sexta-feira, setembro 30, 2005

Sugestões

Já está aqui muito em que pensar.

quinta-feira, setembro 29, 2005

Auto-Segregação

Quando a Tolerância Passa a Pluralismo, o Pluralismo passa a Direito de Diversidade e os Direitos de Diversidade passam a Socialismo é isto que acontece. Em Vassar o jornal da Associação de Estudantes escreveu um artigo denunciando a guetização dos alunos homossexuais e de minorias, que se fecham em comunidades com as suas próprias acomodações, ao bom estilo multicultural...
Os alunos sentem-se ameaçados por verem que podem perder os seus direitos a acomodações próprias só para homossexuais, porto-riquenhos, chineses!
E a homossexualidade será uma cultura?

Leia-se ainda este texto muito inteligente de Harvey Mansfield a propósito da discriminação nas universidades.

quarta-feira, setembro 28, 2005

Uma Teoria Para Hoje (I)

Posicionamentos









Qualquer teoria política parte sempre dos problemas do tempo que vive. É sempre uma resposta a uma pergunta, um posicionamento perante uma questão, uma solução. Talvez por isso a asserção de Prezzolini tenha maior importância do que anteriormente. As direitas têm forçosamente de ser mais do que reacções à esquerda, sob pena de enfileirarem na reacção. Essa é a grande distinção entre as direitas... Uma direita quer ser direita, encontrando por isso justificações nas várias teorias que compõem os seus argumentos. Se a esquerda é igualitária a direita é hierarquizada, se a esquerda é utópica a direita submerge no existente, se a esquerda é emotivista a direita é esfíngica[1]...
Elabora-se uma síntese de crenças, um acervo da direita, um manifesto, e defendem-se as ideias do ponto-de-vista “estas são as nossas”!
É esta concepção ideologizada que afasta a direita do “real”, tornando-a numa ideologia, numa forma de pensamento pouco diferente do que é ser esquerdista.
A direita seria uma força social de estrutura mental em forma de “pronto-a-usar” contra a ideologia de esquerda.
É este o pensamento que encontramos na totalidade da direita partidária do nosso país. É por natureza uma via partidária e social...

Há uns tempos escrevi por aí que o objectivo da direita deve ser o centro. Não falo de apoios e classes, estratégias e blocos, mas de um centro como proposição de um critério, de uma perspectiva que permita aferir desvios... Uma verdade!
Quando Aristóteles reflecte sobre as problemáticas sociológicas da cidade e dos seus conflitos (Política III-V) postula sempre dois blocos antagónicos. Os democratas que se fundam numa concepção de direitos igualitária e abstracta (iguais porque livres) e desprezando as estruturas institucionais as querem rever segundo a sua vontade e o partido oligárquico que se escuda nas instituições existentes, nas desigualdades materiais, em direitos convencionais e positivados.
Como se vê ambas as formas de governo que Aristóteles apresenta são degeneradas[2]. Falta a ambas uma capacidade de se questionarem, de encontrar o fundamento último, de encontrar respostas profundas que revelem a profundidade da alma humana. Um afirma que tem capacidade de dispor de tudo o político porque este domínio lhe pertence. Outro afirma que o instituído defende a funcionalidade da sociedade[3].

Aristóteles refere outro estrato de quase inexistente expressão social, mas possuidor da capacidade de buscar os fundamentos, ferramentas essenciais para quem quer viver segundo a virtude e a justiça. Um estrato separado dos simplismos de facção, inteiramente devotado à cidade, um estrato capaz de ver além da superficialidade das formas (legislativas, convencionais, sociais) a essência das coisas.
Só percebendo que uma constituição é uma ideia superior às normas que nela estão inscritas, que a essência das coisas, que fundamenta o seu ser, é muito mais do que se encontra inscrito na desordem das nossas vontades, é possível escapar das dicotomias opinativas e da besta do sectarismo. As ideias, como no aforismo de Rodrigo Emílio[4], vivem em planos superiores aos nossos e a sua verdade é independente do grupo que as defende. Por isso nunca poderá ser “direitismo” a ditar as ideias, mas as ideias a determinar o credo e o posicionamento.


[1] Estranhamente nunca observámos um desses direitistas defender a existência de tribunais e leis especiais para cada classe social. Se a direita fosse a defesa da diferença e a esquerda a da igualdade não faria todo o sentido que a direita mais extrema defendesse a existência de um maior número de ordenamentos possíveis num país? Ou a distinção é inútil ou não há direita sobrevivente... Será mais direitista quem vê mais distinções na sociedade?

[2] Segundo a perspectiva aristotélica tirania, oligarquia e democracia são regimes corruptos, por não representarem o Bem Comum mas interesses privados.

[3] Interessante analogia poderá ser realizada em relação aos partidos da “direita” portuguesa que se inscrevem na doutrina populista (socialismo), mas que se tornam liberais devido às necessidades do progresso.

[4] “Não é a gente que tem de mudar de ideias, são as nossas ideias que têm de mudar de gente”

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terça-feira, setembro 27, 2005

Quando Perguntar Ofende

Infelizmente a discussão que verifico existir na Casa de Sarto sobre a homossexualidade redunda sempre nos mesmos disparates... Os inocentes continuam a ir lá parar com as suas concepções desmontáveis em duas frases.
Diz o comentador Pedro que a homossexualidade e toda a sexualidade não pode ser censurável por ser um resquício do animal que há em nós...
Não se poderá dizer o mesmo do homicídio ou da violência contra as mulheres?
As discussões resultam sempre nas mesmas perguntas erradas por parte dos detractores...

Casa Onde Não Há Razão...

Há os que lêem livros e tentam compreender o mundo à luz do apreendido.
Há os que lêem um livro e depois tentam reduzir o mundo todo ao livro que leram...
Não Sr. Director, o Carrilho não é um racionalista! É um pós-moderno! Um que queria ser Rorty...
Da mesma forma que os neoconservadores não são racionalistas, mas cépticos radicais e pragmáticos na linha de Hume...
Quando a única coisa que se sabe é o Rationalism in Politics de Oakeshott tem de se reduzir a análise a um maniqueísmo entre bons (pragmáticos) e maus (racionalistas)!
E o Plant, não é racionalista?

segunda-feira, setembro 26, 2005

A Radicalidade Contra a Moderação

(Pensando no Viriato, depois de Pensar em Voz Alta e Reflectir)


Ensina Aristóteles que a virtude moral dos homens se encontra na Justiça, que passa da Alma à Cidade pela imprescindível mediação da virtude da prudência. Na vida activa deve prezar-se a moderação. Encontrar o “justo meio” é a essência de qualquer virtude prática (entre a prodigalidade e a avareza, entre a cobardia e a valentia desenfreada, entre a cupidez e a carestia, encontra-se a virtude, subordinada à determinação dos fins). Como Aristóteles bem viu esta teoria do “to meson” não pode ser aplicada às virtudes noéticas.
O conhecimento não pode ser moderado. Não é mais conhecedor o que se encontra entre o saber e a ignorância, mas o que conhece mais...

A reflexão pode parecer despropositada, mas até é bastante importante.
A existência de “moderados” e “radicais” implicaria uma mesma qualidade, numa prática divergente. Não é isso que se passa.
Existem duas linhas de pensamento profundamente divergentes numa mesma denominação, o que não nos deve impedir de saber que os pontos de contacto entre várias perspectivas não são uma e a mesma coisa, mas convergências epidérmicas.
Uma é perspectiva jusnaturalista e eudaimónica, outra é religião política positivista. Duas tradições de pensamento que são tão divergentes como Aristóteles e Hobbes, São Tomás e Nietzsche.

O pensamento nunca é moderado ou extremista, mas verdadeiro ou falso, bem ou mal orientado...
O problema não é prático, mas teórico.
O problema reside na mais importante pergunta que se pode fazer no domínio da política: “O que fundamenta a cidade?”. Só conhecendo o “barro” de que é feita a cidade se pode saber como devem ser erguidas as suas muralhas. Só fundamentando se pode ter um objectivo, um programa, uma linha de acção! Só com uma ideia da natureza das coisas se pode saber o que se quer!

Os sincretismos iconográficos, onde é a bandeira que comanda a ideia e não a ideia que estabelece a bandeira, representam a inversão maquiavélica da ordem das coisas...
Desta forma nunca ninguém ficará a perceber o que se deseja.

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Mocinhos de Recados

Ao ver a divisão na esquerda a SIC aprestou-se imediatamente a fazer o serviço maninho do Director. Arranjaram uma sondagem perfeitamente imparcial do Rui Oliveira e Costa (nada interessado na questão!!!) e lançaram o monstro!
"Em caso de divisão da esquerda a direita pode levar dois candidatos à segunda volta"!
O voto útil faz bem à saúde, segundo a SIC!

Os Rodapés Não Enganam

Enquanto a SIC noticiava a “peixeirada” Carmona-Carrilho aparecia em rodapé “DEBATE TERMINA EM INSULTOS PESSOAIS”. Logo a seguir é chamado Ricardo Costa, Director de Informação do canal, a comentar o assunto e profere “o debate quase acabava em insultos pessoais”.
É nisto que se vê que o rigor e os critérios jornalísticos que presidem à estação.
Quando os jornalistas são escolhidos pela frequência de casas nocturnas como o “Sétimo Céu” e “Trumps” e não por valor e afinco das suas capacidades...
Qualquer dia está lá a Márcia Rodrigues que, como já aqui contei há tempos, afirmou que o perfil de um jornalista é antes de tudo a posse da “tolerância”, justificando-se da decisão de chumbar um candidato a um concurso de entrada na RTP por este se ter expressado o seu desagrado face a actividades “contra natura”.

Mais Uma Paródia

A RTP prepara mais um programa de humor. Disfarçado de programa revivalista do nacional-cançonetismo, o canal público apresenta mais uma rábula de televisão onde, de uma conversa inocente sobre música se mostra um Pide escondido atrás de um jornal, em identificáveis trajes de agente secreto...
Depois o povo nas ruas festejando o 25 do 4, dizendo ser a primeira vez que se ouvia o povo a falar em liberdade... Que o digam os “fascistas” apanhados nas teias de tanta liberdade de expressão, batendo com os costados em Caxias!
Mais uma encomenda das instituições democráticas.

Parlamento... Um programa democrático

O deputado Teixeira Lopes, do BE, afirmou que as manifestações de extrema-direita são proibidas. É falso... São proibidas organizações de caracter racista e fascista! Não é proibido o racismo, nem sequer o fascismo! Ninguém está proibido de defender o fascismo a plenos pulmões, ou de fazer discriminações raciais. Não se podem é formar nesses ideais numa estrutura institucional ou partidária!
Maria de Belém concordou que nem as manifestações dos militares nem as manifestações do PNR deveriam ser autorizadas...
Os representantes da “direita” ficaram silenciosos! Não se podem imiscuir em questões morais e, por não possuírem quota de antifascismo, deixaram cair a bandeira da liberdade de expressão e do pluralismo.

Cabine de Som

Peço o favor de me enviarem documentos que me tenham mandado nos últimos tempos...
Estou a pensar em particularmente num texto de um certo bloguista espanhol sobre Russell Kirk, em textos de Ramiro de Maetzu...
Estou a reconstruir o meu disco!

sexta-feira, setembro 09, 2005

Ciclo do Remexido









Foi com enorme comoção que pude visitar este Verão uma exposição sobre a vida de uma das minhas referências. A louvável iniciativa da Câmara Municipal de Lagoa é surpreendente a todos os níveis, mas justifica-se pelo marasmo intelectual que ocorre no Algarve. Quem não sabe, nem quer saber, não se pode manifestar... Por isso não é estranho o silêncio da esquerda (habitualmente disposta à caça de fascistas em tudo), nem acaba por ser bizarro o silêncio dos que dizem ser os homens da direita lagoense e algarvia. Não percebem nada de nada, encontrando-se por isso qualquer actividade cerceada pela indisponibilidade de conhecer. Inofensiva pelo torpor das Festas da Juventude e Cerveja que povoam e ganham destaque no imaginário dos jovens...









“Remexido” não foi uma exposição de excelência. Faltavam objectos pessoais de José Joaquim de Sousa Reis, embora houvesse um conjunto interessante de réplicas. Podia ainda ser visto num computador um episódio do Lugar da História do Prof. Hermano Saraiva. Mas mais importante que tudo houve um ciclo de Teatro e Conferências dedicado ao Remexido, que incluiu a realização de um prospecto da Exposição muito bem conseguido e que inclui um conjunto de elementos não incluídos na mostra.
Bibliografia interessante, textos propositados e sem (excessivas) politizações, gráficos precisos e claros sobre as “Guerras do Remexido”, algumas fotos e retratos. Tudo o que é necessário para compreender o homem e o mito.












O Remexido simboliza todas as virtudes do herói português.
Coragem, Fidelidade, Desinteresse material, Piedade, Patriotismo.
Por isso interessa conhecer a sua vida e exemplo...

Creio que podem pedir à C.M. Lagoa um exemplar gratuito do interessantíssimo prospecto da exposição...
Vale a pena conhecer!

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Português, Católico, Tradicional

Já visitaram o Euro-Ultramarino?
Mais um blogue que se ergue contra a tormenta dos nossos dias...

A Ameaça do Futuro

Durão Barroso disse aos portugueses que o objectivo da Guerra do Iraque era a posse de armas de destruição maciça! Depois retrocedeu e disse que era a destruição de uma ditadura que atentava contra os direitos humanos... Estou desconfiado que a existência da Lei Islâmica na sua interpretação xiita é absolutamente incompatível com as Declarações de Direitos Humanos, mas talvez seja ignorância minha!
Durão terá pela terceira vez que engendrar uma justificação...
O mais intrigante nesta história toda não parece ser, contudo, a forma como as justificações para a acção são encontradas à medida que a acção se vai desenrolando, mas o surrealismo de uma acção que coloca o Iraque à mercê dos xiitas.
Calculo que a estratégia americana passe por criar um ambiente favorável aos americanos no novo Iraque xiita, ambiente que se extenderia, através do progresso económico, ao Irão. Os americanos não calculam que o inverso seja possível, pois possuem como estratégia primordial a estratégia, já experimentada na Europa, de dar dinheiro para fomentar mercados e gerar dependências. Com a zona de acção americana expandida e requisitada em todo o mundo, com o evento Katrina, é fundamental discernir quais as prioridades dos EUA.
O interesse nesse local é justificado. O que quer que a manta americana destape acaba por ser foco de instabilidade, gerar ressentimentos, revoltarse contra o antigo protector...
De onde sair o dinheiro para pagar a crise virá a próxima ameaça.
Do “Médio Oriente” não será...

quinta-feira, setembro 08, 2005

A Pata que a Pôs

A escritora Inês Pedrosa disse há tempos a propósito da mãe e do seu nascimento:

"A minha mãe foi desovar a Coimbra"

O Que o Carmona Gosta...

Adivinhe qual a grande referência política de Carmona Rodrigues que proferiu a seguinte frase:

“Nós, os comunistas, não aceitamos o jogo das eleições. Se pensa que o PS com os seus quarenta por cento dos votos e o PPD com vinte e sete constituem uma maioria, comete um erro.”

“Asseguro-lhe que não haverá Parlamento.”

«Uma grande figura da democracia», como disse o Cônsul da CML...

Por Recomendação do Rafael

Este excelente artigo de Pablo Molina sobre a tomada de poder da esquerda no interessantíssimo LibertadDigital!

quarta-feira, setembro 07, 2005

Uma Gaia Ciência


O custos da substituição da religião pela ciência continuam a pairar sobre as nossas cabeças. As verdades científicas de ontem são as falsidades de hoje. Fartámo-nos de ouvir falar das fases de desenvolvimento do feto como se verdades absolutas se tratassem. Invariáveis, estas leis fugiriam à verdadeira lei da natureza do contingente que se caracteriza por um infindável número de excepções, alterações e mutações. Os sumos-sacerdotes desta forma religiosa quiseram fazer crer que haviam penetrado os segredos da vida, numa revelação simples... O feto desenvolve-se de modo X, à semana Y!
Ontem mostraram-lhes que estavam errados.
Não estão errados apenas os que consideravam que o nascituro abre os olhos às 24 semanas! Estão errados todos os que se pretendem captores de um raciocínio monolítico inescapável... Mesmo os que passarem a afirmar que o feto abre os olhos às 18 semanas incorrem num erro de generalização pernicioso. Não poderá o feto do documentário do National Geographic ser a excepção?
A ciência é um elemento fundamental de qualquer sociedade, mas, como qualquer prática, não pode existir sem uma tradição filosófica que a enquadre. Quando se arvora ela própria em tradição escatológica intramundana (acreditando como Galileu que toda a explicação do mundo se encontra apenas no mundo físico, à boa moda cartesiana) não terá redenção possível e só poderá lançar a sociedade no despotismo da existência sem critérios.
Tomemos como exemplo este artigo de Peter Singer, que apresenta como argumento central dois erros básicos. Um deles é científico, o outro é mágico.
Em “The Sanctity of Life” Singer proclama que uma experiência conduzida por cientistas sul-coreanos acaba de refutar a existência de qualquer forma de santidade nas células reprodutivas humanas e portanto a ausência de santidade da reprodução e da vida humana.
O facto de se terem reproduzido células estaminais a partir da fecundação de um ovo e de uma célula não-reprodutiva resulta na suposição de Singer de que não existe uma diferença entre as células reprodutivas e as outras, o que permitiria abortos e experiências com fetos e células reprodutivas com a mesma leveza com que se realizam a células do fígado, unhas ou cabelos.
Singer esquece estranhamente a existência de fenómenos variáveis na natureza que, de maneira não-aleatória ocupam funções de outros, modificando a sua substância essencial, tornando-se outros[1]. O erro de Singer constitui em retirar o sentido do sujeito da estrutura que a enforma! As células reprodutivas não são, como pretende fazer parecer, o espermatozóide e o ovo, mas todas as células em situação de gerar uma nova vida. A falácia de Singer é tomar o objecto como isolado e não no seu sentido interrelacional, a sua ordem e função na estrutura das coisas existentes.
O argumento encerra ainda uma problemática mais séria.
De que modo pode a ciência intramundana (saber provisório e que justifica os fenómenos físicos por outros fenómenos físicos) reflectir sobre questões de santidade? Será que existe na dita ciência uma concepção superior à que proclama? Se a ciência positivista exclui a existência de objectos fora do seu escopo é porque dispõe de alguma capacidade exterior às suas capacidades de aferir o que é verdadeiro e falso...
Magia!


[1] Alguns peixes-macho com a morte dos peixes-fêmea ganham órgãos reprodutivos femininos, algumas células do corpo humano adquirem as propriedades de outras que se encontram em falta.

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Reform Club

Um blogue à atenção do Nélson, para fundamentos.

Nojo

Passem os olhos por este post do Geraldo, bastante ilustrativo da vergonha que se passa aqui ao lado...
Podem também ver o comentário que lá se encontra!
Porque não aceitar os assassinos, os proxenetas, os maridos que espancam as mulheres, como eles são? Se actuarem mediante consentimento...

Blogues

Da Filosofia Conservadora Americana destacam-se as leituras do Right Reason, do Anal Philosopher e o Right Wing News...

terça-feira, setembro 06, 2005

A Tocha








O nosso amigo Paulo Cunha Porto levantou neste espaço uma reflexão sobre o Conservative Party. Eu confesso que tenho alguma simpatia por certas formas de Toryism, apesar de muitos problemas teóricos e morais que levanta.
O conservadorismo britânico tem por tradição ser o “saco de gatos” que referido pelo Paulo, possuindo no seu seio influências que vêm desde os “royalists”, movidos por um espírito cego de obediência ao positivado, dos liberais-tradicionalistas, defensores das liberdades tradicionais instituídas, do One Nation Conservatism, pragmatismo proto-social-democrático gerador do centralismo estatolátrico que se vive “nas ilhas”, dos liberais vitorianos, sempre munidos de gráficos e estudos que calculam o bem-estar das populações, ignorando toda e qualquer noção imaterial de justiça ou moral, e dos liberais clássicos que consideram que os indivíduos devem viver em “bolhas”, numa vida formatada apenas por seus alvitres.
Como a política se acha sempre superior à theoria, os argumentos deram uma grande volta, acabando por permanecer tudo na mesma.
O argumento utilitarista por prosseguir o “caminho americano” tornando-se “progressismo social”, numa ordem social liberal justificada por uma crença na eficiência de mercado e das vontades individuais, fundindo-se à moda de J.S. Mill. Estas concepções “centristas” do Partido, incorporadas nos dois principais candidatos Ken Clarke e David Davies, são parte do “mainstream” retórico do inglês médio e portanto as mais fortes eleitoralmente. São duas faces de uma mesma moeda, com a diferença diminuta de um apelo mais europeísta no caso de Clarke, mais soberanista no caso de Davies. Como dizia o nosso amigo Miguel há pouco tempo, os ingleses estão cada vez mais parecidos com os americanos. Estes candidatos poderiam bem ser candidatos americanos à Presidência que ninguém notaria a diferença.
O mesmo utilitarismo que reveste o progressismo liberal tem, sob a capa maquiavélica de Disraeli e do One Nation Conservatism, uma outra face. Vendo a impossibilidade de atacar a “máquina” estatizante socialista funda-se como uma alternativa socialista, emotivista e laica. Este é o segmento que recupera a grande porção de sectários do “partido” que privilegiou o grupo acima dos princípios que o grupo deveria defender, que preferiu desvirtuar o Partido Conservador do século XIX, tornando-o um “partido popular” com intuito de sobreviver à crise eleitoral vivida nesse século. O Poder pelo Poder que, como vimos, esteve na génese do “royalism” e do sectarismo realista moderno aliando-se ao “centrão” numa armadilha eleitoral de pouco conteúdo.
Provém desse movimento a enorme confusão discursiva do conservadorismo contemporâneo. Não se afirma liberal ou comunitarista, nem age segundo um desses princípios. É certo que no mundo das eleições tal definição seria suicida, mas seria fundamental que debaixo dessa indefinição retórica se observasse uma acção concreta e direccionada. Assim se torna compreensível o apelo de Malcolm Rifkind ao legado social-democrata de Disraeli e a vontade descentralizar o sistema, de regressar às liberdades tradicionais e, no entanto, continuar as políticas de direitos sociais esquerdistas... Falta de substância!
A derrota dos Tories consiste precisamente na não afinidade das várias perspectivas interiores do partido. Os liberais que tomaram conta do partido conservador nada têm a ver com o seu legado e com os princípios que o moldaram. São, aliás, os seus inimigos tradicionais e históricos, “whigs” provindos da dissolução/assimilação do Partido Liberal, opostos à tradicional posição comunitária-tradicionalista Tory.
A confusão emergente pode ser sintetizada na questão das liberdades e da tradição. Onde um conservador dirá que as liberdades vêm das tradições, um liberal dirá que a tradição a defender é a liberdade de escolha e a lei como mero subproduto dessas vontades individuais.
Esse é o combate perdido travado por Scruton e outros burkeanos. A percepção de que uma comunidade política precede a vontade dos seus membros, precede os seus direitos (sendo a própria base de sustentação dos mesmos) é o fulcro da questão, por ser esta a estrutura que enquadra moral e socialmente os indivíduos, ao invés da cultura de discórdia e desagregação cultivada pelo liberalismo.
Desta concepção emerge a candidatura de David Willets, de preocupação essencialmente comunitarista, que se propõe a um reforço das instituições e da sociedade civil inglesa. A proposta de Willets (condenada ao insucesso pelo esquema de apoios partidários e pelos infiltrados liberais) é uma proposta verdadeiramente conservadora. Pretende uma descentralização e destatização que não seja apenas uma desregulamentação ao estilo liberal, mas um regresso à comunidade e aos seus usos e costumes, que diminua as exigências sobre oEstado, aumentando a sua eficácia.
Infelizmente o conservadorismo inglês afastou-se da sua génese num ponto central. O conservadorismo foi inicialmente uma proposta moral de sociedade que pretendia fazer a apologia da tradição e da estrutura política e moral pré-revolucionária. No argumento conservador inglês contemporâneo não existe lugar para o bom, o belo, o sublime. Em larga medida o conservadorismo encontra-se nas mãos da perspectiva sociológica de Nisbet, em que a apologia da Ordem se encontra reduzida a um argumento sociológico definido pelo que funciona bem e mal em termos sociais.
Ao não entrar pela questão do bem e mal, ao reduzi-la a um aglomerado de “inputs” e “outputs”, o conservadorismo põe-se na moda dos sociologismos e das discussões sobre meios disfarçadas de reflexão essencial.
Ver a superfície dos problemas atacando as suas manifestações superficiais é uma luta condenada ao insucesso. Bem se poderia substituir a tocha por um extintor... e “apontar à fonte de ignição”, como bem ensina o manual de instruções!

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Ir Ao Beija-Mão

Excelente reflexão do Santos da Casa sobre a hegemonia intelectual da esquerda e a submissão da direita à sua superioridade moral.
Em Portugal a direita é o centro...

segunda-feira, setembro 05, 2005

Pesar












Poucos arquitectos portugueses do século XX tiveram a percepção da necessidade fundamental da tradição, da vivência, da história. Fernando Távora foi uma voz dissonante do modernismo (que rapidamente reconverteu numa questão de meios).
Que fique a escola no momento em que a Arquitectura passa por uma tão grave crise, limitando-se a copiar modelos desligados da realidade, submisso ao deus "Função".

Mais Chegadas







Saúdo também os recém-chegados O Jogral e Combustões, esperando que se mantenham na blogoesfera por muito tempo.
Duas aquisições que o Vieira não conseguiu...

Chegadas










Fico sempre feliz com a chegada de novos comentadores!
Ao Condestável dou as boas vindas, congratulando-o pela paciência e por ser o único que ainda prega nessa freguesia que, aliás, está em interdição pelas autoridades competentes cá do burgo!

sexta-feira, setembro 02, 2005

Um Dia Ganho

A ler o que perdi nos blogues amigos.
Valeu mais que uma pena...

Um Post de Agradecimento (I)

O 500º post deste blogue só podia ser um post de agradecimento a todos os nossos amigos. Aniversários que passaram e que não pude congratular, blogues que surgiram e que não tivemos oportunidade de saudar pela sua chegada e percurso na blogosfera.
Esta pausa não trouxe frutos concretos. Não trouxe uma ideia ou solução, antes a sensação de que há blogues melhores, gente mais apta, mais decidida...

A frustração de nos compararmos aos melhores é meio caminho para o desânimo. Acredito que seja por esse facto que o Manuel tem sempre disponível uma panóplia de incentivos para os mais jovens. Já sabe que qualquer blogue nacionalista quer ser “quando for grande” o Sexo dos Anjos.
É justo! Se cada um deve ocupar o seu lugar na ordem das coisas, aceitemos o lugar de frutos dessa árvore (a imagem é do Viriato e não minha). Árvore que como o Sol e a Verdade não podemos observar directamente, mas através da sua obra.
É me impossível esquecer o impulso inicial dado a este blogue, a insistência na excelência e correcção (maus tempos os do vírus que impedia a acentuação dos textos), as dedicatórias de textos. Mais importante que isso é o exemplo de quem não desiste...
Partilhamos uma fé! A sobreposição do pensamento à acção humana, a necessidade de uma prudência (que não se faz com megafone, mas com as artes de raposa, da serenidade que também se aprende) subordinada por um projecto e um projecto à situação do Homem na ordem das coisas.
Aguardemos a justa contemplação.

Tudo na Natureza nasce endividado. A inteligência consiste em compreender esse haver. A moral em agradecer.