terça-feira, dezembro 05, 2006

A Sociedade de Pinochet e os Seus Inimigos
















Nos últimos dias tem se falado de Pinochet como um violador de Direitos Humanos. A tentativa é clara e visa descontextualizar Pinochet, fazendo o passar de um homem que escolheu uma ditadura autoritária a uma totalitária, a um homem que irrompeu por entre um paraíso de seráficos socialistas para instalar uma ditadura que não era mais que um reflexo dos seus desejos pessoais.
É evidente que uma sociedade que tenha de escolher entre as liberdades civis de um Pinochet e as nenhumas (junto com a fome, as expropriações, as deportações, os julgamentos aos que resistem ao roubo) de um sistema marxista, o faz. Fá-lo defendendo-se como pode. Ao descontextualizar-se a acção de Pinochet cria-se a sensação de que tudo poderia ter corrido de forma amena e que com duas ou três conversas os comunistas teriam passado a uma resistência democrática e pacífica.

Ao contrário dos que vivem num mundo de “cowboys” e índios, onde os que defendem o mesmo que eles se encontram santificados e os outros não têm direito à vida, creio que o melhor serviço que se pode prestar ao Chile é saber a Verdade. É fundamental saber se houve morte de gente que não estava envolvida em actividades que visavam a instauração de um sistema totalitário. É imprescindível, também, saber o que poderia ter sido feito de diferente forma, contendo a ameaça com o mínimo de sangue. É obrigatório castigar os que cometeram actos superfluos e desligados do objectivo de impedir o totalitarismo.
O que não é admissível é passar a ideia de que não estávamos no meio de uma guerra civil e que os inimigos não estavam dispostos a fazer igual ou pior.
Ninguém gosta de repressão, mas infelizmente esta tem de existir. Afirmar a necessidade da sua existência, não significa sanção a todas as suas acções e crimes, mas apenas às que são levadas a cabo com vista a evitar o mal maior.
Não há, por isso, nenhum recuo, porque ambas as posições (a repressão e o ódio à crueldade) só são opostas nas mentes dos que, por não saberem pensar, acreditam que vivem num mundo de preto e branco, num mundo de absolutos. Só imaginam o bem que é higiénico e televisivo.

Não acredito que alguém deva estar acima da lei. Contudo, a Democracia Chilena contratualizou o inverso ao aceitar as imunidades de Pinochet. Violar esse acordo constituiria a própria anulação do acto primordial da República vigente, o que a tornaria violadora do momento constitucional. Passaríamos a estar perante um novo golpe-de-estado...

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