domingo, dezembro 05, 2004

O Futuro e os Mártires da Pedofilia

Há sempre muita gente a protestar contra a pedofilia. Faltam sobretudo soluções…
Não são soluções contra o crime. Existiu sempre crime… sempre existirá enquanto o Homem for Homem. Existirá sempre a necessidade de reprimir a Injustiça, de eliminar aquilo que impede a sociedade de ser melhor.

A solução que urge encontrar não é um antídoto para o desejo sexual de adultos por crianças. As evidências apontam para uma impossibilidade da eliminação desse problema, como de grande parte de males sociais (em última análise morais) da nossa sociedade. Mas a repressão do desejo não é a única forma de eliminar esses males.
Existe sempre a repressão. Como não se partilha a visão marxista ou freudista do Homem, em que a necessidade interior do Homem, escravo de suas paixões, está fácil de ver que esse é um caminho a ter sempre em conta. É uma das principais características do “domínio político”.

Outro caminho é a ascese individual. Gandhi, um dos heróis da nova religião internacionalista-positivista, defendia-o como parte de sua cultura. Pena que não tenha podido obedecer a essa eliminação do desejo e se tenha abandonado à carne de meninas de 10 anos… A ascese individual é um caminho por vezes turtuoso!
Mas como tudo é relativo…

O motivo desta divagação é uma tese de doutoramento que está na Universidade de Glasgow em aprovação e que está a levantar muita polémica.
Nela se afirma que os rapazes vítimas de práticas pedófilas têm prazer durante o acto criminoso.
Não questiono.
Muita gente se levantou a “defender as vítimas”, alegando que era mentira, que estas não obtinham qualquer tipo de prazer.
Perigosas defesas…

Digo que não questiono porque presumo que a tese está bem feita. Assumo que pode residir no método (através de entrevistas a pedófilos e a vítimas) alguma dúvida, mas até concedo ao autor o benefício da dúvida.

O problema reside no passo seguinte e que radica no tópico político-moral já aflorado.
O senhor Yuill, autor da tese, afirma que isto pode determinar que a idade da determinação sexual não deveria ser os 16 anos.
Dá um passo de gigante… De uma constatação da observação elabora logo implicações sociais. Não é difícil ver porquê! Uma sociedade onde a questão da pedofilia é feita, como observado anteriormente, na base da oposição entre prazer e dor (tanto pelo cientista, como dos supostos defensores das vítimas) transpõe todas as questões do domínio moral para o sensório. É óbvio que esta ideia de ciência positivista não é mais que o renascimento e a agregação moral dos erros do marxismo-freudismo e dos erros já originários de Weber, de uma ciência que nada pode responder. Só mesmo acrescentando ideologia (como faz o Senhor Yuill), poderá ele extrapolar as suas observações para o domínio social… é isso que o dito faz.

É esta ciência vazia que muitos (de direita ou esquerda) querem que seja o fundamento da sociedade. É nela que encontram a justificação errónea para as suas observações e estruturas políticas. Porque de uma ciência que não dá respostas (uma norma absolutamente vazia) resulta a deificação do impulso, de onde não poderá provir algo que não seja a subordinação absoluta a um Poder e a destruição da Justiça e dos seus princípios.

Junta-se a isto um Estado que se considera mera expressão da vontade das maiorias, que não vê certo ou errado, mas apenas uma expressão de vontades, e, é fácil observar que, assim que a maioria de pessoas for tomada por essa perspectiva amoral, esta irá ganhar contornos de aceitabilidade (diminuição ou destruição dos limites legais de determinação sexual). Nesses dias erguer-se-ão estátuas aos “oprimidos”, aos que foram reprimidos nos seus apetites sexuais, que nada fazem senão obedecer aos impulsos da natureza.

É necessário contra isto atirar a perspectiva de Justiça a que aludimos anteriormente, que não é demo-liberal, nem parcial, nem existencialista… Que não é nova e talvez por isso seja menos apelativa (não tem “luzinhas a piscar”, nem vontade de resolver o problema político de forma eterna).
Só com firmeza podemos combater essa ideia, impondo a “justa norma” à ditadura dos homens.

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