sexta-feira, junho 30, 2006

Esterilidades

Há muito que andava para ler “O Pensamento Conservador” de Albert O. Hirschmann. Não posso dizer que tenha ficado surpreendido com os erros da obra. São erros comuns a uma perspectiva já habitual na “ciência” dos defensores dos Direitos Humanos, que perpassam esta obra, assim como a de Sternhell e Honderich. Ao invés de procederem a uma articulação de um conjunto de pensamentos que constituem as “reacções”, reduzem o pensamento contrarrevolucionário a uma doutrina romântica e portanto destruidora da razão, como se todos os reaccionários não passassem de um prelúdio a Nietzsche.
A invenção de um ideário, desarticulado, é um triunfo apriorístico. Cria-se um argumento unívoco, que não corresponde à verdade, de modo a que os seus erros se estejam determinados à nascença... Assim é fácil!

O que mais choca nestas obras é a superficialidade das críticas. Nada reflecte uma percepção das subtilezas, da mensagem que se encontra para além dos conceitos hegeliano-foucaultianos de repressão, de opressão, de dominação elitista.
Ontem tive ocasião de falar com um amigo (uma das pessoas mais inteligentes que tive ocasião de conhecer e amante destas coisas da teoria política), um libertário empedernido, que me falava da sua utopia contratual-voluntarista, de como o essencial no mundo é a irrestrição da vontade humana e das suas esferas. Depois de ter feito a apologia da escravatura (desde que consentida, obviamente!), perguntou-me qual era a diferença entre a posição rawlsiana e a doutrina da Igreja.
O desconhecimento de concepções como teleologia, eudemonismo, justiça política, ou a teoria das formas de governo, afecta não apenas os simples, mas a nossa sofisticada classe intelectual. Sabem manter os juros baixos, mas não sabem para quê!

As modas intelectuais da superficialidade entorpecem as mentes e viciam-nas.

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quinta-feira, junho 29, 2006

A Necessidade de Teoria na Política









Vejo aumentar o número de blogues e revistas que se reclamam de um património político simultaneamente Conservador e Liberal. O apelo não é novo... Tem pelo menos 300 anos, mas ainda parece ser novidade aqui na "piolheira"!

Devo dizer que pertenço a uma tradição de pensamento conservadora. Isto não é dizer nada, porém! Significa apenas que acredito que as instituições dos homens, e uma reflexão sobre as mesmas, são o caminho para uma boa ordenação da sociedade. Esta concepção, um tipo peculiar de comunitarismo, é oposta a teorias voluntaristas da sociedade e às concepções materialistas do socialismo.

Isto não significa rejeição de uma sociedade de responsabilidade individual e propriedade.
A habitual aliança entre liberais e conservadores baseava-se na premissa de que as liberdades económicas se encontravam fundadas em concepções que provinham de valores mais elevados de vida em comum. Quando os liberais se autonomizaram em defesa da liberdade como superior à justa ordenação social, perderam a capacidade de, sequer, dialogar com os conservadores! Esta semelhança (que qualquer um poderia prever num horizonte mais ou menos longínquo) com os "liberals" (socialistas) em prol da sociedade vazia e descaracterizada, converte-se numa impossibilidade real de aproximação entre a vertente conservadora e liberal.

Por isso, a menos que nas ideias políticas o atraso se mantenha de 30 anos, é difícil alguém continuar a dizer, com alguma coerência, que é conservador-liberal.
Pode-se ser "conservador" ou "conservador do liberalismo", como são os discípulos de Trilling que enfileiraram as hordas de neoconservadores nos "campuses" norte-ameriacanos e suas sucursais por todo o mundo. Ser-se ambos é que se mostra mais difícil, dado as propostas de sociedade de ambos se terem tornado radicalmente incompatíveis...

É nestes vazios que os partidos políticos jogam e perdem o sentido!

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Estes Sim São 5 Estrelas

O BOS e o FSantos em grande.

quarta-feira, junho 28, 2006

Para os Fernados Ruas deste país...





















E aos que votam neles!

terça-feira, junho 27, 2006

"Só na morte se pode dizer se um homem foi realmente feliz"

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Ai Não Que Não Compensa...

Os Usos das Palavras





















Defende o meu amigo Rafael a utilização do termo português "patriotismo" para descrever aquilo que defendemos (tanto eu como ele). Fá-lo relembrando as condenações que a Igreja dedicou a algumas posições nacionalistas extremadas, a tal religião da Nação que, essa sim, não é ideia política, mas ideologia que suplanta a própria capacidade racional do Homem.

O problema é que, como já aqui afirmei, no contexto português o termo Pátria possui uma índole bastante mais superficial. A Pátria tem sido ao longo da História de Portugal um sucedâneo da Nação Portuguesa, uma visão mais limitada das obrigações políticas que esta comanda e uma corrupção das mesmas em sacrifício das ideias desenvolvimentistas. A Pátria é constante na boca de todo o tipo de esquerdistas para que se cometam os maiores disparates. Tanto era assim nos tempos de serviço ao invasor napoleónico, nos tempos da monarquia utilitarista e rousseauniana, como nos tempos da traição raciológica e positivista da Primeira República. A Pátria era o que chamava a Portugal quando se desejava que esta fosse o que um elemento coeso e desprovido de significado próprio. Assim poder-se-ia fazer como fez o Partido Republicano Português que identificava Portugal com o seu regime e com o seu programa.

Da mesma forma a Pátria cumpre na nossa esquerda o legado de Afonso Costa ao ser palavra na boca de quem fez por destruí-la. O Poeta Alegre está sempre com a bandeira de Portugal na mão como se a Pátria tivesse nascido em 1910, como se obrigações anteriores não o vinculassem da mesma forma a que ele se encontra vinculado (e nos quer vincular) aos mandos do 5 de Outubro. Toda a “direitinha” rejubila, aprecia, e até chega a votar, quando o Alegre ou o Cavaco dizem a palavra mágica, que eles leram no manual do Prof. Nogueira Pinto (às escondidas) ser “património da direita”.
O Portugal rectangular é uma Pátria, por ter sido inventado contra a essência imperativa de Portugal. A Pátria em Português é descafeinada.

Se as palavras interessam muito menos que o que estas escondem, é também verdade que os homens a ela se afeiçoam. O Nacionalismo em Portugal, resultado do desprezo por essas pátrias inventadas, é obra de gente como Jacinto Cândido (introdutor do ismo em Portugal, e defensor do tomismo tradicional), dos Integralistas (que deram ânimo intelectual a toda uma geração), a Salazar (que não perdia uma hipótese de exaltar a consciência nacional como realização suprema de Humanidade). Por esse património filológico me parece que poucos portugueses de direita estejam disponíveis para abandonar o termo Nação, mesmo nos tempos que correm em que o termo arrasta na lama, associado a elementos que nada têm a ver com política.

Línguas diferentes, significados marcados pela História…

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segunda-feira, junho 26, 2006

Grandes Vultos da Democracia Portuguesa:

- Rosa Coutinho

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Meia Batalha Ganha

Uma das grandes virtudes do futebol é a forma como liga os portugueses de todas as paragens. A identificação, muitas vezes irracionada, entre os portugueses de fora e de dentro é uma realidade... Infelizmente as bancadas do Franken estavam repletas de gente profundamente identificada com o país, mas que mal fala a nossa língua. Isto mostra que o futebol é um bom começo, mas que tem de ser concretizado em significados mais profundos, em realizações mais concretas que uma festa popular de tempos a tempos!

A Virtude Liberal

De regresso ao tema do liberalismo e da necessidade de seu enquadramento relembro que houve em tempos na doutrina clássica uma virtude (definida por Aristóteles) que se apelidava de Liberalidade. Esta virtude (como todas as morais) encontra-se entre dois excessos repugnantes, a mesquinhez e a perdularidade, e reflecte que o verdadeiro liberalismo deve estar subordinado às finalidades humanas. A Liberalidade é a capacidade de estar liberto do pequeno para dessa forma se poder apegar ao elevado.
Se a maior parte dos erros político-morais dos nossos dias provém da absolutização de uma virtude, da sua não ordenação numa consciência mais ampla, é óbvio que o Liberalismo Moderno (ao não contemplar o seu lugar na estrutra das virtudes) se pretende ideologizar em formas religiosas-políticas, tornando-se um elemento abjecto.

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sexta-feira, junho 23, 2006

Blogosfera Tranquila

O FSantos anda desanimado com a blogosfera. Eu não! Acredito que há blogosfera para além das polémicas e que há tempo para discutir e tempo para esclarecer. Menos entusiasmo não significa menor interesse...
Quem duvida disso pode ler estes dois textos!

A Embriaguez Vital

Identidades imaginadas e patriotismo

Do melhor...

quinta-feira, junho 22, 2006

Ser Liberal, até Onde

Estou certo de que o Nacionalismo, bem entendido, não pode ser liberal nos seus fundamentos. Como já disse aqui há tempos o nacionalismo só faz sentido como comunitarismo, como existência colectiva que se sobrepõe à vontade individual.
É verdade que o nacionalismo moderno (a que já traçámos o perfil) se entrecruza com a história do liberalismo. A própria criação dos nacionalismos modernos e das comunidades imaginadas é fruto da dissolução de uma perspectiva maior do ser humano, a criação de fábulas fundadoras que tomam o lugar da verdadeira constituição das sociedades humanas. Um dogma terreno e inviolável.

O liberalismo, quando não fundamentador, ou seja, quando não tenta ele próprio ser o mito fundador da Cidade (o contratualismo filosófico e a doutrina jusnaturalista que lhe subjaz) é uma ideia de interesse. Infelizmente é uma ideia que é uma pequena parcela de uma concepção muito maior da realidade...
Uma sociedade bem ordenada deve possuir um elemento liberal, devendo este ser enquadrado numa concepção de virtude e de Bem mais ampla, que não contempla como fim a contratualidade.

O problema provém destas reflexões do FSantos e Paulo CP sobre a pessoa de J-M. LePen. Considero que não existe uma oposição entre a posição ultraliberal de Le Pen e a ênfase na solidariedade e no assistencialismo. Pelo contrário... A defesa de uma sociedade que defende a propriedade e a liberdade contratual é uma forma excelente de resistência contra a ideia socialista que olha o Homem como elemento de satisfação material.
Por outro lado um Estado completo deve contemplar finalidades morais, ensinar a virtude, impedir a injustiça (completar as acções virtuosas da sociedade que não podem por esta ser cumpridas, caso existam). Isto significa que à contratulidade não se sobrepõe a satisfação de um indivíduo pleno de direitos, mas a realização do Bem.

Não é um Estado que sustenta os indivíduos, mas é um Estado que faz florescer a virtude.

O problema de LePen não é esse...

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quarta-feira, junho 21, 2006

"Estás a ficar com sono..."





















O Ahmadinejad vai ficar rico com tantos livros que o BOS vai vender...

O autor vai ser processado por tentar hipnotizar o público português!

Nação e Ideologia

O facto de uma Nação não ser um vínculo material suscita inquietação em muitas mentes. Esta é fruto de uma mentalidade replicativa. Quem nunca viveu ou simplesmente não conhece a construção teórica das antigas comunidades tende a identificá-las com a realidade que conhece. Por isso não é de estranhar que surja uma dicotomia elementar nas concepções nacionalistas; Ou a Nação seria uma realidade física, ou seria uma ideologia.
Mais uma vez esta é a replicação do único paradigma que alguns conhecem, vítimas de uma educação limitativa e de anos e anos de simplificações dicotómicas em ambiente de Guerra Fria.

As Nações não são ideologias. As ideologias são explicações do mundo, uma lente pela qual o mundo se observa de forma à obtenção de verdade. São uma proposta de compreensão do mundo, um sucedâneo científico da tradição religiosa, que comporta em si própria uma visão total do mundo e do Homem. As comunidades ideológicas são uma pertença à qual corresponde uma compreensão, sendo que para que esta se realize é necessária a adesão consciente a um conjunto de princípios. É uma comunidade de realização do domínio do conhecimento, que se assemelha a uma religião ou a uma academia.

Uma Nação não corresponde, por isso, a qualquer destas formas. A Nação não presume a adesão a uma qualquer ideia... Fosse esse o caso e o lavrador medieval não se poderia dizer português, estando longe da possibilidade de participar na compreensão dos elementos noéticos que constituem a sua sociedade. Da mesma forma poder-se-ia dizer que em Atenas não havia uma cidade, mas um conjunto de cidades, a dos governantes, a dos funcionários, a dos trabalhadores, a dos escravos...
Esta ideia, pedra-basilar do pensamento socialista, é agradável a muitos, mas é absolutamente falsa, uma vez que esquece os laços de amizade e dependência registados entre todos os membros da comunidade, resumidos por Aristóteles na procura da vida virtuosa que realiza a natureza de cada um.

A ideia de uma Nação monolítica, em que cada membro é participante activo da ideia nacional, é uma corruptela de um elemento que não é nacional, em sentido próprio, e que é a Igreja, que é mais que meio caminho para a divinização do elemento humano-terreno, que gera a apoteose do nacionalismo-totalitário!

A realização de uma Nação é algo que ultrapassa a consciência, porque é um elemento do real. Alguns acham que toda a realidade é ideologia, mas isso já não é defeito, passou a ser feitio.

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terça-feira, junho 20, 2006

Um Livro que Vai Interessando












Mas pouco...

segunda-feira, junho 19, 2006

Do Nacionalismo à Portugalidade

Não acredito na minha geração, como não acredito na anterior.
Há tempos li aí por um blogue que candidamente dizia que a Guerra Colonial não era a Nossa guerra, referindo-se à geração de meus pais. Calculo que sim... Os argumentos aduzidos são simples e ilustrativos! Fez-se a liberdade para se ouvir os discos de música estrangeira de qualidade duvidosa e beber Coca-Cola... Pouco importam as centenas de milhar que tenham perecido ao abandono por estes exaltados folgazões! Uma mancha que não se apagará e que os portugueses rectangulares (o rectângulo no espírito e não só no solo) nunca se esquecem de esquecer.

O rectângulo é também a medida do espírito dos que defendem Portugal como uma qualquer unidade etno-linguística. Olhamos para o fim da Nação Espanhola e não vemos o nascer de um surto de nacionalismo, de pensamento fecundo, de sólida fundação. Observamos a formação de um conjunto de entidades que reivindicam uma existência autónoma, providas de centenas de traços e marcas distintivas, excepto de uma concepção distinta do seu próprio Ser, de uma vida comum na virtude, de uma existência que alumie o caminho para uma qualquer finalidade distintiva e maior.
A Catalunha é, pelo menos, uma comunidade tão “imaginada” (no sentido andersoniano) quanto a Indonésia ou qualquer nacionalidade africana (exceptuando o Botswana, alertar-me-ão alguns), só que mais árida e estéril, por criar deserto onde já houve plantação.

Penso que assim é fácil compreender o sentido das palavras de Paulo Teixeira Pinto nas comemorações do Dia de Portugal. Muito maior que o nacionalismo é Portugal! Porque o nacionalismo de hoje, por via do novecentismo alemão, se tornou uma estranha mescla de unidade e diversidade que não tem qualquer profundidade ou mensagem profunda. A aceitação da dialética do “eu e outro”, é ferida profunda porque é fundamentada num igualitarismo que considera que os direitos de todas as nações, sem observar o ânimo que a alimenta. Esse tipo de nacionalismo-fragmentador é inimigo da ideia de Portugal, porque reduz a mera parte de um todo superior (com finalidades superiores à parcela). Portugal é fim, é destino da política.
Ao contrário de uma sucursal (com elevado grau de imperfeição) de um qualquer povo e entidade fundamentadora (o Europeu, o Branco, seriam os possuídores de qualidades sem os quais um indivíduo não poderia ser português), Portugal é a fonte do Ser Português... sem muletas! Contra todas as internacionais, mais uma vez.

Continua a cavalgada da Europa e só terminará quando todos estivermos mais sós. Terminará quando qualquer pronúncia diferente, ou qualquer deficiência do palato, significar a independência política, o que, claro está, facilita a adesão à ideia suprapolítica cosmopolita de identidade europeia, que cada vez mais, se funda contra a existência de qualquer enquadramento moral.
O descanso virá quando os povos nada tiverem em comum.
A adesão de quem nada tem a perder é incondicional!
A incondicionalidade é a essência do totalitarismo.

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A Tradição Fachista



quinta-feira, junho 08, 2006

Mudanças

Quanto mais pessoas inteligentes conheço, mais vou conhecendo os alfinetes que escondem. A forma como constroem divergências de princípio, onde elas apenas eram de método, é artimanha maquiavélica que esconde finalidades inconfessáveis, ou ausência de finalidades.
Por minha parte não vejo a diferença entre o racismo primário e o racismo elaborado… Apenas uma questão de sofisticação, num mesmíssimo erro!

Este é exactamente o reflexo da sociedade (até nisso não há alternativas). O Big Brother e restantes fenómenos onde tudo se sacrifica em favor de dez minutos de atenção, lembra-me a história de muitos movimentos políticos, onde com o horizonte da obtenção do Poder, se colocam os princípios na lama, se aceita gente que abjura os princípios da dita instituição, as pessoas se vendem (não percebendo quem faz os líderes na nossa sociedade!), as multidões tremem, quem noticia rejubila… Mera replicação da sociedade e valores que temos!
Grande alternativa!

Digo-vos apenas que é bem feito…

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segunda-feira, junho 05, 2006

Um Ano

Esperam-se muitos mais deste blogue de Portugal nos Trópicos. Cada vez menos só, mas com mais razões para orgulhoso da sua herança. Que nunca perca a vivacidade e que nunca desista de ter "Portugal nas solas dos pés"!

Hard Core

Ao atingirmos o cerne da questão é preciso lembrar que existe um conjunto de propostas que tentam resolver o problema.
Primeiro existe a ideia de que o Estado pode estar subjugado a uma moralidade Democrática, entendendo-se a mesma como a mera vontade dos cidadãos, que permite a transmutação do sistema político nas pretensões dos seus membros. Este é o caminho que o Nélson já afirmou não trilhar... e muito bem! Esta é a sociedade democrática totalitária! Se se permite a reinvenção total da sociedade, sem limites de propriedade ou de moralidade, estaremos a caminho da sociedade revolucionária e legitimadora do homicídio. Como já aqui vimos essa é a sociedade em que as maiorias oprimem os restantes...

Tocqueville percebeu que existe a necessidade de uma limitação a este tipo de sociedade. Não é preciso vasculhar muito o pensamento político anterior à modernidade para observar as advertências ao que este tipo de sociedade da Vontade Maioritária conduz.
Por isso a descrição tocquevilliana faz a apologia daquilo a que já aqui aludimos. Que é necessário um elemento inegociável na sociedade, um elemento não-moderno (não sujeito à vontade), para que as sociedades modernas tenham possibilidade de existir e não se diluam. A isto se chamará, consoante a vontade do freguês, "republicanismo", "conservadorismo" ou "constitucionalismo".
São todas ideias que formalizam essas ideias de uma reserva à vontade colectiva, de que o elemento estruturante não pode estar sujeito às pressões dos muitos ou dos poucos.

Poderá, porém, a ideia republicana-tocquevilliana estruturar uma sociedade real?

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sexta-feira, junho 02, 2006

No Aliança Nacional

Um neoconservador na blogoesfera...
O Dr. ACR reflecte sobre o futuro do Nacionalismo!
Sobre este último assunto direi apenas que uns são comandados pelo espírito e outros não se conseguem libertar do mundo físico, do material, do decadente...

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Sem Prémios, Mas Com Admiração

Não sou grande apreciador de prémios blogoesféricos, que geralmente têm tendência a promover mais os premiadores que os premiados. Este ano, tendo de dar um prémio a alguém, dá-lo-ia ao MCB! O Combustões revelou-se uma excelente novidade e a tecla mais aguda da blogoesfera...
Lamento apenas a falta de tempo de alguns dos meus blogadores preferidos (eles saberão quem são, por certo), que este ano escreveram menos originais. Todas as manhãs lhes sinto a falta...
É óbvio que a presença do prolífico Misantropo atenuou a carência. Sempre em cima do evento, com textos constantemente inspirados (o Paulo não sabe escrever mal) e dotados de imagens de rara beleza (não só os espécimes do belo sexo...), o Misantropo veio mostrar que a blogoesfera é melhor que quase tudo o que se publica por aí!
A blogoesfera está bem viva...
Canalizasse-se tanta virtude...

Um Homem, Uma Obra










O Quebeque! Maurice Duplessis

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quinta-feira, junho 01, 2006

A Doença

Perguntava ontem o Nélson porque é que eu, não sendo socialista, não era também liberal. Os mais atentos a este blogue já devem ter uma ideia, pelo menos...
Não sou liberal sobretudo por isto. Porque não considero que os indivíduos sejam maiores que a comunidade, que seja a sua Vontade dona e senhora do Bem Comum (que deve ser a finalidade de todo o Estado), que a Comunidade Política seja uma associação voluntária, que o Estado possa ser Neutro e mero resultado das vontades da sociedade civil (como postularia Maritain numa doutrina nada Cristã).

O surgimento do PCLD (a favor da Pedofilia, Pornografia na TV a toda a hora, Sexo com animais e da Prostituição para todos a partir dos 16 anos) na Holanda é um excelente ponto-de-partida para a compreensão do que neste blogue defende!
Que não deve haver Liberdade para o Mal. Que a liberdade não existe onde não existe um enquadramento (uma constituição) que vise o Bem. Essa é a Lei de todas as sociedades...
Sem uma reflexão profunda sobre o Bem, que é a verdadeira natureza e fundamento da Política, não é possível evitar o que aí vem. Mais progresso social e libertação, por certo!

O dito partido holandês percebeu bem a lacuna moral do Estado e do Povo Holandês! Por isso é que no seu programa tem como ponto primordial a Educação Neutra (ponto em comum com os libertários de todos os quadrantes). Essa forma de educação, amoral, não deve ensinar o “just say no” (que isso é uma imposição fascista), mas demonstrar que todas as posições sobre um assunto são aceitáveis.
A partir desse relativismo e das regras democráticas não há forma de se contrariar, moral ou politicamente, esta situação. Simplesmente porque uma sociedade que não tem Certo ou Errado, mas apenas conjuntos de Pontos de Vista, está despida de uma defesa real contra estas investidas.

Só poderemos concluír, com Strauss, que a verdadeira Tirania é a que retira as ferramentas ao Homem para julgar o Certo e Errado, remetendo para um mundo onde não existe um horizonte moral, ou onde este horizonte moral é apenas ditado pela Vontade e Força do Outro.

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PS: Não tarda teremos a "direita das liberdades" a inventar desculpas para cercear esta liberdade democrática dos pedófilos... Inventarão que na sociedade tem de haver tabús (como se a sociedade que perfilham não visasse aboli-los), que essa é uma experiência social que não se sabe como irá acabar (nada no mundo se sabe como vai acabar e que sequelas deixará nos homens), que há limites morais à lei (mas que se aplicam a la carte ao que desejam: pedofilia não, mas aborto sim, prostituição sim, consoante a vontade momentânea do freguês).
Estaremos atentos...

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O Espírito Fascista (II)

Como já esperava o texto anterior não foi perfeitamente perceptível.
Nas palavras cabe o que nós colocarmos. Por isso existem vários sentidos na mesma expressão. Um é o movimento anti-liberal do primeiro quarto do século XX. Este sentido é um sentido legítimo, mas absolutamente desprovido de interesse teórico, porque corresponde a uma realidade histórica. Esta definição é demasiado simplificadora porque coloca um conjunto de movimentos de origens diferentes num mesmo “saco” e é por isso que é tão utilizada, e abusada, por alguma “ciência” malévola.
Nesse aspecto há um movimento transnacional, porque a História registou uma resposta anti-liberal em quase todos os países do mundo civilizado!
É óbvio que esta definição é inútil do ponto de vista analítico e qualquer referência ao fascismo, como fenómeno monolítico. Por isso é que, como o Rafael bem apontou na caixa de comentários anterior, o termo fascismo, num sentido concreto, se possa utilizar com propriedade no esquema italiano. E é nesse sentido que se pode compreender a essência do Fascismo, que tomo exactamente como o Rafael, como uma dissenção do socialismo, uma ideologia populista por excelência (Sternhell dixit, e muito bem).
Sendo esse o espírito do Fascismo em Itália, também é verdade que o Fascismo teve variadas fases. Da fase de acomodação ao Poder, que conduziu a uma coexistência e acomodação à Igreja e que é a fase de menor Totalitarismo, à fase de Saló, em que o futurismo e o nihilismo predominam, há uma essência que pode ser registada na Estatolatria. Mesmo essa estatolatria fascista é profundamentamente diferente da idolatria do chefe do nazismo...

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