segunda-feira, maio 15, 2006

Rawlsianismo Nacional?

O Nacionalismo trilha caminhos cada vez mais perigosos. A estranha aliança ideológica com o socialismo começa a ganhar contornos cada vez mais precisos e indesejáveis.
Proclamando que Portugal pertence aos portugueses, ideia que é a antítese do nacionalismo (se a Pátria fosse propriedade de alguém o proprietário seria livre de a dissolver segundo seus desejos), o nacionalismo "agrupado" assume a sua rendição ao espírito moderno do nacionalismo democrático. Estes caminhos já foram trilhados... Pela esquerda! Veja-se se o patriotismo rousseauniano, o populismo de Siéyès, o positivismo comteano, não foram, também eles, uma defesa de que as nações são reinventáveis "à vontade do freguês" democrático.
O discurso sobre a imigração é apenas um reflexo disto. Lembro-me de um nacionalista, mais esperto que nós todos, ter afirmado numa entrevista que o problema da imigração era a forma como esta não defende os interesses actuais de Portugal. Certíssimo...
O problema coloca-se quando o apelo nacionalista se realiza em termos de "Os Portugueses Primeiro". É que é por demais óbvio que a existência de imigrantes e a subsequente criação de mão-de-obra barata é um ponto fundamental para a sobrevivência de empresas portuguesas. Depois não adianta vir dizer que vai tudo parar às mãos dos espanhóis...
A tudo isto subjaz um pensamento socialista! O proteccionismo não se cumpre em relação ao bem da comunidade, mas tomando o direito abstracto a uma parcela de remunerações da sociedade. É uma forma de individualismo, ou melhor, de populismo, em que a Nação existe enquanto servir os intentos do indivíduo. As semelhanças com a teoria de Rawls são mais que óbvias...
A política de imigração portuguesa deve servir os interesses de Portugal,( e não eliminar, da mesma forma, as obrigações para com a comunidade, por parte dos empresários) e não os interesses dos Portugueses. Deve ser a obtenção de recursos para a manutenção do Projecto Nacional e não o sustento dos proletários portugueses, como agora muitos querem fazer passar.

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