Nacionalismos
Fui acusado pelo Caturo de não ser um verdadeiro nacionalista. Na verdade é necessário esclarecer alguns pontos.
Não considero a Nação o último reduto da existência humana. Se a existência humana é intrinsecamente política, como é, não se pode esgotar por aí a sua lealdade. Dar-se-ia conta de uma verdade sufocante do ponto de vista humano! Não há nada para além do Poder. Só essa capacidade de obrigar, fundada na coerção, seria a origem de um mero lançar de Poder contra Poder. Um caos em que a emergência da Paz provém apenas da rendição!
Se é verdade que num plano “realista” podemos aferir isto, mantendo apenas os olhos no contingente, a verdade é que a existência plenamente humana se completa num plano espiritual (ainda por isso terreno).
A felicidade de um Homem, de uma família, de um Estado, têm expressão real no mundo. Subordinam-se aos ditames do que é a sua felicidade.
A herança da Filosofia é de facto essa. Há o certo e o errado, o melhor e o pior… Algo que se encontra sempre interligado com o Político e o transcendente (como se lê abaixo do título do blogue, na citação straussiana), mas que a ele não se deve submeter, sob a obediência cega! Essa é a demissão da própria natureza do ser humano…
Por isso a Nação, quando soberana, exige uma própria compreensão dos seus princípios conceptuais, para que se compreenda quais as suas verdadeiras exigências.
Por isso é preciso distinguir entre a Nação de Rousseau, de Sieyés, de Mazzini, de Burke, de Donoso, de Sardinha, de Salazar…
Em nenhum destes pensamentos a nação é um fim-em-si…
Até porque essa seria uma impossibilidade lógica. Justificar a acção da nação com a própria nação é uma redundância. A única forma possível de justificar uma acção tem de ser tomar como medida o seu bem. É nela que se determina a causa final da comunidade…
A vontade geral de Rousseau, que resulta do consenso da comunidade segundo as classes populares e seus costumes é uma face da Nação.
A soberania nacional de Sieyés não é mais que a diluição dos estamentos socio-legais, na formação de uma assembleia decisória que representa os indivíduos como tal…
A ideia de Salazar a manutenção de uma entidade política na prossecução da sua forma de existência.
A Nação de Sardinha, um conjunto orgânico de ligações culturais e legais, prolongados na História e subordinados ao Bem Comum.
Esta é uma das reflexões pelas quais, ao contrário do que muitos afirmam, a reflexão sobre a Democracia é fundamental entre os nacionalistas.
Há um nacionalismo (totalitário, democrático) que considera que toda a existência da comunidade colectiva está subordinada à vontade de seus membros… outra que considera que os princípios constitutivos de um povo (a sua constituição verdadeira!), não podem ser referendados.
A verdade da Nação pode ter várias interpretações! A incompatibilidade entre as duas interpretações é auto-evidente.
Em suma, o Caturo aponta-me um defeito de que ele próprio também padece…
Veja-se o que afirmou nos comentários…
“A Nação, para mim, é um fim em si, mas só parte dele, ou seja, é parte do ideal maior em política, que é a Estirpe.”
Podemos logicamente entender que uma coisa não pode ser um fim-em-si e, no entanto, ser parte de algo que lhe é superior.
Parecem não restar dúvidas da incompatibilidade de posições com a afirmação de que:
“Como a verdade vem sempre ao de cima, os verdadeiros nacionalistas portugueses entendem que não há Nacionalismo autêntico sem consciência étnica e racial; que a Nação é só um degrau da Estirpe, mais abrangente do que a Família, e menos abrangente do que a Etnia, a qual por sua vez é menos abrangente do que a Raça.Ou seja, quem é Nacionalista autêntico, promove a sua Estirpe, cujos degraus são Família, Nação, Etnia, Raça.”
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