segunda-feira, outubro 11, 2004

Ao Liberal (como sempre sem acrimonia e com estima)

A afirmaçao de que preconizo um qualquer sistema totalitario (e que ate seria eventualmente homologo do Nacional-Socialismo!) e uma ofensa que me parece provir de uma não-compreensao da referida problematica na filosofia politica moderna.
Já aqui me referi bastas vezes a importancia de Edmund Burke (um autor de que o Buiça poderia vir a gostar e que muito influenciou F.A. von Hayek nas suas teorizaçoes sobre o mercado livre) e de Eric Voegelin na minha vida. Tivesse observado com atençao a obra de ambos e saberia que ambos se encontram profundamente marcados pela oposiçao ao Totalitarismo e ao Democratismo.
Podendo afirmar-se uma linha de continuidade evidente entre o deputado Whig e o Professor de Ciencia Politica, em ambos se observa uma gritante oposiçao ao conceito de perfeiçao na politica, que se vira a revelar p.ex. no Rationalism in Politics de Oakeshott (gosta deste, não gosta?), na oposiçao crista de Russell Kirk ao Marxismo e ate no conservadorismo de Reagan e Thatcher (se não gosta destes não gosta de ninguem!!!).
Os anti-modernos como eles e como eu não podem ser totalitarios, porque esse fenomeno e um sintoma da Modernidade, do avanço do Estado sobre todas as componentes da sociedade (destruiçao do organicismo tradicionalista, da sua multitude de fins e objectivos agregados num Summum Bonnum personificado na figura regia).
O problema do totalitarismo e a afirmaçao da completa existencia do Homem no dominio politico, já referido aqui no Pasquim, como observou Voegelin em “As Religioes Politicas”. A identificaçao da Verdade com as necessidades do Politico e o seu principal sintoma. A religiao ao serviço do Politico!

O Rei Luis XIV foi certamente poderoso, mas não podia dissolver os preceitos da sua instituiçao (nomeaçao do Rei, ordem de descendencia, fins da governaçao, destruir instituiçoes).
Os partidos do Bloco Central já reviram quantas vezes os “limites materiais de revisao” consagrados constitucionalmente?
Qual entao sera o poder mais invasivo e menos limitado?


Na mesma linha, e certamente por lapso, afirmou-se contra a existencia de soluçoes organicas idesmentiveis…
Por definiçao o organicismo opoe-se, na filosofia, na politica e ate mesmo na estetica, ao geometrismo, esse sim, preconizador do definido, do perfeito, do exacto.

Em boa verdade a democracia liberal tenta e ostenta ser esse “speculum mundi”, mas em boa verdade não o e! E um mundo onde so acede quem tem recursos! Não que isso seja mau em si! Nem todos devem ter capacidade de ditar as glorias do mundo! Mas o criterio não deve ser o dinheiro, ou a submissao a um conjunto de principios ditados pelo actual Imperio!

O Problema continua a residir no mesmo. Para o liberal o politico e o economico!
Esse e o seu pecado original!

Reitero as palavras de John Hallowell

“O Liberalismo Moderno não teve força para parar o despotismo em 1933, da mesma forma que agora não tem… é um convite ao suicídio!”

e de Eliseo Vivas

“Nenhum deweyano (ou democrata ndr) pode dar uma razão objectiva pela qual prefere democracia ao totalitarismo”.

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