quinta-feira, setembro 28, 2006

Quebrando a Cortina






















O Edmund Burke Blog chegou ao Irão...

Os Disfarces













Nisto da escrita política, como em todo o lado, existem os maus e existem os parvos. Os maus são os que “nos querem fazer crer que o diabo não existe”. Os parvos são os que acreditam.
Cada vez que leio o Atlântico fico sempre com a mesma sensação de “they don´t really get it”. É o caso das reflexões profundas sobre Filosofia Moral que aí se podem ler. A melhor das ditas (quero dizer ilustrativa) é a do já célebre Henrique Raposo, conhecido pelas suas reflexões de fundamentação duvidosa.

Diz-nos o habilidoso delfim do conservadorismo-liberal que a prática do aborto é uma questão privada de consciência. Claro! Mas o furto não será também uma delicada questão de consciência? Se a minha consciência considerar que determinada pessoa é menos digna (ou não é digna de todo) de possuír algo poderei eu violar a propriedade alheia.
Já toda a gente percebeu o problema, menos o dito articulista. O problema não está na pós-moderna consciência, mas no que a deve transcender. Importa pouco saber se o ladrão acha que a propriedade está bem distribuída, mas importa dar o seu a seu dono.
Com tanta consciência dá-se o trunfo ao socialismo emotivista e destrói-se o princípio em que uma sociedade liberal se edifica. Um “self-defeating argument”, obviamente...
Caso para dizer que com Raposo a esquerda joga, de facto, nos dois lados do tabuleiro.

O que nos leva para o segundo problema. Atacar o argumento da “barriga é minha”, depois de ter concedido que o importante é a consciência, é prova de uma falta de inteligência recordista...
Se um feto é mais do que um dente ou um bocado de carne é óbvio que tem de existir algo que permita enquadrar esse pensamento. Logo não é apenas uma questão de consciência. Mas que pensamento poderá enformar essa crença numa sociedade onde a ética é uma questão privada? E que sociedade livre é essa onde a moralidade (dir-se-ia os valores da sociedade civil) não tem influência na legislação?
Liberais, e tal...
Mais uma vez a problemática está em frente aos nossos olhos. A liberdade que anda na boca de muitos não é senão uma doce sujeição. Não conheço numa moralidade séria que se considere uma questão privada e de perspectiva, que veja as repercussões do que considera ser um mal social e diga “o problema é dele”.

Toda a moralidade tem de estar acompanhada de uma versão (estar vertida) política. Qual é o sentido moral de se dizer que algo é moral ou imoral para mim?
Ou a pessoa se despreza e se acha incapaz de compreender princípios que extrapolam a sua individualidade (tendo nesse caso a absoluta incapacidade de dizer o que seja sobre o mundo que o rodeia), ou não tem capacidade ou imaginação para mais (não tem capacidade de olhar para além da vereda que está à sua frente, de se orientar como num mapa onde existem outros elementos para além dos presentes e imediatos).
Que moralidade subsistirá à sua própria consagração como mera existência subjectiva?
Quem pode afirmar a imoralidade de algo e depois afirmar que outra conduta qualquer é perfeitamente aceitável?

Se o Estado não decretar os limites do Homicídio quem irá fazê-lo?

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quarta-feira, setembro 27, 2006

A Utilidade Marginal do Senhor Policarpo

O Cardeal Policarpo afirmou que a Igreja Portuguesa se irá abster de fazer campanha pelo Não no, mais que previsível, Referendo ao Aborto... A razão é simples: o Aborto não é um assunto religioso, mas de Ética e Direitos Humanos! Acho muito bem... A Igreja não tem nada a ver com isso! Nem com isso, nem com a Guerra do Iraque, nem com o Homicídio, nem com o roubo, nem com Justiça, nem com concepções de Família, nem com a Sexualidade. São tudo questões éticas...
Para que serve a "igrejinha" do senhor Policarpo?

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Injustiças reparadas na coluna da direita.

O PPM/MUPE (mais um partido de esquerda)


O PPM está feito um grande partido... assim giro e modernaço, sempre em cima do acontecimento. Não chegava o “fado-singer-in-chief” se ter declarado esquerdista desde pequenino (como aqueles jogadores que chegam aos clubes grandes), ainda temos de gramar um projecto político repleto de banalidades de esquerda, temperadas pela conversinha das “empresas” como gerador de riqueza. Nem sequer chega a ter piada...

Os monárquicos, como eu, têm razões para sossegar. Com dois homens daquela craveira no Parlamento, sempre a discordar, sempre a reflectir, sempre a inovar, a causa monárquica está perfeitamente asssegurada.

Tempos houve em que os monárquicos, erradamente, se diziam a-políticos. Só lhes interessava o regime... Eram bons tempos! A alarvidade cretina que podemos encontrar no programa do PPM faz dessas eras um Idade de Ouro.
Um programa em que a “igualdade de oportunidades” e a “defesa da propriedade” se encontrar lado a lado é muito apelativa, mas como se pode construír uma igualdade de oportunidades sem ir à propriedade dos que mais têm?
Notável e profundo...

De quem é a culpa desta situação? De ninguém! Ao bom estilo pós-marxista a culpa não é de ninguém, que é o mesmo que dizer que é da sociedade. Sociedade que “exclui”...
Falta saber quem irá pagar a inclusão.

Depois temos a notável fundamentação de tudo isto. O PPM defende imensas coisas originais. “Amor à Nação, defesa da democracia, defesa da especificidade cultural do país, preocupação ambiental, defesa de uma sociedade impregnada de humanismo, solidária, culta e de valores civilizacionais fortes.”
Infelizmente ficamos sem saber o que predomina. A Democracia ou a Nação? Pode a Democracia abolir a Nação (na UE, p. ex.)? E que valores civilizacionais e especificidades culturais são essas? Uma língua (uma língua não é um valor, por certo), uns fadunchos, uma arte de matar animais?

É claro que essa profissão de fé não passa de um paródia. De um lado uma profissão de fé em Valores, mas sem indicar quais são. Por outro, no que respeita às “questões éticas”, o PPM não encontra na sua “cultura democrática” compatibilidade com “posições dogmáticas”. Fantástica reflexão, esta!
Não há dogmas em questões éticas, e os valores civilizacionais que o Partido defende não estão expressos. Logo uma personagem que defenda “o extermínio dos fadistas” poderá encontrar guarida no PPM, pois é garantido que “não há ditaduras de opinião no seu seio”. Infelizmente isso garante a inclusão de “não-monárquicos” no seu seio. Pior ainda, garante que esses Valores Civilizacionais sejam absolutamente vazios. Como poderá haver uma “crença política” onde não há uma exclusão de posições éticas erradas? Mais uma pérola de sabedoria destes pensadores profundos N.C. Pereira e Paulo Estêvão.

O PPM caminha para o futuro e depois de tantas vitórias, no Parlamento e não só, já dispõe de uma “agenda global”, altamente responsável e exequível. Retirar ao CdS da ONU os poderes de veto e acrescentar o Brasil. Gosto de ver que o PPM a pugnar por um mundo onde Angola, Qatar, Congo e Tanzânia têm poder decisivo no mundo. É uma atitude elevada e de grande sabedoria, que perspectiva uma paz mundial duradoura...

O PPM está no bom caminho e em mãos seguras...

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Dois Nomes de Traição

Digo do Iberismo o mesmo que do Europeísmo.
Se houvesse um pedacinho de grandeza de alma, o interesse por alguma coisa realmente boa, não fosse movido por um projecto de poder absolutamente vazio e sem objectivos, poderia ser uma ideia discutível.
Nenhuma ideia política pode ser discutida com o argumento de que se quer ganhar tanto dinheiro como o funcionário público espanhol ou dinamarquês.
A Iberia ou a Europa nada acrescentam de bom ao Homem Português.

terça-feira, setembro 26, 2006

Teoria Política para o Novo Século















A ilusão do mundo dicotómico tem conduzido uma fantástica distinção que continua a alimentar debates apaixonados. Infelizmente, o debate Capitalismo vs Socialismo é um debate do século passado... Passámos essa fase com a evolução para uma pós-modernidade “emotivista”, relegando a reflexão sobre os convencionalismos hayekianos e sobre o jusnaturalismo clássico-liberal (nozickiano, p.ex.) para a gaveta. A discussão hoje inflectiu muito mais para a esquerda, enquadrando-se na discussão “progressista” de uma sociedade economicista, de distribuição de bens sociais.

Olhemos para a maioria dos argumentos dos partidos da direita moderada do mundo inteiro. Conservadores, Republicanos, Populares e Sociais Democratas portugueses, para todos o liberalismo-capitalista tem como mera justificação o facto de produzir uma sociedade abastada, de dar oportunidades a todos e outros argumentos meramente “progressistas” que apenas sustentam o liberalismo enquanto este se traduz numa melhoria de vida para quem tem a faculdade política de colocar a cruzinha decisiva.
Ao contrário do que se quer fazer parecer nos Estados Unidos, onde o debate do último século era liberalismo vs progressismo social, a verdadeira discussão é entre o centralismo dos “compassionate conservatives” e o progressismo social-democrata, o que representa apenas a discussão entre duas formas de “estado social”, o pragmático e o socialista dos Direitos Sociais do Homem.
As ilusões do século passado são dramáticas porque ficcionam algo que já não existe. Um libertário-capitalista é, neste momento, um sonhador tão grande ou maior que um integralista, um conservador clássico ou um afiliado do PCP.

O que se nos apresenta neste início de século é um conjunto de propostas napoleónicas, que têm acolhimento enquanto satisfazem a massa sedenta de alimentação, vitórias e estimulação do ego. Essa é uma das razões da degenerescência do liberalismo (enquanto conceito) e uma das razões da forma como não se conseguiu implantar como modelo de sociedade. As massas que o liberalismo pressupõe, o atomismo é ponto fundamental do liberalismo enquanto concepção social, estão demasiado sujeitas ao faccionarismo, a fazer a sua dependência económica tornar-se um laço político e existencial. Daí a que se afirme que uma ordem social só deve existir enquanto serve os interesses momentâneos de uma maioria (como acontece nesta social-democracia) vai um pequeno passo, numa comunidade desenquadrada de valores que não o contratualismo. O liberalismo apresentou-se como reacção individualista a uma ordem precedente, mas não conseguiu impôr as suas fundações, sendo ultrapassado por ideias mais aptas à satisfação das massas por ele criadas. Populismo, evidentemente...

Quanto às soluções, às alternativas, aos elementos a corrigir, deixo a para um “post” posterior, grato ao liberalismo por nos ter dado o século XIX onde “exploração de crianças e jovens aprendizes, punições inaceitáveis, uma justiça intra-muros, monopólio, embotamento da concorrência, confiscação do saber” nunca existiram. “Sweat-Shops”, bairros operários insalubres, pagamentos em pão e alojamento (como anteriormente se dizia de escravos), são todos ilusões de uma História que foi inventada por perigosos anti-capitalistas.

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segunda-feira, setembro 25, 2006

Mais Notícias, Más Notícias






















É com muita tristeza que vejo a "the New Pantagruel" fechar portas. Uma perda inesperada de uma das revistas que mais gostava... Ficam as imagens, os arquivos e os números para download.

Para que serve uma Torre?

Para observar do alto. Para compreender que a tradição não é estanque, mas o que se mantém ao longo do tempo. Para aperceber a estética como continuação dessa permanência. Para conhecer os antigos e dar força aos novos. Para acreditar no futuro...
Só não gosto das sínteses! Mas isso é esquisitice minha.

Vira-se costas à cidade

No retorno há regressos que me deixam muito feliz,desafios notáveis, há elogios, há mais tristes novas do abandono de Portugal.
Há ainda muito a fazer...
E ainda escrever um "Requiem Por Espanha" a pedido (e dedicado) ao amigo RCS!

quinta-feira, setembro 21, 2006

O Obsceno e a Sublime Liberdade (Final)


















Dito o que disse está fácil de ver que toda a liberdade é precisamente oposta à pós-modernidade. A liberdade não é mensurável pela margem de não proibições que a lei permite, nem mera participação do acto legislativo. Mais que isso é um “estado” em que a política lida com a Justiça segundo elemento racional (permitindo a todos os seres racionais a compreensão de seus princípios) e não se fundamenta em relação a uma entidade terceira como possuidor/titular desse elemento normativo. Um rei não manda porque é rei, mas por serviço a um conjunto de princípios que o transcendem, num contexto específico em que se torna o regime mais adequado à Natureza. Essa é a diferença entre um rei e um déspota.

A Pós-Modernidade, ao determinar a impossibilidade da existência de qualquer essência, de qualquer natureza permanente (o “naturalismo” rortyano, por exemplo, vê a natureza como “mutabilidade” sem qualquer possibilidade de referência permanente ao outro) que transcenda a perspectiva individual, impede a existência de uma racionalidade de carácter vinculativo.
A Justiça, ou melhor a justiça, é um elemento meramente relacional, meramente convencional, não podendo provir daí qualquer argumento que não seja o desejo de terceiros. Essa forma de altruísmo que condena o homem a uma posição de escravatura existencial, estando incapacitado de se colocar contra os princípios do seu tempo e da sua comunidade (o verdadeiro argumento do sofista). Oposta a esta está a posição do filósofo que aceita o convencionalismo para subir de patamar, de onde pode observar os erros da convencionalidade, aperfeiçoando-a para a aproximação ao Bem.

Uma sociedade livre, ou aberta, encontra-se onde a compreensão da natureza das coisas possibilita uma alteração justificada e discutível, e não na sociedade pós-moderna onde todos os disparates podem ser ditos, mas nenhum faz qualquer sentido ou tem qualquer imperatividade que não provenha da força de uma realidade social.
O ideal pós-modernista de consenso pragmático é particularmente ilustrativo desse totalitarismo (ou obscenidade despótica) ao encontrar em ideais inquestionados e inquestionáveis razão para a exclusão de ideias. Primeiro porque a sua forma extrema de convencionalismo nada diz sobre a forma de evitar grandes catátrofes morais. Segundo porque exclui, de forma arbitrária, todos os que não partillham as suas lamechices morais insustentadas.
Ao não tornar imperativas as suas concepções de humanidade e ao fundá-las na mera convencionalidade, a barreira para uma nova catástrofe moral está na mera mudança de mentalidades e convenções sociais... nem melhores, nem piores.

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quarta-feira, setembro 20, 2006

O Obsceno e a Sublime Liberdade (III)


Do que quer que falemos neste blogue a questão vai sempre dar ao mesmo problema. A sublime liberdade que todos procuram.
Muitos vêem a liberdade humana como a liberdade dos animais, deixados à sua sorte num meio onde não possuam restrições. Esta versão é acompanhada de uma libertação também dos sentidos da vida humana. A política fica separada da moral, a moral separada da metafísica, a metafísica dependente dos desejos e não da razão. Esta é supostamente a regra para a Liberdade, a libertação dos contextos, a total independência das esferas da vida humana. Ao cortar-se o nexo entre todos os elementos da vida humana estes deixam de apresentar sentido... sem esse sentido revela-se a arbitrariedade, que é a clara antítese da Liberdade.

O problema é óbvio. Os esquemas simplificadores são os esquemas moderno e pós-moderno (Rorty é tudo menos um defensor da Liberdade, caro Miguel) que possuem apenas justificações no seio da sua própria dinâmica (a acção política fundamenta-se na sua própria dinâmica, no caso do esquema moderno) ou refutam liminarmente qualquer fundamentação (no caso do esquema pós-moderno). São-no porque não deixam lugar para que o homem seja um verdadeiro agente na política e na moral, porque se encontra impossibilitado de racionalmente de encontrar um elemento de obediência que não seja a Força. Estando a acção política desligada dos fins do Ser Humano (se Deus e o reino imaterial são meras ficções humanas), que justificação pode ter este para se afirmar defensor de qualquer Moralidade, Altruísmo e Liberdade, e porque razão lhes poderá o Homem estar vinculado?

Esta liberdade não é senão a maior das escravaturas. A aceitação do inaceitável. Que o Poder se justifica pela Força e não pela sua aproximação ao Bem, que não somos senão escravos de um poder do homem pelo homem. A diferença dessa arbitrarieriedade para a aceitação de qualquer outra, a nazi ou a estalinista, é nula, porque radica na impossibilidade final do homem compreender o seu Dever.
A libertação da política do domínio da metafísica, do domínio do imaterial, de Deus, não é senão a destruição de toda a possibilidade de Liberdade. A verdadeira Liberdade encontra-se, não no deserto ou no reino animal, mas na capacidade que o Homem possui de articular uma moralidade superior à contractualidade e convencionalidade do nosso mundo.

É essa capacidade de compreender o Dever Ser que permite combater o totalitarismo. Nesse sentido urge restaurar a imaginação moral de que Kirk falava.

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terça-feira, setembro 19, 2006

Evocando Miguel Reale, no Sexo dos Anjos.

O discurso do Papa em Regensburg, na Casa de Sarto.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Right From The Beginning

O blogue do tio Pat.

Fisheaters

sexta-feira, setembro 15, 2006

O Obsceno e a Sublime Liberdade (II)














Se a mentalidade moderna está impregnada de religião materialista que se transforma a todos os momentos numa redução dos objectos à sua expressão física, uma linha não existe, sendo apenas um conjunto de reacções químicas no cérebro de uma pessoa (não se poderá dizer o mesmo das outras pessoas que habitam o Mundo?), ela encarrega-se de adquirir o monopólio da racionalidade. O Racionalismo Moderno foi precisamente isso. Ao invés de se apresentar como uma racionalidade alternativa, apresentou-se como a única forma de racionalidade. Para isso apresentou uma falsa ideia do pensamento Cristão anti-racional, onde a palavra Deus é solução para todas as perguntas e onde o pensamento dogmático se sobrepõe a tudo na sociedade.
Na análise científica cristã o acendimento de um isqueiro nada teria a ver com combustível, oxigénio, pedra, mas com o facto de Deus desejar que ali ocorresse combustão. Esta concepção é falsa e representa uma incompreensão comprometida.

Ao invés da redução materialista que não apresenta justificações, mas a própria negação da metafísica e da justificação, a verdadeira filosofia realista, o realismo metafísico e moderado da teoria tomista, apresenta-se como uma compreensão das coisas a partir da realidade das coisas. A cadeira não é uma cadeira porque Deus assim quis, mas porque a Natureza a dotou de um lugar na sequência das coisas. A sua justificação encontra-se em si e não num mundo transcendente e insondável onde a mente humana não penetra, ou num qualquer livro com palavra de terceiros. A Bíblia não explica o que é uma cadeira (ao contrário de outros textos religiosos), nem tem de o fazer. Os limites da Revelação são outros e de natureza bem diferente.

Retratar os homens de outros tempos (com o objectivo de atacar as ideias) como um Homem, numa simplificação monolítica, defeituoso e imperfeito, ímpio e hedonista, é absolutamente desligado da realidade. Em todos os tempos houve santos e filhos-da-puta, cobardes e corajosos, dissimulados e francos. É por isso mesmo que aqui falamos de verdades e não de pessoas... Para além disso olha para as verdades sob o mesmo prisma que apontámos no texto anterior: olhando apenas para o efeito que têm na sociedade e não buscando o certo e errado. Nenhuma moralidade poderá daí emergir...
Retratar ideias pela sociedade onde estas floresceram nada diz sobre as mesmas.

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quinta-feira, setembro 14, 2006

O Obsceno e a Sublime Liberdade (I)






















Disse Platão que o homem que conhecesse a Verdade nunca mais desejaria libertar-se dela. Disse mal. Tivesse Platão vivido no nosso tempo e teria aceitado de bom grado as correcções de Aristóteles à sua filosofia. Os Homens passam a vida num esforço imenso para se libertarem do peso da Verdade, sabendo que com ela se carrega um peso difícil.
Não olham a meios para esse efeito…

Acabam sempre por recorrer ao método mais obsceno. O método da Filosofia. Obsceno porque emulador do paradoxo de Nietzsche “Em Verdade vos digo… Não há Verdade”. Obsceno porque oculto no materialismo, seja do cartesianismo ou do empirismo baconiano, se esconde um pensamento filosófico com uma dogmática mais cerrada que qualquer outra. Nunca ninguém viu uma linha recta, mas também nunca ninguém questionou a sua existência. “They are ill discoverers that think there is no land, when they can see nothing but sea”, disse Bacon. Desgraçados dos que o seguiram, que caíram no engodo.
Afirmar que as ideias são meras produções do espírito humano não é uma ideia pragmática, descomplexa e racionalista, mas a encarnação de um corpo doutrinal bastante complexo e que é tudo menos evidenciável segundo permissas materiais.
Ou seja, quem afirma que as ideias são meras produções do génio humano, nada tendo de anterior ou superior a este, é porque possui uma capacidade de “roubar o fogo dos deuses”, de perscrutar o Divino para dizer em seguida “não havia lá nada!”.
Impossível sem metafísica, garanto.
Para além e para mais é uma ideia falsa! Desafio qualquer cultura a determinar que o “pai procede do filho”, ou que A>B>C=A< C.
A colocação da Filosofia enquanto “genre” é apenas sintoma dessa falácia das verdades privadas. Uma filosofia sem Verdade, é o mesmo que uma astronomia sem a faculdade da visão. E há locais onde as pessoas se podem libertar dessas verdades privadas…

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terça-feira, setembro 12, 2006

Lentilhas


Não posso dizer que não tenha ficado triste por ver esta apologia da "sociedade dos simples", a sociedade contratual, no blogue do MCB. Baseia-se no erro fundamental de olhar este Ocidente, capitalista, anti-religioso e apático, como verdadeiro legado à Humanidade.
O diagnóstico de MCB é certeiro. O Homem moderno vive mais, mais gordo, menos dependente da intempérie, pode fazer ouvir a sua voz... Não sabe é para que serve essa robustez e essa longevidade, essa independência dos elementos. Tem voz, mas não sabe para que serve. É isso o que acontece quando a voz é mais importante que o que esta diz!

A Ciência e a Tecnologia (a lógica do fazer) nunca conseguiram emitir um juízo moral sobre qualquer coisa, exceptuando na cabeça de Saint-Simon e do seu amigo Comte, nem conseguiram criar nunca objectivos para o Homem. Nem Liberdade, nem Autoridade, nem Justiça... Nada dela surgiu!
E desta Fé não surgiu nenhuma guerra, nenhum autismo, nem nenhuma "verdade revelada"! Apenas o Socialismo, gerador de guerras, de opressão, da religião da História e do Materialismo...
Materialismo esse de que vemos no Ocidente e na apologia da materialidade que MCB faz.

Eu não serei Ocidental, por certo. Nem participo dessa ocidentalidade que matou Platão, Aristóteles e São Tomás, em favor dos sofistas que lhe deram um saco de rebuçados e mais dez anos de vida, que ele não sabe aproveitar.
Se não pararmos essa Marcha da História do Ocidente Jacobino tanto pior para nós...
Paciência.

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Janela Aberta

Agora que o PS e o PSD se fundiram num enorme partido cavaquista (nunca houve razão para que assim não fosse!) seria uma boa altura de se fazer uma direita em Portugal. O período será aproximadamente de quatro anos para que se faça esse trabalho, até que o PSD volte a "comer" o eleitorado que lhe é habitualmente devotado. Nesse período há que encontrar ideias, blindar eleitorados, encontrar gente responsável e apta ao mundo da política que esteja disponível para o sacrifício e a resistir às tentações do Poder (o que o CDS não conseguiu).
Ou isso ou nada...

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Pergunta da Noite

Em que é que uma vida do WTC vale mais que a de um familiar de um terrorista palestiniano?
Para mim são todos inocentes vítimas de um crime!
Há aí muitos que continuam a achar que há inocentes de 1ª e de 2ª...

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segunda-feira, setembro 11, 2006

No Arautos

Recomendo a leitura deste texto do nosso leitor António Bastos. Uma excelente leitura!
Espero que já tenha recebido a recensãozeca... Pequena, mas de boa vontade!

O Dogma Atlântico

O facto nacional do dia é a forma como a direita modernaça, a tal que está sempre a questionar e a insultar o passado do país, está indignadíssima pelo facto da RTP ter passado o filme "Loose Change", em que se levantam excelentes questões sobre o 11 de Setembro (ninguém poderá afirmar, por certo, que o Pentágono foi atingido por um Boeing, uma vez que é impossível controlar um avião àquela velocidade em voo rasante sem uma "aproximação de aterragem")...

Notável verificar que os seus dogmas se encontram do outro lado do Atlântico! E que rica fundamentação... "É falta de gosto", "é insultuoso para as vítimas".
Submissos a verdades pré-fabricadas de origem externa... É o futuro!
"A América não se discute"...

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domingo, setembro 10, 2006

Caro Manuel Brás,

Gostei bastante da sua resposta, sobretudo por não ter caído num tom acrimonioso de quem não aceita uma crítica. Uma lição para muitos “grandes democratas” que por aí andam… Calculo que saiba que não morro de amores pelo Neoconservadorismo, não por qualquer ódio a grupos sociais ou credos religiosos, mas por ser um ideário que não tem qualquer resposta para as questões essenciais do Ser Humano ou da Política. Dito isto:

Os líderes que o MB referiu são líderes de conservadorismo duvidoso. Em nenhum dos casos que referiu existe alguma coisa que não seja a ideologia de Partido Popular, movimentos que não têm ideias próprias (concepções de justiça, de Bem, de Moralidade), ou que se colam a Liberais (para a concepção jurídica de indivíduo como fundamento da sociedade) ou à Social-Democracia (no que respeita à distribuição de prestações sociais e a concepção de Estado). E de facto Blair é mais conservador que os ditos “Populares”… mas é conservador num sentido “novecentista”. Um Utilitarista de forte pendor social. Nada a ver com o Conservadorismo Clássico…
É por isso que me suscitam tantas dúvidas os que querem capturar as facções conservadoras da sociedade com um discurso conservador-liberal, pois, como é fácil ver, algum terá sempre de ser preponderante.
Esse é o ponto que me parece ser essencial. Só daí se poderão compreender as posições da Nova Direita (ou Nova Democracia) que realmente fazem a diferença:
Se o mais importante é o indivíduo, no que é que se sustentam essas noções de indivíduo? Quais os limites à Democracia e em que é que estes se sustentam? A Constituição tem limites que não sejam o sufrágio? Quais os limites do Político e do Social?
Sem clarificações destes pontos toda a discussão é estéril ou mera ocultação.

Quanto a Strauss...

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sexta-feira, setembro 08, 2006

Manias

De vez em quando surgem umas modas bem irritantes. Nos últimos dias, sabe-se lá porquê (eu sei mas não digo!), surgiu em muitos blogues de direita a ideia de que as políticas ambientais são uma mentira. Estou longe de vir aqui fazer uma apologia do ecologismo esquerdista. Este possui o erro fundamental de não possuir uma reflexão verdadeira sobre o Bom, ao estilo panteísta, limitando-se a criar um conjunto de imobilismos (a eternização do presente estado de coisas) como se os nossos equilíbrios ambientais fossem a única solução para o mundo. Essa incapacidade de definir o Bom, aliada à incapacidade de compreender o Homem como elemento ordenador da estrutura da Criação, gera a ideia do Homem-Vírus, elemento perturbador do equilíbrio natural. Não existem dúvidas de que estas formas de pensar se apresentam contra o Homem. São inimigas de qualquer acção humana…

Não há dúvida também de que o mercado da Certificação Ambiental se constitui hoje como uma das mais impudentes negociatas. Não é difícil contratar uma das muitas associações ambientalistas para mover uma guerra aos concorrentes directos do mercado. Basta pagar uma certificação a uma de suas clientelas e a oposição à concorrência desleal (aos desgraçados que decidiram não sustentar a Máfia Verde com os seus donativos) está garantida…

Um escândalo de extorsão…

É imperioso combater este tipo de máfias, o que não significa que a sua causa seja idiota. Tanto a caça como a pesca dependem da manutenção de recursos, recursos que são limitados quantitativamente por um ratio de reprodução. A destruição das populações animais impede que estilos-de-vida, referências culturais, hábitos enraizados decorram de forma normal, com a consequente “anomia” que tais revoluções significam em comunidades pequenas.

Se as restrições da caça à baleia tiveram sentido a um ponto, hoje, com a propagação que a proibição gerou, deveria regressar-se a uma quota de pesca que não precisasse de progressos técnicos para ser rentável e em que o valor acrescentado do produto, devido à sua escassez, sustentaria facilmente o investimento num produto “low tech”. O mesmo se dirá de muitos modus vivendi de todo o mundo.

Rejeitar a Ecologia por tomá-la como Ecologismo é o mesmo que recusar a Psicologia pela existência do Freudismo e outras taras intelectuais. É, em si, uma tara intelectual.Olhar para a nossa existência e acção no Mundo sem colocar as fundamentais questões morais, olhando qualquer normatividade como expressão de um espírito fascista é ainda mais significativo de uma mentalidade esquerdista do que qualquer “ismo”! Agora que se fala tanto em “Reductio Ad Hitlerum”…

quinta-feira, setembro 07, 2006

Contributos que interessam, na American Conservative.

Direita e Esquerda

Contributo sério no Arma Virumque da New Criterion.
Ainda assim é pouco...

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"THE 150 POINTS OF THE PHALANGE", pela CRC.

quarta-feira, setembro 06, 2006

O Lado Errado do Conservadorismo

Manuel Brás escreveu (não tenho a presunção de pensar que em resposta ao meu anterior post sobre a Nova Direita) um artigo na Aliança Nacional que visa demonstrar que o Neoconservadorismo será a parte intelectual, uma fundamentação, do Conservadorismo. Segundo MB o Conservadorismo estaria demasiado centrado em questões economicistas, em matérias pouco reflexivas, vindo o Neoconservadorismo colmatar essa lacuna, contrariando a natureza imprecisa e anti-ideológica do movimento. Intelectuais contra burocratas.

Não me parece interessante regressar aos erros do Neoconservadorismo. Importa apenas corrigir um erro fundamental sobre a família conservadora de pensamento.
Não sei, com sinceridade, a que autores conservadores se referirá MB. O que posso assegurar é que todos se insurgem contra a afirmação do Homo Economicus. Quem não acreditar no que afirmo pode verificar as observações de Burke sobre o Capitalismo, o “Governo dos Simples” (Letters on a Regicide Peace I), de Tocqueville sobre a necessidade fundamental de uma crença espiritual para o funcionamento da sociedade (Democracia na América), a necessidade da defesa da comunidade política contra o poder económico, a prioridade ao Homem e ao Bem, que remete a economia para o serviço da Política (como é o caso de todos os doutrinadores católicos), o anti-progressismo e anti-desenvolvimentismo dos Southern Agrarians, a defesa da Nação como portadora de cultura e tradição, como Ser enquadrador do Homem na ordem das coisas, reflectida pelo Romantismo Inglês (Coleridge, Wordsworth) e trazida para o século XX pela obra de Solzhenitsin.

Presença constante nestas referências e mesmo nos contemporâneos está sempre uma reflexão sobre o Homem, sobre o Bem, sobre o papel da política na realização das finalidades humanas (mesmo nos contemporâneos Kirk, Voegelin, Strauss, Babbit). Por todo o lado se encontra no Conservadorismo uma reflexão filosófica (anti-ideológica, certemente). Pelo contrário, o Neoconservadorismo apresenta-se como um movimento anti-filosófico (tendo muitos cientistas sociais, historiadores, técnicos, não tem um único filósofo como figura de proa), uma vez que não busca respostas na Verdade, mas busca uma justificação do funcional. Para um Neoconservador o Divórcio ou Homicídio não são questões de princípio ou questões morais, mas matérias de funcionamento da sociedade.
São, por certo, duas abordagens distintas. Uma fundada na cultura e na Filosofia Ocidental, outra, ao estilo marxista, fundada em balancetes, sondagens e extrapolações prospectivas.
O que é impossível é afirmar-se que o Conservadorismo clássico não dispõe de uma argumentação própria... ou que precisa do funcionalismo Neoconservador para alguma coisa.

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A Festa do Avante


Acabou com o cântico habitual da JCP... "Cuba Vencerá!".
Já esteve mais longe a remoção de um obstáculo fundamental para que isso aconteça!

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terça-feira, setembro 05, 2006

Alameda

Sempre me irritaram aquelas pessoas que tentam definir tudo e todos numa palavra. As apresentações têm de cativar, servir de cartão de visita, resumir propósitos. Essa dificuldade torna ainda mais interessante que se possam ler nas páginas de estreia e apresentação da Alameda Digital ataques inteligentes ao progressimo anarquista, à forma como as nossas “cliques” criaram um mercado de cultura sem qualquer objectivo que não seja alimentá-las, a forma como sustentam mitos que lhes mantenham a posição proeminente.
A problemática da educação revela, também, uma das grandes virtudes deste formato menos dispendioso. A independência que mantém em relação a partidos e projectos políticos. Devo dizer que me agradou bastante a forma como a matéria foi apresentada, expondo pontos de vista mais privatistas e mais pró-públicos, mas sempre reticentes perante os ídolos educativos do nosso tempo.
Uma publicação portuguesa, erguida contra nihilismos, utopias e contra-culturas, que ainda apresenta uma reflexão sobre a perenidade da Pátria Portuguesa, não é tudo...
mas é um bom começo.

A Chave Dicotómica

Escrever textos teóricos onde não existe uma justificação, uma ideia fundamentada... apenas vontades. Somos assim, porque sim, porque não?, porque nos apetece. Reflexões de profundidade duvidosa onde não se explicita o porquê, a razão, a ordem das coisas. É assim a má música, a má arquitectura, a má política, o mau pensar, o malquerer.

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Este Verão

Brilharam a grande altura o EuroUltramarino, o Combustões e o Sexo dos Anjos.
Saúda-se o regresso do Vitório.
Ainda não acabei de ler a Alameda Digital. Depois vos direi.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Sem Chover no Molhado

Não gosto de seguir a agenda de partidos e por isso não tenho vontade nenhuma de voltar ao problema das Direitas. Até que exista uma clarificação ideológica por parte de quem necessita de o fazer, todos os que afirmam que não há conflito entre ser liberal e conservador, enquanto não se definir porque razões essa tensão não existe e porque razão a tradição se deve submeter à ditadura dos “papelinhos” e da moralidade das telenovelas da TVI, nada de novo ou interessante pode ser dito.
Essa sim é a clarificação necessária!

domingo, setembro 03, 2006

O Maior Défice

(escrito alguns dias após a data histórica)

Um défice dos nossos partidos de direita é a ausência total de ideário. Nisto não há bons nem maus... todos "igualinhos"!
Estas refundações não existem, são meras actualizações ao espírito do tempo, às conversas de café mais recentes, às banalidades infundadas que convêm à dicotomia dos bons e dos maus.
O Manifesto da Direita é por isso tudo o que se esperava dele. A tentativa de tornar um partido, neste caso o PND, o porta-voz eleitoral do movimento Atlântico (leia-se "direita acidental") é um episódio. Está longe de ser o dia histórico que Manuel Brás anunciou no jornal do PND!
Ainda que Monteiro se tornasse o líder de todos os órfãos da Direita, ainda que Monteiro conseguisse que Marcelo o dissesse de direita moderada, ainda que fosse convidado à mesa do MFA-Partidos, o vazio manter-se-ia.

Os "liberals mugged by reality" que Manuel Brás menciona no seu artigo não são os liberais de direita, mas os Sócrates e os Blairs que se apercebem de que um governo de esquerda clássica impede a produtividade. As preocupações são de esquerda, o argumento é meramente funcional. É uma direita circunstancial... acidental.
As estafadas distinções, criadas quase totalmente por ideólogos de esquerda, entre segurança-liberdade (como se a liberdade não proviesse da capacidade da comunidade política defender os direitos de seus membros), conservadores-reaccionários (os que respeitam a tradição, não lhe ligando nenhuma, e os que defendem o regresso à carroça ou à Idade da Pedra), pessimistas-realistas (os pessimistas que não reconhecem um homem santo, os realistas que possuem um olho clínico e, apesar de não possuírem aparato conceptual para tal efeito, produzem julgamentos precisos sobre quando se é bom ou mau), modernaços-botas de elástico (bons e maus), tentam criar a ideia de que "A Nova Direita introduz no conservadorismo a dimensão intelectual e a base argumentativa". Notável asserção relativa a uma forma de pensar com centenas de anos...

Um dos pontos mais reveladores do Dia Histórico da Direita Portuguesa é a afirmação da necessidade de recentrar o sistema político português. Ao invés de Direita temos Centro, na velha e doce melopeia de que o demo-liberalismo é um sistema neutro, de que a democracia de massas e telecrática é o elemento mais importante a salvaguardar na acção política.
Importante porque revela que esta "correnteza" de pensamento não é conservadora-liberal, mas liberal "tout court". Tradições sim, folclore sim, mas desde que o fundamental seja preservado! O que há a preservar? O direito à liberdade e a dispor de si...
Mas para que servem as tradições se a liberdade individual as pode subverter?
Um conservadorismo notável, que não é senão o Centro a tentar conquistar a Direita.
Algo de que o PND se vangloriava quando dizia, com maior sinceridade, ser um partido de classes médias, sem ser esquerda ou direita.

Fui Premiado

E gostei! Gentileza em demasia do MCB.

A Paz pela Paz

Chegou-se a uma paz. Uma paz que é uma ausência de conflito e não uma Paz verdadeira. Chegou-se a algumas conclusões. Primeiro, que o conflito não era imprescindível para a subsistência do Estado de Israel. Segundo, que a comunidade internacional não existe, assim como não existe uma Ordem Internacional pós-11 de Setembro. Terceiro, que a Europa não existe e só existirá com o sacrifício do que a tornou importante.

Primeiro que tudo é fácil observar que Israel ainda existe, apesar do fim da beligerância, sem qualquer tipo de força de manutenção de paz ou entreposição. Um jogo mental simples, fundado em ignorâncias várias e em na confusão de princípios maquiavélicos e hobbesianos, que gerou o branqueamento de situações de pura maldade em prol de uma ameaça que se manteve inexistente. Daí a um estado de necessidade desculpabilizante, que eliminou o mal da destruição de recursos que nada tinham a ver com o Hezbollah, foi a distância de um exagero e de uma mentira.
Uma paz que não desarma o Hezbollah, que aqui sempre defendi como única finalidade positiva da intervenção militar, é má para Israel e para o Líbano, para todos os povos (cada vez em menor número) que não desculpabilizam crimes terroristas.

Esse é um ponto essencial para quem quer perceber os príncipios da nossa ordem internacional. A incapacidade de encontrar inimigos é um problema de ausência de fundamento. Concorda-se numa Aliança Internacional para intervir no Líbano, condena-se o terrorismo internacional em vez de se desarmar o Hezbollah... não se sabe o que é que se lá vai fazer!
Tudo o resto é uma pastelaria conceptual sentimentalona, o desejo de exaltar o povo num sentido e noutro para evitar uma reflexão profunda sobre o estado das relações internacionais mundiais. Nenhum princípio comum pode ser analisado com propriedade, nenhuma ideia é fundada em algo sólido. Os argumentos são o mais sujo, o lixo é atirado de um lado para outro.

Quanto mais rápida é a reacção, mais rápido sai o disparate.
Sem ideias originais, sem uma noção partilhada de bens a preservar no meio deste conflito a acção é rápida, mas sem qualquer objectivo que não seja reclamar uma zona de acção! Dizem alguns que o Médio Oriente é uma zona de influência europeia. Ficamos à espera de saber qual a diferença proposta europeia para o Médio Oriente.
Calculo que a proposição de poder europeia para as suas zonas periféricas seja a exportação do seu lema “unidade na diversidade”. A Europa não deve querer discriminar o Hezbollah...

A doutrina Soares cada vez ganha mais peso nas instituições. Os terroristas de hoje são os nossos aliados de amanhã.

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Posts de Verão

Suspensões

O Exército Israelita afirmou que irá suspender as suas acções aéreas durante 48 horas de forma a investigar o que se terá passado em Canaã. Terrível decisão que demonstra bem a não existência de um “estado de necessidade”, mas de que a esmagadora parte das acções são punitivas, uma réplica das acções levadas a cabo por toda a Palestina.
Mais uma vez cabe afirmar que a morte de civis seria justificável se evitasse um dano maior. Assim se observa que não é o caso e que os que legitimam este tipo de acções padecem de uma doença grave.


Obrigações

A Modernidade trouxe consigo um conjunto de ideias de perigosidade extrema. Uma delas foi a ideia, recuperada dos convencionalismos sofísiticos do Mundo Antigo, de que o único tipo de obrigações é político (ou melhor dito social).
A ideia de uma moral que é definida apenas por um elemento exterior ao indivíduo, em que este se encontra castrado da possibilidade ou mesmo da necessidade da compreensão da acção, define que a completa extensão da moralidade face a uma alteridade: o soberano, o colectivo, um Deus incognoscível.

Nesta abordagem de que Hobbes é, talvez, máximo expoente, o Político enforma a totalidade (ou a quase totalidade) da vida humana. Os elementos externos a esse círculo político são desprovidos de direitos. Assim se forma a ideia de “inocentes dispensáveis” que encontramos defendida em tanta, e tão influente, literatura “neo-realista” dos nossos dias. Homens que não têm direito à humanidade... Não creio que se possa compreender Israel sem compreender a concepção judaica de humanidade. Creio ser o ponto fundamental para tal, mas ficará para depois.

Importante é referir que um inocente, alguém que independentemente de suas crenças e opiniões, não tem capacidade de inflingir qualquer dano, é sempre um elemento a preservar. Um elemento qualitativo e não quantitativo... Não há inocentes de segunda! Qualquer acção militar tem de preservar os inocentes, sejam eles estrangeiros ou nacionais, uma vez que os não-combatentes não são inimigos. Qualquer acção que perigue a vida de inocentes deve equacionar a perda de vidas como se da de cidadãos nacionais se tratasse.
Um disparo sobre um prédio onde estão civis libaneses só deve ser realizado:
Quando exista prova de perigosidade maior dessas armas.
Quando o disparo se efectuasse mesmo se os civis fossem israelitas.
Quando existe incapacidade para qualquer outro tipo de acção menos violenta.

Estou longe de afirmar, como alguns, que só existe malícia na intervenção israelita. Há nela uma grande medida de bem... É fundamental olhar e perceber o que seria dispensável e o que não.
Ainda ontem um caça israelita alvejou duas camionetas de extracção de água. Quem tiver oportunidade de observar as imagens do alvo será rápido a ilibar o piloto, uma vez que os camiões são muito semelhantes a lança-mísseis portáteis.

Ninguém mais do que Israel terá interesse em compreender onde foi utilizada força desnecessária, por forma a libertar-se de assassinos e oportunistas. Essa acção só pode ser conduzida caso a caso...

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