sexta-feira, setembro 15, 2006

O Obsceno e a Sublime Liberdade (II)














Se a mentalidade moderna está impregnada de religião materialista que se transforma a todos os momentos numa redução dos objectos à sua expressão física, uma linha não existe, sendo apenas um conjunto de reacções químicas no cérebro de uma pessoa (não se poderá dizer o mesmo das outras pessoas que habitam o Mundo?), ela encarrega-se de adquirir o monopólio da racionalidade. O Racionalismo Moderno foi precisamente isso. Ao invés de se apresentar como uma racionalidade alternativa, apresentou-se como a única forma de racionalidade. Para isso apresentou uma falsa ideia do pensamento Cristão anti-racional, onde a palavra Deus é solução para todas as perguntas e onde o pensamento dogmático se sobrepõe a tudo na sociedade.
Na análise científica cristã o acendimento de um isqueiro nada teria a ver com combustível, oxigénio, pedra, mas com o facto de Deus desejar que ali ocorresse combustão. Esta concepção é falsa e representa uma incompreensão comprometida.

Ao invés da redução materialista que não apresenta justificações, mas a própria negação da metafísica e da justificação, a verdadeira filosofia realista, o realismo metafísico e moderado da teoria tomista, apresenta-se como uma compreensão das coisas a partir da realidade das coisas. A cadeira não é uma cadeira porque Deus assim quis, mas porque a Natureza a dotou de um lugar na sequência das coisas. A sua justificação encontra-se em si e não num mundo transcendente e insondável onde a mente humana não penetra, ou num qualquer livro com palavra de terceiros. A Bíblia não explica o que é uma cadeira (ao contrário de outros textos religiosos), nem tem de o fazer. Os limites da Revelação são outros e de natureza bem diferente.

Retratar os homens de outros tempos (com o objectivo de atacar as ideias) como um Homem, numa simplificação monolítica, defeituoso e imperfeito, ímpio e hedonista, é absolutamente desligado da realidade. Em todos os tempos houve santos e filhos-da-puta, cobardes e corajosos, dissimulados e francos. É por isso mesmo que aqui falamos de verdades e não de pessoas... Para além disso olha para as verdades sob o mesmo prisma que apontámos no texto anterior: olhando apenas para o efeito que têm na sociedade e não buscando o certo e errado. Nenhuma moralidade poderá daí emergir...
Retratar ideias pela sociedade onde estas floresceram nada diz sobre as mesmas.

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