quinta-feira, setembro 02, 2004

O Pasquim da Reacção

Nem sempre as primeiras coisas vem primeiro. Neste caso não veio. Neste caso a explicação veio depois da acção. Esta e a explicação devida.Muitas vezes alertado e criticado pelo reaccionário titulo das linhas que aqui se publicam pareceu-me que se impõe uma reflexão sobre o que aqui se escreve e sobre a coerência das ideias que aqui se explanam.A acção fundamental, o fim desta intervenção escrita, e o combate contra as ideias-chavao dos nossos dias, em particular a generalidade dos lugares-comuns da Modernidade, doença geriatrica das sociedades, cancro que as corrói e degrada.

Nem sempre consonantes encontram duas formas de lidar com as variadas formas do liberalismo, a oposição e a contenção.Estas representam cerca de 50% das contradições contidas neste blogue. Muitas vezes se encontram perspectivas contraditórias que não o são em essência, mas que possuem essa aparência.Exemplo clamante do que afirmo e a minha admiração por António de Oliveira Salazar.Sendo eu monárquico, tradicionalista, novo-conservador, encontro nessa figura uma personalidade magnética, um pensamento coerente, o combate possível a Modernidade.Em Salazar a prudência aristotelica opôs-se sempre aos maquiavelismos. Os fins não são indiferentes, a prudência e sempre referente ao bem e não ao auto-interesse. Por isso a defesa de Portugal, da sua missão histórica, o seguimento da pista auto-interpretativa de uma pátria crista e a antítese da abstracção modernista da autonomia liberal, da redenção socialista.Salazar fez o que pode. Sabia que nos tempos que vivia o Mundo, Portugal só sobreviveria com estabilidade, com coesão. Esta era a ideia do 28 de Maio e foi a concepção central do Estado Novo. Por isso o Estado Novo tentou manter a moral portuguesa numa estrutura política estável. O republicanismo um inquestionável “status quo” apaziguador da questão monárquica, principal divisão dos portugueses no inicio do século.A luta anti-moderna de Salazar compreendia a necessidade de compromisso, a necessidade de uma paz negociada. A sua reacção era uma contenção. A sua contenção era a possível.Articular a acção com os princípios foi sempre o objectivo da “boa política” e da política de Salazar, opondo-se aos abstraccionismos modernos, a uniformização por ela comportada, a religião da técnica, a destruição da razão em detrimento das concepções privatistas da sociedade, defendendo o bem-comum como telos político e moral, a Nação Portuguesa como identidade portadora de responsabilidades e de uma narrativa colectiva que a permite compreender-se, as suas finalidades e principiologia, contra as abstracções universalistas e apocalípticas da Modernidade.

Compreendendo a necessidade da prudência na acção há que subordina-la aos valores. E ai vem Platão e Aristóteles e os seus discípulos… Aqui se faz a sua apologia!

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