quinta-feira, setembro 30, 2004

Malas Feitas e Bilhete na Mão

Quando voltar sei que tudo estará na mesma. As discussões abortistas, os grandes combatentes antifascistas (que preferiram ir para Paris e Argélia em vez de cumprir o seu dever), o povo confuso e amorfo, submisso a quem momentaneamente detém “a vara”, todos eles ca estarão. E eu também. Ate lá são uns mesinhos de afastamento do chão português.

Nunca mais vemos tudo resolvido. Este país já foi mais e agora é menos, quase nada.
Já nem a memória reconstruída nos serve de exemplo, porque é uma historia morta (já te conhecemos sem pulso) , que poderíamos reviver a cada passo que damos… mas não o fazemos.
Ao invés, inventamos novos ícones, imagens fugazes da tua grandeza, da tua essência, pequenas centelhas do teu esplendor. Confortáveis, nada exigem.
Mas não são as solas dos pés que a podem reviver. O mistério da transformação do chão em pátria e um mistério do espírito. Capacidade de pensar e obrigar. Capacidade de entender e realizar.

Só vens comigo porque és espírito. Porque és mais que chão —a carne dos países— e em estado de memória prevines o Erro. Es portátil apesar seres mundo. Só vens comigo porque houve quem não desistisse e eu não desisto de te pôr nas solas, em cada pensamento novo, na ponderação de cada decisão.

Como lembrava ontem um amigo “Os que desistem de lutar são indignos de viver, mas isso não se dirá de nós”.