Iconoclastas
Nos dias que correm nada é o que parece!
Quando vemos um autoproclamado membro da extrema-direita proferir que um dos maiores politólogos de sempre foi Norberto Bobbio, sabemos que as coisas vão mal…
Bobbio é um dos ídolos de vultos como Mário Soares e Freitas do Amaral!
Pode parecer surpreendente, mas não é! Na verdade não há nada que distinga o pensamento da Direita Pós-Moderna, dos chavões do Politicamente Correcto!
Defendem a Religião Privatista Liberal dos Direitos Humanos de uma esfera de liberdade individual absoluta, uma Democracia Igualitária (um homem, um voto), que o Poder se funda nas Vontades do Povo (ao contrário de se fundar na Nação, i.e. nos costumes, no acervo histórico e legal, no assumir da Nação como portadora de uma cultura e vocacionada para cumprir um Ideal de Virtude, a Natureza Humana).
Tirando a delimitação de pertença à comunidade, uma delimitação racial e territorial, nada separa esta concepção dos jacobinos que compõem o PSD, PS, PCP e BE… Nada!
Na essência, e como se vê nalguns portais nacionalistas, até o Garcia Pereira pode ser ídolo destes “nacionalistas”…
Não existe, para além do apelo nacionalista, nenhuma distância entre ambos!
A razão é por demais evidente…
Existem várias distinções entre direita e esquerda. Utilizando uma distinção Universalismo vs Particularismo chega-se a um critério manifestamente insuficiente em que a delimitação externa é o único critério valorativo! Desde que seja feito o apelo “particularista” tudo pode ser feito no plano interno! O Povo que decida…
Daqui a nada Rousseau ou o Abade de Siéyès também eram de direita! Seriam eles universalistas?
Peculiares ideias políticas…
Qualquer autor que tenha estabelecido a “direita” como Ordem (como quase toda a “direita” do século XX de Cortés a Schmitt, de Salazar a Evola) só poderia desprezar estas ideias como um “esquerdismo disfarçado”, tentando penetrar na direita para lhe retirar a sua característica essencial. Não existe qualquer reconstrução da Ordem, mas a aceitação do fraccionamento da mesma.
E se uma unidade não se funda no espírito humano, numa partilha existencial, não é uma Ordem, mas um aglomerado… e logo não será uma Nação!
Se a Nação se funda em algo que não tem um ensinamento, se se funda em algo que não permite discernir o certo do errado (algo que só a história pode fazer, através da experiência histórica e da narrativa colectiva, a que chamamos Nação), como é a Raça, não existe possibilidade de partilha existencial, de uma concordância em que se funde uma unidade política, subordinada a um conjunto de valores comuns.
Assim se reduz o horizonte do Homem à obediência! Às maiorias, ao Chefe, à mera vontade!
Pena que os nossos interlocutores não consigam observar que um homem pode ter ou não razão, comandando assim a obediência. Habituados que estão a ver tudo como mera questão de perspectiva, não conseguem ver as razões por detrás dos homens. Não conseguem ver que por trás do Monarca se pode esconder o Tirano, por trás do Aristocrata o Oligarca, por detrás do Democrata o Demagogo. Não é uma questão de número, mas de razão onde se inserem. Se defendem o Público ou o Privado, se defendem a facção ou o total.
Até os Founding Fathers americanos viram isto! Hamilton, Madison, Adams fizeram uma Constituição em que se defendesse o Povo das suas próprias ambições. Por isso instituíram um Presidente eleito indirectamente, Senadores eleitos indirectamente (até ao século XX), um Supremo Tribunal (de funções constitucionais) não eleito e que não presta contas a ninguém… Estranha-se por isso a obsessão “eleiçoeira” dos mais americanizados!
Pior ainda são os que continuam a viver no “slogan”! Ignorando que a China já não é comunista! Embora ainda mantenha os ícones do Poder, tem um sector público em redução, uma iniciativa privada, um sector de Saúde pago pelos utentes…
E sobretudo um apelo muito mais chinês do que comunista, sendo muito mais um nacionalismo popular que um internacionalismo! Para o efeito basta atentar nas reflexões sobre a aliança com a União Soviética do Camarada Mao, que rejeitam claramente a união dos povos e a existência de interesses comuns entre Russos e Chineses!
Ainda que esse critério Universalismo vs Particularismo servisse de algo para a análise dos problemas do mundo, seria absolutamente desfasado da realidade e da observação…
E basta ler um bocado…
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