segunda-feira, dezembro 26, 2005

Para Quando do Companheiro Vasco?

(grato ao Insurgente)

Sobre o Mal

Muitas pessoas que viram o filme “Kids” de Larry Clark ficam horrorizadas com a maldade que perpassa todo o filme. O filme lida, de facto, com o Mal, na sua forma mais perigosa, mais discreta, mais estúpida.
Telly ganha o respeito dos seus amigos através do desvirginar de raparigas. Recorre a um chorrilho de mentiras. Não lamenta nada.
O Mal não está entre nós no “mal querer”. Essa é a sua forma minoritária! O ódio não é base duradoura de qualquer sociedade...
Numa viagem de Metro Telly é abordado por um pedinte amputado que canta “I have no legs!, I have no legs!”. Telly apieda-se dele e dá-lhe, visivelmente afectado, algum dinheiro. À primeira vista a personagem parece um jovem que não encontra limites à sua satisfação. Engano tremendo! Telly não é egoísta, não vira a cara ao seu semelhante. O problema dos nossos dias, como o de Telly, não é o egoísmo. É que, apesar de tanto altruísmo, os modernos não têm um pensamento que permita saber como fazer o bem dos outros... E muitos dizem que isso não existe!

Deve Ser Cargo de Nomeação...

Um senhor da CNE afirmou que as apostas sobre as presidenciais ofendem a sensibilidade da instituição, embora possam não constituir uma ilegalidade!
Idos os tempos em que a Administração Pública se regia por leis, chegámos à época em que são geridas por “sensibilidades”! Gostaria de saber em que "nervo" se baseiam os senhores...

Neo Cons ou Rothbard?

Tem a palavra o Buiça!
Até imagino a sofística que vai sair daí...

sábado, dezembro 24, 2005

Feliz Natal

Que esta época de Natal seja uma época de paz e não apenas de trégua, de reencontrar a completude através da Palavra. Uma época de felicidade, de encontrar o propósito das nossas vidas... e de, estranhamente achar que não é nada de especial.

Gostaria de enviar um agradecimento aos amigos que nos acompanham nesta jornada blogoesférica, em particular ao Rafael, esperando que possa, desta vez, passar o Natal junto da família e ao FG Santos, que tenha muitas graças sob a forma de saúde e estabilidade.

Um sincero abraço a todos.

Animosidades Animalescas

-O Cavaco vai ganhar as eleições!
-Não vai nada...
-Queres apostar?
-Cala-te! Ainda vem aí a CNE...
-Acho que estás a ficar paranóico!
-Não estou nada.
-Até podia apostar que estás...
-A QUEM É QUE ESTÁS A CHAMAR ANIMAL, HÃ?!?!

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Intercollegiate Studies Institute

Já aqui mencionámos o ISI, instituto que tenta auxiliar os estudantes a uma formação clássica, humanista (não confundir com humanitária) e cívica, longe da educação tecnocrática, do ensino para a obediência cega, da vulgaridade da "pop-culture"...

Descobri ontem à noite que é possível fazer o download gratuito dos seus guias estudantis! Notáveis obras introdutórias de John Lukacs, Ralph McInerny, Mark C. Henrie ou Harvey Mansfield, entre muitos outros de igual qualidade, estão, de facto, à distância de um "clique".

quinta-feira, dezembro 22, 2005

O Ensolarado País do Senso Comum

Hoje, ao ler esta luminosa apologia do Paulo Cunha Porto, lembrei-me da "grande jornada" de Chesterton. Uma viagem longa à descoberta do mundo, mas que termina com redescoberta das verdades que nos estavam próximas.
Chesterton tinha razão.
Andam anos a tentar libertar-se do Cristianismo. Experimentam todos os sucedâneos desvirtuados:
O socialismo (a caridade imanentizada), o comunismo (a divinização da vertente animalesca do Homem), o Totalitarismo (a divinização da ordem humana em ordem sobrenatural)...
"Quando os homens deixam de acreditar em Deus, não é que deixem de acreditar em nada! Passam é a acreditar em tudo!"- dizia Chesterton.

Passam o resto do tempo á procura do Todo, através de minúsculas peças, de uma parcialidade que está na moda e que não tem outra razão para a sua existência que não seja a "desconstrucção".
É por isso que qualquer inquirição moral moderna só pode resultar numa gargalhada!
Sempre com a boca nos "deveres" o pensamento moderno foi incapaz de gerar uma teoria legítima do Poder.
Hegel e Marx mandam-nos obedecer porque é esse o "espírito do tempo". Hobbes predica-nos a amoralidade para salvar a pele! Locke diz-nos que a política é encher o bandulho e não chatear o parceiro (que tem um direito sacrossanto a viver numa "bolha").
Razões insuficientes que são vendidas como enormes progressos da moralidade.
Ainda é tempo de regressar...

Por isso há que saudar a chegada à blogosfera do Ensolarado País do Senso Comum, na esperança que reconduza, no bom espírito chestertoniano, às verdades directas da Ortodoxia.

Prendas de Natal

Longe da absorção consumista, o Pasquim decidiu brindar os seus amigos com algumas oferendas natalícias.
Podem vir buscá-las...

Sarto

Rafael

Camisanegra

A.C.R.

Rodrigo

Paulo Cunha Porto

A.C.J.A

Buiça

Pimenta

Pedro Guedes

JSM

Geraldo

Manuel Azinhal

Dragão

FG Santos

BOS

MCB

Se quiserem podem trocar...

É de Louvar

Ribeiro e Castro culpa a esquerda pelas misérias do século XX!
Resta afirmar o CDS como um partido de direita...

quarta-feira, dezembro 21, 2005

O Neo Problema

Há uns dias falava com uns amigos, gente inteligente e ilustrada em matérias politológicas, quando surgiu o tema da monarquia. Dizia um: “O Fernando é dos nossos! Também é monárquico!”. Eu estranhei, por saber residirem no Fernando aqueles ideais modernos de que toda a permanência destroem, que não aceitam qualquer realidade externa à percepção humana mais limiar, aquele sentimentalismo confiante dos neo-libertários que, porque pós-modernos, quase tocam o anarquismo.
Deixei a coisa passar, com a ideia de que se tratava de equívoco, até ao dia que ouvi o Fernando a discretiar sobre os prodígios da monarquia. Perante assinalável plateia informal ouviam-se argumentos curiosos como “os países nórdicos também as têm e são muito desenvolvidos e socializantes”, triviais como “as monarquias são sociedades mais consensuais”, o o all time favourite dos liberais “não tenho nada contra uma monarquia em o rei está subordinado à democracia”.
Percebi logo que o Fernando não era monárquico.
Tudo o que desejava poderia ser suprido por um Plano Quinquenal, por um Mário Soares, por um Presidente de Assembleia Popular.
Não era um monárquico, mas um progressista, consensualista e rousseuniano.
O problema deste conjunto de ideias é a sua pretensão a um Rei sem Monarquia, um rei cuja legitimidade depende de um acto voluntário do povo. Um presidente com plenos poderes... Um Doge veneziano, limitado não pela constituição e principiologia que o levaram ao Poder (pelas decisões dos maiores), mas pela capacidade de vencer e canalizar apoios, típica dos “cesarismos” tão antigos como a revolução protestante do Antigo Egipto[1].

Daí a que subverta a Moral, a Religião, a Constituição com o mero intuito de se manter o Poder. Que se sacrifiquem os traços que nos compõem no altar da utilidade funcional, para cumprir uma vontade que é reduto final e portanto injustificada, é irrelevante. Quando o homem pensa em si como sujeito portador de uma vontade, ou seguidor de uma vontade absoluta e externa, encontra-se num momento vazio (num momento de pura selvajaria ou estado de natureza), em que não possui o acervo do passado que lhe permita emitir juízos morais, que lhe permita pudor e virtude.
Essa era para Burke a essência “libertadora” da Revolução Francesa e a forma como esta iria degenerar invariavelmente na carnificina, nos afogamentos colectivos, na massificação guilhotineira.

O problema é o que o Rafael aqui tão bem diagnosticou. Para esta “direita” não há forma de encontrar uma doutrina… Todas as medidas e linhas programáticas são encontradas pela vontade, ou por interesses materiais, o que já constitui, em si, uma vitória da desagregação da teoria. É o grande triunfo das “esquerdas” a eliminação da possibilidade (e a crença na mesma) de estabelecer uma concepção de natureza, humanidade e virtude.
A partir desse ponto a escolha de uma posição política encontra-se desligada dos princípios que deveriam nortear a escolha.
É precisamente esse o ponto de fractura entre a “direita que é oposto da esquerda” e a “direita que é caminho para o centro”. A segunda tem consciência de uma visão integral do homem e não negoceia a visão, embora seja forçado a negociar as políticas (é a natureza das coisas…), enquanto que a primeira, ao não possuir uma visão do Homem, se limita a zelar pela manutenção de um estado-de-coisas em nome do conforto, bem-estar, do progresso material!
Evidentemente que dela não emergem princípios de justiça, estruturas de lealdade ou uma liberdade regrada. Não emerge nada que possa trazer algo de novo e resolver o impasse moral e a erosão social…
O que nos deve preocupar é a reconstrução de uma ordem justa e não justificar uma escravatura em “ferros” revestidos de pelúcia.

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[1] Eric Voegelin, As Religiões Políticas.

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segunda-feira, dezembro 19, 2005

Fim?


Já saiu o último número da Public Interest. Após 40 anos de publicação a revista de Irving Kristol fecha as portas e, como não podia deixar de ser, a edição final faz uma retrospectiva da acção e relevância da principal publicação neoconservadora americana.

Acredito, porém, que ainda não será desta que nos livramos desta praga (anti) intelectual!

Direitas de Geometria Variável

Tinha a tirada do Manuel destino certeiro. De facto não tive ocasião de comprar O Diabo desta semana. Li portanto com muito interesse a trancrição do artigo de Miguel Castelo Branco sobre a problemática da direita.
O que eu vou dizer irá inevitavelmente sair mal. É risco que terei de correr, sob pena de não dizer o que devia, violando, talvez, dessa forma a serenidade que o MCB me imputa.

Tenho enorme admiração pelo percurso de MCB. Penso que a Nova Monarquia terá sido a mais interessante aventura política depois do 25 de Abril. Terá certamente padecido dos males próprios da juventude, males que seriam também a sua principal fortaleza...
Era um projecto ancorado numa perspectiva cristã e tradicional, num “reaportuguesamento” de Portugal, com apelo não só a católicos, mas a todos os sectores e correntes da direita tradicional e conservadora. Um projecto que não seria descabido hoje... como não foi ontem, nem será amanhã!

Acredito que MCB tenha mudado de ideias. O tempo e o amor às coisas do mundo estão sempre sujeitos ao desânimo. As paixões de juventude têm por hábito degenerar em ódios imorredoiros. O idealista de ontem é o pragmático de hoje...
É por isso que vejo nesta prosa enorme desencanto, o que não me preocuparia se não visse que existem no texto implicações graves para a estruturação de um pensamento tradicional português para o nosso tempo!

O problema da posição exposta por MCB é a posição panglossiana, como disse o Dragão (eu diria hegeliana-historicista), do problema.
A ideia de que se a discursividade política dos nossos dias se encontra num ponto e que esse deve ser o fulcro das direitas e esquerdas tem, irremediavelmente, consequências nefastas para qualquer tipo de doutrina...
Primeiro porque a existência desse fulcro é um mito. A sua validade é exactamente a mesma que os chavões da “opinião pública mundial”... Não há uma opinião pública mundial, nem europeia, nem portuguesa! O que há é um conjunto de estruturas e de tradições intelectuais que permitem o estabelecimento de um argumento racional sobre algo.
Ora, a existência desse ponto fulcral só existe no sentido em que os homens o realizam. E determinar a acção mediante a actuação dos outros é uma posição insustentável que conduz inevitavelmente a altruísmos éticos ou a colectivismos (morais onde o imperativo é a 3ª pessoa) que redundam no totalitarismo.
É esse mesmo totalitarismo, na forma hegeliana, a que MCB faz apelo da “direita moderna”, como a direita que aceita a o “espírito da época”.
Infelizmente, como Burke bem observou, não existe nada mais dentro do espírito do nosso tempo do que o Republicanismo onde o povo dispõe a seu bel-prazer dos governantes. Terá a direita de ser republicana, ou de ter monarcas electivos?
E essa reserva da vontade individual não é uma das grandes vitórias da esquerda? Porque passará e segundo que critério a ser uma posição de direita?
Infelizmente a abordagem do “espírito do tempo” aplicada ao pensamento político é uma fórmula vazia e que não serve de guia a qualquer fundamentação da acção humana. A observação das realidades do nosso tempo é importante, mas apenas como diálogo de 2º grau, com a importância da aplicação prática e não da fundamentação...
A inversão e a justificação do fundamento através da prática encontra-se já no domínio do erro maquiavélico e da inversão errónea da sua filosofia.

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domingo, dezembro 18, 2005

Não Se Poderia Perder Nas Caixas de Comentários

(A propósito destas excelentes Orientações)

"No se si esto es posible, dada la naturaleza social del ser humano. Lo que si que es necesario es formar celulas, pequenas. En el sitio de cada uno. A veces esa celula seran solo dos personas. Pero uno no estara completamente solo. Hay varios vectores de actuacion que me parecen incuestionables:

1. Oracion

Primacia de lo espiritual, de las virtudes pasivas sobre las activas, de la contemplacion sobre la accion. Eso da una dimension vertical a la lucha que de otro modo se convierte en puro activismo.

2. Estudio Decian que los carlistas eran gente peligrosa, porque cuando no estaban en los campos de batalla, estudiaban. Pues eso. No voy a entrar en lo obvio: recuperemos la Metafisica Tomista, recuperemos la formacion clasica, el conocimiento de Grecia y Roma. Desempolvemos los textos de Latin del bachillerato. Estudiemos buena Teologia y leamos mucha, pero que mucha Historia.

3. Ejemplaridad En el puesto en que Dios nos haya puesto, mas que hablar, dar ejemplo. Que nuestro ejemplo sea el mas elocuente de nuestros discursos. No hay acto mas patriotico que el cumplir con el deber, por pequeno que este sea.

4. Reforzamiento de la familia Para los que somos padres de familia que seamos la roca de la casa, el cimiento y la muralla de nuestras esposas, protegiendolas siempre. Que Cristo Rey reine en nuestras casas y que la formacion que demos a nuestros hijos sea la mejor posible dentro de nuestras posibilidades (hablo de lo que hagamos nosotros, no de los colegios a los que los llevemos).

5. Practica de la virtud de la Piedad en todos los sentidos. Hacia nuestros mayores, hacia los ancianos, hacia la Patria.

Y si, querido camisanegra, yo tambien estoy convencido despues de muchos desenganos de que la unica via es la metapolitica. Dicho esto DN ha tenido actuaciones desastrosas y La Falange es un grupo mas de una miriada que tienen un tesoro de pensamiento, pero nada mas. Mucho me temo que en los tiempos que corren la lucha politica, en un sentido clasico, nos esta vetada.

Un cordial saludo, Rafael Castela Santos"

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Ao Doutor Cruz Rodrigues

Sincero voto de melhoras e que as análises não revelem nada de cuidado!
Uma combatividade de louvar...

Também os há, por lá!

Já agora façam o favor de visitar a American Conservative, que nesta edição disponibiliza mais artigos que o que é costume...
Saliento a reflexão económica do Good Old Pat!

Uma Bela Prosa Vogeliniana

Através do salazarista atento "Orgulhosamente Só" tive ocasião de ler este artigo recente de Olavo de Carvalho. Um artigo notável que destapa muito sobre as nossas sociedades... A brasileira e a portuguesa!
Uma demonstração da utilidade prática da filosofia na compreensão do mundo!
"A sabedoria por si não vence a maldade", adverte, contudo, a águia.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Julián Marías

Ainda ontem o Rafael falava de Julian Marías!
Vi agora na TVEi a notícia do seu falecimento...
Segundo os seus alunos terá sido dos mais cativantes professores e conferencistas de seu tempo, o que constitui em si motivo de lamento.

Os Homens de Cultura

Os dois paladinos da cultura que se candidatam à Presidência consideram que o problema da educação superior em Portugal é a falta de colocação no mercado de trabalho...
Não me parece necessário dizer mais nada acerca deste assunto!

Na Ordem do Dia

Parece que a questão da Tortura está de novo na moda.
A minha posição, que exprimi em Junho do ano passado, mantém-se inabalada.
Uma concepção de Justiça que condena a tortura em todos os casos é um abstraccionismo louco, uma vez que dá aos criminosos direitos ilegítimos e malévolos...
O caso é sempre o mesmo. Evitar o mal de inocentes pode justificar actos de tortura?
Sempre que o resultado da acção seja evitar o mal e não uma punição ou um acto de crueldade, há o dever de salvaguardar a inocência.
Como outra arma qualquer deve ser utilizada para a Justiça...

Sobre o Limbo, Ainda...

Penso que este texto elucidará a questão, caro Luís!

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Agradeço a Prenda de Natal!

terça-feira, dezembro 13, 2005

Deixa Andar...

Parece que são os leigos quem mais preocupados estão com a retirada dos crucifixos das escolas portuguesas... A Conferência Episcopal Portuguesa afirma, por Dom Carlos Azevedo aos microfones da Rádio Renascença, que não há qualquer problema nisso! Que em nome do ecumenismo e da tolerância os jovens se devem habituar à coexistência de vários símbolos religiosos!
Aguardo ansiosamente que ao lado do Cristo crucificado se encontre um pentagrama, ou um tipo com pés de cabra e longos cornos...
Num estado-laico tudo é igual e não há bem nem mal...
O que acharia disso a CEP?

Um Olhar Sobre o Vazio

São sobejamente conhecidos os estudos e reflexões de Ortega y Gassett sobre a sociedade de massas. Foi concepção prosseguida em muitas reflexões da máxima importância na filosofia, tanto nos heideggerianismos de direita e esquerda, como na Conservative Revolution, como na crítica comunitária-católica de Charles Taylor.
Lado a lado com este diagnóstico da sociedade de massas, que já várias vezes aqui tratámos, existe uma reflexão filosófica de extrema relevância e que ocorre no mesmo sentido...
Santayana é um americano peculiar, que nunca abandonou as raízes da Espanha natal.
O traço permanente da sua obra encontra-se numa materialidade (anglo-saxónica moderna) mesclada com uma espiritualidade tradicional (traços da catolicidade espanhola). Nesse diálogo entre as duas tradições, que em tempos diferentes da sua vida ganharam pendores variados, Santayana estabeleceu uma perpectiva original e interessante, em que a estética católica (uma concepção residual da religião) perdurou e manteve-se como critério e concepção estruturante do gosto e do belo.
Para Santayana a grande distinção entre as sociedades reside na distinção entre o feio e o belo. A boa sociedade é aquela que possui a capacidade de distinguir o belo, de criar beleza, algo de mais elevado que o “aqui e agora”, o que se poderia descrever como capacidade de sonhar.
A Modernidade e os seus subprodutos são os grandes responsáveis pela destruição estética dos nossos dias. Nesse aspecto Marx, Bentham e Rockefeller pertencem a um mesmo espírito que reduz a humanidade a uma mera função material, onde não existe lugar para uma concepção superior. A modernidade prefere o indivíduo atomizado de Charles Taylor, ou o “homem de massas” de Gassett... o que Santayana define como o “órfão”, desprovido de tradições, da capacidade de ser portador de algo. Os órfãos são os filhos predilectos da Modernidade, que pelo vazio se encontram a caminho da incapacidade de estabelecer os juízos do certo e errado. Sem fins autónomos e reduzidos à aceitação da sociedade, tornam-se seres gregários e não políticos, redundando num tribalismo animalesco, uma forma pré-política animalesca (segundo a concepção aristotélica). O político passa a vara (como na República de Platão) onde existe apenas acção e reacção, onde existe apenas vontade de auto-preservação (o rebanho hobbesiano perfeito). O homem medíocre é desprovido de concepção do belo e consequentemente desprovido de algo por que lutar. Sem coragem, nem nada para a canalizar, fica em casa entregando-se ao hedonismo, aos prazeres do animal e à imprensa que o vão mantendo no lugar necessário.
Basta vermos como a nossa imprensa promove o medo da morte (o acto corajoso da Restauração deu lugar ao Dia Mundial Contra a SIDA) para sabermos que Santayana tinha razão...

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segunda-feira, dezembro 12, 2005

Novos Papões da 3ª Idade

Impressionante a falta de imaginação da malta da candidatura de Soares!
Antes era o democrata face à ameaça do comunismo...
Agora é o homem da coragem física face à ameaça do papão fascista (leia-se "veterano do ultramar")...
É preciso uma coragem!... Não sei quantas dezenas de tipos que acompanhavam o fétido candidato, contra um velho munido de um jornal. Estranhamente o candidato decidiu de imediato não apresentar queixa da "agressão"! Vá lá alguém saber porquê...
De notar que no dia em que surge um "papão-fascistóide" na campanha, o DN resolve publicar uma notícia sobre a conspiração fascista, que vai para as escolas fazer o que nenhum outro partido faz... Nem o BE, nem o PS ou PSD, muito menos o PCP, fazem recrutamento nas escolas!
Nem eu fui barrado de participar em exames nacionais (bem como insultado e agredido de forma pior que Soares) por jovens do PSR que actuavam com o beneplácito do Conselho Directivo! Nem a minha Directora de Turma, a escritora bloquista Eduarda Dionísio, me chamou "fura-greves", em desagrado com o facto de eu ter feito os exames nacionais na data e hora aprazadas...
A liberdade educativa é uma conquista de Abril...

Subscrevo na Íntegra

"E os sindicatos dos polícias que querem imputar ao Estado "civil e criminalmente" a morte do agente no assalto de Lagos? Tenho dúvidas que, tendo morrido um terceiro(qualquer um de nós) sem farda em vez daquele, não teria sido montada aquela operação ridícula "de caça ao homem". Qual é o critério que deve enformar o grau de diligência da polícia?O bem público ou o bem particular da corporação? Os sindicatos não prestam.A polícia deve defender o Estado e só este pode defender a polícia."

Fernando Lemos

O Mito do Bom Selvagem ataca a Igreja?

Uma Pátria que não reconhece os seus filhos...

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Sindicalite

A situação na Auto Europa está feia. A escalada de tom entre as partes é lamentável.
O pior é que as exigências dos sindicatos são, sobretudo, uma forma de colocar o sindicato sob os holofotes dos media.
Com a perda de competitividade da fábrica portuguesa diminuirão as encomendas... À mínima oportunidade o grupo abandonará a fábrica! Portugal perderá uma fonte enorme de empregos, desenvolvimento tecnológico e inserção num sistema produtivo de escala mundial! Na altura os culpados serão os empresários e o Governo... Os culpados serão, como hábito no rectângulo, os principais acusadores! Ninguém se lembrará da acção dos sindicatos...

terça-feira, dezembro 06, 2005

Da Boa Governação

O que caracteriza uma boa governação não é a sua conformidade com a “vontade popular”. Se assim fosse os governantes teriam apenas “mandatos imperativos”, o que significaria que estariam vinculados à vontade do eleitorado[1], fosse por capacidade de um “recall”, um acto de vontade do soberano (povo) que teria o efeito de remover, sem adução de razões ou particularidades, o executivo do cargo. Poderia ainda haver uma contratualização o que significaria que o executivo estaria vinculado pelo seu programa, não se podendo desviar dessas linhas programáticas, sob pena de perder o mandato.
Esta forma de “democratização” representa o sonho do “esquerdalho”, dos “mediocratas” e da Manuela Moura Guedes. Estranha-se, por isso, que alguma (suposta) direita pugne por essa forma contratual de olhar a política.
Troca-se a necessária estabilidade de uma governação por um ideal nebuloso de legitimidade. Postula-se que a legitimidade de um acto governativo provém de actos de vontade popular... A avaliação da lei seria feita com base nos apoios que esta possui!
Dir-se-ia correcta a lei que é apoiada pela maioria. Ao adoptar este critério estaríamos a aceitar o totalitarismo rousseuniano, que coloca na vontade (e não na justiça) a aferição da correcção de algo[2], o que nos lança num altruísmo radical e num vazio da individualidade. A acção governativa seria apenas uma excrescência necessária da comunidade, como defende Rousseau[3].
A gravidade desta posição encontra-se nesta ideia, mais até do que na vulnerabilidade e volatilidade inerentes da vontade dos indivíduos.
Quem observa a correcção de algo à luz da vontade popular encontra-se cativo de uma concepção simples, mas errada. “Eu gosto porque os outros gostam”! Daí emerge o seu sucedâneo “eu sou democrata, gosto do que (e porque) os outros gostam. Tu não és democrata, portanto concordas com o que é feito contra a vontade popular.” A estreiteza de perspectiva é evidente...
Para concordar ou discordar de algo há que possuir uma concepção de justiça e não uma limitada ideia do que os outros pensam. Sem isso não é possível escapar ao totalitarismo que exclama “as coisas são como são” ou a versão dos auto-proclamados conservadores “vivemos no melhor de todos os mundos possíveis”. Só é livre quem tiver esta maravilhosa concepção de que há uma ordem superior às vontades dos outros, porque só esse poderá ser submisso ou insubmisso! Os que não têm concepção de justiça, os que olham para o lado para ver se o vizinho, ou o jornalista, ou a comunidade, concorda ou discorda não tem espírito para obedecer... Tem a capacidade política efectiva de um animal de quinta[4]!
A Constituição dos EUA compreende esta problemática, lançando por isso barreiras à vontade popular. A eleição indirecta do Presidente da Federação, o Supremo Tribunal de cargos vitalícios, a reverência pela Constituição (em vias de extinção por acção da actual administração e das precedentes) eram fundamentais na distinção da República de uma Democracia. A Democracia é, de facto (e quanto muito), um meio! Não um fim...[5]

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[1] A forma Povo é sintomática do que referimos, uma vez que esta toma uma parte, o eleitorado, pelo todo, o conjunto dos indivíduos. Isto significa uma personificação curiosa de uma coisa por outra... Criar uma sanção da totalidade quando o que existe é uma sanção de uma parte da população.
[2] Strauss define o totalitarismo de Rousseau em The Three Waves of Modernity.
[3] Em o Contrato Social.
[4] Está limitado ao “prazer e dor” dos proto-utilitaristas ingleses do século XVIII. A submeter-se a quem detém a “vara”.
[5] Imperiosa a leitura do texto “Democracy is a Means, Not an Ending” do Old Republican Michael Munger.

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segunda-feira, dezembro 05, 2005

A Águia Bicéfala

O CDS tem sido, desde que ganhou tiques de “partido de poder”, uma eterna luta de poder. As cisões verificadas, por serem em torno de pessoas e não de projectos, manifestaram-se incapazes de trazer alguma paz a qualquer dos grupos.
O que se observa hoje no CDS é o mesmo que se verifica em qualquer partido que tem os olhos nos cargos, na retribuição da dedicação à causa a expensas do erário. As ideias perderam-se no caminho. O CDS de Monteiro era ingénuo, por vezes obtuso, mas tinha uma clara agenda de direita. O CDS de Portas era manhoso, mas sacrificou a agenda de direita e as réstias ideológicas para se tornar num Partido Popular, um “catch-all”.
Disse-se conservador no início, democrata-cristão a meio... e no fim de contas nunca foi qualquer das duas!
A grande barricada no CDS (assim como no PND que é a mesma coisa, mas sem história e em pequenino) não é a confusão ideológica, mas entre os que os consideram que as ideias são importantes e os que fogem delas como o diabo da cruz.
Li aqui há tempos no Lóbi do Chá este sintomático texto sobre os conflitos de Poder no seio do CDS. A perspectiva é clara. Há uns tipos esquisitos e pouco práticos que andam por aí a pulular no partido... monárquicos, fascistas e beatos! O que é preciso é correr com essa malta (ou calá-los), para que o CDS cumpra a sua função de partido da classe-média (desígnio similar ao do PND quando se apresentou ao eleitorado)...
A definição do partido viria através de uma fórmula mágica.

“...o CDS é liberal, é democrata-cristão, é conservador e também é socialista. O CDS é verdadeiramente o centro democrático e social. Qualquer tentativa de o reduzir a uma ideologia, é uma forte estocada na amplitude ideológica desejada desde a Declaração de Princípios. Aliás, um partido não se pode fechar numa só ideologia: isso é para as associações de radicais. O CDS deve ser liberal quando se trata de defender a propriedade privada, o investimento e a redução do peso do sector público; deve ser socialista quando se trata de distribuir riqueza de forma justa e equitativa, para proteger os desafortunados e promover uma sociedade equilibrada; deve ser conservador quando se trata de defender intransigentemente os valores sociais que estão debaixo de fogo. O CDS deve ser tudo isto e muito mais. Nunca muito menos.”

Esta fórmula poderia ser mote de qualquer partido socialista, social-democrata ou popular da Europa. Nada diz sobre nada. Não explica em que se fundamenta o exercício do Poder, em que estrutura uma futura acção governativa. Em vez disso faz o apelo à defesa das classes médias (expediente usado por todos os partidos, do PCP ao PSD).
O que dirá esta defesa das classes médias do Rendimento Social de Inserção, do Aborto, do direito à educação gratuita incluso na Constituição? Nada! Nem interessa que diga...
Esta forma de fazer política não tem ideias, credos ou propostas. Limita-se a exprimir o que vai pela sociedade. Numa sociedade anti-semita defenderia o anti-semitismo. Numa sociedade onde se poderia abortar até à maioridade defendê-lo-iam até que a classe média deixasse de o defender! Um Partido Popular é, por isso, uma triste sequela do PS e do PSD e aí reside a razão da forma como Paulo Portas, não vendo capacidade de afirmar princípios de direita e manter o “canto de sereia” ao eleitorado classe-média, investiu na ideia de “os nossos tecnocratas são melhores que os deles!”.
Este é o conflito que existe entre a liderança e o grupo parlamentar do CDS.
Quanto mais depressa o CDS perceber que na classe média não há nicho de mercado, mas que a razão é terra virgem no panorama português, mais probabilidades de sobrevivência terá...
Para já a coisa não está fácil!

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O Líder Democrático

“It is the people´s will! I am their leader! Therefore I must follow them!”

sábado, dezembro 03, 2005

Realinhar a Direcção

Noticia o Sexo dos Anjos que o artigo de João Mendia no DN, que publicitámos há dois dias, lhe valeu o fim da contribuição no dito jornal "de referência". Uma situação "perfeitamente normal", como diria Artur Jorge, nos órgãos de comunicação social dos grandes grupos económicos, que precisam de facilidades e licenciamentos, de isenções e permissões...
O contrato é simples! Os media propagam a ideologia do regime (o que são os dias mundiais da Sida, anti-discriminação, das mulheres, senão uma gigantesca blindagem ideológica?), recebendo em troca a informação privilegiada que os coloca à frente da concorrência.
Quando surge alguém que se opõe a essa ideologia-de-Estado é barrado... Pode ser um colorido dissidente, enquanto for inofensivo! Assim que se perder o controlo sobre ele... salta!
Estranha democracia pluralista!

É esse processo de blindagem que conduz à grande maleita da direita não-alinhada (para utilizar a terminologia do Manuel). A incapacidade de se fazer ouvir é essencialmente um constrangimento externo! Não há nos blogues da "direita pensante" menor qualidade que nas páginas sistémicas, seja ela literária, cultural ou filosófica... Pelo contrário!
A Direita precisa de falar mais para fora que para dentro! O problema é encontrar as portas fechadas ao diálogo... Lembro-me sempre de um blogue de centro-direita em que os autores, antes de responder a críticas, vão ver os links do crítico, aferindo assim a sua respeitabilidade (leia-se "grau de politicamente correcto").

Parece-me mais importante a qualidade dos leitores que a qualidade dos autores, sabendo de antemão que não se cativará o leitor de qualidade sem autores de qualidade... e acima de tudo sem uma mensagem clara!
É preciso algo de impacto que consiga reunir todos estes excluídos de qualidade...

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De Pé Ó Vítimas da Modernidade!

Podem visitar nesta página a Internacional Tomista! Um Projecto Educativo a larga escala.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Dr. Soares "Desapareça"

Artigo de João Mendia no DN.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

A Bandeira da Restauração







(Quando o vermelho e verde impunha devoção!)