sexta-feira, dezembro 15, 2006

A Defesa de um Cincinato Conhecido





















Há dias, com uns amigos, passou-se um bom bocado a rir com a mitificação que alguns sectores da “direita” fazem do liberalismo e do século XIX português. Ao invés de um liberalismo clássico e escorreito (que está sempre na moda) tínhamos uma “sopa” a imitar a receita inglesa e a francesa. Uma mistura de “liberalismo de credo-na-boca”, de lixo utilitarista (uma “filosofia” tão cretina que nem conseguiu ser sofisticada como a marxista) e de ritualística e discursividade maçónica.
Infelizmente ninguém lembra que os alvores da Liberdade vieram com acusações e perseguições por sedição, por ameaça à paz pública e por desrespeito pela moral estabelecida. Ninguém recorda a forma como no liberalismo de oitocentos a discussão política era, despudoradamente, sobre a forma como se poderia dominar a “opinião pública” e controlar as opiniões dos que não eram “esclarecidos”.
Estranho, sobretudo, a forma como ninguém relembra que todo o liberalismo se fez com repressão. Repressão da dissidência, repressão da intolerância...

Não há sociedade, debaixo do sol, que não precise de repressão. A ideia de que há fascismo onde há sangue é apenas um mau disfarce para ditaduras de veludo, onde se glorificam os meios para não se justificarem os fins, invariavelmente pessoais e egoístas.

Fazem tudo, menos definir as suas posições. Nunca explicitam os limites da liberdade, nem mostram o que deve o controlo em relação à sociedade proteger...
Nunca dizem o que acham de um ditador, porque têm medo de encontrar apenas meios diferentes dos seus. Acham que um ditador é um ditador, sem pensar que, como em tudo, há os que defendem o bem e o mal. Obcecados com a forma nunca verão nada por dentro...

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