quinta-feira, outubro 07, 2004

My Good Old Friend Henry

Já transferido para o alojamento dos graduados, onde presumia encontrar uma situação muito melhor que nas acomodações provisórias, tive oportunidade de ficar a conhecer na intimidade o Henry. O Henry tem olhos, nariz e boca, o que não seria particularmente interessante não fosse o caso de se tratar de um aspirador. Foi ele que me salvou das garras da imundície e por isso nunca o esquecerei.
Quando cheguei as acomodações que me estavam reservadas não consegui conter a minha desilusão. O quarto estava virado do avesso, cheio de cabelos, com lenços de papel sujos, poeira ate mais não. Avisaram-me de que os “scouts” estariam encarregues da limpeza do meu quarto e a eles me dirigi. Pediram muita desculpa, mas ainda não tinham tido tempo de realizar a sua função essencial. Quando chegaram ao meu quarto, olharam um para o outro como se eu fosse um picuinhas. Disserem que não demorava mais de dez minutos a limpar. Demoraram três minutos, cumpridos entre afagos ternos a imunda carpete de revestimento do insalubre local, e pausas por causa das “cruzes”.
Os papeis e outros dejectos permaneceram intocados, como vestais recordações de uma habitante que já não volta.

Não havia hipótese de permanecer no quarto naquele estado. Foi então que lancei mãos a obra! Se bem o pensei, melhor o fiz (sempre tinha querido escrever esta frase)!
Como português desenrascado que sou, comecei por gamar detergente e papel a essas criaturas inenarráveis e de trato impossível, os “scouts”. Depois, através de manhas e artifícios, consegui apoderar-me do VIAKAL, desinfectante de WC ultra-poderoso. So faltava mais um guerreiro-maravilha para completar o ataque a sujidade. Era o Henry! Os seus olhos ternos e o seu nariz longo, por onde sugou todo o tipo de javardices, são, para mim, símbolo da higiene e da eficácia britânicas. Consegui desvia-lo para a minha posse e ai passamos toda a manha a combater o mal, encarnado na forma de detritos. Foram horas de combate por um lugar onde simplesmente pudesse viver!

O quarto ficou “num brinquinho”, graças aos meus dotes domésticos e ao aspirador de formas elefantinas, que ostentava em “garrafais” o nome que lhe foi dado na fabrica do Worcestershire!