quarta-feira, maio 31, 2006

O Espírito Fascista

Não é exactamente correcto afirmar que o Fascismo nada tem a ver com o Estado Novo. O Fascismo pode muito bem ser entendido como uma tendência anti-liberal que emerge num determinado momento da história do século XX e que assume diversas formas consoante a comunidade política que a recebeu. Essa tendência regeneradora, expressa na ideia joseantoniana da reconstituição nacional, é nacionalista precisamente por esse facto. Ela visa restituir aos povos o seu verdadeiro Ser. Esses Seres são variáveis e resultado dos processos históricos e constituintes de cada uma das comunidades políticas. Só nesse sentido se poderá falar de Fascismo como um movimento transnacional com acolhimento dentro dos muros da Casa Lusitana.

Se é certa a existência de um conjunto de propostas de “pronto-a-vestir” fascista, para aplicação imediata em todas as latitudes da civilização, a verdade é que estas não tiveram grande acolhimento cá no burgo, em virtude do Modo de Ser, do Génio Português. Se o Integralismo evolui da Action Française, é óbvio que o ultrapassa nas suas asserções e na completude do seu pensamento, realizando assim de maneira completa o seu intento. É uma AF consequente (permanente e não provisória) e adequada ao Ser Português. Creio que se poderá afirmar o mesmo no movimento Nacional-Sindicalista, eivado de um messianismo gnóstico Cristão, bastante diverso do seu congénere alemão originado no idealismo alemão e na sua realização perfeita, o nietzscheanismo.

Se muitos movimentos procedem dessa tendência de reacção é óbvio que encontram caminhos e justificações, estruturas espirituais e compreensões do real, claramente distintas, que os colocam em pontos opostos do espectro político.
Considerar que o culto do chefe no III Reich é algo remotamente parecido com o Salazarismo não é senão uma miopia induzida. Considerar que o Partido Fascista tem algumas semelhanças com a União Nacional é um acto de imaginação bizarro. Considerar que o Totalitarismo tem algo a ver com o Estado Novo é uma invenção que tem dado frutos, mas que é reveladora da ignorância que grassa nos meios científicos portugueses e de como estes são movidos por interesses externos ao saber!

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