segunda-feira, junho 19, 2006

Do Nacionalismo à Portugalidade

Não acredito na minha geração, como não acredito na anterior.
Há tempos li aí por um blogue que candidamente dizia que a Guerra Colonial não era a Nossa guerra, referindo-se à geração de meus pais. Calculo que sim... Os argumentos aduzidos são simples e ilustrativos! Fez-se a liberdade para se ouvir os discos de música estrangeira de qualidade duvidosa e beber Coca-Cola... Pouco importam as centenas de milhar que tenham perecido ao abandono por estes exaltados folgazões! Uma mancha que não se apagará e que os portugueses rectangulares (o rectângulo no espírito e não só no solo) nunca se esquecem de esquecer.

O rectângulo é também a medida do espírito dos que defendem Portugal como uma qualquer unidade etno-linguística. Olhamos para o fim da Nação Espanhola e não vemos o nascer de um surto de nacionalismo, de pensamento fecundo, de sólida fundação. Observamos a formação de um conjunto de entidades que reivindicam uma existência autónoma, providas de centenas de traços e marcas distintivas, excepto de uma concepção distinta do seu próprio Ser, de uma vida comum na virtude, de uma existência que alumie o caminho para uma qualquer finalidade distintiva e maior.
A Catalunha é, pelo menos, uma comunidade tão “imaginada” (no sentido andersoniano) quanto a Indonésia ou qualquer nacionalidade africana (exceptuando o Botswana, alertar-me-ão alguns), só que mais árida e estéril, por criar deserto onde já houve plantação.

Penso que assim é fácil compreender o sentido das palavras de Paulo Teixeira Pinto nas comemorações do Dia de Portugal. Muito maior que o nacionalismo é Portugal! Porque o nacionalismo de hoje, por via do novecentismo alemão, se tornou uma estranha mescla de unidade e diversidade que não tem qualquer profundidade ou mensagem profunda. A aceitação da dialética do “eu e outro”, é ferida profunda porque é fundamentada num igualitarismo que considera que os direitos de todas as nações, sem observar o ânimo que a alimenta. Esse tipo de nacionalismo-fragmentador é inimigo da ideia de Portugal, porque reduz a mera parte de um todo superior (com finalidades superiores à parcela). Portugal é fim, é destino da política.
Ao contrário de uma sucursal (com elevado grau de imperfeição) de um qualquer povo e entidade fundamentadora (o Europeu, o Branco, seriam os possuídores de qualidades sem os quais um indivíduo não poderia ser português), Portugal é a fonte do Ser Português... sem muletas! Contra todas as internacionais, mais uma vez.

Continua a cavalgada da Europa e só terminará quando todos estivermos mais sós. Terminará quando qualquer pronúncia diferente, ou qualquer deficiência do palato, significar a independência política, o que, claro está, facilita a adesão à ideia suprapolítica cosmopolita de identidade europeia, que cada vez mais, se funda contra a existência de qualquer enquadramento moral.
O descanso virá quando os povos nada tiverem em comum.
A adesão de quem nada tem a perder é incondicional!
A incondicionalidade é a essência do totalitarismo.

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