quarta-feira, outubro 27, 2004

Para os mais Seráficos Democratas

Muito se afirma sobre a política de Salazar. De tortuoso maquiavélico, a inflexível idealista, tudo serve para definir a sua acção. Os recentes desenvolvimentos só podem reforçar a opinião de que o estadista será sem dúvida, o último “gigante” da política portuguesa!

1. A manutenção da integridade territorial não é apenas uma intransigência “modernista” de uma fronteira invariável. Ela representa a não cedência aos pérfidos interesses dos “poderosos” de então. Foi-no antes da Guerra com o elucidativo discurso “Não vendemos, não cedemos, não arrendamos” em que demonstrou a repulsa pela pressão do Reich em tomar (ou comprar, ou arrendar) as colónias portuguesas.
Com a mesma simplicidade que recusou as pretensões nazis, fê-lo em relação aos americanos…

2. A rejeição de Salazar deveria pôr muitos a pensar!
Algumas ideias se tornam incompatíveis (pelo mero uso da lógica).
A ideia de Salazar como um maquiavélico, viciado no Poder, viciado em “chazinhos” com as senhoras de classe alta, tornam se curiosamente desacreditáveis.
Os números propostos pelos EUA, a serem correctos, seriam elevada soma! O suficiente para desenvolver o “rectângulo”, para manter os detractores do regime calados (como faz a União Europeia através dos fundos). No rectângulo todos ganhariam…
Mas para Salazar não interessou apenas a manutenção do regime!
Interessou o longo prazo… Interessou a ideia de uma Nação resistente e firme nas suas convicções (aliás reiteradas por todo o Direito Internacional), de um povo que se mantém firme nas suas convicções.

3. A ideia de Vasco Pulido Valente de que o Povo Português não queria saber do Ultramar para nada corrobora a virtude do “ditador”. Se o povo não queria combater, se o povo não queria saber do Império para nada, porque é que Salazar manteve a sua política ultramarina? Não teria sido certamente por populismo…
Demonstra-se a existência de uma lógica que escapa à maquiavélica “computação” de apoios. Demonstra-se a essência de um homem moral…
Vender era o mais fácil! O que permitiria maior “bem-estar” de todos…

4. O “amigo” americano, afinal, sempre tinha interesse na África Portuguesa!
Os Delgados afinal não eram democráticos patriotas idealistas…
Os Carluccis não eram apenas agentes democratizadores…

Tudo coisas que ainda não sabíamos…

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