quinta-feira, dezembro 28, 2006

Ao Rafael

Este post da Futuro Presente.

A Cosmopolis





















Um dos grandes chavões do nosso tempo é que a Globalização está a gerar uma sociedade cosmopolita. Confundir os sonhos com a compreensão é um dos vícios da tal ideologia que finge não existir, que se disfarça no povo na sua máscara de banalidade e que muitas vezes é adornada pela ideia de que se está para além dos debates políticos do tempo.
Não sei se falo por todos os “irracionais” de “espírito inquisitorial”, mas não posso deixar de indagar onde estará o Grande Inquisidor do Estado de Direito Universal. A existência de tal Estado terá de incluír uma definição de crime. É aí que falta a pólis da cosmopólis. Os que confundem a soma de individualidades com o Estado não podem senão incorrer nesse erro. São os mesmos que querem tribunais de cidadãos, onde imperam individualidades, a tribunais onde imperam normas. São os que querem colocar os Estados nas mãos dos proto-Louçãs que agora enchem os cursos de Direitos Humanos de universidades sectárias, onde se dá deontologia e não Filosofia. São os tais que acham que a Maçonaria não é uma religião e que a neutralidade vazia é uma virtude.
Quem irá excluír a “sharia” da Cosmopólis? Que inquisição irá dizer-lhes que a sua lei se aplica apenas aos que a desejam?
E que lei é essa que vincula apenas os que a desejam? O que faremos aos homicidas que se consideram no direito de escolher livremente o que são vidas e o que não são?
São as comunidades políticas a forma mais elevada do Ser nesta vida terrena, porque ou são universalistas, ao serviço do Humano (e não com a sua réplica amputada Humanitarista), ou não o são. Quadrilhas de ladrões no V Império da unidade vazia.
Antes da mistura vem o ingrediente e a minha Cosmopolis não é deste mundo...

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terça-feira, dezembro 26, 2006

Os Votos Que Contam

Agradeço a todos os que deixaram aqui a sua mensagem de Boas Festas.
Retribuo com amizade, em particular ao Miguel com um desejo de melhoras a seu pai.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Os Tamanhos do Universo e o Santo Natal














Discutia há tempos com um amigo, também amante destas questões da filosofia e da política, as diferenças entre Strauss e Voegelin. A primeira que me veio à cabeça foi o tamanho do Universo. Strauss como descendente da linha judaica do pensamento, aceita o tamanho do aqui e agora, o tamanho do mundo de Heiddegger. Voegelin, pensador cristão, tem um universo com dois lados relacionados entre si.

Lembrei-me de alguns que não conseguem ver o Natal, porque não conseguem perceber um mundo que esteja fora-de-si. Acham que um fogo, uma longa noite, uma floresta, uma data, todas estas coisas que estão dentro de nós, são o princípio e o fim do mundo.

Que o Natal seja o ícone de um Universo maior para todos eles.

Santo Natal para vós.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Para a Compreensão do Fim do Nacionalismo Português

MN e o ovo da serpente, pelo Jansenista

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quarta-feira, dezembro 20, 2006

Uma Ideia Para Portugal (IV)

Monarquia e Constituição (II)





















Há nos sectores monárquicos actuais uma confusão fundamental entre o bem do Rei, a título pessoal, e o Bem Comum. Quando se observa a atribuição de títulos nobiliárquicos num momento em que a Casa Real se encontra despida da sua veste pública, não podemos deixar de indagar se tal se deve a acções na defesa da Causa de Portugal ou no sentido da Restauração. Se a própria Causa aceita uma distinção clara entre estes dois aspectos, entre Rei e Nação, não será que a Monarquia Portuguesa se tenha tornado algo de privado?

Para mais e vendo a forma como o Senhor Dom Duarte parece acatar as instituições e o regime vigentes, não podemos senão questionar qual será a Norma utilizada para essa apreciação do Bem Público. Será que SAR interpreta o Bem e o Mal à luz de uma Constituição que não se sabe se aprecia ou se estaria disposto a jurar?
Saber se SAR considera a República um modo legítimo de Governação, um regime que representa Portugal, é o ponto essencial para compreender se existe a possibilidade de uma Restauração ou apenas de instauração de um simulacro. É a República legítima?
Caso o seja, porque razão se mantém SAR a distribuir honrarias que não cabem no domínio da esfera privada?

O grande debate monárquico dos nossos dias não pode ser sobre pessoas e cargos, mas sobre o Regime. Saber se os monárquicos conseguem ver além do aqui e agora, além de maiorias até ao que corresponde à essência de Portugal.

A única coisa que se pode pedir é Consequência…

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segunda-feira, dezembro 18, 2006

Uma Ideia Para Portugal (III)

Monarquia e Constituição (I)



















Lembrou o JSarto a expressão de Barrilaro Ruas “o Rei é um escravo da Nação” que, por certo, horroriza muitos pelo timbre dramático. Concordo com Barrilaro Ruas se, como tenho por certo fazia o autor, tomarmos a Nação no seu significado pré-moderno de conjunto de identificação existencial que constitui uma “comunidade política” e não como mera colecção ou intersecção de vontades individuais.
A palavra escravatura parece significar, neste contexto, a total impossibilidade de existência autonómica ou independente, a incapacidade de se reinventar segundo os seus próprios desejos, da mesma forma que não podemos inventar os nossos pais sem correr o risco de deixar de ser quem somos.
Pela mesma razão num ser humano a cabeça e o corpo estão unidos por um ponto que é superior a ambos. Dirão os materialistas tratar-se de uma união pelo pescoço, diz qualquer pessoa de bom-senso ser uma união nas finalidades do ser humano, às quais ambos os constituintes podem faltar, mas não sob pena de destruição da unidade.

Tremo de pensar no que seria um Rei a jurar em Portugal a Constituição Jugoslava, da República Democrática Alemã ou uma qualquer (ou até muitas) da pena e génio do Prof. Miranda.
Primeiro, porque seria iniciar uma Monarquia por um acto nulo, desprovido de sentido, uma vez que ou a Monarquia defende a Constituição Essencial da Nação Portuguesa (que não é marxista ou pós-marxista), ou não existe.
Segundo, porque não vejo qualquer doutrina interessante, ou pelo menos não epidérmica, a emergir no seio dos monárquicos, mas apenas um desejo mais forte e mais cego de restauração. É absolutamente indesmentível que houve repúblicas melhores que muitas monarquias… Afirmar que qualquer monarquia é melhor que uma república nem sequer é um erro, mas uma inversão da realidade (a transformação da Monarquia em ideologia, como aqui tratei), por parte daqueles que estariam dispostos a abandonar a ideia de Portugal pela constituição de uma monarquia.

O problema deste Neo-Monarquismo é precisamente a sua incapacidade de afirmar porque razão um Rei não é um usurpador. Se a virtude de um Rei se encontra na capacidade de governar segundo a Vontade Popular então tudo o que legisla e profere reporta ao Povo. Tem, portanto, uma legitimidade que não é pessoal (podendo ser substituído por um gabinete ou assembleia geral), nem sequer é Monárquica, uma vez que corresponde à capacidade de angariar ou não apoios na sociedade. Qual é, então, a diferença entre um Rei e um “populista”?

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sábado, dezembro 16, 2006

As Ideologias e o Falseamento do Real





















Quando o pensamento está cerceado na origem dizemos que estamos perante Ideologia. Esse fenómeno ocorre quando a vontade comanda o horizonte do Homem, quando os seus desejos têm a capacidade de inquinar o seu pensamento.
O fenómeno foi observado por Platão, personificado na figura de Glaucon, o timocrata, jovem e ardoroso, comandado por um desejo que não necessariamente do Bem. Esse exemplo é particularmente importante numa época em que se sacrificou a realidade ao desejo humanitário (o séc. XX e o materialismo marxista) e na nossa idade, em que se sacrifica a realidade e a sua estrutura ao anseio de paz social, recorrendo à ideia de que não existe qualquer razão boa para sustentar ou recusar qualquer coisa.

Quando já todos proclamavam o fim das ideologias verificamos que encontramos o seu apogeu. Antes havia duas, agora há muitas mais. Quase tantas quanto os desejos de cada um. A naturalidade com que se falseia o real para que este corresponda ao desejo (e muitas vezes às taras de cada um), em consagração às sacrossantas liberdades e originalidades do nosso tempo, não pode senão gerar indignação e revolta. Não o faz, pela aridez das mentes que nos dominam pela política.
Contra isto não há lei. Há apenas a necessidade de reafirmar a verdade, que não se situa ao nível dos nossos desejos. A sua superioridade é o único garante da Liberdade.

Não aceitar dogmas intra-mundanos e políticos é hoje tão importante quanto perceber a forma como se manipula o real para resultar no que se deseja, tantas vezes um mal absoluto. Sem estes dois pontos de apoio não há esperança de Liberdade.

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Um Ano de Je Maintiendrai


Um dos melhores blogues portugueses, onde se alia pensar e sentir.
Para além disso é Português e universal (a única forma que se pode ser português de verdade), daqueles que desistindo da política a fazem com a pena.
Alvitro que melhor ainda, ainda está para vir.

Agenda Cultural









Tratado Impossível: um exercício de diplomacia luso-chinesa num contexto internacional em mudança (1842-1887), eis a nova obra do Professor Doutor António Vasconcelos Saldanha que será lançada no próximo dia 20 de Dezembro, quarta-feira, pelas 18 horas, na cozinha conventual do Palácio das Necessidades (entrada pelo Largo do Rilvas), e terá como apresentadores Armando Marques Guedes e João de Deus Ramos.

Atendendo ao extremo interesse de que se reveste a matéria, aos predicados do autor e à qualidade do trabalho, julgo constituir esta uma ocasião única para ouvir uma das mais categorizadas figuras da vida académica portuguesa. Aos amigos e leitores desta tribuna, o convite para acorrerem ao evento.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

A Defesa de um Cincinato Conhecido





















Há dias, com uns amigos, passou-se um bom bocado a rir com a mitificação que alguns sectores da “direita” fazem do liberalismo e do século XIX português. Ao invés de um liberalismo clássico e escorreito (que está sempre na moda) tínhamos uma “sopa” a imitar a receita inglesa e a francesa. Uma mistura de “liberalismo de credo-na-boca”, de lixo utilitarista (uma “filosofia” tão cretina que nem conseguiu ser sofisticada como a marxista) e de ritualística e discursividade maçónica.
Infelizmente ninguém lembra que os alvores da Liberdade vieram com acusações e perseguições por sedição, por ameaça à paz pública e por desrespeito pela moral estabelecida. Ninguém recorda a forma como no liberalismo de oitocentos a discussão política era, despudoradamente, sobre a forma como se poderia dominar a “opinião pública” e controlar as opiniões dos que não eram “esclarecidos”.
Estranho, sobretudo, a forma como ninguém relembra que todo o liberalismo se fez com repressão. Repressão da dissidência, repressão da intolerância...

Não há sociedade, debaixo do sol, que não precise de repressão. A ideia de que há fascismo onde há sangue é apenas um mau disfarce para ditaduras de veludo, onde se glorificam os meios para não se justificarem os fins, invariavelmente pessoais e egoístas.

Fazem tudo, menos definir as suas posições. Nunca explicitam os limites da liberdade, nem mostram o que deve o controlo em relação à sociedade proteger...
Nunca dizem o que acham de um ditador, porque têm medo de encontrar apenas meios diferentes dos seus. Acham que um ditador é um ditador, sem pensar que, como em tudo, há os que defendem o bem e o mal. Obcecados com a forma nunca verão nada por dentro...

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quinta-feira, dezembro 14, 2006

Notas sobre um Estudo

Hoje saiu mais uma daquelas excelentes sondagens sobre os dramas do aborto. Nos telejornais houve direito a gráficos e imagens de clínicas de obstetrícia, mas infelizmente não se enfatizou uma das conclusões mais interessantes do Estudo.
Para além de muitos números, ficámos a saber pelo dito que a segunda causa de internamento das mulheres que abortam é o tratamento psiquiátrico.

Para quem venha dizer que a culpa é da “repressão social” só há duas soluções e nenhuma delas é possível numa sociedade politicamente neutra. A primeira é proibir a existência de tais discriminações, o que é claramente apanágio de uma sociedade totalitária. A segunda é proibir o aborto.
Para isso é preciso que a comunidade política queira Bem aos seus membros...
mas essa é palavra proibida.

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quarta-feira, dezembro 13, 2006

Viva Chile y Pinochet















Não fico surpreendido quando os que vivem de filosofias do ódio se manifestam.
Nem eles compreendem.
Se Pinochet fosse ainda chefe-de-estado e se a sua morte pudesse fazer alguma diferença aceitaria que houvesse algum tipo de manifestações. Não aceito por isso a Festa da Morte, que celebrar algo para onde todos caminhamos não é vingança, mas a mais perfeita estupidez.

Reitero o que disse há dias. Vejo muitas acusações de que o Regime de Pinochet matou 1000, 2000 e 3000. Não vejo, contudo, provas do envolvimento directo do General.
E da mesma forma que não se deve culpar o 25 de Abril pela decapitação no Quartel da GNR de Sacavém, não se pode culpar um regime pelos excessos dos seus membros.

É claro que o julgamento irá continuar. Sem o acusado vivo, as testemunhas abandoná-lo-ão. Não terá nada para lhes dar...
O prémio é demasiado alto para se olhar para o lado.
Quem não alinhar ficará condenado à morte política, contaminado pelas acusações de cumplicidades com os homicídios.
Os crimes de Allende foram pagos, mas já não deixam memória.

Ainda vai demorar a dar a volta.

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quinta-feira, dezembro 07, 2006

Os Futuros e Salazar






















Quando houver novidades do programa dos Grandes Portugueses ficar-se-á a saber que entre os maiores de sempre estão obscuros actores dos Morangos Com Açúcar. Será mais uma vitória da democracia, daquele regime que faz da vulgaridade uma religião, que substitui o “the king can do no wrong” dos alvores do despotismo monárquico, por uma crença panteísta nas capacidades de uma maioria. Quem tiver dúvidas de que é assim que se fabrica um Chavez, pode continuar a cantar louvores às cruzinhas como grande progresso civilizacional...

Como dizia o Manuel Azinhal “nós nunca fomos assim tão salazaristas, nem conhecemos ninguém que o fosse”. É bem verdade! Nas “direitas” portuguesas ninguém nunca olhou para Salazar como o fim do caminho, mas como um maestro político que permitia um equilíbrio entre os desejos lícitos de vários grupos e uma sociedade pacificada, onde se salvaguardava o legado dos nossos antepassados. Que o equilíbrio era permitido por uma personalidade vincada e um político de rara habilidade, todos sabem. O que me parece que alguns esquecem é, como me lembra habitualmente o leitor Fernando Lemos, a forma como o próprio Salazar via o Salazarismo e todos os "ultras" que na sua cegueira não viam para além da obediência à Autoridade. Foram muitos os casos em que o Presidente do Conselho retirou a sua confiança a elementos do seu Ministério por considerar tratarem-se de gente inflexível, desprovida uma concepção maior. Creio que muitos leitores conhecerão estas histórias, nomeadamente no que respeita a pessoas vivas e que, vítimas da sua prepotência, ainda hoje fazem luto e reconhecem razão ao Senhor Professor.

Não creio que Salazar tenha sido o maior Português de todos os tempos. Penso até que Salazar teria achado a ideia ridícula... Não tenho, porém, qualquer dúvida de que a votação que Salazar terá obtido no programa se deve, em grande medida, ao insulto à sua memória e à de um Portugal que queria ser mais, que aceitava o pesado legado de seus avós. Nesse aspecto Salazar, pelos seus dons políticos, conseguiu trazer para o século XX a honra de uma Pátria.
O Estado Novo não era o Portugal imaginado por Salazar. Salazar terá sido pouco salazarista... Talvez até menos do que deveria ter sido! O Estado Novo era o Portugal possível, que estabelecia o equilíbrio virtuoso entre o sonho e a degenerescência da Ideia Pátria de seu tempo.

Pena que os jornais não se tenham apercebido da queda de uma das Máscaras que lhe são imputadas. Ninguém fala sobre a inocência de Salazar na morte de Humberto Delgado, o que diz mais acerca do nosso Portugal do que centenas de estudos sociológicos e censos.

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quarta-feira, dezembro 06, 2006

Colecção Biblioteca Diplomática





O Instituto Diplomático tem vindo a desempenhar uma actividade editorial que, embora pouco divulgada, se tem constituído como um esforço sério de publicar elementos sobre a História Portuguesa que nos permitam compreender o país que somos, com o objectivo de fornecer às gerações vindouras de portugueses (e de servidores do Estado, por consequência) luzes sobre a melhor forma de continuar a aventura portuguesa.
Existem, por isso, algumas publicações que poderão ser do interesse de todos os que querem pensar Portugal e que passo a sumariar:

- Correspondência Diplomática Irlandesa sobre Portugal, o Estado Novo e Salazar: 1941-1970, de Filipe Ribeiro de Menezes.

Onde se abordam amplamente algumas lições sobre o Estado Corporativo e a forma como a experiência portuguesa influenciou o Estado Irlandês.

- Ensaios sobre Nacionalismos em Timor Leste, de Armando Marques Guedes e Nuno Canas Mendes

Onde se observam as construções e reconstruções comunitárias de uma Pátria onde houve Portugal.

- Tratados do Atlântico Sul: 1825-2000, de Zília Osório de Castro, Cristina Sarmento e Júlio Silva

Compilação de Tratados entre Portugal e Brasil.

- Gazetas da Restauração, de Eurico Dias

Reedição de um periódico português (o primeiro) que ilustra a posição portuguesa no seio da ordem internacional uestefaliana e da sua importância na restauração da Independência Nacional.

- Do Império Colonial à CPLP, de José Filipe Pinto

Uma análise sobre permanências e mudanças na relação de Portugal com o seu ultramar perdido.

- Portugal e o Início da Construção Europeia, de Pedro Cantinho Pereira

Uma clara refutação do mito antifascista do "orgulhosamente sós" que demonstra as reticências e aceitações de Portugal na ordem internacional europeia.

- As Relações entre Portugal e Alemanha em torno de África: finais do século XIX a inícios do século XX, de Gisela Guevara

Prova irrefutável, com elementos originais, de que a Monarquia Portuguesa teria razões para recear as pretensões alemãs no Ultramar Português, facto que conduziu à manutenção da Aliança com a Coroa Britânica como única forma de manter a posição em África e que foi explorada como uma capitulação humilhante pelos Republicanos.

Os livros são distribuídos pela Almedina.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Notas Sobre a Restauração da Independência
















Não me surpreende todo o silêncio que tem sido criado acerca das celebrações do 1º de Dezembro. Todo o problema gira em torno das questões da soberania e da existência de Portugal como comunidade autónoma, questão que em Portugal se tornou nos últimos anos um gigantesco tabú e onde se têm encontrado dezenas de subterfúgios teóricos para que não se chegue a lado nenhum.

A aceitação de um Soberano estrangeiro após 1580 não foi, de forma alguma, uma capitulação e o abandono de um projecto nacional. Houve no seio da comunidade política portuguesa a manutenção de um conjunto de pressupostos contratualizados com o Rei Filipe I que salvaguardavam o auto-governo português, as necessidades da política externa portuguesa e das suas possesões, bem como as liberdades das instituições que até aí estavam consagradas. Se Filipe I cumpriu esse acordo, os seus sucessores acabaram por desrespeitar os “foros”.

É precisamente aí que reside o cerne da questão. A Restauração não foi obra do “bom povo” que tantas vezes vemos glorificado nestes assuntos, contra as traiçoeiras elites. Foi obra de elites que queriam ver restaurada a Constituição da Pátria Portuguesa. Ao povo repugnava a ideia de uma Restauração, porque isso significaria aumento de impostos (os tributos às instituições portuguesas haviam sido diluídos nos do Império), o exército havia sido “unificado” (o que representava menor tempo de ausência do lar) no serviço aos interesses da Corôa e não de Portugal.

Estes pontos são particularmente importantes para compreender que Portugal poderemos ter neste nosso século.
Primeiro, que qualquer acção se faz sempre onde existem interesses. Caso estivessem povo e elite satisfeitos com o domínio externo (como é hoje o caso) não haveria possibilidade de Restauração, ainda que os filósofos e pensadores do Portugal Universal não deixassem que se extinguisse a chama da nação. Tem de haver sempre algo a dar à sociedade e é essa a habilidade de um bom político.
Segundo, que numa sociedade o ponto mais fraco é sempre quem não tem uma visão maior. Não há, portanto, uma escolha entre solidificação das virtudes de cidadania no Povo e não o fazer.
Terceiro, que só é verdadeiramente independente uma sociedade que tem como guia os seus principios constitutivos e que se compreenda como defensora na ordem interna e externa desses princípios. Sem isso nem sequer há necessidade de autonomia política, de uma política externa. Sem isso os mortos da Restauração terão sido em vão.

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"As Gazetas da Restauração"


Hoje será lançado o Livro, publicado pelo Instituto Diplomático, de Eurico Dias na Cozinha Velha do Palácio das Necessidades, pelas 18 horas.
Cada um dos presentes terá direito a um exemplar...

A Sociedade de Pinochet e os Seus Inimigos
















Nos últimos dias tem se falado de Pinochet como um violador de Direitos Humanos. A tentativa é clara e visa descontextualizar Pinochet, fazendo o passar de um homem que escolheu uma ditadura autoritária a uma totalitária, a um homem que irrompeu por entre um paraíso de seráficos socialistas para instalar uma ditadura que não era mais que um reflexo dos seus desejos pessoais.
É evidente que uma sociedade que tenha de escolher entre as liberdades civis de um Pinochet e as nenhumas (junto com a fome, as expropriações, as deportações, os julgamentos aos que resistem ao roubo) de um sistema marxista, o faz. Fá-lo defendendo-se como pode. Ao descontextualizar-se a acção de Pinochet cria-se a sensação de que tudo poderia ter corrido de forma amena e que com duas ou três conversas os comunistas teriam passado a uma resistência democrática e pacífica.

Ao contrário dos que vivem num mundo de “cowboys” e índios, onde os que defendem o mesmo que eles se encontram santificados e os outros não têm direito à vida, creio que o melhor serviço que se pode prestar ao Chile é saber a Verdade. É fundamental saber se houve morte de gente que não estava envolvida em actividades que visavam a instauração de um sistema totalitário. É imprescindível, também, saber o que poderia ter sido feito de diferente forma, contendo a ameaça com o mínimo de sangue. É obrigatório castigar os que cometeram actos superfluos e desligados do objectivo de impedir o totalitarismo.
O que não é admissível é passar a ideia de que não estávamos no meio de uma guerra civil e que os inimigos não estavam dispostos a fazer igual ou pior.
Ninguém gosta de repressão, mas infelizmente esta tem de existir. Afirmar a necessidade da sua existência, não significa sanção a todas as suas acções e crimes, mas apenas às que são levadas a cabo com vista a evitar o mal maior.
Não há, por isso, nenhum recuo, porque ambas as posições (a repressão e o ódio à crueldade) só são opostas nas mentes dos que, por não saberem pensar, acreditam que vivem num mundo de preto e branco, num mundo de absolutos. Só imaginam o bem que é higiénico e televisivo.

Não acredito que alguém deva estar acima da lei. Contudo, a Democracia Chilena contratualizou o inverso ao aceitar as imunidades de Pinochet. Violar esse acordo constituiria a própria anulação do acto primordial da República vigente, o que a tornaria violadora do momento constitucional. Passaríamos a estar perante um novo golpe-de-estado...

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segunda-feira, dezembro 04, 2006

A Terceira Alameda





Não queria parecer repetitivo, mas depois de ler o terceiro número da Alameda Digital fico claramente com a ideia de que o caminho a seguir é o da Verdade.
Nesta edição destaco, sob pena de injustiça para outros interessantíssimos contributos, "Dos Mitos e Lendas do PREC" do MCB, o relato intimista de Pedro Guedes da Silva "Da Comuna de Lisboa ao 25 de Novembro" e a sátira ao "Ridículo e Laicidade" e a entrevista a Pío Moa.
Por fim deixo-vos um dos mais belos apelos ao Patriotismo que li num periódico, da pena de Rafael Castela Santos.
Há lá muito que ler...

Desmontando David Cameron

Peter Hitchens é o mais próximo de um verdadeiro Conservador Britânico a que o Reino Unido pode aspirar...
Um excelente texto sobre o que é o Conservadorismo e o que este não deve ser.

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Falácia I

Em relação a falácia primeira dos abortistas, que despenalizar algo não é o mesmo que incentivar a uma prática, gostaria apenas de colocar esta questão:
Se um Estado decidisse despenalizar o homicídio de chineses, não se diria tratar-se de um Estado homicida?

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domingo, dezembro 03, 2006

Os Pós-Monárquicos














Os erros dos Monárquicos continuam a sentir-se. É a Democracia a tomar conta da Monarquia... Quando a Monarquia passa a ser confundida com as opiniões dos monárquicos entramos num domínio onde tudo é possível, com todos os problemas que temos vindo a levantar.
Pode SAR falar da Independência Nacional? Não, porque há monárquicos europeístas!
Pode SAR falar do casamento homossexual? Não, porque há lá muitos...
Pode SAR falar de Cabinda? Não, porque há muitos amigos do Eduardo dos Santos!
Eu sei o que eles querem...

É por isso que não há nada tão perigoso como querer fazer crer que a Lusofonia, o Portugal e o Legado Português no Mundo de SAR se identificam com os valores de Alegre. Ai de nós se forem...

Na sexta-feira o movimento de Manuel Alegre disse que não ia fazer campanha pelo Sim ou pelo Não no referendo que se aproxima...
Para quê uma Monarquia quando se tem Manuel Alegre?

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A Revista

Já saiu a Alameda Digital deste mês...

Em resposta à solicitação do Manuel

Não vou fazer uma crónica da Sessão de Quinta-Feira, porque considero que não poderia dizer o que deveria sem cair na deselegância da auto-apreciação. Os amigos que lá estiveram poderão fazer melhor crítica do que por lá se disse.
Gostaria de agradecer o apoio de todos, mesmo todos, os que estiveram presentes e me honraram com os seus incentivos, críticas e achegas.