Das Sinteses
São tristes, porque efemeras, as instituiçoes que se formam contra algo. Sabemo-lo da politiologia que, o grupo que esta contra algo se esvai e dissolve, com o desaparecimento do objecto antagonico.
E verdade no caso das associaçoes civicas, dos grupos de interesses, dos paises.
As experiencias de paises “fabricados” por oposiçao a algo foram a tragedia do seculo XX, sobretudo nos momentos da sua dissoluçao.
Há porem quem pareça não ter aprendido as liçoes do passado e queira regredir as manipulatorias experiencias de paises artificiais na Europa. E o caso da formaçao de uma abjecta comunidade existencial (como fonte de lei e Poder autonoma, ou seja, soberania) no espaço da UE.
A necessidade de “inventar” tal espaço cultural em terreno tao rico e diversificado (Portugal não e o Wisconsin!), tem levado a que a Eurocracia se tenha pretendido afirmar, na ausencia de melhor, como um espaço “ANTI”.
Ultimamente tem andado muito ocupados, sobretudo em França (de certeza que e por acaso!!!) a criar uma Identidade Comum (recorrendo aos erros habituais das pan-interpretaçoes da Humanidade, como os racialismos, os marxismos historicos e outras manigancias similares).
Por isso o Islao surge como um ponto de coesao, atraves do medo. Essa ameaça e, segundo dizem, por demais evidente.
Há sobretudo que alertar para as MENTIRAS, que apesar de repetidas a exaustao e disseminadas na nossa sociedade, não ganham valor de verdade.
Vejamos…
I. A ideia de que o Islao, por ter sido inimigo de paises Europeus, adquira um estatuto de inimigo eterno dos Paises da Europa e uma ideia tonta, que so pode provir de uma qualquer mentalidade comprometida…
A ideia e similar a afirmar que os Espanhois, ou os Holandeses, são eternos inimigos da Patria Portuguesa. Defrontamo-nos, continuamos diferentes, podemos seguir pacificamente. Enquanto mantemos um diferendo com Espanha, sobre Olivença, não mantemos qualquer diferendo com a Turquia. Não nos fazemos por isso inimigos jurados uns dos outros, ou dissolvemos os nossos tratados…
Pronto, o erro foi meu… Não há, em boa verdade, qualquer diferendo, com Espanha, porque somos um e o mesmo Povo Indo-Europeu! Estou sempre a esquecer-me!
Tambem, o que e que são umas Igrejas Portuguesas do outro lado da fronteira?! Isso do “bolchevismo da antiguidade” não faz parte do nosso ser colectivo. Os nossos deuses Odin, Cuda, Arianhod e Teutates e que são os verdadeiros e importantes no nosso ser colectivo!
O Islao e de facto um perigo para a Europa Crista, mas um perigo igual ao da apologia da Modernidade feita pelo Liberalismo, pelo Socialismo, pelos Extrincessismos Morais (biologismos, freudismos, positivimos eticos), que trouxe a devastaçao dos seculos XIX e XX a esta parte do mundo. Erros alias partilhados pelos proponentes destas ideias, como observaremos posteriormente.
II. Nisto da politiquice e dos combates pela visibilidade o Erro acaba sempre por comandar. A ignorancia e visivel e crassa quando o desconhecimento se alia a tragicomedia do ilogico.
Aos que por ai bradam pela incompatibilidade entre o Islao e o respeito pela mulher, há a necessidade de lhes pedir que se detenham por momentos em leituras do Corao.
Não pedindo tanto, seria pelo menos compreensivel que se houvesse aprofundado os conhecimentos sobre a religiao que se diz analisar e se tivesse pensado na politica internacional dos ultimos anos, onde Benazir Butto, Megawati Sukarnoputri, todas as mulheres que desempenharam cargos governativos no Irao dao que pensar…
Qualquer analise não comprometida do Islao, e da palavra coranica, demonstra que existe um dever de respeito pela Mulher, porque ela e a portadora da Luz e do Futuro.
Em boa parte o Islao deve-se ao papel de uma mulher, a primeira mulher de Maome, Khadijha, que era (pasme-se!) uma mulher de negocios, uma viuva muito abastada. Foi ela a primeira seguidora da fe maometana e foi ela que delegou no marido um conjunto de negocios para que este se conseguisse impor como doutrinador e comerciante!
Não havendo uma instituiçao eclesiastica centralizada no Islamismo, o que sucede e que a interpretaçao das palavras do Profeta adquire um conjunto de significancias e interpretaçoes, adaptadas as culturas pre e pos islamicas das diversas sociedades!
O que acontece e que na cultura Arabe (apenas uma de muitas culturas do Mundo Islamico), as mulheres dos tempos pre-islamicos se tornaram bens do seu marido ou pai, e os ensinamentos dos imas acabaram por adaptar essa pratica! Tambem por ai se ve que o Islao e multifacetado e uma religiao plural (refutando-se qualquer visao, absolutamente nescia de um absolutismo monolitico, totalitario e univoco).
Contudo, em muitas outras partes do mundo, como no Irao, por exemplo, as mulheres tem evidentes recursos legislativos para obterem divorcios, indeminizaçoes por adulterio, custodia dos filhos, etc. E obtem-nos.
Esses principios de “desrespeito” pela mulher, que não são mais de que mera aferiçao da sua natureza diversa, são mitificados pelos “novos nacionalistas”, como anti-ocidentais, como se toda a nossa existencia como sociedade não se baseasse nesses principios. Grecia, Roma, Cristandade, Estado-Naçao Europeu ate a II Guerra Mundial, todos eles tomaram essa diferença da Mulher como algo a preservar… Em Portugal foi ate 1974!
Que ameaça velada ao Ocidente causou Portugal e o Estado Novo!
Que ameaça velada ao Ocidente constitui ainda o Catolicismo!
III. E porque nisto do disparate politico a malta tem sempre de armar ao metafisico, ainda se coloca em posiçao de executar reflexoes sobre problematicas que excedem claramente a sua compreensao do fenomeno religioso!
A afirmaçao de que o Cristianismo e uma forma religiosa individual, contrariando o Islao, proponente de uma cosmovisao total do mundo, e um nocivo argumento a favor da estatolatria moderna.
A afirmaçao de que o Cristianismo e uma forma religiosa individual e uma reflexao aterradora. Não tem o Cristianismo uma Historia repleta de doutrina em materias politicas? Obviamente! São Paulo, Santo Agostinho, São Tomas de Aquino (para apenas referir os mais importantes) são importantes doutrinadores não apenas do Cristianismo, mas do pensamento politico Ocidental. O desconhecimento de tal obra e das suas correlaçoes com a Politica (as suas teorias da Justiça, da Guerra, das Formas de Governo, etc.), desmentem esta visao de uma Igreja do individuo.
Parece estranho que se afirme essa redutibilidade do Cristianismo e a sua separaçao absoluta do Poder politico. Parece bizarro quando toda a Historia da Europa Universal desde o seculo IV a pelo menos o seculo XV, a questao essencial era justamente a (nunca definitivamente resolvida) questao das atribuiçoes de Igreja e Comunidade Politica, e que essa questao continua a ser de importancia fundamental na reflexao politica contemoranea (como se pode com clareza observar atraves deste clarividente texto).
Parece, mas não e. Esta reflexao conduz ao totalitarismo laico (como inteligentemente aqui observa James Kalb). Se a única reflexao religiosa que e admissivel na minha sociedade for de nivel individual, entro no dominio em que a religiao deixa de ser uma apreciaçao moral e se torna um mero paganismo (como bem viu Cabral de Moncada a proposito de Maquiavel), esta ira apenas reproduzir os ditames do Estado. Ao não possuir uma visao da Natureza e da Sociedade essa religiao não so seria inutil, como a sociedade dela decorrente seria uma mera sociedade da positividade, da Lei, ao inves de uma sociedade subordinada ao Direito Natural. Esta e de facto a sociedade europeia emergente, como se observa pelo exemplo da totalitaria Republica Francesa!
Recordem-se as sabias palavras de Antonio Jose de Brito:
“A nação, para ele, será o que mais se aproxima do Absoluto na perspectiva terrena, mas não é o Absoluto. Nesse sentido, o nacionalismo admite a manifestação revelada do Absoluto através da religião, especialmente quando for a religião tradicional e própria de um país. Não se julgue, porém, que o nacionalismo faz da religião um instrumento e pensa que não deve ser encarada do ponto de vista da sua verdade intrínseca. Simplesmente não lhe cabe, enquanto nacionalismo, pronunciar-se sobre o problema.”
IV. Subscreve-se aqui, na sua completude, a reflexao do referido professor, a proposito dos “ditos” nacionalismos etnocentristas, tao opostos a verdadeira doutrina do nacionalismo portugues.
“Portugal morreu. A confirmá-lo, da maneira mais definitiva está o aparecimento de grupinhos que se proclamam nacionalistas e que acalentam carinhosamente junto ao peito a visão abrilina e rectangularista. Eles não querem saber que o que caracterizou o breve tempo do rectângulo no passado, foi não se contentar em ser rectângulo, um cantinho apagado da Península. Com D. Afonso IV houve a expedição às Canárias, com D. Fernando a tentativa de avançar pelo resto da Espanha, com D. João I o desembarque em Marrocos. E depois veio a Índia, o Brasil, a África meridional.
A realidade fáustica (para usar a expressão de Spengler)da nação portuguesa deveria, se houvesse lógica, ser-lhes simpática. Mas não, o que querem é o cantinho da península abrilino estabelecido nas mais desonrosas condições — que pelos vistos não os incomodam muito. O modelo apontado por um dos mentores é a democrática Holanda actual, que, aos primeiros tiros e franzir de sobrancelhas dos U.S.A., recolheu prudentemente a casa. Brilhante exemplo de ética “nórdico ariana”, pelos vistos.
Há quem proponha como objectivo uma Europa do Atlântico a Vladivostock, composta de nações soberanas e dirigidas pela ética “nórdico-ariana”. O curioso é que os proponentes têm simpatias pela homogeneidade racial, um deles até se referindo desprezivamente ao Brasil como um caos étnico (para usar a expressão de H.S. Chamberlain). Ora, pelo menos, uma das nações, livres e soberanas da exalçada Europa, é ela um caos étnico com eslavos, mongóis, tártaros, etc. E porque maravilhosamente conseguem raças tão diferentes ter uma mesma ética e a consideram nórdico-ariana? Baptismo convencional? Admitamo-lo, mas assaz fantasista. E qual o motivo porque são excluídos dessa ética japoneses e homens de pele negra? Se abrange os mongóis porque dela se excluem japoneses e negros?Se a ética “nórdico-ariana” se puder estender a todas a raças (e então a que vem a invocação da Europa) verdadeiramente não é nórdico-ariana é uma ética universal e o que importa é a verdade do seu conteúdo. Pouco importa, porém, o que lhe chamemos (embora devamos fugir às extravagâncias). Se for a ética da devoção à comunidade política, do sentido do dever, da fidelidade e da coragem bem como da honra e da dignidade, sim, então está aí a síntese valorativa a seguir . Mas não tem nada a ver com Europa, aliás fixada arbitrariamente, nem com Norte e o Sul, nem com nações infelizmente mortas ou moribundas, nem com epidermes coloridas ou descoloridas.Dessa ética, dita nórdica-ariana, estão mais próximos os zulus que, perante a bravura de um punhado de ingleses que lhes resistira, retornaram em massa, não para os esmagar, mas saudar o inimigo que soubera bater-se; ou os soldados africanos que combateram lealmente e sem temor sob a nossa bandeira ou aqueles que partiam "de madrugada, após terem saudado o seu imperador para salvar os seu camaradas com o seu próprio sacrifício" do que os actuais descendentes de germanos, loiros e de olhos azuis que vomitam bílis mal cheirosa sobre a epopeia militar do III Reich e rojam-se abjectamente perante as lavagens do cérebro dos vencedores, ou os senhores Vítor Alves, Vasco Lourenço, Rosa Coutinho, Costa Gomes e quejandos que terão branca a macia cútis mas de cuja alma não é bom falar."
V. Não compreender a perigosidade destas concepçoes e manipulaçoes tera como consequencia evidente o desrespeito do Povo Portugues pelo “pastelao” ideologico que se prepara, bem como o desrespeito dos nossos futuros ao olharem para a nossa geraçao como seguidora dos que abandonaram Portugal!
Nao compreender que alimentar medos e odios desnecessarios foi a origem da I Guerra Mundial, e que podera ter os mesmos resultados a defesa de uma doutrina do "Clash of Civilizations" no seculo XXI, e uma irresponsabilidade que recai sobre quem a essas falsas ideias se alia. Incorrer nelas e penhorar a sua prole...
Etiquetas: Nacionalismo
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