira os “esquerdismos”.
Onde está a “ordem” defendida?
Onde está a “autoridade”? Diluída nesse existencialismo pós-moderno?
Onde está a necessária “hierarquia” nessa doutrina igualitária e privatista de origem liberal, em que cada um faz o que quer desde que seja branco?
Pena que não compreenda que num Estado em que os cidadãos não têm um conjunto de “significações partilhadas”, não há qualquer possibilidade de ter Paz e Justiça…
Mas como isso são tudo invenções… Tudo propaganda!

Mas para que interessa a doutrina racial?
A resposta final fica para o nosso interlocutor…
“Tudo é uma questão de opinião. Em termos de doutrina”.

Futeblog Total

Um dos blogues mais divertidos que já li.
Abeira-se do futebol assente numa descontrução proto-derridiana, numa discursividade hermeneutica, no abandono da dialética teleológica pré moderna...
De salientar os artigos sobre Carlos Secretário, Ricardo e nas semelhanças entre Grga Pitic, figura kusturiciana e Dinis, defesa central ex-Beira Mar e Maradona, Toy e o anão da Ilha da Fantasia.
Imperdível!

Novas?

Soube através do DexteraVox de algumas medidas propostas pelo PND para pôr Portugal no “bom caminho”. Lá iremos.
Nunca percebi muito bem o que é o PND! Para além de uma secessão do CDS-PP, não me parece que seja muito. Na sua declaração de princípios afirmava não ser de esquerda ou direita… para logo a seguir se dizer que defendia os valores da direita portuguesa!
Fico sobre a impressão que o PND não foi a “lufada de ar fresco” que pretendia ser.
Tendo algumas pessoas inteligentes e uma suma-inteligência no seu seio, o PND não apresenta de facto grandes diferenças dos outros partidos…
Através da leitura do DemoLiberal podemos ficar a saber que defende o Presidencialismo, a limitação dos mandatos, os filmes de Michael Moore (esse grande anti-fascista), a adesão da Turquia à EU (diz o opinador que a Alemanha tem medo de ser superada pela Turquia…).
Infelizmente não diz o que foi o Dr. Monteiro fazer ao Largo do Rato… É uma pena!

O DexteraVox, que aparentemente é mais de direita do que o partido (será presidencialista para além de monárquico?), refere Monteiro como o proponente de medidas estruturantes de revitalização da Nação…
Relevam três que me parecem exemplares, e que são, alegadamente, originais:

1. A criação de uma Comunidade Económica de Países de Língua Portuguesa.
2. A aposta na produção nacional.
3. A criação de uma taxa democrática.

Estas medidas são as mais emblemáticas, porque são absolutamente desfazadas da realidade portuguesa contemporânea. Afirmo mesmo que não têm qualquer utilidade para Portugal.
Basta olhar rapidamente para a CEPLP para se verificar que esta é uma retórica saudosista, desprovida de conteúdo. Os mercados da CPLP não são apelativos, excluindo o sector do Turismo, o suficiente para que Portugal abrace um tal projecto. E como já se viu na CPLP é o Estado Português a despender a quase totalidade do esforço económico. Os mercados africanos são de fácil penetração… A única coisa que falta para que Portugal se imponha neles (já que mais ninguém os quer…) é que Portugal tenha uma estrutura produtiva que seja capaz de exportar, e que esses países tenham rendimentos para pagar os produtos… De momento nem uma nem outra! Sendo portanto absolutamente prejudicial que Portugal esteja a despejar dinheiro para pagar o parque automóvel e as casas na Riviera dos governantes dos PALOP.
Para essa colecta já deram os que lá estão…

E quando se fala precisamente na produção nacional é preciso saber qual o modelo de desenvolvimento. As vantagens comparativas portuguesas, a manutenção da agricultura, o reforço dos serviços? Uma política de consumo ou políticas empresariais? Como se poderá revitalizar a economia portuguesa com esta constituição socialista, com os sindicatos comunistas e direitos laborais que prejudicam o futuro de todos?

Por último gostaria de realçar a “moralista” medida de valoração “democratista”. É absolutamente inacreditável como se considera o perigo chinês para algumas indústrias. O recurso a cargas fiscais para punir os países que não têm respeito pelos “pretensos direitos do Homem” é uma patética anedota inventada por uma Europa socialista. Gostaria de saber onde estaria a indústria europeia se não tivesse tido a exploração do século XIX… Como pode a China desenvolver-se se não se desenvolver desta maneira? Onde vai a China buscar dinheiro para construir um sistema educativo que dê às crianças a escolaridade mínima, se não for pelo desenvolvimento comercial e industrial com o exterior?

Mas o mais engraçado é tomar a China como um opositor de Portugal…
Será a China que nos toma as pescas, que nos fica com as quotas de leite e tomate, que nos obriga a estandardizações que são caras e impedem os nossos produtos de concorrer no mercado europeu? Será que é nos têxteis que Portugal deve apostar, será essa a indústria (digo-o em sentido lato) em que se deve canalizar os esforços da Nação?
É impossível perceber como a China é uma ameaça e os outros países da UE são amigos…
Se calhar andam a fazer caridade…

É preciso trabalhar mais, para que se possa ganhar investimento.
É preciso que se invista no ensino tecnológico para que esse investimento não seja algo de flutuante e se fixe sem possibilidade de ser movido para o Terceiro Mundo.
Quem não tiver vergonha de dizer isto terá o meu voto!

Gostaria ainda de saber, visto que vejo no DexteraVox tantos apelos e links anti-abortistas, qual a posição do PND sobre o assunto…
É negociável a vida? É uma questão de consciência individual?
Sendo assim distinguir-se-á pouco dos outros liberais… que também são mais Demo que Liberais…

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domingo, dezembro 19, 2004

Co-Incineração!

O grande problema português do século XXI!

A Ler

As breves reflexões de Sarto... Interessantes e clarividentes.

sábado, dezembro 18, 2004

Explicação

Eu esperava que todos tivessem percebido a ironia do Sicários da Santa Sé...
Bastava ler o I para perceber o II. Era simples...
Pelos vistos não... Mas o reino dos céus também lhes pertence...

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Ponto da Situação

A discussão que vamos tendo na caixa de comentários é muito interessante, e merece ser ordenada, de modo a que possamos extrair mais conclusões das formulações teóricas de que temos vindo a falar.
A discussão versa os problemas do paganismo e como a sua forma moderna (mais precisamente pós-moderna), reduz o político à força. Neste sentido convém destrinçar alguns pontos que me parecem evidenciar a perigosidade desta posição, bem como seus erros.

I. O Interesse da Estirpe

Um dos problemas que encontramos como raiz da incompatibilidade de razões entre ambas as posições é a atribuição à nacionalidade de um determinado estatuto étnico.
Que o Português é uma mistura de povos é uma asserção por demais evidente. Todos o aceitam, pois ninguém acredita que os Portugueses foram postos ao cimo da Terra por Deus, como uma Humanidade diferente. Todos acordam, presumo, que provimos de um ramo comum, seja de símios ou de Adão e Eva.
Tendo essa origem comum, o que diferencia os Homens?

Tendo em conta que ser Português não é algo de natural, mas uma convenção, não há ninguém que possa afirmar que seja Português em virtude da sua pele… Até porque seria a mesma pele que os faria ser Espanhóis. Será que existe alguma diferença entre o Português e o Espanhol. Para a pertença a uma nacionalidade é preciso, ainda que em muitos casos por suposição, que se aceite um determinado número de normas sociais(ver?).

Porque é que interessa ser então Indo-Europeu? Que relação existe então entre a nacionalidade e essa “estirpe”?
Para a perspectiva “racialista” a identidade reside num conjunto de povos que partilham como antecedente um conjunto de características culturais (ligadas a uma raça). Mas qual o interesse dessas características para Portugal e determinação da cidadania? É que se Portugal como entidade nunca perfilhou essas ideias o que interessa isso para ser Português? Essas raízes precederam Portugal em muitos anos… Nunca fizeram parte da sua identidade. E se Portugal é uma convenção, como poderá um factor natural determinar a pertença. Ou será que havia Portugueses nas Nação Celta, Romana, Goda?


II. Paganismo Moderno

O interesse da concepção triádica e da partilha de uma raiz comum terá que tipo de interesse para a legitimação de uma Nação Contemporânea? Não se percebe sem se observar à luz da degenerescência filosófica e moral do Ocidente.
Em sociedades científicas, onde predomina um misto de niilismo e positivismo, onde o primeiro gera a discordância congénita e o segundo tenta gerar a partir da ciência novos consensos, criou-se uma mistura nociva como alternativa ético-moral.
O nihilismo afirma que nada existe, além da força… Não há consenso racional possível!
O positivismo-cientista afirma que conhece a origem dessas forças e encontra-as numa natureza biológica de cada uma dessas estirpes.
Mas porque terão essas origens carácter normativo? Porque não retroceder à unidade original de Adão e Eva ou dos símios para afirmar a unidade do Homem? E porque não afirmar que essas distinções são meramente convencionais, que dispõem como identidade da vontade de ascenderem a maiores graus de perfeição moral?
Em última análise há duas posições a ter sobre esta postura filosófica.
O Paganismo é dizer que se pretende regressar a essa unidade espiritual triádica (ver adiante os argumentos a favor desta, bem como a discutibilidade das posições).
A outra posição é a posição de quem entende que o Poder é um fim-em-si. Não existe verdade ou necessidade de ser examinado pelo Homem. Simplesmente existe e deve existir. A partir daí qualquer mentira, sujeição ou escravatura é lícita, porque se encontra justificadamente. Nem sequer existem esses conceitos, pois que estes se encontram submersos na vontade do mais forte. Sem essa capacidade de examinação acabou a filosofia e com ela a Justiça… e tudo mais.

III. Os Argumentos Neo-Pagãos

Já aqui tivemos ocasião de elogiar os conhecimentos do Caturo. É de uma coerência extrema, dentro dos erros que aponto ao seu modo de pensar. Nas caixas de comentários deixou, tanto quanto possível em tão curtos espaços, a maneira de pensar Neo-Pagã. Infelizmente quem o faz denuncia sempre as fragilidades desta forma de pensar.

Um dos argumentos de Caturo é que os deuses Pagãos são os verdadeiros deuses Ocidentais. O problema filosófico que daí provém é óbvio. Como posso ser eu a escolher os meus Deuses? Só se eu for superior a deus. Mas como posso ser superior a Deus? Então Deus não é Deus, mas um mero ícone à minha imagem.
Que estranha entidade (ou identidade) é essa que precede Deus e que determina a minha escolha? Essa estranha identidade, o Ocidental, escolhe Deus. Mas se é preciso haver quem defina quem é Ocidental, então esse alguém é Deus! Seja ele a Comunidade ou o Chefe, ou o Cientista-demiurgo… Todos estão sujeitos à sua vontade. E as suas palavras não permitem qualquer discussão, o que resulta na destruição da “política” e num poderio “animalesco”. Certamente uma diminuição do Homem.

Os pagãos antigos, em particular Platão e Aristóteles, falam do Deus como o Ser único, a Fonte de todo o Bem. Ele representa a Unidade. Aceitam o paganismo como uma forma inferior disto, como formas inferiores que permitem chegar a esse Deus filosófico, que é a fonte do Bem.
Ora, o que o Neo-Paganismo faz é o inverso? Parte de uma ideia preconcebida subordinando Deus a essas ideias. Não é um processo de descoberta, mas uma fixação de um conjunto de conceitos terrenos. A sua divinização…
Sabendo que estes conceitos terrenos são limitados e imanentes, como poderão ser eles a resposta final e subordinar o transcendente. A divinização do que não é Deus. O que não tem qualquer capacidade de guiar as nossas acções passa a ter uma capa de divino, apenas para esconder um poder não analisado. Se isto não é um problema…

Ou seja, o neo-paganismo faz a apologia de uma coisa, para defender outra muito distinta. Defende um deus, mas idolatra o Homem, uma vez que esse deus não é mais que um reflexo de seus intuitos, que ele aceita não por “verdade”, mas por “vontade”. Pressupõe uma identidade que é convencional ou religiosa, como se fosse natural. Pressupõe uma subordinação religiosa do Homem pelo Homem, de um poder que não é susceptível de ser analisado.
Só um Deus, pela sua completude, pode ser a fonte de todo o Bem. Um deus parcial, como o Neo-Pagão não é completo, possuíndo por isso uma dose de ausência de Bem, ou seja Mal, de ausência de Luz, ou seja, Treva. Por isso é incompleto, não sendo de qualquer utilidade no sentido do Bem.
Não será muito diferente de qualquer Deus das tribos africanas, que não conseguem atingir o conceito monoteísmo, por falhas na sua cultura. As mesmas falhas que qualquer paganismo (parcialista) possui.
Os deuses pagãos são limitados por isso. E levam com eles os seus seguidores.

IV. A Tolerância

Para além disso esta perspectiva funda-se numa concepção levada ao extremo por Caturo. É levada ao extremo, levada quase ao pacifismo. Nenhum princípio existe, que mereça uma Guerra. Tudo é uma questão de opinião. Todas as religiões monoteístas são perigosas, porque consideram ter uma verdade… Por isso é melhor substituí-las por uma religião igualitária, em que eu achar que Deus é um lagarto que vive na Buraca, um raio que vive nas nuvens, ou o sol que está no céu, é absolutamente indiferente, porque, subordinado à vontade irrefutável do soberano (os já referidos cientista, povo, chefe), nada dizem sobre a vida da comunidade. Esta é uma perspectiva inconcebível.
Para esta concepção todas as perspectivas valem o mesmo, porque não há um critério de verdade. O “louco” é todo aquele que o Poder determinar. Deixa de haver qualquer tipo de loucura… Apenas perspectivas… Se virmos um Homem a esvaír-se em sangue a bater com a cabeça na parede, sabemos que é essa a sua perspectiva. E, pior ainda, não há qualquer capacidade de um consenso lógico acerca disso. Se o soberano sanciona, tudo está bem. Não critérios, nem há indivíduos. Só submissão.

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quinta-feira, dezembro 16, 2004



Sicários da Santa Sé (II)

Outro traidor da Nação foi este senhor, que aqui vemos a fingir ocupar-se dos assuntos de governo. Falso. Está a ler as cartas enviadas pela Santa Sé, com directivas precisas para a destruição da Nação.

O seu desaparecimento foi uma benção, pois permitiu o florescimento do nacionalismo português. Foi a partir da sua morte que o nacionalismo se desenvolveu, fora das garras do Vaticano. Foi através da rejeição da sua mensagem que se criou um nacionalismo coerente.
Não era nacionalista, concerteza.

terça-feira, dezembro 14, 2004

Ode à Infância

" ...nas ruínas do ciclone de quarenta
trabalho manuais sem mestre nem montra
entram chefes guerras caracóis
tesouras e pauzinhos
nas rachas das meninas
na catequese é em coro
e em filas
no escuro dos intervalos
medem-se as pilas
Boaventura tens quebranto
dois te puseram três te hão de tirar
se eles quiserem bem podem
são as três pessoas da Santíssima Trindade..."

Boaventura Sousa Santos

(Sociólogo, membro da inteligência esquerdista portuguesa…
Director da Associação Portuguesa de Sociologia)

Mais pérolas deste vulto, neste "ácido" artigo de Maria Filomena Mónica.

Continua o Flagelo

Não se poupa nada à população do Bairro de Alvalade.
Depois da sedimentação do Bairro das Murtas, do Morte Shopping, eis uma notícia particularmente desagradável...

Saramago adquiriu habitação na Rua Afonso Lopes Vieira...

Fujam enquanto podem!

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Uma Explicação e um Pedido da Mesma

Aqui por estes lados sempre se utilizou a cordialidade, mesmo a gente que a não merecia.
Há porém um limite... Este blogue nunca pediu o selo "democrático", portanto utilizará aqui sempre as formas mais necessárias de manter o diálogo que lhe parece apropriado...
E como a casa é minha...

O que aconteceu é porém uma situação lamentável.
Tendo variadas vezes sido insultado comentários do meu blogue e noutros, decidi não mais responder a um determinado número de pessoas. Em particular a gente que se dá como "anti", que não tem uma personalidade que não seja a contradição... Neste caso o sujeito é antitético da minha pessoa! Já os houve com Cristo...

O que sucedeu foi que bani uma pessoa que assinou com o nome de Anti-Corcunda e que já teve ocasião de me poluír o Pasquim com impropérios... Para meu espanto o banido foi Caturo!
Pensando não lhe ter dado motivos para esse comportamento...
Todas as nossas divergências (um mar delas) foram sempre dirimidas com cavalheirismo e, pelo menos da minha parte, com sinceridade. Mesmo quando utilizando a ironia (de ambas as partes), não me tinha parecido que a conversa tivesse "azedado" de tal forma a que o referido me guardasse tal rancor. Mais, sempre que visitado e interpelado de maneira própria (e mesmo algumas vezes pouco educadamente. Basta relembrar a história do judeu morto...) respondi sempre com cordialidade ou, no máximo, com sarcasmo...

É de lamentar que as pessoas não apreciem o respeito...

Não estou contudo a sumariamente condenar o Caturo... Parece-me é que, de modo a esclarecer a questão, é a altura de se explicar... Ou, se assim preferir, deixar a situação no pé em que está!

Devo mencionar ainda que as referências que tenho de Caturo são de que se trata de uma pessoa afável e de educação... Por isso ainda mais estranho esta lamentável situação!

domingo, dezembro 12, 2004



Sicários da Santa Sé (I)

Inaugura-se aqui uma secção dedicada a desmascarar os grandes traidores da Nação que a sacrificaram às mãos dos interesses da Santa Sé.

Aqui fica uma representação do traidor Afonso Henriques, que traiu a Pátria ao submeter-se à fé Cristã... A Pátria, alienada, sofreu as sevícias do tirano e dos desmandos pontifícios!

sábado, dezembro 11, 2004

Um Novo Blogue

Saúda-se o aparecimento do Dextera Vox, um novo blogue de Direita!
Ao que parece monárquico, ao que parece nacionalista, é mais um blogue que se espera venha contribuír para a elevação do discurso político e de um discurso mais português!
Começou bem!

Politiqueirices…

Como estes gajos não me deixam ouvir a bola, fica aqui um textinho sobre a politiqueirice portuguesa.
Como a malta liberal só pensa em dinheiros e vaidades, vou aqui abrir uma excepção e pôr-me no seu lugar (digno de figurar num qualquer diário ou semanário da classe média portuguesa).

O Problema Económico

O Défice em Portugal trouxe em tempos unidade nacional. Num tempo em que o socialismo estava banido, ou pelo manos bem varrido para debaixo do tapete, houve sacrifício de todas as forças, de modo a que o país o venceu.
As dificuldades do equilíbrio das contas públicas são mais difíceis num sistema geométrico, que não dispõe dos “pára-choques” intermediários (segundas câmaras, governos mais independentes das opiniões da rua), uma vez que o governo se encontra mais limitado nos seus desígnios de interesse público, pelos “quereres” da turba, num sistema que se caracteriza pelo egoísmo do homo economicus, liberal, ou do homem-deus, socialista.

O problema do sistema vigente é económico. De gente que não vislumbra mais que os números, que não compreende que o quantitativo é uma antecâmara do qualitativo.

Sendo assim é importante tentar compreender o que motivou os tristes eventos dos últimos dias.

O problema estrutural português não é de agora. Nem sequer do século XX. O problema estrutural português é uma omissão. É o não desenvolvimento nos séculos XIX e XX. Não adianta estar aqui a desfilar teorias sobre as suas causas. Importa sim pensar um pouco sobre a única forma de desenvolvimento do país possível. O socialismo não será uma solução, pelos motivos já adiantados (irrealismo nas expectativas dos indivíduos) e pelos exemplos catastróficos que tem gerado em todo o mundo. Só de um sistema de livre-iniciativa pode resultar um desenvolvimento económico que permita a Portugal. Só apoiado num sistema político com sólidas fundações morais, com um enfoque numa moralidade comunitária é possível uma distribuição de bens públicos que evite os devaneios socialistas.

E o problema português é esse mesmo. Tem de buscar um desenvolvimento económico sustentável da sua existência como Nação. Para isso tem de fortificar a sua iniciativa privada, trabalhar mais (nos EUA a semana de trabalho tem 50 horas… Na China mais umas quantas), fazer mais sacrifícios.
É por isso urgente que se baseie o desenvolvimento económico português no investimento e não no consumo, uma vez que este último não representa, por norma, uma forma duradoura, apenas perecível, de riqueza.
Santana, por via demo-eleitoralista optou pelo consumo (por norma uma via socialista), não mudando o caminho seguido por Guterres, que é o caminho de Sócrates. Ou seja, ia tudo ficar na mesma…

O Problema Político

Mas será que agora não fica tudo na mesma?
O PR foi de uma inconsistência extrema ao afirmar frequentes vezes “a vida para além do défice”, mas retirando o apoio ao governo assim que este seguiu o seu conselho… Ainda para mais quando sancionou os desmandos orçamentais do governo socialista!
Será que os homens do dinheiro irão apoiar o governo de Sócrates?
É que este ainda menos terá vontade de prosseguir políticas empresariais…

Se o argumento é a perda de confiança popular no Governo a coisa ainda é pior… A partir daqui não é possível mais proceder a qualquer medida impopular… Passa-se ao governo por sondagem… Demonstra-se a abjecção que é ter um “monarca eleito”, com cartão rosa!

O mais engraçado é que o Orçamento já lá está!
E o PSD arrisca-se nos próximos tempos a ser oposição ao seu próprio orçamento, no intuito de “ganhar os corações” dos empresários…

Vai um rectificativo?

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Mais umas ferroadas

O nosso neoliberal residente, Buíça, escreveu um texto sobre a repressão. O texto contém alguns dos maiores logros filosóficos do nosso tempo, que nesta época se disseminaram como verdades insofismáveis das nossas democracias.

Em primeiro é de salientar que as democracias não são um foco de liberdade absoluta, mas de liberdade condicionada... Basta observar que todas elas se movem por critérios restritivos da "liberdade absoluta de opinião"!
Para poder entrar na Alemanha não poderá ser um "Holocaust Denier"...
Esta definição insere-se claramente na categoria de "delito de opinião", pois criminaliza não só a difusão, como a mera perfilhação desses ideais.
Em Portugal já se sabem as restrições organizativas que existem...
Pela Europa fora há criminalizações de "apelos a práticas criminosas", que, como no caso do aborto, são olhados por uns como "crime" e por outros como "direito humano".

Tudo isto para demonstrar que as democracias também se defendem e não têm o monopólio de uma certa liberdade de expressão. Essa liberdade nunca poderá ser o fim do Estado, mas quanto muito uma "maravilhosa decorrência de uma boa ordenação" que se consubstancia na Justiça...
Espero escrever umas linhas sobre esse assunto nos próximos dias...

A confusão do Buíça é atribuír à democracia um valor que ela não tem... Para a democracia (e bem) há valores superiores à mera interpretação dos seus elementos constituíntes (cidadãos).
A democracia observa os mesmos limites à liberdade de opinião que o fascismo de AJ Brito ou Fidel Castro.
Eu considero os três sistemas injustos, porque são "estatólatras" e "totalitários"!
E todos eles aceitam repressão ideológica... como nenhum Estado jamais dispensou!

O que deveríamos estar aqui a falar é de qual a repressão que vai nos interesses da Justiça, da Verdade e da Vida Boa!

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Imutabilidade...

Há coisas que nunca mudam! Manuel Alegre nunca deixará de ser presunçoso, Vasco Rato nunca aprenderá a falar português...
E José Sócrates nunca deixará de falar à imprensa como um mestre-escola a recitar a "cigarra e a formiga" a alunos da primária...

quarta-feira, dezembro 08, 2004

Faina e UE

O Futuro de Portugal é este!
Reduzem-se os dias de trabalho...
O moribundo morre...
A Família já não recebe a compensação!

A mama acabou, palhaços!

Ajoelhem!

terça-feira, dezembro 07, 2004

Outra Opinião

Aqui ainda não chegaram os ecos do aniversário do "dito cujo"...
Foi com júbilo que vi, a propósito da efeméride, que O Acidental publicou este texto de Rui Ramos. É um texto com uma visão desapaixonada e descomprometida de um historiador que foge aos dogmatismos "politicamente correctos" e corajosamente rejeita a comodidade das subserviências vigentes...
Uma opinião obrigatória!

Prólogo Vivo

O regime não se consegue ver livre dos seus fantasmas.
O regime não se quer ver livre dos seus fantasmas.
A Constituição vigente foi revista. Manteve-se o "prólogo" e as suas idiotas reflexões sobre o fascismo. Sabem que é estupidez, mas afirmam-na como uma "memória histórica". O regime perpetua uma coisa que é falsa, simplesmente porque tem uma carga ideológica que os lembra dos seus erros de juventude... Sabem-na errada, mas glorificam esses laivos de "antifascismo", como memória colectiva (mais memória induzida por hipnose)...
E depois temos o "prólogo vivo", o PCP, que se sabe que não vai a lado algum, que não pode pode ir a lado algum.
O PCP está morto, mas ainda não foi avisado...
Se se reforma perde a única coisa que o distingue, a coerência! Desaparece imerso no BE...
Se fica como está desaparece... por falta de adaptação ao discurso dos tempos, sem os apoios de Moscovo, sem os ícones de resistência comunista, sem nada para dar (nem sequer a inteligência que outrora teve ao seu serviço). Só uma coisa sustenta este partido... os Sindicatos!
Vivemos num regime espectral, fantasmagórico e falso!
Fantasmas ao serviço da Democracia!

segunda-feira, dezembro 06, 2004

Institucionalismo

Uma instituição que disponha de subdivisões será sempre responsável por essas agremiações que lhe são inferiores, uma vez que a tutela ou a mera aceitação do subgrupo no seu seio pressupõe uma capacidade de a influenciar ou de rejeição da sua participação.
A dependência subsidiária de um grupo nunca pode ser desviada da instituição maior, nem esta última poderá reclamar a autonomia do primeiro, sob pena de aceitar a autarcia do menor, desligando assim os vínculos entre ambos. Assim, cabe sempre à entidade superior a capacidade de dar o beneplácito à sua organização subordinada e cabe-lhe a completa responsabilidade pelos seus argumentos e pressupostos. Toda a instituição tem de se saber vinculada pelos fins prosseguidos pelas suas subsidiárias.
Ignorar isto é ignorar a responsabilidade…

domingo, dezembro 05, 2004

O Futuro e os Mártires da Pedofilia

Há sempre muita gente a protestar contra a pedofilia. Faltam sobretudo soluções…
Não são soluções contra o crime. Existiu sempre crime… sempre existirá enquanto o Homem for Homem. Existirá sempre a necessidade de reprimir a Injustiça, de eliminar aquilo que impede a sociedade de ser melhor.

A solução que urge encontrar não é um antídoto para o desejo sexual de adultos por crianças. As evidências apontam para uma impossibilidade da eliminação desse problema, como de grande parte de males sociais (em última análise morais) da nossa sociedade. Mas a repressão do desejo não é a única forma de eliminar esses males.
Existe sempre a repressão. Como não se partilha a visão marxista ou freudista do Homem, em que a necessidade interior do Homem, escravo de suas paixões, está fácil de ver que esse é um caminho a ter sempre em conta. É uma das principais características do “domínio político”.

Outro caminho é a ascese individual. Gandhi, um dos heróis da nova religião internacionalista-positivista, defendia-o como parte de sua cultura. Pena que não tenha podido obedecer a essa eliminação do desejo e se tenha abandonado à carne de meninas de 10 anos… A ascese individual é um caminho por vezes turtuoso!
Mas como tudo é relativo…

O motivo desta divagação é uma tese de doutoramento que está na Universidade de Glasgow em aprovação e que está a levantar muita polémica.
Nela se afirma que os rapazes vítimas de práticas pedófilas têm prazer durante o acto criminoso.
Não questiono.
Muita gente se levantou a “defender as vítimas”, alegando que era mentira, que estas não obtinham qualquer tipo de prazer.
Perigosas defesas…

Digo que não questiono porque presumo que a tese está bem feita. Assumo que pode residir no método (através de entrevistas a pedófilos e a vítimas) alguma dúvida, mas até concedo ao autor o benefício da dúvida.

O problema reside no passo seguinte e que radica no tópico político-moral já aflorado.
O senhor Yuill, autor da tese, afirma que isto pode determinar que a idade da determinação sexual não deveria ser os 16 anos.
Dá um passo de gigante… De uma constatação da observação elabora logo implicações sociais. Não é difícil ver porquê! Uma sociedade onde a questão da pedofilia é feita, como observado anteriormente, na base da oposição entre prazer e dor (tanto pelo cientista, como dos supostos defensores das vítimas) transpõe todas as questões do domínio moral para o sensório. É óbvio que esta ideia de ciência positivista não é mais que o renascimento e a agregação moral dos erros do marxismo-freudismo e dos erros já originários de Weber, de uma ciência que nada pode responder. Só mesmo acrescentando ideologia (como faz o Senhor Yuill), poderá ele extrapolar as suas observações para o domínio social… é isso que o dito faz.

É esta ciência vazia que muitos (de direita ou esquerda) querem que seja o fundamento da sociedade. É nela que encontram a justificação errónea para as suas observações e estruturas políticas. Porque de uma ciência que não dá respostas (uma norma absolutamente vazia) resulta a deificação do impulso, de onde não poderá provir algo que não seja a subordinação absoluta a um Poder e a destruição da Justiça e dos seus princípios.

Junta-se a isto um Estado que se considera mera expressão da vontade das maiorias, que não vê certo ou errado, mas apenas uma expressão de vontades, e, é fácil observar que, assim que a maioria de pessoas for tomada por essa perspectiva amoral, esta irá ganhar contornos de aceitabilidade (diminuição ou destruição dos limites legais de determinação sexual). Nesses dias erguer-se-ão estátuas aos “oprimidos”, aos que foram reprimidos nos seus apetites sexuais, que nada fazem senão obedecer aos impulsos da natureza.

É necessário contra isto atirar a perspectiva de Justiça a que aludimos anteriormente, que não é demo-liberal, nem parcial, nem existencialista… Que não é nova e talvez por isso seja menos apelativa (não tem “luzinhas a piscar”, nem vontade de resolver o problema político de forma eterna).
Só com firmeza podemos combater essa ideia, impondo a “justa norma” à ditadura dos homens.

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sexta-feira, dezembro 03, 2004

Deus nos proteja de seus logros...

Quando a malta se põe a "armar aos cágados" com conversas pós-intelectuais sobre coisas que transcendem a sua compreensão, revela, mais ainda, o vazio dos seus projectos.
Ora então, o Semiramis consagra um artigo às questões da Europa. Lá transcreve as afirmações de J.M. Fernandes dizendo que a Europa deveria adoptar um Iluminismo que não o francês (pena que a autora caia no mesmo erro e comece a generalizar sobre o Iluminismo Francês como se um monólito se tratasse). Que as alternativas, alegadamente as Luzes britânicas ou americanas, seriam a solução para os males intelectuais da Europa.
Bonito serviço! O sujeito fala como se houvesse uma radical coerência entre esses estereótipos!

Já começa a enervar este tipo de jornalistas "cólturais" que só despejam slogans...
Gostaria que o sujeito em causa esclarecesse qual o Iluminismo que propõe.
Será o Escocês de Hutcheson ou o inglês de Hobbes? Os disparates de Mandeville ou as trivialidades éticas de G.E. Moore? Será a teoria dos sentimentos morais ou o privatismo victoriano? A política de Burke ou de Mill?
É que todos estes pensamentos são parte da herança britânica... Mas são incompatíveis entre si!
É o mesmo do que afirmar que alguém é de direita anglo-saxónica... Nada!
Estes tontos querem com tanta força ser "gentlemen" que se esquecem de uma coisa...
Pensar!

quinta-feira, dezembro 02, 2004

Cultura Portuguesa

Habituados que estamos a comiserar na fraqueza dos nossos pensadores, esquecemo-nos frequentemente de louvar os que se distinguem. É por isso que é de louvar que a Bodleian Library distinga entre os livros mais importantes sobre o "pensamento conservador" uma obra portuguesa, algo infrequente nas ciências portuguesas. A obra é "Compreender o Pensamento Contra-Revolucionário" de António José de Brito, editada pela Hugin.
Parabéns especiais ao Camisanegra, cultor e difusor dos textos do autor...

A Coerência de Nietzsche

Nitzsche foi um grande filósofo! Foi um dos grandes. Um homem em movimento, que se compreendia como esse próprio movimento. Será preciso mais Nietzsche para que a coisa se endireite. Sem compreender Nietzsche (será possível?!) não se poderá seguir caminho, continuar a civilização, voltar a ser senhor e servidor, recomeçar a grandeza.
A ferida aberta sem ser estancada, como se impunha , manteve-se… A Europa olha para a sua ferida como identidade, como numa sociedade que se congratula pelo “estigma”, mas com a fé perdida! É esse o diagnóstico do paciente… Paciente que olha para a sua “cura” como uma maleita, olhando a saúde como “um passado que já não volta mais”.
Quem melhor que nós para sentir o peso do Vazio em Nietzsche?!

Nietzsche não ficou louco. Loucura seria que o seu destino fosse incompreensível, se não se conseguisse compreender a “narrativa” da sua vida, de que não se conseguisse observar as causas ou as suas significâncias. A loucura de Nietzsche foi a sua coerência.
Mártir da sua temeridade perante o Vazio, sucumbiu às suas mãos…

A Modernidade (e o seu sufixado avatar Pós) não acredita em nada! Não pode… É a sua natureza. A Modernidade colocou a fé na Ciência. Depois descobriu que a Ciência nada afirma. Tornou-se “Pós” ao recusar a inversão do caminho ao conhecimento tradicional, antipositivista, e ao considerar que, a não haver ciência moderna não havia nada!
Das variadas formas em que se apresenta revela-se sempre em formas de atacar de atacar o invariável, o infinito, o objectivo.
O positivismo, o contractualismo, o relativismo (a trivialidade ética do pós-guerra) são apenas sintomas de uma doença, de um desígnio imperscrutável que se revela nos homens.
Para Nietzsche não houve paliativo ou mezinha. Revelou assim a sua humanidade… A humanidade que não encontrou forma de superar…

Se o “nada” é tudo, mas ainda assim consigo vislumbrar formas, posso matá-las, retirando para isso o seu conteúdo.
A ideia de que o Bem, que a Verdade, a Felicidade, são apenas efeitos de prazer, meros afluxos químicos que nos entram para o cérebro, que as concepções morais não são mais do que o resultado do Poder do mais forte (um, alguns ou muitos) são o início da decrepitude de um sistema partilhado. Se tudo isso é convencional, desligado de uma verdade externa, apenas derivado das vontades dos Homens, nada existe “em si”.
É esse processo de desconstrução, de inversão do “zetema” platónico, num questionamento eterno que impede a “vida”, que está por trás da filosofia pós-moderna e da sua apriorística solução para tudo… O “nada”.

Em breve, face ao “nada”, Nietzsche decide nele mergulhar, para nas suas profundezas redescobrir o “erro cartesiano” de que a Verdade não pode ser buscada na destruição dos pressupostos (pressupostos que lhe permitem a mesma indagação fundamental!). Mas a Modernidade ao destruir o Natural pelo Convencional destrói a própria ferramenta que lhe permite a busca de qualquer essência.
A viagem de Nietzsche acaba, portanto, antes de começar.
Sem a linguagem, que pressupõe uma verdade radical no meio das convencionalidades, não tem modo de alcançar qualquer Verdade! dizer 0 ou dizer 1 é indiferente… Como ter lógica ou não qualquer pensamento… Para quê manter os significados, se no fundo tudo significa o vazio?

Corajoso, mergulhou em vida no “nada” e dele não emergiu.

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Leitura Obrigatória

Na linha do que se tem visto pelos lados do Portugal Profundo, fui avisado da existência desta entrevista de Barra da Costa. Nem sabem o que perdem...
Faltam os nomes para desmascar a ditadura em que se escudam...

Será que não há por aí mais Servidores Públicos que sirvam a causa da verdade?!

quarta-feira, dezembro 01, 2004

Da Lama…

Já aqui disse que a situação não está para brincadeiras. Não é preciso sequer que eu o diga. Também já disse que a situação é pior que 1580, por termos como opositor não a Espanha, mas a França e a Alemanha e o seu poderio de sedução; por não termos uma coroa dúplice, mas uma penetrante burocracia, a destruição económica através de uma perspectiva socialista prejudicial aos países menos desenvolvidos; por uma conquista demo-socialista do primado da necessidade, destruidora da Justiça e da Justa Norma, que transforma a sociedade no ponto de equilíbrio (sempre desequilibrado) entre força e fraqueza; por doutrinas utilitaristas que não compreendem a necessidade de um Bem Nacional, mas apenas um estado-de-coisas que possa ser gerido perante quem manda.
Uma pátria de servos, onde o conhecimento não está cá, o dinheiro não está cá, e o Estado assiste passivo (colaborante como a corja que lá está), considerando-se mero espectador sem direitos de intervenção.
Não são filhos da puta! São as próprias putas que se vendem e que nos vendem por estadas em Bruxelas, Ferraris do Vale do Ave, por choques fiscais e 5% ao ano de “spread”. Merda de pais, fizeram uma merda de País.
Não amam a Liberdade e ignoram que a primeira é a Liberdade Colectiva, a que permite ter Ordem de onde decorre a autonomia individual que agora divinizam. São estúpidos… Por isso e por mais que aqui não cabe.

Os homens (já o dissemos aqui muitas vezes) definem-se por onde se colocam perante a vida. Eu tomo o partido do “Remexido”. Mesmo com tudo perdido… mesmo que esteja a “pregar sozinho nas ruas com os meus livrinhos, enquanto Portugal se desmorona” (como tão graciosamente me descreveram há tempos), mesmo por esses bosques e serranias com o país perdido, mesmo com a hidra a desmandar o que antes foi Portugal!
Mesmo assim saberei sempre o meu lugar, o meu dever… e que não poderia ser de outra maneira!

VIVA PORTUGAL!

Foi de vez…

Koffi Annan enlouqueceu de vez! Desta feita quer fazer reformas no Conselho de Segurança da ONU.
A proposta é, com o intuito de agilizar os processos de decisão, juntar mais seis países como membros permanentes e com poder de veto!
Tirando o ilógico desta situação (dar mais vetos significa mais bloqueio), quer elevar à categoria de Membros Permanentes: Alemanha (não quer), Japão (não pode), Índia (destrói o Paquistão), Paquistão (para os consolar da Índia), África do Sul ou Nigéria e… Brasil (AHAHAHAH).
Não estou a inventar! Vi agora mesmo na BBC!
Não percebo se ele estará a brincar ou se quer matar a ONU de vez!
Não admira que os Estados Unidos já se tenham esquecido que ela existe…

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