segunda-feira, setembro 26, 2005

A Radicalidade Contra a Moderação

(Pensando no Viriato, depois de Pensar em Voz Alta e Reflectir)


Ensina Aristóteles que a virtude moral dos homens se encontra na Justiça, que passa da Alma à Cidade pela imprescindível mediação da virtude da prudência. Na vida activa deve prezar-se a moderação. Encontrar o “justo meio” é a essência de qualquer virtude prática (entre a prodigalidade e a avareza, entre a cobardia e a valentia desenfreada, entre a cupidez e a carestia, encontra-se a virtude, subordinada à determinação dos fins). Como Aristóteles bem viu esta teoria do “to meson” não pode ser aplicada às virtudes noéticas.
O conhecimento não pode ser moderado. Não é mais conhecedor o que se encontra entre o saber e a ignorância, mas o que conhece mais...

A reflexão pode parecer despropositada, mas até é bastante importante.
A existência de “moderados” e “radicais” implicaria uma mesma qualidade, numa prática divergente. Não é isso que se passa.
Existem duas linhas de pensamento profundamente divergentes numa mesma denominação, o que não nos deve impedir de saber que os pontos de contacto entre várias perspectivas não são uma e a mesma coisa, mas convergências epidérmicas.
Uma é perspectiva jusnaturalista e eudaimónica, outra é religião política positivista. Duas tradições de pensamento que são tão divergentes como Aristóteles e Hobbes, São Tomás e Nietzsche.

O pensamento nunca é moderado ou extremista, mas verdadeiro ou falso, bem ou mal orientado...
O problema não é prático, mas teórico.
O problema reside na mais importante pergunta que se pode fazer no domínio da política: “O que fundamenta a cidade?”. Só conhecendo o “barro” de que é feita a cidade se pode saber como devem ser erguidas as suas muralhas. Só fundamentando se pode ter um objectivo, um programa, uma linha de acção! Só com uma ideia da natureza das coisas se pode saber o que se quer!

Os sincretismos iconográficos, onde é a bandeira que comanda a ideia e não a ideia que estabelece a bandeira, representam a inversão maquiavélica da ordem das coisas...
Desta forma nunca ninguém ficará a perceber o que se deseja.

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