quinta-feira, setembro 30, 2004

Malas Feitas e Bilhete na Mão

Quando voltar sei que tudo estará na mesma. As discussões abortistas, os grandes combatentes antifascistas (que preferiram ir para Paris e Argélia em vez de cumprir o seu dever), o povo confuso e amorfo, submisso a quem momentaneamente detém “a vara”, todos eles ca estarão. E eu também. Ate lá são uns mesinhos de afastamento do chão português.

Nunca mais vemos tudo resolvido. Este país já foi mais e agora é menos, quase nada.
Já nem a memória reconstruída nos serve de exemplo, porque é uma historia morta (já te conhecemos sem pulso) , que poderíamos reviver a cada passo que damos… mas não o fazemos.
Ao invés, inventamos novos ícones, imagens fugazes da tua grandeza, da tua essência, pequenas centelhas do teu esplendor. Confortáveis, nada exigem.
Mas não são as solas dos pés que a podem reviver. O mistério da transformação do chão em pátria e um mistério do espírito. Capacidade de pensar e obrigar. Capacidade de entender e realizar.

Só vens comigo porque és espírito. Porque és mais que chão —a carne dos países— e em estado de memória prevines o Erro. Es portátil apesar seres mundo. Só vens comigo porque houve quem não desistisse e eu não desisto de te pôr nas solas, em cada pensamento novo, na ponderação de cada decisão.

Como lembrava ontem um amigo “Os que desistem de lutar são indignos de viver, mas isso não se dirá de nós”.

Deve e Haver (contas de merceeiro)

Devo ao Pedro Guedes um post sobre as soluçoes para o problema portugues dos anos 70 (o Imperio e o Regime).
Devo ao Filipe BS um pedido de desculpas por ter zurzido infundadamente em alguns dos seus escritos (por ma interpretaçao e alguma superficialidade no que escrevi).
Devo um agradecimento a minha Morcega, pelos seus incansaveis serviços blogueiros.
Tenho a haver uma explicaçao sobre o liberalismo do Buiça (que liberalismo e esse?).

quarta-feira, setembro 29, 2004

Ja tenho E-mail!!!!

Oito meses depois O Corcunda apresenta o seu mail. Podem enviar as vossas reflexoes, as vossas discordancias, os vossos anseios mais intimos para o_corcunda@hotmail.com.
Eu prometo ler todos com o devido interesse! Ha contudo que atentar no seguinte:
1) Existe no Pasquim uma caixa de comentarios para as vossas ( sempre muito anseadas) reflexoes rapidas e ate para as picardias habituais. Nao deixem de as usar, uma vez que sao de muito mais facil acesso, para mim e para vos.
2) O Corcunda e bom rapaz (pareço o Jardel ou a Celeste Cardona a falar de mim na 3ªpessoa!!!), por isso agradecia que nao me mandassem virus informaticos!

Aguardo os vossos textos e opinioes!

Ate breve

terça-feira, setembro 28, 2004

E depois da Europa?

Já falamos aqui sobre o D. Sebastião do século XXI, a Europa.
Desta vez não se fala sobre o domínio socialista que nela grassa, nem pela forma como impõe a suas leis de regulamentação para que o eixo franco-alemao esmague a concorrência das potências de segunda linha, nem sequer com a sua tentativa de se tornar um supra-Estado totalitário.
Estava para aqui a pensar no que vira depois da Europa. Sem terra e sem pais, sem ordem jurídica autónoma, para onde nos iremos virar?
A expectativa tornou-se sufocante. Peseiro dizia querer um Sporting “a jogar a Europeia”. Que forma e essa europeia de jogar a “chincha”? Será que o Pescadores da Costa da Caparica, ou o Lusitanos de Creteil, ou o Grupo de Coxos de Casal de Cambra, não jogam futebol a europeia?A tonta obsessão com a Europa ganhou contornos de loucura. Ainda agora um comentador da TSF disse que “Portugal esta geograficamente na Europa, mas economicamente ainda a caminho da Europa”! Eu não concordo… Estamos acima da media europeia! Arménia, Azerbaijão e a Moldavia adorariam ter os nossos indicadores economicos. Porque e que quando os Portugueses falam da Europa falam como se ela fosse um “clube de executivos” onde ninguem nos deixa entrar e onde se tem tudo o que se pretende.
Há dias falava com um amigo holandês sobre a corrupção em Portugal. Ele dizia-me “julgas que na Holanda e diferente? Não e. Nos e que temos pudor em falar disso na comunicação social!”.
O que será deste pais quando se aperceber que a Europa não e um Paraíso e vir que tem tudo vendido a troco de fundos de coesão?

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Os Problemas da Democracia Liberal (VI)


Uma das mais perversas consequências da modernidade é o ódio liberal à política. A redução da nobre arte da política a um chorrilho de lugares-comuns é uma das suas mais sombrias faces, patentes em formulas vazias como “a democracia é o pior dos regimes, tirando todos os outros”, ou “a democracia encontra a sua raiz na decência”.
A democracia que se funda nestes pressupostos (que decência e essa, que regimes são esses que se apresentam como alternativa?) é a democracia liberal e popular.
A propósito destas reflexões e em jeito de slogan-resposta lembro algumas frases (estas com pensamento por detrás!) de “New Conservatives” sobre a Democracia Liberal.

“O Liberalismo Moderno não teve força para parar o despotismo em 1933, da mesma forma que agora não tem… é um convite ao suicídio!”

“O Liberalismo mina uma sociedade em que não acredita, porque não acredita em nada”

“O desespero disfarçado de humildade, a indiferença pavoneada como tolerância, são manifestações do espírito moderno”
John Hallowell


“Nenhum deweyano pode dar uma razão objectiva pela qual prefere democracia ao totalitarismo”

“Uma das marcas de decência contemporânea é ter vergonha de ser um homem do século XX.”
Eliseo Vivas

“Se no Liberalismo vence sempre a verdade, como é que foi na Alemanha letrada e democrática que surgiu o nazismo?”
Leo Strauss

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CIARI

Apraz-me muito ver o reconhecimento que o Fascismo em Rede e o Sexo dos Anjos fizeram do CIARI.
O CIARI é um projecto louvável de criar um fórum de reflexão, com bases de dados, publicações de artigos e discussões periódicas, sobre relações internacionais e política, acessíveis a todos.
A importância é obvia. Se por um lado cria uma discussão sobre matérias académicas de forma informal, por outro tenta fazer a difusão desses mesmos conhecimentos sem incorrer no pecado de os simplificar, sem tornar “slogan” o que a isso não e redutível.
O CIARI centra-se no site, onde se encontram textos de actualidade, académicos e opinativos, recensões e outras reflexões de interesse.
De grande interesse são sempre as Tertúlias, onde um variado tipo de temas é proposto a discussão. Tertúlias como “O Império Português”, como a dedicada ao tema “O Terrorismo Internacional”, patentearam a qualidade intelectual e os saberes diversificados de grande parte dos intervenientes, o que constitui motivo de orgulho para todos os que participam e acompanham o projecto desde o início. Hoje há Tertúlia na “Ler Devagar”…
O Blogue não-oficial do CIARI (um bocadinho mortiço nos últimos tempos!) é também um fundamental meio de reflexão e divulgação dos assuntos tratados nas Tertúlias e no Site, tendo já promovido elevados debates sobre muitas matérias teóricas e práticas por aqui também afloradas.

Por isso se deve louvar o papel do João Sobral e do Nuno Baptista Jorge, que mesmo em momentos de dificuldade conseguiram manter vivas as actividades “ciarinas” (como diz o David).

Um abraço e agradecimento aos dois.


Que bom seria se os animadores da blogosfera participassem neste forum...
Ajudem este nobre projecto!

sexta-feira, setembro 24, 2004

O Melhor Humor da Blogosfera

Vejam-se os posts do Anacleto sobre Pedro Abrunhosa, Miguel Tavares Rodrigues e acerca da histeria dos Barnabés sobre quem goza com as suas involuntárias palhaçadas.
Nem sei onde é que eles vão buscar tanto material sobre a "esquerdalha"!
O post do Dia Europeu Sem Charros é obrigatório...

Os Problemas da Democracia Liberal (V)

As Origens do Problema

Sabendo, através das reflexões clássicas de Platão e Aristóteles, Políbio e Cícero, Burke e Madison, da existência de uma utilidade concreta do regime democrático, é preciso compreender de que forma poderá esse regime ser virtuoso e justo.
Platão (em As Leis) e Aristóteles (em A Política) teorizam a sua utilidade num contexto de degenerescência da cultura, como tentativa de encontrar um denominador comum, uma "partilha mínima" da sociedade (daí que o critério efectivo de desempenho de um cargo público seja a liberdade). Para eles a democracia só poderá sobreviver com o auxílio de outras formas de governo (Platão), ou com uma subordinação completa à constituição, que se retrata como resquício e forma residual de um bem-comum espiritual perdido (Aristóteles).
A Democracia tem de se humilhar, para que não se torne um monstro ao serviço do despotismo da multidão.
Políbio assume a herança dos filósofos. Teoriza a estabilidade como um bem e a bene commixta (a constituição mista) como única forma de escapar à natural degeneração dos regimes e aos males dela derivados. Um sistema que englobe os três regimes poderá mais facilmente adaptar-se no tempo. O papel que a Democracia tem no seu esquema constitucional encontra funções preponderantes de controlo das multidões, ajudando os outros elementos (monárquico e aristocrático) a moderar a sua sede de Poder e a irrestrição de seus desejos.
Cícero prossegue este raciocínio, enquadrando-o na reflexão sobre as tradições de Roma e sobre o Direito Natural Estóico.
A Democracia prosseguiria mais ou menos sob estas premissas até o Renascimento e até ao apogeu renascentista que se encontra licensiosamente na Modernidade.

A Modernidade destrói esta concepção de Democracia controlada, tornando-a um mal irrestrito, uma sofista ditadura do poderoso, do verboso, do menos escrupuloso em vender o que é comum a preço de grossista.
O diagnóstico é traçado por Gianbattista Vico na sua Scienza Nuova. A degeneração espiritual das sociedades obedece a uma corrupção moral, a uma perda de domínio pelas suas elites, que perdem a capacidade de aplicar os padrões éticos formados na sua Idade de Ouro. Assim se procede à descrença da sociedade nos padrões éticos tradicionais e rapidamente à crença de que não existem padrões morais... Os exemplos de Atenas e Roma, e posteriormente o Europeu, são exemplos claros de uma decadência que é moral, movida pela inveja das classes inferiores, pela sua sede de direitos e posse.

Outro diagnóstico da Modernidade é o de Lord Halifax, que observa a desagregação espiritual da Inglaterra e prescreve o retorno à moral aristotélica. O Rei deve ser o foco de unidade, preservado como forma de manter o Poder tradicional e consequentemente a obediência. Ele deve ser o balanceador da Nação, ouvindo a voz do "desejo" do Povo, expressa pelo Parlamento (orgão consultivo do Rei) , mas vertendo a sua acção numa prudência que vise a "justiça".

Burke prosseguirá (claramente) esta reflexão. O seu diagnóstico da Modernidade é, precisamente, o apogeu da "ditadura da vontade", a sua irrestrição. A política que é baseada apenas na vontade, individual ou comum, está irremediavelmente condenada ao insucesso ou à bestialidade. A crítica a Rousseau é por demais evidente. Uma colectividade que se considera absolvida de moralidade e onde a vontade coincide automaticamente com a moralidade, estará a caminho do Terror Revolucionário de 1879.

Uma sociedade rousseuaniana (como a nossa) pode declarar (por maioria de 2/3) a morte de quem quer que seja (uma vez que os limites materiais de revisão constitucional estão a ser revistos!!! Suprema ironia!). O Império da Lei, que à boca cheia, os liberais modernos proclamam não passa de uma farsa. Que Império da Lei é esse, quando se pode modificar a lei a todo o momento, que se ri da Constituição marxista de 76 com hábeis (algumas, outras nem tanto!) interpretações legais? Que lei é essa que os tribunais aplicam, indiscriminadamente, seguindo o que consideram "o consenso generalizado do povo português"? Essa interpretação extensiva não passa da mais abjecta ditadura da mediocridade! Quem é um juíz para se considerar detentor da chave dos consensos do povo? Mais divertido ainda é encontrarem-se constitucionalistas (como o Prof. Miranda) a defenderem esta sensista interpretação da actividade jurisdicional, como se um avanço da civilização se tratasse!!! E se o consenso social fosse a propriedade comum das mulheres, ou a permissão do homicídio nas férias do Carnaval?!

Esta gente arroga-se de gente conservadora e defensora de moral.
Não há limites para a vergonha e a comédia de enganos em que vivemos.

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quinta-feira, setembro 23, 2004

Os Problemas da Democracia Liberal (IV)

Uma das maiores tontices da Modernidade é o liberalismo. Não me refiro ao liberalismo de Halifax ou Burke, nem a compreensao técnica de que um sistema económico não intervencionista obtém maior crescimento económico que um sistema altamente centralizado.
Refiro-me essencialmente a todos os que vêem na Liberdade um fim último da Comunidade Política. Refiro-me a todos os libertários que reduzem a acção política a uma mera questão de esferas de soberania individual, à dotação destes de direitos de propriedade sobre tudo o que com eles se relaciona (incluindo os nascituros, a vida).
Refiro-me àqueles que consideram que a vida pública é a regulação de um conjunto de indivíduos autónomos entre si. Um país com 900 anos de história não poderá ser apenas isso. Tem forçosamente de ser uma unidade espiritual.

Fosse a liberdade o fim último da comunidade política e a desregulamentação seria um bem intrínseco. A eliminação do Código da Estrada seria, certamente, um bem. Poder-se-ão considerar os países com menor legislação mais livres?
O aforisma faz ressoar a problemática de Burke. Que liberdade é essa que apenas se centra na autonomia? Que bem é esse que encontra a felicidade no ensimesmamento?
O Paraíso Libertário encontraria nos seus cidadãos nenhum tipo de partilha. O conjunto de expressões reais do Eu geraria tantas linguagens quanto indivíduos (como se o Eu não fosse essencialmente inter-relacional) e uma aridez cultural semelhante à loucura (concepção individual incompreensível e desprovida de correlação com a narrativa da existência individual).
A Liberdade como autonomia é um fenómeno incompreensível (para esclarecer a temática de Isaiah Berlin escreverei um post posterior).

Para além desse telos politico vazio que é a liberdade, há ainda que referir sobre o valor intrínseco da pluralidade de opiniões na sociedade.
Na sociedade liberal ideal considerar-se-á um bem "em si mesmo" a existência de uma pluralidade de ideias?
Será uma sociedade mais rica por englobar comunistas e trotskistas, democratas e autoritários, religiões de todos os quadrantes?
Fosse o Estado Liberal um Estado absolutamente libertário e consideraria que um professor de uma escola pública ensinasse as teorias de Lombroso perfeitamente aceitável.
Porque é que o Estado Liberal Democrático exclui este ideário do seu ensino?
Há quem afirme que um professor que ensine tais teorias deve ser banido.
Uns porque aceitam que o Estado seja a ditadura das maiorias (ai deles quando caírem em desgraça aos olhos do Povo), outros porque acham que o ensino livre deve incluir todo o tipo de teorias! Neste último caso defendem que se deveria demonstrar os erros de todas as teorias leccionadas.
Esta ideia, defendida pelo Sistema Educativo Português da actualidade, esquece-se porém de demonstrar os buracos de algumas teorias que toma por dogma. O Evolucionismo é leccionado nas escolas como dogma (e não com a dúvida metódica de qualquer academia). "O Homem descende do macaco" e o "Esquilo Voador descende do Esquilo Comum".
Esquecem-se de referir que não existe nenhum vestígio arqueológico do Big Foot (elo entre o Homem e o Macaco, que permanece uma fantasista recreação dos mitos do Ieti e do Sasquatch), ou de que para o Esquilo Voador adquirir essa capacidade não lhe bastou ter a necessidade de se adaptar ao meio-ambiente (também precisava agora de ir á casa-de-banho depressa e não é por isso que ganho asas e vôo até ao WC!!!!).

O Estado Liberal tem um ideário próprio, muito estúpido e incoerente, por sinal, mas refugia-se na concepção de que as suas leis são concepções abstractas e objectivas de protecção de direitos do indivíduo universal (igual em direitos por esse mundo fora).

Deve o Estado Liberal proteger a integridade do indivíduo pedófilo? No fim de contas é apenas uma expressão da sua individualidade... Se se toleram os desvios à norma relativos aos Homossexuais, porque não se há de permitir ao Indivíduo que perpetue essa cultura pedófila? Ele é apenas parte de uma minoria incompreendida... Porque não há de poder inculcar esses valores aos seus filhos?
Fosse apenas uma questão etária e de falta de responsabilidade dos menores e as queixas nos tribunais por raparigas que perdem a virgindade antes dos 16 anos, entupiriam os tribunais...´
Será apenas um comportamento que se desvia da norma? Se fôr, o Estado terá obrigação legal de o preservar da intromissão externa (a Constituição Europeia e a Carta Europeia dos Direitos Humanos teria de proteger os seus adeptos da discriminação a que estão sujeitos).

Nada está certo, nada está errado.
Como dizia Santana Lopes "as sociedades evoluem e eu não gosto de dogmas!". Será que se poderá referendar uma matéria como a pedofilia? No fundo é apenas dizer se a sociedade aceita ou não tal prática. Talvez depois se referende o direito à vida dos seguidores do nazismo, ou dos adeptos do Belenenses (fuja PG!!!!).

Como me disse uma vez alguém nos comentários aqui do Pasquim "O democratismo é um mal terrível... uma vez que defende que 50%+1= Verdade"!




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quarta-feira, setembro 22, 2004

Anacleto

Um dos blogues mais divertidos dos ultimos tempos e o Anacleto. Uma interessante parodia da esquerda que temos. Na linha de outros blogues, como o Barnabe e o Anti-Direita, e uma barrigada de riso, com a diferença que o primeiro e um humor autoconsciente...

Noutro e num mesmo plano, ja repararam na semelhança gritante entre Enver Hoxha e Poncio Monteiro?!
Vao ao Anacleto e confiram...

Os Problemas da Democracia Liberal (III)

A divinizaçao da posse e uma das mais nefastas consequencias do liberalismo. Toda a cultura de direitos humanos moderna se baseia na posse e em direitos de propriedade. Um dos grandes pensadores do liberalismo do sec.XX F.A. von Hayek (sobre influencia do superior Edmund Burke) denotou bem a perigosidade dessa cultura de exigencias abstratas de posse, completamente descontextualizadas da realidade das sociedades! De que forma se podera garantir a todos os Homens o direito a vida, a propriedade, a ferias remuneradas. Podera ter o abominavel Ieti direito a ferias? A quem cabe pagar a educaçao dos filhos do abominavel Ieti? Toda essa cultura de direitos desligados da realidade social converge em espectativas irrealistas em relaçao ao Estado, a ideia de que se nao tenho emprego e o Estado a quem compete empregar-me, a ideia de que servir o individuo e o objectivo do Estado.


A posse adquire ainda maiores contornos de obsessao, quando se transforma num regime de mera protecçao das esferas individuais (como ja vimos a proposito dos conceitos de liberdade berlinianos). Aqui a moral subjacente e a autonomia pura dos individuos (sobre influencia directa de Locke e Kant). A comunidade politica vive apenas da determinaçao de esferas individuais e da preservaçao desses direitos individuais.Este exacerbar da autonomia, da vontade e da propriedade resulta numa moralidade (descrita por MacIntyre como "a trivialidade etica") em que cada um faz o que quer, desde que nao atravesse as barreiras dos outros individuos.
Tomemos como exemplo a questao do homicidio por mutuo acordo, ocorrido na Alemanha.
De que modo se podera punir, seguindo o raciocinio autonomista-individualista-relativista um homem que mata, com o consentimento da vitima, num ritual sexual e se vai alimentando dos orgaos (tambem com consentimento) como forma de obtençao de prazer sexual?
Muitos dirao que se trata de loucura, mas o que e em Democracia a loucura, senao uma perspectiva minoritaria? MacIntire no seu classico After Virte demonstra bem a natureza do problema e da incapacidade da psicologia moderna em resolver a problematica e definir patologias objectivamente.
Outros, mais sabios por certo, dirao que uma sociedade nao pode sofrer tal degradaçao moral (que ja se observa no sadismo dos programas de tv que exploram o grotesco e o arrepiante, a miseria e a degradaçao a troco de dinheiro), que uma sociedade assim nao caminha para a felicidade, mas para a sua desagregaçao total, pela eliminaçao dos fundamentos que permitiram a sua existencia! Ninguem duvide que uma sociedade onde se estivesse em constante desconfiança sobre os propositos dos semelhantes e incapaz de funcionar e sera destruida pelos mais aptos a existencia.
Essa tradiçao de pensamento, uma das mais importantes linhas teoricas da nossa existencia, chama-se jusnaturalismo classico e defende a objectividade da felicidade humana e da governaçao como forma nao-subjectiva de boa existencia (por exemplo, o pequeno furto nunca poderia numa sociedade moderna ser punido com a pena de morte, uma vez que tornaria o sistema judicial uma fonte de incriminaçoes e de medo, que o tornariam um instrumento de vingança e cobiça impossiveis de cumprir os seus objectivos.

Ha, de facto, no governo, na moral e na vida, coisas boas e coisas mas, independentemente do que os modernos nos queiram fazer acreditar.

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terça-feira, setembro 21, 2004

Os Problemas da Democracia Liberal (II)

No Livro I da Politica, como em toda a sua obra pratica, Aristoteles reflecte sobre a natureza da cidade. A construçao da cidade platonica e pelo Estagirita prosseguida de forma mais praxiologica e menos rigida. Se para Platao a polis e uma unidade de ordem no caminho do bem, atraves da virtude da justiça, em Aristoteles a unidade e a partilha espiritual no sentido do bem atingivel pelo homem, ou seja, a felicidade.
Qual a diferença entao para o estado-social-liberal que encontramos na Europa do seculo XX, uma vez que todos apontam para a felicidade das populaçoes?
Encontramos em primeiro lugar o esvaziamento quase completo do conceito de felicidade. A reduçao realizada pelo liberalismo lockeano, identificando o proposito do estado como manutençao do conjunto de direitos de propriedade, veio a sentir-se nos seculos seguintes. A felicidade politica adquiriu um pendor meramente materialista nos seus varios subprodutos: o individualismo americano (ser feliz e uma questao de objectivos individuais inquestionaveis), o utilitarismo britanico (ser feliz e obter mera resposta positiva aos meus apetites e desejos), o marxismo (ser feliz e obter o que que necessito quando e onde necessito), no relativismo etico (e fazer o que me apetecer sem ter por isso de responder a ninguem, nem sequer a mim proprio).
Desta forma se desarticulou a ideia de um conjunto de pressupostos que conduzem a pertença.
O Estado e um mero municiador de inputs. E esse o objectivo do Estado neutro (sumo disparate da doutrina liberal), que se escuda nos pareceres e estudos da sua elite tecnocratica para assim parecer (bem patente pelas assertivas proclamaçoes de Durao Barroso em campanha para as legislativas "isso e sucata ideologica" ou "o nosso governo e o governo das pessoas, que pretende resolver os problemas concretos das pessoas". Que problemas sao legitimos ou ilegitimos de resolver?)!
E gritante a tentativa cretina de transformar o Estado num "provider" de emoçoes baratas ou de fundos para a sua obtençao... Tudo porque este Estado nao sindica opinioes e posiçoes!!!! Esse Estado democratico esqueceu que tem necessidades, que tem necessidade de se preservar! Um dia acordara sem ter quem o servir, por nao ter promovido as suas virtudes civicas, o realismo dos anseios, ou pelo menos uma moral de Estado...
Sera licito, ou pelo menos desejavel, que cada um obtenha o que deseja? Sera esse o sentido da coisa publica?

E isto aplica-se a liberais e socialistas... Tanto a doutrina de Hayek e Schumpeter, como a de Marx e Lenine reconhece a autonomia do individuo em criar as suas proprias escalas de valores, como estas se encontrassem desligadas do politico e do social, do historico e do logico!

A moral liberal entra entao na suprema locura, postulando (como Berlin o fez) uma liberdade autonomica e perfeitamente independente dos factores politicos, esquecendo-se que essas liberdades (cada um fazer o que quer na sua esfera de influencia) estao dependentes de um conjunto de obrigaçoes e restriçoes. Que direito a liberdade deveria ter um manifestante da Al-Qaeda nos EUA? Contudo, se este o quiser fazer tem direito constitucional a essa expressao das suas opinioes. Se isto nao e manifestamente auto-destrutivo...
Que liberdade e essa que defende o seu opositor? E uma moral incompreensivel e fruto de sociedades que promovem a divisao e a duvida como nova religiao (veja-se o conjunto de apelos para maior democracia de proximidade e democracia directa)!

Resta prosseguir a reflexao aristotelica. Tantos vinculos materiais e tao poucos vinculos espirituais... Sera que somos uma comunidade politica ou uma associaçao de individuos? Sera que nao nos consideramos todos soberanos e o nosso Estado nao sera apenas uma aliança? Havera ainda Portugal?

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segunda-feira, setembro 20, 2004

Os Problemas da Democracia Liberal (I)

A democracia, em estado liberal como hoje a encontramos por estas partes do mundo, afastou-se da sua raiz virtuosa e classica. O problema nao e novo, uma vez que ja Aristoteles no Livro V da Politica se preocupava com semelhante problema, a degenerescencia da Politeia (o regime constitucional participado por todos) numa Democracia (regime de todos onde nao existe supremacia do Bem, apenas perspectivas individuais). O problema ganhou contornos de tal gravidade que o termo pejorativo Democracia, ganhou hoje um sentido quase religioso e legitimador da acçao humana. Alguem que mata pela Democracia, mata legitimamente, porque e o novo crusado, a mao com que a Suma Democracia e Direitos Humanos kantianos exercem a sua missao civilizadora. Nesta substituiçao de Deus pela Democracia se encontra grande parte do meu escarnio pela democracia... Sobretudo porque ela e defendida por ateus e agnosticos, gente que se considera acima da problematica religiosa, como se o mundo comportasse acçao coerente sem metafisica!

A Separaçao da Democracia Classica e Moderna

Se a democracia classica, Grecia, Roma, Respublica Christiana, Estados Cristaos Medievais, comportava e em muitos casos exacerbava a participaçao popular no dominio politico, ha que compreender as razoes que conduziram a democracia moderna a despreza-la e a considera-la apenas antecamara, e nao influencia directa, da sua existencia.
A diferença essencial prende-se com a possessividade individual da democracia.
Se na democracia medieval, p.ex., a participaçao e brasonada (como Burke diria sobre a Constituiçao Historica Britanica), e resultado de serviços e participaçoes na causa publica, e por isso e organica, fundada sobretudo nas instituiçoes que forneceram esse serviço, na democracia moderna a participaçao e demagogica, pois que a sua universalidade provem de uma "venda" de direitos a troco de participaçoes em causas particulares.
Confrontam-se assim dois tipos de cidadania, uma classica baseada na capacidade de servir a causa publica e outra em direitos abstratos, fundada na posse.
Podera um pais subordinar a sua acçao e o dominio da causa comum a uma multidao impreparada e sem virtude?
Numa cidadania em que o voto e um direito abstracto, uma consequencia de mera existencia ou pertença a sociedade, o regime e um fim em si mesmo... O regime e superior aos proprios cidadaos, e as consequencias que dele advem!
Imaginemos um referendo para acabar com os impostos em Portugal... O caos que dai resultaria poderia ser prejudicial e inenarravel, mas para o democratista, esta decisao do colectivo e superior a qualquer outra acçao politica, pois a polis e propriedade dos cidadaos.
Se observarmos, contudo, o pensamento pre-moderno europeu concluimos que esta e uma novidade moderna. O regime e um elemento funcional que visa o bem politico das populaçoes.
Por esse facto coexistiram na epoca medieval Reinos, Aristocracias e Democracias, muitas vezes num mesmo local. A importancia do regime era apenas a manutençao do maior bem possivel, da moral e dos costumes particulares, da felicidade completa do Povo.
As diferenças entre as sociedades com regimes-meio e regimes-fim sao por demais evidentes e analogas ao problema dos direitos universais abstratos.
Com a posse do Estado pelos cidadaos, sujeita as suas razoes privadas, o cidadao dispoe segundo a convergencia de vontades da coisa publica (pode, por mais nefando que seja, destruir o sistema fiscal, e destruir a sociedade porque ela e sua!). No Estado que tem o cidadao como destinatario e nao como possuidor, os direitos sao relativos a capacidade demonstrada de exercicio social, os direitos sao os que sao possiveis no quadro circunstancial.
Numa sociedade como a anterior seria sempre repreensivel o leilao que observamos no periodo pre-eleitoral, onde se trocam votos por pensoes, reformas, PPRE´s, aumento de salarios, que fazem o Estado refem de clientelas eleitorais e que nas sociedades deformadas como as nossas e considerado por muitos como expediente normal da politica.
E entao escolher um Estado para venda e outro para o Bem Comum.

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Uma dedicatoria para os posts seguintes

Carissimo Buiça,

O agradecimento do Homem para com a sua Polis deve vir sempre em forma de libertaçao (ja la dizia a Alegoria da Caverna). O meu agradecimento para consigo e uma tentativa de o libertar de seus erros, transformando-o num contrarevolucionario de linha dura...
Abraço a empresa conscio das dificuldades que me sao colocadas pela sua vontade liberal e romantica, pela compreensao de que o mundo e mais facil para quem partilha das suas ideias, pelas dificuldades de criar um pensamento logico e consciente longe dos positivismos e materialismos que povoam (ou desertam) os nossos dias.
Ainda que no fim nao partilhe a minha visao, ficara pelo menos, mais seguro nas suas convicçoes.

Pela sua dedicada leitura e por ter sido dos primeiros a visitar o meu blogue que lhe dedico os seguintes posts,

O Corcunda, O Educador Nacional do seculo XXI

sexta-feira, setembro 17, 2004

O Geraldo Sem Pavor

Ja veio das merecidas ferias o Geraldo Sem-Pavor. Um blogue Eborense e Lusitano (calma Caturo, nao e a estirpe etnica, e do Lusitano Ginasio Clube), anti-esquerdista e monarquico, embora um bocadinho democratista demais.
O ex-Manuelinho continua na sua conversao dos colegas bloquistas, herculea tarefa que merece o nosso respeito ("essa gente digna de caridade e de um pouco de educaçao, se possivel").

Um abraço ao Geraldo e a malta toda do Quiz

Blogues de Admiraçao

Quando criei o meu blogue tinha como objectivos primoriais o prolongamento das minhas reflexoes politicas e a poupança de algum papel. Fiquei a saber da durabilidade do blogue, da maneira como se organiza automaticamente tudo o que se escreve, mas fiquei sobretudo a saber que a net não era completamente desprovida de interesse.
No meio de todo o lixo, no meio de tanta coisa que apenas interessa a quem escreve, tive a sorte de encontrar alguns paraisos.
Mais ou menos por acaso (já não me lembro como!) entrei num blogue que ostentava a Cruz de Cristo, o simbolo genetico da identidade portuguesa. O Ultimo Reduto era actual e actualizado, coerente e pessoal, nacionalista e tradicionalista renovado. Um blogue que há de chegar a ser antigo. Acreditei pela primeira vez que isto dos blogues poderia ter interesse!
Foi atraves dos links do Ultimo Reduto que viajei ate ao Casa de Sarto. Encontrei ai as reflexoes tradicionalistas de JSarto e Rafael Castela Santos. A oposiçao ferrea contra os icones da Modernidade, contra a liberal confusao encapotada, a proposiçao da soluçao catolica tradicionalista ao estilo donosiano.
Dai contactei com o Sexo dos Anjos, um dos mais antigos e visitados blogues portugueses. Reaccionario como tudo, intransigente da inteligencia, teve ate a graciosidade de me dedicar alguns links e posts muito “chouans”.
Foi pelos textos de Antonio Jose de Brito que comecei a visitar o Fascismo em Rede. Assim que eliminei o elemento de iconoclastia mental, de unidade de nacionalistas muitas vezes antiteticos, tornei-me leitor assiduo e admirador. Nas poucas reflexoes do Camisanegra, mas tambem nos artigos com que nos brinda, encontramos a face gentil e inteligente da resposta do seculo XX a Modernidade, que por comodidade apelida de fascismo. Encontramos a agudeza que tanto falta ao nacionalismo de hoje e a prudencia de encontrar acolitos nos diversos quadrantes do movimento. A pratica em serviço da teoria.

Escrevo estas linhas como infima parte de um agradecimento. Como a pequenina parte de uma retribuiçao impossivel. Pela inspiraçao e pela motivaçao dos comentarios, pelos vossos posts dos ultimos tempos, que me honraram pela sinceridade e me envaideceram pelo reconhecimento…

Um enorme agradecimento

P.S.- Para o Buiça segue outro texto dentro de momentos.

quinta-feira, setembro 16, 2004

Oh meu, não percebeste mesmo nada!

Há tempos li um texto de Joao Pereira Coutinho que abordava a Europa e a forma como se formou o nazismo e os extremismos nacionalistas (colocando tudo no mesmo saco).
Para alem de evidentes problemas da sua interpretaçao, como a identificaçao do iluminismo com um fito platonico (vai la ler o Rationalism in Politics do Oakeshott, de que gostas tanto e ve se ele diz o mesmo…) e de alguns problemas sintaticos, ficou esta reflexao:

“E, escusado será dizer, a ideia de “singularidade cultural”, defendida por Herder em oposição ao universalismo iluminista, resvalou rapidamente para o ódio racial e para o nacionalismo extremo – uma bela dieta que o jovem Adolfo acabaria por ministrar à Humanidade.”

Conhecesse a obra de Herder e saberia não existir nele qualquer racialismo. Herder defendia acerrimamente os Judeus Germanicos, de lingua yidish, pelo facto de esta ser uma evoluçao germanica da lingua semita… Considerava os um dos mais nobres e importantes povos germanicos.
Pior ainda, não compreendeu o nazismo (ou seja, tem de voltar a fazer Historia do Pensamento Politico III) e a sua rejeiçao do nacionalismo. E facil compreender que esta confusao beneficia os inimigos do nacionalismo.
O nazismo faz um apelo a raça e não a naçao.
E facil compreender o que digo atraves da iconografia e vexilogia nazi. A suastica não e um simbolo nacionalista. Nas bandeiras e estandartes do Reich a Aguia Imperial Alema segura a suastica. O Imperio e apenas portador da Nova Ordem, do Homem Novo que matou Deus e a moral, que se sujeita apenas ao sangue e a raça, personificados no Fuhrer.

“Quem e simplista não e digno de se ocupar daquilo que não e simples”…

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quarta-feira, setembro 15, 2004

A Inversao

Os famosos bloquistas da ONU fizeram a sua avaliaçao da pobreza em Portugal. O que mais os alarmou foi o aumento de sem-abrigo. O aumento deveu-se ao surto de imigraçao ilegal, em particular de romenos… Como de costume o Governo e o Pais foram responsabilizados pelo problema, e não os que desrespeitam as leis de imigraçao do pais!
E a inversao habitual dos tempos modernos. Se a mae e incapaz paga o feto, se o desejo e mau destroi-se a moral, se não estou satisfeito… exijo!
Os portugueses que paguem a crise do Leste…

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O Concelho Positivista

No ultimo Conselho Europeu discutiu-se um assunto fundamental para a sobrevivencia da Europa. A discussao, aparentemente caricaturada pelos jornalistas presentes, acerca do correcto pronunciamento do nome da unidade monetaria europeia, reveste-se de uma importancia subliminar.
Considerando existir uma correcta forma Europeia de dizer EURO o CE mostrou-se favoravel a formaçao de uma linguagem europeia. Curioso tambem o facto de ninguem se ter insurgido contra esta sandice totalitaria. Porque razao há de haver uma lingua europeia? Porque razao se há de inventar uma pronuncia europeia? Sera que esta na forja um esperanto europeu?
Nenhum dos presentes recusou a discussao. Nenhum dos presentes defendeu a multiculturalidade e pluralidade da UE (que so se afirma em relaçao aos islamicos, aos homossexuais e aos imigrantes africanos).
A influencia do positivismo socialista das decadas de 60, 70 e 80 e evidente! A pratica e o economicismo sobrepoe-se a riqueza das pronuncias, a verdade intrinseca da lingua, a tradiçao das suas culturas. A “racionalidade economica” liberal da produtividade sobrepoe-se a qualquer demanda de verdade e justiça.
Quem tiver duvidas de que se pretende realizar um holocausto cultural na Europa…

quarta-feira, setembro 08, 2004

Aprofundando…

Em Portugal criou-se apos a transiçao espanhola a ideia de que a monarquia poderia ter sido uma soluçao para a liberalizaçao do regime. Foi criada a ideia de que era possivel uma monarquia que convivesse com o Comunismo e o Esquerdismo Revolucionario, como a que existiu em Espanha, quando sabemos que a grande parte dos monarquicos de entao eram fervorosos anti-comunistas, que so nos anos 70 e 80 foram convertidos aos disparates pluralistas e democratistas vigentes, embora em geral fossem mais liberais que os ultras do EN.
A democracia não era vista com qualquer valor proprio, quer pela direita quer pela esquerda, mas apenas com uma moeda de troca com a Europa e os EUA. Quanto mais autonomia pretendessem dar a sociedade civil, mais probabilidades de sucesso teriam no Jogo de Poder das potencias mundiais. Ganhou quem mais cedeu, quem tinha menos principios, Mario Soares.
Poderiam os monarquicos ter cedido a tanto?
Deveriam os monarquicos ter cedido tanto?

Ter uma monarquia para ter uma republica com rei, como o foi no pos-1834, so tem valor residual, por trazer uma ideia (quase minima) de continuaçao historica da naçao.
O problema parece residir mais no que Castela Santos observou nos seus comentarios, no seguimento das teses de Vico, Burkhart, Voegelin e Moncada. A Modernidade e fruto de uma degenerescencia existencial e espiritual dos povos europeus, que interessa combater, e impossivel conter (como demonstra o exemplo de Salazar e Franco) sem um recrudescimento e um regresso do espirito (não apenas religioso…).
Donoso Cortes observou bem a natureza do problema no Ensayo, ao identificar e estabelecer a analogia entre as formas de governo e as formas religiosas.

Não acredito que Salazar tivesse tido oportunidade de restaurar a monarquia.
Primeiro porque ela não tinha capacidade, na altura, para ser democratica.
Segundo porque seria vista como filha do Estado Novo e destruida por um golpe esquerdista e democratista. Isto deve-se a incapacidade de resolver a questao colonial, que esta era a grande fonte de discordia entre Estado e Povo.
Terceiro porque o Povo já não tinha uma identificaçao com as praticas espirituais da monarquia portuguesa (não, não e ir a Igreja). Já não toma o Rei como representante da Ordem, do interesse da colectividade (ideia substituida pelas concepçoes privatistas da democracia relativista), da sua caminhada no tempo para alcançar a Virtude, simbolizada pela sua Cultura.

Assassinos de Crianças

No meio das discussoes sobre os tristes eventos de Berslan, ressoa uma frase que, por tao acriticamente aceite por todos, se torna quase imperativo colectivo das sociedades livres nesta luta contra o Terror: “Não negociamos com assassinos de crianças”.
A frase proferida por Putin, personagem turtuosa e sinistra, parece ter sido aclamada por todo o mundo, tendo particular eco nos Estados Unidos, seus aliados contra o Terror do Novo Islao.
Por certo que todos podemos concordar na impossibilidade de discussao com quem pratica estas atrocidades. Por certo que todos os portugueses se encontram chocados com o sucedido. E se os homens tem amizades e solidariedades resta saber porque e que elas não se projectam no tempo, formando principios de acçao, normas e leis.
Expliquemos o problema.

No dia 15 de Março de 1961 algumas dezenas de portugueses (das quais grande numero era composto por crianças) foram mortas “a catanada” num territorio de soberania portuguesa. Num territorio sem qualquer tipo de duvidas relativas a sua pertença historica e juridica, num territorio que era seu há 500 anos. O Presidente do Conselho de Ministros da epoca proferiu palavras de mobilizaçao geral para essa defesa da legalidade “Rapidamente e em Força!”. O objectivo não visava a Guerra (pois esta em boa verdade nunca existiu!), mas uma restauraçao e aplicaçao da lei portuguesa num de seus territorios (reconhecidos internacionalmente), ou seja, uma aplicaçao de um acto administrativo, como mais tarde diria inteligentemente Marcello Caetano.
A Portugal, pais ocidental, membro da EFTA e da NATO, nao foi permitido defender-se. Os bloqueios da comunidade internacional, os vergonhosos virar-costas dos seus supostos aliados, a ideologia terceiro-mundista (com o seu pacifismo e nacionalismos jogados ao sabor de interesses momentaneos), todos serviram para dar a ideia da nossa patria como agressora.
Pior ainda e a vitoria dessa vergonhosa ideia na nossa propria casa. Quem (como dizia bem o Prof. Rui Ramos nas suas cronicas n´O Independente) poderia fazer diferente do que Salazar fez? Se fosse Mario Soares o PdC nos alvores do terrorismo na Africa Portuguesa poderia ter feito algo diferente da protecçao de pessoas e bens que e conhecida hoje por Guerra Colonial?
No entanto continua a perpetuar-se a ideia de Salazar “inimigo do preto”. Continua a ignorar-se que nas FAP havia muito mais pretos do que em todas as forças terroristas em actuaçao no Imperio Portugues!

O Homem so se pode compreender na Historia. Olhando para as nossas solidariedades de hoje, não deveriamos tentar compreende-las, formar leis morais que nos permitam peneirar o mundo no “certo e errado”?
Porque e que hoje choramos os russos, quando deveriamos chorar por nos?
Porque e que hoje e impossivel o dialogo com os terroristas e há quarenta anos era uma obrigaçao?
Porque e que os que hoje combatem o terrorismo nos viraram as costas?
Porque e que ninguem levanta estas questoes?

So atraves da reposiçao da verdade podemos não ter responsabilidade nesses tristes eventos e morticinios que se seguiram.

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Os maus! Tentavam manter a legalidade, uma ideia de um Portugal soberano, livre, independente! Que bandidos...


Os Bons! Matavam a catana enquanto entoavam "UPA, UPA, mata branco!" Ate para isso precisavam de usar a lingua portuguesa...

terça-feira, setembro 07, 2004

Monarquicos porque Patriotas

O aforisma de Antonio de Sardinha, que revela em grande medida a concepçao chave do Integralismo Lusitano, e bem reveladora de algumas ideias sobre a Monarquia e o Estado Novo, aqui defendidas há pouco.
Salazar compreendeu-se sempre como anti-liberal (apesar de, em muitos aspectos, ter sido forçado a se-lo), como opositor a degenerescencia da moral crista de que a Modernidade foi portadora. Soube sempre em que pais e em que circunstancias historicas se movia. Compreendeu sempre a sua acçao na medida da “coragem do possivel”. Por esse facto se elevou politicamente numa epoca em que os espectro era todo ele idealismo imprudente. Por isso soube sempre que se governasse noutro tempo (“fosse eu primeiro-ministro de um governo absoluto…”), ou noutro local (“governasse eu a Inglaterra e obra bem diferente haveria realizado…”), a sua obra poderia ter um cunho mais moral, melhores repercussoes, mais “Bem”. O circunstancialismo torna-se primordial.
De que modo se pode compreender entao que o Ditador não houvesse libertado o seu povo da tirania republicana?
Mais importante para Salazar, como para qualquer homem livre dos pantanos da Modernidade, e o bem da sua sociedade (neste caso uma sociedade com uma historia, uma tradiçao, uma moral, conjunto a que chamamos Naçao). De que modo se poderia perpetuar uma sociedade e essa cultura com uma instabilidade na forma de governo ao estilo da 1ª Republica?
Realce-se o facto de que durante esta epoca o Monarquismo e considerado pelos portugueses como uma forma extrema de regime! Restaurar a Monarquia Portuguesa poderia significar a perda de apoio de sectores moderados e dos habituais poderes instalados, o que poderia resultar na vitoria de um golpe esquerdista…
A sucessao monarquica ao Estado Novo so pode ser encarada como ideia credivel depois da transiçao espanhola. So a partir dai se começou a ver a monarquia nas formas peninsulares a adquirir tons democraticos e pluralistas (sobretudo no olhar do povo).
Da mesma maneira que Salazar não teve frutos na sua sucessao, o prudente Franco tambem não os teve. A monarquia no caso espanhol tornou-se uma mera alegoria dos tempos passados e o estado moral da Espanha dos Bourbons e bem descrito pelas fieis cronicas de Rafael Castela Santos.
Que soluçoes para uma monarquia verdadeira nos nossos dias?

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sexta-feira, setembro 03, 2004

A Traineira

Vou ficar rico!
Já adquiri uma traineira e vou fazer duas viagens… Uma a Madeira e outra as Filipinas! Ai carregarei a minha mercadoria, crianças para praticas pedofilas. Depois fica ali ao largo, a espera de barcaças que venham fazer o que quiserem.
Depois digo que não vou fazer qualquer pratica criminosa e peço para entrar num pais de modo a, com democraticas acçoes de sensibilizaçao, arranjar mercado para o meu negocio. Ainda que este seja incitamento a uma pratica criminosa!
Depois digo que não há democracia e que e um direito humano escolher a expressao propria da sua sexualidade.
E pronto.
Não estarao os pedofilos a ser vitimas das mentalidades retrogradas da sociedade! Deem liberdade aos pedofilos. A escolha e deles! Sejam Pro-choice!

A Comodidade

Ninguem e obrigado a fazer um aborto. Pode por a criança ao abrigo do Estado! Não há orfanatos em Portugal?! Encontramos na sociedade um conjunto de psicopatas infelizes, “os orfaos e enjeitados” que sejam criminosos e foco de instabilidade?! As mulheres abortam por comodidade… Porque não querem ser mal-vistas pelos vizinhos como mulheres de ma conduta! Em todos os casos e uma preocupaçao do eu! E um acto egoista…

A Questao

A unica questao que e passivel de discussao e a do inicio da vida humana. Uma sociedade tem de escolher entre a provisoriedade do conhecimento cientifico e o seu conhecimento tradicional.
Haja vida humana a partir da concepçao e qualquer interrupçao voluntaria sera homicidio, a não ser que se considere um filho como um parasita, um ponto de vista individualista e perfeitamente descabido numa sociedade em que se quer observar a maternidade como situaçao desejavel.
O Problema e a incapacidade da ciencia em fornecer um momento seguro de formaçao da vida humana! A ciencia so pode analisar! A ciencia pode dizer que a formaçao cerebral e as X semanas, que a formaçao do organismo se da a semana Y, que a formaçao da coluna dorsal se da na semana Z. Não pode e dizer o que e a vida!
Pelo menos esta ciencia positivista não o consegue fazer!
E esta a única discussao que admito sobre esta materia. Aceitar-se que se pode sacrificar a vida de um pelo bem-estar de outro e uma abjecçao e o primeiro passo para uma sociedade disposta a matar os improdutivos, os infra-humanos da sociedade capitalista, a viver num futuro "Soylent Green".

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Utilidades

Segundo noticiou há tempos o Noticiario das 10 da Globo, o Governo Britanico prepara-se para apresentar uma lei de legalizaçao da manipulaçao genetica de embrioes. A lei destina-se a “programar” o codigo dos futuros bebes, de modo a que possam servir de dadores aos irmaos que padecem de doenças graves e carecem de transplantes.
Inacreditavel mesmo e a justificaçao dada pelos responsaveis do processo, que alegam ser tao pequeno o numero de doentes passiveis de receber este tratamento, que a permissao não causa qualquer tipo de problema.

Já e triste que uma tecnologia tao primitiva como a genetica contemporanea (em que se identificou o genoma, mas ainda não se tem a minima ideia do que ele contem!) perigue a felicidade do Homem. Ainda mais triste e afirmar que se pode fazer o que se quiser, desde que não haja possibilidade de alastramento a generalidade do tecido social. O homicidio ou a violaçao deixariam de ser crimes quando não houvesse perigo de se tornarem um “mal social”. Uma agressao, por mais selvatica que fosse, so teria de ser entendida na repercussao contida na sociedade, nas repercussoes de que dispoe para o todo.

Já analisamos em pormenor aqui no Pasquim a forma como o utilitarismo e o socialismo estao ligados pelo laço da tecnica, pela forma como o seu “realissimum” e o social, onde tudo e avaliado segundo o ponto de vista do colectivo, pela forma amoral e mecanica como são avaliados os desejos do Homem, num calculo desumano de satisfaçao.
A ideia e basicamente essa. Sem moral, sem um conjunto de principios dos quais não abdicam, as sociedades refugiam-se no privatismo. A virtude e uma concepçao privada, a felicidade e uma mera satisfaçao resultante de “inputs”, a vida um entendimento pessoal e portanto referendavel (sendo o seu entendimento a mera soma de opinioes detida pelos seus membros!).

Dai a catastrofe e um pequeno passo ... O crime so existe quando a maioria o afirma. Os julgamentos poderiam ser abolidos e substituidos por referendos. A opiniao privada e os interesses sinistros facilmente se constituiriam como fundamento da sociedade.

E esse o Paraiso dos Bloquistas! Quando Louça afirmou que seria o Povo em Eleiçoes a julgar as ligaçoes perigosas do Governo com o sector privado era isso que pretendia…
Sera que uma derrota do Governo nas legislativas implicaria qualquer falta de honradez ou pratica criminosa dos seus membros?
So nessa utopia esquerdista.

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quinta-feira, setembro 02, 2004

O Pasquim da Reacção

Nem sempre as primeiras coisas vem primeiro. Neste caso não veio. Neste caso a explicação veio depois da acção. Esta e a explicação devida.Muitas vezes alertado e criticado pelo reaccionário titulo das linhas que aqui se publicam pareceu-me que se impõe uma reflexão sobre o que aqui se escreve e sobre a coerência das ideias que aqui se explanam.A acção fundamental, o fim desta intervenção escrita, e o combate contra as ideias-chavao dos nossos dias, em particular a generalidade dos lugares-comuns da Modernidade, doença geriatrica das sociedades, cancro que as corrói e degrada.

Nem sempre consonantes encontram duas formas de lidar com as variadas formas do liberalismo, a oposição e a contenção.Estas representam cerca de 50% das contradições contidas neste blogue. Muitas vezes se encontram perspectivas contraditórias que não o são em essência, mas que possuem essa aparência.Exemplo clamante do que afirmo e a minha admiração por António de Oliveira Salazar.Sendo eu monárquico, tradicionalista, novo-conservador, encontro nessa figura uma personalidade magnética, um pensamento coerente, o combate possível a Modernidade.Em Salazar a prudência aristotelica opôs-se sempre aos maquiavelismos. Os fins não são indiferentes, a prudência e sempre referente ao bem e não ao auto-interesse. Por isso a defesa de Portugal, da sua missão histórica, o seguimento da pista auto-interpretativa de uma pátria crista e a antítese da abstracção modernista da autonomia liberal, da redenção socialista.Salazar fez o que pode. Sabia que nos tempos que vivia o Mundo, Portugal só sobreviveria com estabilidade, com coesão. Esta era a ideia do 28 de Maio e foi a concepção central do Estado Novo. Por isso o Estado Novo tentou manter a moral portuguesa numa estrutura política estável. O republicanismo um inquestionável “status quo” apaziguador da questão monárquica, principal divisão dos portugueses no inicio do século.A luta anti-moderna de Salazar compreendia a necessidade de compromisso, a necessidade de uma paz negociada. A sua reacção era uma contenção. A sua contenção era a possível.Articular a acção com os princípios foi sempre o objectivo da “boa política” e da política de Salazar, opondo-se aos abstraccionismos modernos, a uniformização por ela comportada, a religião da técnica, a destruição da razão em detrimento das concepções privatistas da sociedade, defendendo o bem-comum como telos político e moral, a Nação Portuguesa como identidade portadora de responsabilidades e de uma narrativa colectiva que a permite compreender-se, as suas finalidades e principiologia, contra as abstracções universalistas e apocalípticas da Modernidade.

Compreendendo a necessidade da prudência na acção há que subordina-la aos valores. E ai vem Platão e Aristóteles e os seus discípulos… Aqui se faz a sua apologia!

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Outros tempos, outros homens.....

Como saudaçao ao Professor Salazar pelo seu blogue, fica aqui um texto que me foi enviado por um amigo. O texto e do Prof. Adriano Moreira...

"De vela ao cadáver de Salazar, fui-me lembrando de muitos acontecimentos relacionados com a vida pública da nossa terra, em que a sua presença foi dominante. E também de alguns relacionados apenas com o seu modo de ser, que marcou o estilo do governo e da administração, e o estilo de uma geração de dirigentes. Dos que o seguiram e dos que o combateram. Todos marcados, na sua intimidade mais funda, pelo homem e pela sua acção.Recordarei aqui duas imagens persistentes. Numa manhã de domingo, do ano de Angola Mártir, fui visitá-lo ao forte do Estoril. Como cheguei a pé, não tocaram a sineta que habitualmente chamava para abrirem os portões do caminho de acesso dos automóveis. Subi a breve escada que ali existe. Ao fundo do pátio, onde se encontra a capela, as portas desta estavam abertas. De frente para o altar, a sós com Deus, Salazar cuidava da toalha, e das flores e das velas. Pensei que não tinha o direito de surpreender esta intimidade. Regressei vagaroso pelo mesmo caminho. Pedi para tocarem a sineta. Quando voltei a subir a breve escada do pátio, já ele estava sentado na sua velha cadeira, mergulhado nos negócios do Estado.Era a imagem de um homem de fé segura, sabendo que haveria de prestar contas. A brevidade da vida iluminada pelos valores eternos. O poder ao serviço de uma ética que o antecede e transcende.Acrescento outra imagem desse tempo. Recordo os discursos, as notas, as entrevistas, as declarações em que sucessivamente definia a doutrina nacional de sempre para a crise da época. Tudo escrito pela sua mão. Mas depois, não obstante a urgência e a autoridade pessoal, tinha a humildade de chamar os colaboradores e, em conjunto, discutir, e emendar. A grandeza natural de quem pode aceitar dos outros, sendo sempre o primeiro.E assim foi exercendo o seu magistério. Com fé em Deus e recebendo agradecido os ensinamentos do povo. Porque nunca pretendeu sabedoria superior à de entender e executar o projecto nacional. E nunca quis mais do que amar até ao último detalhe a maneira portuguesa de estar no mundo, preservando e acrescentando a herança.0 ultramar foi a última das suas preocupações maiores. Como se, ao crescer em anos e diminuir em vida, quisesse guardar todas as energias para sublinhar a essência das coisas. Todos os cuidados para a trave mestra. Doendo-se por cada jovem sacrificado. Rezando, e esperando que o sacrifício fosse entendido e recompensado. De joelhos perante Deus e de pé diante dos homens. Humilde com o seu povo, orgulhoso perante o mundo.Assim viveu, acertando ou com erros, mas sempre autêntico. Com princípios. O único remédio conhecido contra a corrupção do poder. E muito principalmente quando se trata de um poder carismático, como era o seu caso. Um desses homens raros que a fadiga da propaganda não consegue multiplicar. Porque ou as vozes vêm do alto ou não existem. Não há processo de substituir o carisma. Por isso, também, essa luz, que tão raramente se acende, é toda absorvida pelo povo, o único herdeiro. Soma-se ao património geral. Inscreve-se no livro de todos. Pertence à História.Transforma-se em raiz. "

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Recomecemos entao!