quarta-feira, maio 31, 2006

O Espírito Fascista

Não é exactamente correcto afirmar que o Fascismo nada tem a ver com o Estado Novo. O Fascismo pode muito bem ser entendido como uma tendência anti-liberal que emerge num determinado momento da história do século XX e que assume diversas formas consoante a comunidade política que a recebeu. Essa tendência regeneradora, expressa na ideia joseantoniana da reconstituição nacional, é nacionalista precisamente por esse facto. Ela visa restituir aos povos o seu verdadeiro Ser. Esses Seres são variáveis e resultado dos processos históricos e constituintes de cada uma das comunidades políticas. Só nesse sentido se poderá falar de Fascismo como um movimento transnacional com acolhimento dentro dos muros da Casa Lusitana.

Se é certa a existência de um conjunto de propostas de “pronto-a-vestir” fascista, para aplicação imediata em todas as latitudes da civilização, a verdade é que estas não tiveram grande acolhimento cá no burgo, em virtude do Modo de Ser, do Génio Português. Se o Integralismo evolui da Action Française, é óbvio que o ultrapassa nas suas asserções e na completude do seu pensamento, realizando assim de maneira completa o seu intento. É uma AF consequente (permanente e não provisória) e adequada ao Ser Português. Creio que se poderá afirmar o mesmo no movimento Nacional-Sindicalista, eivado de um messianismo gnóstico Cristão, bastante diverso do seu congénere alemão originado no idealismo alemão e na sua realização perfeita, o nietzscheanismo.

Se muitos movimentos procedem dessa tendência de reacção é óbvio que encontram caminhos e justificações, estruturas espirituais e compreensões do real, claramente distintas, que os colocam em pontos opostos do espectro político.
Considerar que o culto do chefe no III Reich é algo remotamente parecido com o Salazarismo não é senão uma miopia induzida. Considerar que o Partido Fascista tem algumas semelhanças com a União Nacional é um acto de imaginação bizarro. Considerar que o Totalitarismo tem algo a ver com o Estado Novo é uma invenção que tem dado frutos, mas que é reveladora da ignorância que grassa nos meios científicos portugueses e de como estes são movidos por interesses externos ao saber!

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terça-feira, maio 30, 2006

Em Autogestão

Depois de ver a reportagem sobre o ensino nas secundárias do país, reitero a minha pouca esperança no presente e no futuro!
Aguardo a reacção do costume... É o Estado, e por tabela todos nós, quem tem de subsidiar casas e empregos para esta escumalha toda!

Esperança, no Misantropo.

Fúria de Viver

Esperando...

Acreditando que alguém tenha lido o "post" anterior (para além do infatigável Lemos e do Manuel) cai-me na mente que poderia ter sobressaído um engano. Habituados a ler uma coluna intransigente poderiam os que se dão ao trabalho de ler esta página ter estranhado o louvor ao elemento compromissório do Estado Novo.
O problema central é saber o que há a preservar! Neste momento há muito pouco...
Por isso, sem esperança na minha geração ou na próxima, vos digo que não há Nobre Mentira que nos possa salvar. Exemplo disso é a "melodia" neoconservadora, que tentando ser uma "direita de contenção" ou , melhor dito, um "orleanismo", contém tantos erros inultrapassáveis quanto as ideias a que se opõem!
Neste momento nada há a fazer senão erguer a Verdade na esperança de melhores dias!

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segunda-feira, maio 29, 2006

A Coragem do Possível









Se há coisa que caracteriza Salazar é o seu profundo realismo. O que é muitas vezes confundido com maquiavelismo é a identidade própria do Estado Novo. E este é um regime interessante pelo carácter compromissório em que se apresenta e que se cristaliza na Constituição de 1933. Anti-parlamentar, anti-democrático e anti-liberal e contudo dispondo de uma Assembleia Nacional, de um conjunto de eleições e referendos e de uma Constituição que consagrava numerosos direitos e liberdades aos indivíduos, o Estado Novo e Salazar desde cedo perceberam que teriam de abrir todas as portas para que pudessem ter sucesso na sua empresa. Por isso trataram de elaborar um discurso e uma estrutura que pudesse suscitar apoios das mais variadas tendências políticas. Assim se verifica aquilo que por aqui já dissemos acerca da importância do sector primo-republicano no Estado-Novo. Essa relação, por vezes de aliança e por vezes de mera paz, é o ponto-chave do equilíbrio estadonovista. Salazar torna-se ainda mais fundamental por isso, sendo o possuídor da visão total, do sonho, da melhor continuação do Projecto.

Os resquícios progressistas da Iª República, que em muito se misturam com elementos modernistas e futuristas do Fascismo, fazem parte do Estado Novo (o direito aos benefícios do progresso e da civilização, consagrados constitucionalmente) e são um claro exemplo de um sistema que é misto. Isto não implica, de forma alguma, que o Estado Novo fosse um sistema sem propósitos ou o lugar geométrico de compromissos inconfessáveis. Pelo contrário, o Estado Novo enquadrou-se dessa forma para que pudesse, da melhor forma, prosseguir as suas finalidades: Integridade Territorial, Portugalidade, Independência.

O Estado Novo foi, por isso, o regime possível e o 28 de Maio o evento que permitiu a libertação do jugo da esquerda nacionalista da Iª República. Longe de ser ideal foi o regime que o “material” permitiu moldar... E o seu génio artístico, o intérprete da Forma, o criador de seus equilíbrios e simetrias, já sabemos quem foi.

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domingo, maio 28, 2006

Preparo um post sobre a Revolução de 1926














Mais lá para a noitinha, talvez!

Cálculo

Ou muito me engano ou o Olavo de Carvalho já deve ter a cabeça a prémio...

As Historietas do Gepetto


Continuamos nas eternas discussões do Estado Novo e do seu alegado fascismo. Acho mal...
Lemos artigos da mais profunda ignorância (o conhecimento enciclopédico, sempre ele), lemos enormes reflexões sobre banalidades que resultam do vício dos primeiros, lemos reflexões bem intencionadas, mas que caem na ingenuidade. Não serei eu a dar a volta à situação...

Estranho apenas que o Gepetto (na feliz expressão do leitor Lemos) considere que seja necessário ser correlegionário ou ignorante para dizer que o fascismo nunca existiu em Portugal. Tenho-me por feliz de caír na primeira das categorias, mas lamento que tão boa gente caia na segunda. É o caso de muitos amigos do dito professor... Não se poderia dizer o mesmo dos democratíssimos membros do Partido Comunista Português? São argumentos elevados, dignos de um catedrático de uma universidade que se encontra no seu auge...
O AAA levantou o problema de maneira correcta, uma vez que falamos de mitologia! Tanto que o dito Gepeto considera que se trata de uma questão de fé... Ou se concorda ou se é irracional! Isto diz muito da perspectiva científica do dito senhor, que é movida por um corte entre a verdade e as coisas em que acredita, e por uma fé, a única permitida, numa racionalidade limitada.

A chachada do costume, de "ciência" que anda ao sabor das políticas!
O Gepetto não perde a oportunidade de nos tentar fazer de fantoches...

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quarta-feira, maio 24, 2006

Uma Auto-Estrada para Damasco (II)

De repente surge a ideia, muito em desacordo com o “espírito do nosso tempo”, que chafurdar na lama não é tão bom quanto a vida digna. O “macaco nú” possui em si uma centelha de divino, que o realiza. O elevado puxa por nós, por ser a nossa natureza. Do reduto das subjectividades eleva-se a virtude dos homens que, face ao vazio e à incerteza, possuem a vontade de continunar a Civilização. Sem as guias de Deus, sem uma crença fidedigna que não nas “histórias que se contam do Hades”, os intrépidos fundadores e continuadores do pensamento afastam a sociedade do Vazio, do regresso à pocilga, sem esperança. Há nesses homens uma virtude, uma força dirigida para o alto, que ainda se pode sentir nos clássicos ou nos escritos de Heiddegger e de Leo Strauss (não estranhamente um jusracionalista judeu)... Sem esperança que não a manutenção deste mundo e da ténue linha que nos separa do absurdo, da arbitrariedade, é, de facto, a tarefa dos grandes homens não abjurar essas verdades, muito menos pelo interesse, vaidade, glória.

Não há dúvida que há bons homens sem a existência do Divino. O problema é que não há Bem sem Divino...
A questão parece retornar aos dramas fundamentalistas e aos autos-de-fé, como por certo alguns fazem crer. É inevitável que assim seja. Relembre-se a História da Filosofia e ver-se-á que em toda a teoria do Bem, em todas as pessoas que formaram um juízo auto-examinado e o levaram às mais profundas consequências, existe uma análise de Deus.
Marx pediu emprestado o Deus de Hegel, o Processo Histórico, para anunciar a Boa Nova da amoralidade e o Reino da Técnica (que, por seu turno, havia sido emprestado da doutrina positivista de Auguste Comte).
Ou o que dizer do Utilitarismo em que Bentham assume os pressupostos do materialismo cartesiano, reduzindo tudo o que não tem forma física à categoria de lenda. A partir desse momento a divinização do Homem, em particular do seu elemento hedonista, é conquistada, sendo tudo sacrificado à suas mãos.

Todos estes, gente alerta, compreendiam a necessidade de ancorar as suas concepções de Bem, num sistema mais profundo, numa demonstração de que a sua posição se encontra em consonância com a ordem natural das coisas. Essa âncora é fundamental em qualquer ideia que se proponha a ser mais que passageira, mais que mera expressão de vontade individual. Que significa fazer o Bem se não for cumprir a nossa natureza e a natureza das coisas? Que significa o Bem sem um referencial maior?

A fragilidade do Bem que não está ancorado, justificado, a algo mais profundo é o caminho mais rápido para o vazio. O vazio é o caminho mais rápido para a doutrina do mais forte, que é a antítese da concepção verdadeira de Bem que encontramos no conflito eterno de Sócrates e Trasímaco. É o triunfo deste último...

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No Coliseu a 17 de Julho

Independence Day

Os americanos têm olho para a coisa. A mentira de Bandung foi um dos pilares, mesmo em Portugal, da ordem mundial do pós-Guerra! O anti-colonialismo prosseguiu o seu caminho, mesmo nos ambientes que seriam mais adversos, em particular no "aggiornamento ressaibiado" de alguns intelectuais franceses das direitas...
Tendo o mundo sido libertado do imperialismo, temos hoje uma ordem nova, cheia de liberdades e independência. Exemplo disso é o caso de Timor, em que um conjunto de rebeldes descamisados e armados de goiabas pontiagudas (como bem sabe o Lemos), conduz a um pedido de intervenção internacional! Que país é este? Que estranhos propósitos teve a sua fundação?

E a Austrália que passou de província ultramarina a potência regional, destruíndo as esperanças britânicas de restauração do seu lugar internacional de há dois séculos, que propósitos esconderá?

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terça-feira, maio 23, 2006

Mais Recados aos Indígenas (II)

A preferida dos jornalistas é a Amnistia Internacional. A dita associação passa a vida a mandar recados aos Estados, como se estes fossem culpados da existência de crimes no seu território! Os crimes que os preocupam são os do "espírito do tempo": A violência policial e sobre as mulheres.
Há um crime de que gosto particularmente e em que, dizem, o nosso país é pródigo. A Perseguição a Mulheres que Praticam o Aborto! A seguir vamos ter os crimes de Perseguição a Pedófilos e a Larápios...
O público assiste impávido!

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Tempus Fugit

Como me vai falhando o tempo, sugiro-vos uma passagem aos livros gratuitos do Teoria Política e aos recursos do Edmund Burke Blog.

sexta-feira, maio 19, 2006

Misantrópica Permanência

Um ano e já com dois ameaços de partida...
Sem dúvida um dos melhores blogues que conheço!
Melhor elogio que o do FGSantos é difícil... Remeto-vos para tal leitura.
Que passem mais cem!

Protestantices

O Rangers quer Ricardo e Robert...
Há clubes assim! O Futebol Português agradece.

Estranho

Ver os manifestantes anti-touradas dá vontade de ser aficionado.

Em relação a um comentário anterior

Rajá é nome de gelado...

quinta-feira, maio 18, 2006

Os Filhos de Licurgo

Dizíamos que o Portugal aos Portugueses é um equívoco. É verdade, mas a problemática não se esgota no slogan. Esse é o principal problema, mais fundo que a mera expressão de princípio. O problema é o caminho trilhado, que cada vez mais se aproxima do socialismo... O post “Rawlsianismo Nacional” era perfeitamente claro nesse aspecto! Poderíamos ficar aqui a discutir se são os portugueses que pertencem a Portugal, ou o inverso. A questão é apenas uma. O socialismo (como de todas as ideologias populistas) é a posse da comunidade política por parte do Povo. Nessa estrutura política os governantes não passam de executores do Povo, passando o Estado a ser um elemento garantístico dos direitos dos indivíduos. O “indivíduo-absoluto” que tem o direito, provindo, sabe-se lá de onde, de ver as suas necessidades satisfeitas!

É fácil ver onde isto vai conduzir.
Por um lado, à identificação completa da Nação com a satisfação de necessidades, num primeiro momento, e de caprichos e interesses privados, num momento posterior. Por outro lado a ideia conduz a uma ingovernabilidade, ou pelo menos, à impossibilidade de um governo que não seja de facção. Este governo de facção, seja ele dos muitos (democrática ou socialista) ou dos poucos (oligárquico ou burguês), é a antítese de um governo justo (recto e natural). Governar passa assim a ser a ousadia de vender a coisa pública aos privados. E de vender uns privados (os ricos) para sustento dos muitos (a turba). Daí que a formação do socialismo seja a destruição da Nação, como algo mais elevado. Ainda que se mostrem “estandartes” antigos e respeitáveis, um nacionalismo mesclado com estas ideias, não só é impotente (impede a realização da sua própria essência), como é uma falsidade (porque não é um regime correcto, no interesse da comunidade e seus princípios, mas uma afirmação privada).

Perde assim a sua identidade e torna-se outra coisa...
E perde a sua capacidade de agir, ficando marcado pela efemeridade da satisfação material da turba.

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O Código daVinci Não Me Interessa!


Assim como qualquer filme do Ron Howard.
Estava tão bem escondido no baú dos Happy Days...

quarta-feira, maio 17, 2006

Nacionalismo Como Comunitarismo

Uma das diferenças das ideologias que se reclamam de Nacionalistas é o seu carácter comunitarista. O comunitarismo, ao contrário do que muitos pensam, não é uma ideologia de esquerda ou direita... Não é uma ideologia! É um posicionamento filosófico e não uma tendência explicativa da totalidade da realidade (e é por isso, também, que considerar que uma nação, pelo seu carácter imaterial, uma ideologia é um disparate a toda a prova).
O carácter do comunitarismo coloca-se na centralidade da sociedade (ou comunidade, dependendo da versão) política, comandando um conjunto de obrigações que lhe são prévias e um enquadramento, que "preenche" o homem.

Esta é oposição ao "homem abstracto" da teoria moderna, em que o indivíduo é preenchido pela vontade ou por uma racionalidade exógena que se quer passar por universal. A defesa deste modelo é imprescindível para que a comunidade política seja uma entidade ôntica e não mera sociedade (de natureza semelhante a uma sociedade por quotas), porque, uma vez desprovida dessa identidade de busca do justo e do bom, não passa uma entidade infra-política... a quadrilha de ladrões de que falava Santo Agostinho!

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Mais Recados aos Indígenas

O castigo corporal às crianças é um recurso educativo que deve ser utilizado enquanto estas não têm capacidade de compreensão das consequências dos seus actos. Mesmo os autores liberais clássicos reconheceram que na esfera familiar a contractualidade não funciona, uma vez que existe uma clara incapacidade de uma parte, os filhos menores, de gerirem de forma razoável os seus fins...
Se toda a violência gratuita ou patológica deve ser eliminada, há violência que é justificada!
Quando uma criança persiste em beber um ácido, é dever de todos (não apenas dos pais) evitar, da forma que puder e for necessária, que esse dano ocorra. O mesmo pode ser dito de muitos outros danos às crianças...

A eliminação de toda a violência na sociedade é um objectivo antigo das utopias esquerdistas. A resistência esvai-se...
Eis o Modelo Familiar Europeu e o funcionamento do maravilhoso princípio da subsidiariedade!

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terça-feira, maio 16, 2006

O Pensador Tradicionalista, por Miguel Ayuso.

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Áfricas

Será possível falar em Direitos Africanos? A ideia é interessante, mas desprovida de senso. Não há direitos africanos, mas direitos em África. Não existe qualquer tipo de unidade africana. Há um conjunto de tradições, a maioria provinda de elementos exógenos, que se digladiam entre si. E existe um conjunto de povos com origens externas (asiáticas) que se inserem no continente. O que dizer das “tribos” brancas, que deixaram tão importante legado no continente? Certamente são africanas como faz questão de nos lembrar o Miguel Castelo-Branco.

Existirão Direitos Europeus, da mesma maneira?

"Monjes" Budistas

De tempos a tempos Portugal é assolado por pragas. Deus encarrega-se de nos lembrar a fragilidade da nossa sanidade mental através de maleitas sistemáticas e persistentes.
Há uns tempos foi o uma rã que cantava "música de carros-de-choque" e fazia sons de motoreta. Mais recentemente os êxitos do Canto Gregoriano em que pontificavam "malhas" como "Losing My Religion" e os Grandes Êxitos dos Delfins. Agora e em perfeito espírito new-age, temos uns tipos que murmuram uns "mantras" enquanto uma desafinada qualquer entoa uma labregada americana...
Dupla catástrofe quando observamos o título da obra prima!
Devem ser monges do Algueirão ou da Madorna...

segunda-feira, maio 15, 2006

Rawlsianismo Nacional?

O Nacionalismo trilha caminhos cada vez mais perigosos. A estranha aliança ideológica com o socialismo começa a ganhar contornos cada vez mais precisos e indesejáveis.
Proclamando que Portugal pertence aos portugueses, ideia que é a antítese do nacionalismo (se a Pátria fosse propriedade de alguém o proprietário seria livre de a dissolver segundo seus desejos), o nacionalismo "agrupado" assume a sua rendição ao espírito moderno do nacionalismo democrático. Estes caminhos já foram trilhados... Pela esquerda! Veja-se se o patriotismo rousseauniano, o populismo de Siéyès, o positivismo comteano, não foram, também eles, uma defesa de que as nações são reinventáveis "à vontade do freguês" democrático.
O discurso sobre a imigração é apenas um reflexo disto. Lembro-me de um nacionalista, mais esperto que nós todos, ter afirmado numa entrevista que o problema da imigração era a forma como esta não defende os interesses actuais de Portugal. Certíssimo...
O problema coloca-se quando o apelo nacionalista se realiza em termos de "Os Portugueses Primeiro". É que é por demais óbvio que a existência de imigrantes e a subsequente criação de mão-de-obra barata é um ponto fundamental para a sobrevivência de empresas portuguesas. Depois não adianta vir dizer que vai tudo parar às mãos dos espanhóis...
A tudo isto subjaz um pensamento socialista! O proteccionismo não se cumpre em relação ao bem da comunidade, mas tomando o direito abstracto a uma parcela de remunerações da sociedade. É uma forma de individualismo, ou melhor, de populismo, em que a Nação existe enquanto servir os intentos do indivíduo. As semelhanças com a teoria de Rawls são mais que óbvias...
A política de imigração portuguesa deve servir os interesses de Portugal,( e não eliminar, da mesma forma, as obrigações para com a comunidade, por parte dos empresários) e não os interesses dos Portugueses. Deve ser a obtenção de recursos para a manutenção do Projecto Nacional e não o sustento dos proletários portugueses, como agora muitos querem fazer passar.

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domingo, maio 14, 2006

Um Ano de INTERREGNO

sexta-feira, maio 12, 2006

Hoje o Benfica joga no Estádio Salazar

quinta-feira, maio 11, 2006

Obreiro da Pátria

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quarta-feira, maio 10, 2006

Representação Existencial














Cada vez que um monárquico fala sobre a República vem à tona a questão da representatividade. Releio Mário Saraiva nas suas “Razões Reais” e vejo que a forma como a questão é dirigida em termos pouco próprios para a Monarquia Portuguesa.
A questão da não-electividade é fundamental na Representação. Ela é, contudo, apenas uma face escondida de uma concepção superior. Os neo-integralistas tomam a a não-electividade como sinónimo de representação da população, como se o facto de uma legislatura não ser electiva significasse independência. Pode ser que sim... mas representará Justiça? É evidente que uma pessoa de má-indole, julgando um caso em que não possui ligação com as partes, actua com a máxima independência! É também evidente que o julgamento reflectirá os vícios de seu carácter (a cobardia, a avareza, a inveja). É por essa razão que é absolutamente insuficiente afirmar que que a independência significa justiça. Até porque esta existência institucional é a de um Procurador Público e não de um Rei...
Não haveria razão, então, para não cobrir o Dr. Mário Soares ou o Dr. Cavaco Silva de honrarias e de bens que os tornassem homens independentes! Assunto resolvido.

A Representação é mais profunda que isso, porque reflecte o Ser dos Povos.
Quando falamos de Monarquia (arrisco a expressão Europeia, devendo o termo correcto ser Cristã) estamos a falar de uma instituição que é o garante da Identidade, do Ser, de cada comunidade política. Não são fados e guitarradas, que isso são expressões decorrentes do Ser e não o Ser. É a forma relacional com o imanente e o transcendente contribuem para a Forma.
O problema da Monarquia e da Democracia residem, afinal, nesse ponto central.
Imaginar uma Monarquia em que o Rei devolve os poderes à sociedade, eximindo-se das suas responsabilidades, é uma abjecta forma de se tornar uma mera figura decorativa e, mais grave, abandonar o Povo à sua sorte.
Imaginemos um referendo para a legalização do homicídio de crianças até ao primeiro ano de idade[1].
Pode o Rei voluntariamente deixar às vontades dos indivíduos tal decisão?
É óbvio que não, uma vez que faz parte das suas irrevogáveis obrigações a manutenção da Constituição Verdadeira. É essa Constituição que é a sua força, constituíndo-se como a verdadeira essência da Instituição, por três razões:
Porque a Tradição é o sustentáculo do Rei e da Nação, porque a única independência desejável é a Justiça, porque não é a vontade o horizonte máximo da acção humana. Sendo as três questões um e o mesmo problema, precisam de um enquadramento específico.

O Rei não é um déspota, sendo essa a diferença para o despotismo a salvaguarda de um conjunto de elementos que se encontram acima da sua vontade. Nesse ponto é evidente que existe uma Politeia, diria uma Monarquia Republicana o Professor Adelino Maltez, na sua paixão por aparentes contra-sensos. Acrescento eu que não há Monarquia Portuguesa sem Constituição[2]. A contradição verifica-se, não na terminologia, mas na interpretação dos significados. A Constituição na sua forma Moderna é a antítese da Politeia (ou República, ou Regime Constitucional), devido ao seu carácter democrático, onde todos os aspectos da sociedade são negociáveis e estão submetidos ao poder da multidão[3].
Várias formas emergiram ao longo dos tempos significando o conjunto de obrigações do Rei perante elementos que lhe são superiores. Deus e a necessidade da concepção de justiça cristã[4], e a Pátria (ou Nação) como conjunto de elementos constituintes das obrigações políticas dos vários povos e comunidades (Foros), condensando-se numa entidade propriamente política[5]. Dessas obrigações não pode o Rei prescindir, sob pena de integrar as fileiras de um “despotismo” mais ou menos “iluminado”, momento histórico em que os grandes pensadores monárquicos se moveram contra o poder real em defesa da verdadeira Constituição[6].
Contrariando esta obrigação, por omissão ou por concordância expressa com a turba, o Rei não cumpre a sua função essencial...

Vê-se, desta forma, que o segundo ponto é fundamental. A tradição é o elemento que enquadra a existência de qualquer homem no seu meio e é o ponto de partida da comunidade política. Os homens, as famílias e as comunidades políticas não são criados ex nihilo segundo o mando dos que crêem possuír uma meta-visão, o cosmopolitismo. Não se encontram livres em sentido hobbesiano, rousseauniano ou lockeano para recrear a sociedade segundo os seus desejos ou impressões, como era o caso dos comunistas, dos pós-modernos e, ao que parece agora, de alguns neo-portugueses[7].
Contra o despotismo da Vontade, Régia ou Popular, a Instituição Real encontra-se imersa num conjunto de obrigações, naturais e positivas, das quais não pode prescindir. Sem elas ou não é Monarquia (porque subordinada ao poder dos Muitos), ou não é Portuguesa (por se encontrar ab soluta das obrigações que constituem o seu próprio ser.

Também por esta razão se demonstra que nada é mais estranho à concepção portuguesa da Instituição que a electividade ou a ideia de que o Povo escolhe, em determinadas situações, o seu Rei, como muitos neo-monárquicos querem fazer crer[8]. Escravo da Vontade Popular o Soberano estaria limitado em sua acção pelos desejos do Verdadeiro Soberano que o colocou no trono.
O que parece ser uma eterna contradição e dilema da Monarquia, visto que todos os Reis legítimos provém, num momento ou outro, de Cortes, não o é!
O Povo não escolhe ou elege o seu Soberano! Encontra-o.
A vontade não desempenha o papel preponderante nesta acção, uma vez que, quando legítima, a acção Nacional não representa senão o respeito pelas Leis Constitucionais da Comunidade Política, tanto em matéria sucessória, como nas limitações elementares para a escolha, como na salvaguarda da Tradição.
Adequar o desejo à Norma que é o Bem da comunidade.

O ardil da posição de Mário Saraiva é a sua maior fraqueza. Defendendo que o fundamento da Monarquia é a forma como esta significa várias coisas ao longo do tempo, Saraiva retira à Monarquia Portuguesa a sua essência! Daí a tornar-se uma monoarquia ao estilo do III Reich ou uma Monarquia Comunista à cambodjana ou a uma hereditariedade presidencial cromwelliana, vai o pequeno passo da vontade popular...
Assim a monarquia não defenderia a Identidade Portuguesa, sendo um fim em si mesmo, a que todas as realidades, mesmo as mais elevadas, se sacrificariam[9].

__________________________
[1] As alegações deixo-as à vossa imaginação ou aos livros de Peter Singer.

[2] Aristóteles estabelece na Política uma definição clara de Regime Constitucional ou Politeia. Um regime de leis, em que apesar da não existência de um soberano (o termo é por mim empregue em sentido demasiado laço) que não a comunidade política, os elementos fundamentadores da sociedade são preservados.

[3] Política de Aristóteles I. 7.

[4] A menos que alguém um dia o “aggiornamento” nos leve a um Integralismo Lusitano ou Monarquismo de feição islâmica.

[5] Autárcica e com o objectivo de prosseguir o seu Bem Comum.

[6] A defesa da Tradição orgânica é ponto central de enorme parte do conservadorismo-tradicionalismo, seja na oposição ao Atomismo, à Sociedade de Massas, ao Igualitarismo. Ela é património essencial do Integralismo, a que muitos tendem a "virar a cara".

[7] Já ouço ao longe as palavras “inquisição”, “ortodoxia” e “fascismo”, congregadas na melopeia costumeira.

[8] O erro não é novo e foi descrito e refutado por Burke no início das Reflexões. Em Portugal temos alguns defensores deste erro, como é o caso da AMT (talvez a associação menos monárquica e menos tradicionalista da História de Portugal) do Professor Cardoso da Silva.

[9] É a esse aventureirismo pseudo-monárquico que me referia no último parágrafo do texto anterior.

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Gosto Muito da ONU

terça-feira, maio 09, 2006

Desafios Reflexivos

Consegue imaginar um Cachorro sem Salsicha?
Um Surfista que não faça Surf?
Um Integralista que se fundamente em Locke e Rousseau?

Restauração

Concordo completamente com o Dr. Cruz Rodrigues. Não sei e penso que dificilmente alguém saberá se Salazar foi monárquico. Palpita-me que sim, mas as personalidades complexas têm destas coisas. Não tenho dúvidas, porém e como já disse, de que a implantação de um regime monárquico era no período do Estado Novo uma impossibilidade. O apoio ao regime provinha de um consenso, no fundamental, entre monárquicos e republicanos conservadores. Cortar esse equilíbrio sustentador em prol de uma restauração que seria, no mínimo, periclitante, teria sido de um aventureirismo pouco abonatório e que poderia perigar os superiores interesses da Nação...

Basta olhar para o caso da Monarquia Espanhola, em que a restauração se deveu à cedência face ao comunismo e ao mais que provável fim da Espanha, para se manter no Poder.

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segunda-feira, maio 08, 2006

Contra Todas as Internacionais










Li no blogue Cruz y Fierro a intenção de criar uma Internacional Branca, como forma de encontro de todos os Tradicionalistas políticos. Tenho as maiores reservas quanto à iniciativa. Relembro o panfleto “Contra Todas as Internacionais” do Secretariado de Propaganda Nacional e a forma como alerta para o perigo de lealdades políticas superiores à Nação.
O problema é que por detrás dessas organizações se escondem, facilmente, interesses estranhos e prejudiciais à Nação. Ainda para mais quando falamos no domínio da Tradição e da forma como esta coexiste e se enquadra no contexto superior e inferior.
A criação de uma Internacional de cariz político é a antítese do tradicionalismo, até porque a lealdade política é a comunidade e não uma comunidade epistémica por mais interessante que seja em seus conteúdos... e nisso a blogoesfera e a internet servem muito bem tal propósito.

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Misturadas

Este blogue dá-me gozo por algumas discussões que surgem. A questão do III Reich ser ou não uma monarquia é profunda e interessante. Creio que não erro se afirmar que o regime do III Reich se caracterizava, apesar das várias alterações no decurso do tempo, por ser um sistema híbrido… Um misto de república, enorme parte das disposições constitucionais e políticas não foi derrogada, e monarquia, despotismo de carácter asiático. Se repararem no lugar do Fuherer no sistema político, este assemelha-se muito ao de um semi-deus do mundo antigo com capacidade própria de derrogar normas morais. Essa é a diferença essencial face ao sistema constitucional americano e a razão pela qual o senhor Bush não é um Imperador no sentido do III Reich…
Agora, um problema essencial nos EUA é a forma como actualmente o POVO é visto como um semi-deus, com a capacidade de ditar normas morais e de as criar segundo a sua vontade! Este é o problema que tenho com a democracia e com o legado de Rousseau… Não me oponho, de forma alguma, a que muitas decisões políticas sejam decididas por método democrático. Acredito até que é a melhor forma de resolver problemas locais (políticos e não jurídicos). O que não podemos incorrer é na ideia de uma democracia como guia da justiça e da Lei.

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domingo, maio 07, 2006

Será Que Leram Alguma Coisa?

A revista Nova Vaga brinda-nos com um artigo sobre Edmund Burke que é, surpreendente a todos os títulos. Primeiro porque não nos revela nada sobre o interesse de uma reflexão sobre “gentlemanship” no contexto político português. Em segundo porque revela um conjunto de lugares-comuns sobre Edmund Burke que não se percebe em que medida fazem sentido.
Notável a forma como Burke é um filósofo sem filosofia!
Não tendo teoria será possível afirmar que a Constituição é uma réplica da harmonia do Universo? Para uma pessoa sem teorias, possuír uma doutrina sobre a Harmonia do Universo não está nada mal!
E sem teoria é possível defender que a Constituição defende os Direitos Humanos? E quais, uma vez que se opôs aos de 1789?
Notável como Burke é apresentado como um detractor das constituições feitas pela razão de um indivíduo, para depois ser um defensor de uma manutenção em absoluto de um “status quo”, qualquer que esta seja. Esta seria um mero originalismo! O que não deixa de ser notável para um Homem que defendeu que “uma sociedade sem meios de mudar é uma sociedade sem meios de sobrevivência”.
A posição originalista não bate certo com a ideia de que Burke, no fim de contas defenderia a “constituição actual”, em detrimento das dependentes de um esforço da imaginação. Não será que “actual” significará “real” e “concreta” no nosso idioma?

Mais notável que isso é o tratamento científico dado a um autor que não tem teoria! É a modos que uma experiência mística... De tudo o que Burke disse e escreveu salienta-se, em vez de uma reflexão, um modo de ser! Ser um “gentleman” é a solução para todos os males da sociedade...
Não se percebe bem o que poderá ser um “gentleman”, mas parece mais um ritual iniciático. Na ausência de uma teoria seria mais ou menos um código de conduta que salvaguardaria sabe-se lá bem o quê...
A ideia de que Burke não teria uma teoria, e seria apenas um “gentleman” é ideia tirada de uns quantos tipos que acham que é o “papillon” que faz o monge! Ideia absolutamente disparatada no tempo de Burke em que o irlandês, e em virtude da sua naturalidade, era visto como um um campónio, um retrógrado jesuíta, um homem de parca educação, pela sua pouca fluência no idioma francês... Basta dar uma espreitadela ao livro que está ali em cima para observar como as coisas se passavam na realidade.

Quando se ensinam coisas destas em Universidades...
Quando as pessoas acreditam...

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sexta-feira, maio 05, 2006

Dos Mortos e Dos Vivos


Nos últimos dias tenho vindo a ler algumas inquietações em relação à Democracia e sua relação com a Monarquia. Como escrevi atrás, afirmar a existência de uma Monarquia Democrática é um contra-senso. Um elemento predominará sempre!
Na questão do Integralismo é de particular gravidade a capitulação perante um ideário que lhe é estranho e antitético.

O Professor António José de Brito observou magistralmente o problema na sua crítica em duas partes (I, II) de “Filhos de Ramires”, obra do neo-integralista José Manuel Alves Quintas, sob supervisão, acredito que atentíssima, do historiador do regime Fernando Rosas. A escolha do orientador não será inocente e suponho que se insira no habitual esquema (espécie de “test act”) de legitimação e profissão de fé anti-fascista.

Não é isso que me importa, de momento.
O que me parece mais importante é a forma como na crítica ao livro o Professor AJB diagnosticou os problemas essenciais da posição “neo-integralista”.
Primeiramente porque a ciência do Mestre Alves Quintas apresenta uma selectividade pouco selectiva. Na ausência de um critério rigoroso de definição do Integralismo encontra-se a pertença ao movimento segundo um critério “paroquial” a que o Professor AJB chama de “igrejinha”. Em vez de uma sucessão nas ideias, a sucessão do Integralismo de Alves Quintas é uma questão de adesão grupal (como identifica AJB na questão do Integralismo de João Ameal).
A incapacidade de encontrar uma essência no movimento revela-se na própria tese do autor dos “Filhos”, ao não encontrar um corte fundamental entre o integralismo e a doutrina monárquica pós-cristã (neo-integralista) que lhe sucedeu.

O absurdo desta posição é sustentado pela destruição do tomismo no seio do Integralismo, a que Quintas não dá qualquer atenção e a sua substituição pelo neo-tomismo de Maritain. O fundamento desta destruturação não é analisado e parece nem sequer interessar. O Personalismo de Maritain é o abandono possível da doutrina política católica e uma tentativa de a enquistar na Doutrina dos Direitos Humanos.
O problema que os Neo-Integralistas não percebem, ou não querem perceber, é que o corte que a doutrina maritainiana postula entre sociedade civil-política (conjunto de pessoas e Estado) e a moralidade é a mais grave afronta à tradição política ocidental que se fez a coberto da Palavra da Igreja.
A aceitação dos limites do indivíduo soberano e superior à comunidade política da Doutrina de 1789 é algo de profundamente avesso à Tradição Cristã e que a agride ao sancionar como legítima no plano político a acção das maiorias.
O resultado disso é o inverso ao pretendido por Maritain...

Quando MacIntyre critica a suposta confusão Sociedade-ComunidadePolítica na obra de Edmund Burke, em After Virtue, afirma que o anglo-irlandês é totalitário por considerar que a sociedade deve estar enfunada de um conjunto de princípios históricos. Por considerar que o Estado deve estar imbuído de um conjunto de princípios morais, e não deve ser mera emanação das crenças do conjunto dos indivíduos, Burke ganha um lugar na galeria de reaccionários-totalitários, defendendo nada mais que o que a Tradição Cristã sempre havia consagrado.
Ao invés de livre a sociedade pós-moderna de Maritain e dos neo-tomistas encontra-se refém das posições da sociedade, sagrando como elemento político fundamental a Vontade. O domínio político fica assim rendido à ditadura das maiorias... Sem Estado que defenda a Justiça, mas apenas cumprindo a Vontade da Sociedade Civil, a “quadrilha de ladrões” fica à solta! O governo absoluto das maiorias, reduto que não carece de justificação ou enquadramento, é o mais perfeito Totalitarismo.
Não compreender a superioridade da Nação face ao Estado (premissa fundadora do nacionalismo), na sua dimensão metafísica e histórico-jurídica, abre toda uma a panóplia de arbitrariedades que impede a existência de uma essência da própria comunidade política.

No momento em que os Neo-Integralistas abraçam o Personalismo e os Direitos Jacobinos, recebem todo esse acervo pesado. A incapacidade de compreensão de uma principiologia limitativa da acção política gera as incompreensões diagnosticadas por AJB na obra de Quintas, a identificação da essência de Portugal com a Monarquia, a ideia de que a soberania popular é o mesmo que soberania nacional, a incapacidade de observar a ideia de Portugal subordina qualquer vontade individual ou colectiva...
A questão da soberania nacional vs popular é particularmente importante, uma vez que ela sintetiza toda a questão da subordinação da comunidade política à sua Vontade. O facto de não ser tratada e Quintas aceitar que se trata de uma e a mesma coisa, ao dizer que os Integralistas «afirmavam a organicidade da sua concepção política democrática (no sentido de um primado da Nação)» .
O que não se percebe é a omissão de explanação e quais os seus fins (não se tratando, como se deve crer, de apenas uma omissão reveladora de uma qualidade científica duvidosa).

O dano é evidente. Retirar o Integralismo, o verdadeiro e verdadeiramente português, do contexto de uma construcção superior é retirar a sua importância e a sua referência para a perspectivação de novos horizontes. Equipará-lo a um monarquismo simplório e sem referência à própria essência do Ser Português, a supremacia da Nação (que comporta, claramente, obrigações para com Deus de forma a realizar o Homem, como muito bem relembrou o RCS na prévia caixa de comentários), é dano que me parece imperdoável perante os mortos e os vindouros.

Os que sacrificam uma mensagem profunda a uma aceitação social, hipotecam o nosso futuro e dizem muito sobre si próprios...
Estão mais mortos que os mortos, porque nada têm nada a dizer.

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quinta-feira, maio 04, 2006

Leiam, Por Favor

Alertado pelo FSantos encontrei neste artigo de Olavo de Carvalho um toque-a-rebate fundamental, longe dos histerismos e das conspirações sem sentido. Os media no Brasil retratavam-no sempre como um lacaio do "big business", ou como anti-patriota... A resposta está aqui!
Anti-cosmopolita, contra o falso ecumenismo, contra o poder mudo e inamovível do informal e incompreensível!

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O Regime e as Formas




















O 25 de Abril encarregou-se de nos mostrar que um regime não é um país. As nações são resultado do cimento que as molda e esse não é senão o sentimento de união entre os cidadãos. Sentimento que é ou não reforçado pela construção desse próprio cimento espiritual. Laços mais fortes encontram-se na busca de uma vida em comum, na busca de Lei e Justiça, ultrapassando a mera convencionalidade, submetendo o acordo à Norma das coisas. Laços mais fracos encontram-se na sociedade em que a vantagem própria é o elemento agregador da comunidade política, que corresponde à “pertença política” num regime degenerado.
Quem duvida de que o nosso regime actual se sustém apenas pelos laços de um passado comum? Por isso é certo o seu fim, e mais provável a sua dissolução numa outra entidade (a morte por assimilação estrangeira, como já aqui afirmámos).

O regime era tudo para os “clássicos”, desprovidos de uma Norma concreta, que não a da sua própria e abundante inteligência, encontravam a necessidade de se refugiar na formalidade para salvaguardar a obediência. Essa diferença é essencial no seio do Cristianismo, que acima da razão dos grandes coloca a Eternidade. A afirmação de António Sardinha “Monárquicos porque Patriotas” reveste-se assim de sentido mais profundo. A Monarquia porque Portuguesa, a Portugalidade porque melhor serviço da Humanidade.
A afirmação é perfeitamente clara. A Monarquia porque serviço de um ideal de Portugal.

O regime não é assim matéria despicienda. A defesa da Monarquia não é uma ideia em si, mas uma forma de resolver grande parte dos males “revolucionários.
Em primeiro lugar porque o “republicanismo” postula a posse do político por parte dos cidadãos, que dispõem dela segundo a sua vontade. A instituição monárquica seria assim um travão! A sua construcção uma forma de prover pelo Bem Comum, numa sociedade dominada por interesses privados...
Contra esse tipo de República, a Democracia, a Monarquia surge como remédio, como forma de controlar a intemperança dos que pretendem fazer da causa pública seu instrumento privado.
Por outro lado o regresso à tradição portuguesa, o reaportuguesamento de Portugal, não existe sem o enquadramento numa concepção superior (facto que muitos neo-integralistas parecem querer esquecer) e afasta os monárquicos de uma concepção absoluta do político e do Estado.
A destruição do autofágico despotismo democrático de que Tocqueville (esse perigoso nazi-fascista) falava é a principal função da Monarquia.

É certo que nem todos os Reis são patriotas. É o caso dos que se tornaram absolutos e rejeitaram cumprir as normas que, por inerência, deveriam defender. E é certo que algumas Repúblicas da história se mostraram maiores defensoras dos princípios estruturantes da civilização. Defender a Monarquia é defender um sistema que dá maiores garantias, está mais blindado, e não uma panaceia universal ou uma estrutura universal de mando.

Por crer que só a Monarquia pode ser o regime decisivo para restaurar e cumprir Portugal, sou monárquico.
Por crer que o mais importante é a preservação do Bem Comum de Portugal defenderei qualquer situação política, se necessário por razões contingentes, que defenda a integralidade do Ser Português, ainda que numa situação provisória, como considero ser a de qualquer República Portuguesa.

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quarta-feira, maio 03, 2006

Entreguismos

Li no Portugal Contemporâneo que o grande culpado da descolonização havia sido Salazar, por não perceber o espírito do tempo e não ter deixado à sua sorte, em tempo útil, o Ultramar Português!
É o mesmo que afirmar que numa daquelas ocupações do PREC em que os proprietários resistiram, quando os ladrões pegassem fogo à casa dissessem "a culpa é vossa, que não perceberam como as coisas agora são!"
É isto Justiça?

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terça-feira, maio 02, 2006

O Humor Americano mais Politicamente Incorrecto

Um Fascista Perigoso

Agride a extrema-esquerda! Fechem-lhe já o blogue...

Novas Tecnologias, Velhos Paradigmas

Passam a vida a explicar-nos que nos nossos dias não há lugar para as Nações.
Que as empresas agora têm de reequacionar à dimensão europeia...
Estranho. Qualquer peça de literatura dos anos do pós-guerra nos dizia isso.
Será que nos nossos dias ainda se justifica a Europa? Porque não a globalização total do mundo?
Os homens de Bruxelas ainda não nos conseguiram explicar isso...

Ofensas à Integridade

O CDS é um partido de modas. Pouco coerente, utiliza as ideologias como uma legitimação da sua existência, para logo as abandonar no plano da acção.
A entrevista à RR de Maria José Nogueira Pinto foi bastante ideológica, de uma ideologia deslumbrada com a novidade, de modas...
O apelo ao Multiculturalismo, a necessidade de ter professores, programas educativos e polícias de culturas (ou sub-culturas) minoritárias é uma moda nórdica, particularmente ofensiva do legado português.
Todos os portugueses se curvam perante a bandeira, perante os heróis, independentemente da sua cor. Os que não o fazem não são Portugueses.
Todos os que olham para Afonso Henriques como fundador de um projecto de civilização que é a sua, obedecem aos seus servidores... Os outros são visitas!

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Mais uma notável escritura sobre a Páscoa.

A Norma dos Nossos Dias é a Traição.

Sobre um homem de excepção

Quem Manda?
Herança Comum
Salazar Discursa

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