Esterilidades
Há muito que andava para ler “O Pensamento Conservador” de Albert O. Hirschmann. Não posso dizer que tenha ficado surpreendido com os erros da obra. São erros comuns a uma perspectiva já habitual na “ciência” dos defensores dos Direitos Humanos, que perpassam esta obra, assim como a de Sternhell e Honderich. Ao invés de procederem a uma articulação de um conjunto de pensamentos que constituem as “reacções”, reduzem o pensamento contrarrevolucionário a uma doutrina romântica e portanto destruidora da razão, como se todos os reaccionários não passassem de um prelúdio a Nietzsche.
A invenção de um ideário, desarticulado, é um triunfo apriorístico. Cria-se um argumento unívoco, que não corresponde à verdade, de modo a que os seus erros se estejam determinados à nascença... Assim é fácil!
O que mais choca nestas obras é a superficialidade das críticas. Nada reflecte uma percepção das subtilezas, da mensagem que se encontra para além dos conceitos hegeliano-foucaultianos de repressão, de opressão, de dominação elitista.
Ontem tive ocasião de falar com um amigo (uma das pessoas mais inteligentes que tive ocasião de conhecer e amante destas coisas da teoria política), um libertário empedernido, que me falava da sua utopia contratual-voluntarista, de como o essencial no mundo é a irrestrição da vontade humana e das suas esferas. Depois de ter feito a apologia da escravatura (desde que consentida, obviamente!), perguntou-me qual era a diferença entre a posição rawlsiana e a doutrina da Igreja.
O desconhecimento de concepções como teleologia, eudemonismo, justiça política, ou a teoria das formas de governo, afecta não apenas os simples, mas a nossa sofisticada classe intelectual. Sabem manter os juros baixos, mas não sabem para quê!
As modas intelectuais da superficialidade entorpecem as mentes e viciam-nas.
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