O Regime e as Formas
O 25 de Abril encarregou-se de nos mostrar que um regime não é um país. As nações são resultado do cimento que as molda e esse não é senão o sentimento de união entre os cidadãos. Sentimento que é ou não reforçado pela construção desse próprio cimento espiritual. Laços mais fortes encontram-se na busca de uma vida em comum, na busca de Lei e Justiça, ultrapassando a mera convencionalidade, submetendo o acordo à Norma das coisas. Laços mais fracos encontram-se na sociedade em que a vantagem própria é o elemento agregador da comunidade política, que corresponde à “pertença política” num regime degenerado.
Quem duvida de que o nosso regime actual se sustém apenas pelos laços de um passado comum? Por isso é certo o seu fim, e mais provável a sua dissolução numa outra entidade (a morte por assimilação estrangeira, como já aqui afirmámos).
O regime era tudo para os “clássicos”, desprovidos de uma Norma concreta, que não a da sua própria e abundante inteligência, encontravam a necessidade de se refugiar na formalidade para salvaguardar a obediência. Essa diferença é essencial no seio do Cristianismo, que acima da razão dos grandes coloca a Eternidade. A afirmação de António Sardinha “Monárquicos porque Patriotas” reveste-se assim de sentido mais profundo. A Monarquia porque Portuguesa, a Portugalidade porque melhor serviço da Humanidade.
A afirmação é perfeitamente clara. A Monarquia porque serviço de um ideal de Portugal.
O regime não é assim matéria despicienda. A defesa da Monarquia não é uma ideia em si, mas uma forma de resolver grande parte dos males “revolucionários.
Em primeiro lugar porque o “republicanismo” postula a posse do político por parte dos cidadãos, que dispõem dela segundo a sua vontade. A instituição monárquica seria assim um travão! A sua construcção uma forma de prover pelo Bem Comum, numa sociedade dominada por interesses privados...
Contra esse tipo de República, a Democracia, a Monarquia surge como remédio, como forma de controlar a intemperança dos que pretendem fazer da causa pública seu instrumento privado.
Por outro lado o regresso à tradição portuguesa, o reaportuguesamento de Portugal, não existe sem o enquadramento numa concepção superior (facto que muitos neo-integralistas parecem querer esquecer) e afasta os monárquicos de uma concepção absoluta do político e do Estado.
A destruição do autofágico despotismo democrático de que Tocqueville (esse perigoso nazi-fascista) falava é a principal função da Monarquia.
É certo que nem todos os Reis são patriotas. É o caso dos que se tornaram absolutos e rejeitaram cumprir as normas que, por inerência, deveriam defender. E é certo que algumas Repúblicas da história se mostraram maiores defensoras dos princípios estruturantes da civilização. Defender a Monarquia é defender um sistema que dá maiores garantias, está mais blindado, e não uma panaceia universal ou uma estrutura universal de mando.
Por crer que só a Monarquia pode ser o regime decisivo para restaurar e cumprir Portugal, sou monárquico.
Por crer que o mais importante é a preservação do Bem Comum de Portugal defenderei qualquer situação política, se necessário por razões contingentes, que defenda a integralidade do Ser Português, ainda que numa situação provisória, como considero ser a de qualquer República Portuguesa.
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