domingo, outubro 30, 2005

A Virtude e o Horizonte do Conservadorismo









Acabei há dias de ler “Virtue and the Promise of Conservatism”, de Bruce Frohnen.
É um livro notável, que tenta realizar uma definição da essência do Conservadorismo, fazendo uma reconstrucção dos argumentos clássicos de Burke e Tocqueville. O esforço é, em si, meritório, por ser um trabalho exigente e que remete para uma oposição aos “establishment” intelectuais americanos de esquerda e direita.
A grande virtude do livro de Frohnen, escrito em 1993, é a sua lucidez face ao presente, a forma como compreende as correntes conservadoras à luz das suas respostas históricas, bem como análise dos pontos que se podem revestir de interesse para as gerações futuras.
É neste ponto que a reflexão de Frohnen se distingue do carácter meramente teórico-descritivo.
Ao contrário dos que vêem na prática e no expediente o futuro da alternativa às posições socialistas e liberais (em sentido americano), Frohnen observa o tradicionalismo como única perspectiva conservadora de futuro. O argumento funda-se na análise que faz da obra de Oakeshott e Kristol e na forma como estas perspectivas se reduzem ao materialismo, perspectivas que não têm capacidade de estabelecer uma observação do real, e consequentemente incapazes de estabelecer uma concepção de “vida boa”.
É a “vida boa”— uma reequação do conceito aristotélico de “eu zen”— a base do pensamento conservador, conceito de existência impossível sem uma percepção que transcenda a materialidade e se constitua como modelo de vida em comum, de onde emerge a Justiça, o Bem Comum, e a Virtude.
Ao contrário de Oakeshott em que não existe critério para além das práticas aceites pela sociedade (o argumento do sofista), o tradicionalismo, com a sua perspectiva de vida, apresenta uma visão completa do Homem. Não existe uma diferença consistente entre a perspectiva oakeshottiana e o existencialismo sartreano... apenas uma subordinação à ordem social vigente que não existe no caso do autor de “A Náusea”. A ideia de um horizonte que não seja o comummente aceite é repudiada na perspectiva de Oakeshott como na de Kristol, tendo a religião um valor residual, uma “sleeping pill”, um conforto no poço existencialista, ou uma utilidade na obtenção de obediência e bem-estar material.
Sem um laço que una o político e o trancendente, sem ceder à tentação da religião política e do imanentismo, que cumpra a natureza do homem, não é possível uma sociedade justa, que não seja vítima do individualismo, não seja mero palco do confronto de todos, que não viva em guerra eterna.
Só uma perspectiva que olhe para além do aqui e agora, uma perspectiva integral do Homem, poderá criar a imaginação moral que compreende a permanência do real e a necessidade de tranformar para manter.

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O Mudo

Sócrates proferiu na conferência de imprensa acerca da decisão do Tribunal Constitucional uma afirmação deveras curiosa. Segundo ele o objectivo do PS é modernizar a legislação portuguesa, em consonância com o que se faz na Europa.
Ser como outro é um não argumento. Porquê mudar o que sou de modo a ser como o outro?
Aguardam-se explicações...

quinta-feira, outubro 27, 2005

Um Misérrimo sobre o Dinheiro

Nesta curta ausência perdi o fio à meada das conversas blogoesféricas.
Reparei, contudo, nesta excelente questão sobre o lucro e o capitalismo pelo BOS, Manuel Azinhal e o FG Santos.
A questão é frequentemente levantada pelas escolas liberais no sentido de demonstrar que o atraso económico do país é fruto de uma mentalidade ou espiritualidade pouco competitivas, que causam atrito na corrida pelo desenvolvimento material. Ponto interessante, mas que deve suscitar algumas interrogações, pois que parte da crença de que a estrutura valorativa de um povo se resume à sua eficácia económica e à sua adequação à estrutura material, factor que reflecte a manutenção da estrutura moral marxiana na sociedade em que vivemos (e que alegadamente abandonou o projecto totalitário).

O Paulo Cunha Porto observou de excelente modo a questão ao atribuir à alma e não à quantificação material a definição da boa riqueza e má riqueza. Infelizmente, tanto quanto li, a Santa Madre Igreja não apresenta uma reflexão unívoca (nem teria que o fazer) sobre a matéria, ou apresenta algumas ambiguidades em pontos importantes de interpretação.
Curiosamente hoje, aguardando uma palestra, fui lendo uma missiva de São Tomás de Aquino à Duquesa de Brabante a que se deu o título Do Governo dos Judeus. Ficou-me a clara ideia de que a perspectiva mais sábia é de facto a tomista, que está em consonância com a perspectiva do nosso amigo Enjaulado.

O problema da usura é a incapacidade de gerar virtudes, colocar o homem como escravo do dinheiro, numa certa forma de prostituição (que mais ou menos higiénica é sempre condenável).
Mais do que a prática em si é condenado o estilo de vida gerado pela prática. À boa maneira aristotélica a proibição do homicídio não vem da prática em si (pois existem vários homicídios lícitos, como a legítima defesa, a acção directa, a guerra justa), mas da susceptibilidade ao mal que da acção advém (o homicídio injusto, dispensável ou indiscriminado).
É fundamental que se compreenda em que medida usura poderá ser canalizada para que desse mal provenha o bem, ou de que dessa forma se salvaguardem bens essenciais, da mesma forma que, segundo o conselho do Aquinense, o dinheiro vicioso teria de ser reconvertido em obras pias, ou no bem comum, o que significaria uma reversão dos vícios da alma gerados pela prática errónea.

É nesta convergência e subordinação ao bem comum que emerge a importância da Nobreza, entendida como uma forma de vida que transcende a relação material e económica entre os indivíduos. “O governo dos simples”, como apelidou Burke, é uma estrutura social de indivíduos actuando em convergência de vontades, onde não existe bem ou mal, mas contractos e dívidas… Um paraíso neo-liberal, mas onde falta a capacidade de olhar para o outro (o grande malefício da democracia degenerada, como observou Tocqueville) de partilhar (como viram os comunitaristas), de realmente viver em comum (como viu Macintyre).

Por isso recomendo a leitura deste artigo de Claes Ryn (que por certo o FG Santos apreciará, por ir ao encontro do seu último parágrafo) sobre a importância da nobreza e de suas práticas distintivas, na capacidade social de gerar a magnífica virtude de olhar a relação laboral como mais que uma parceria de vontades, mas como uma parceria de vontades no sentido de felicidade da comunidade.

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Um Mote de Campanha


" Ontem atrás do Cavaco,
Hoje atrás do Alegre...
Amanhã atrás das grades?"



É por estas e por outras que já estou no Index!

quarta-feira, outubro 26, 2005

Brevíssimas

Afazeres e ausência de acesso à net têm me impedido de "postar" e de ler os blogues do costume.
Queria desde já ajuntar-me a essa iniciativa do leitão! Conto lá estar...
Queria enviar um abraço a todos, em especial ao FG Santos pela delicadeza dos dias que tem vivido!
Até muito breve!

sexta-feira, outubro 14, 2005

Justiça Social, Justiça Procedimental, Justiça Verdadeira








O Rafael Castela Santos publicou recentemente na Casa de Sarto um artigo excelente de Juan Carlos García de Polavieja que incide, essencialmente, na problemática da Justiça Social no pensamento e proposta política carlistas.

Dizia Scruton que a grande vitória da Esquerda foi ter conseguido aprisionar o diálogo político do ocidente num dualismo “esquerda-direita”, “capitalismo-socialismo”, “justiça-mercado”. Basta ver a forma revolucionária como se afirma que se encontrou uma “terceira via”, como se encontrar uma síntese entre duas posições fosse um grande avanço para a humanidade (ai Hegel, Hegel, o que é que andaste a fazer?), independente das propostas em questão!

O liberalismo é um erro por não possuír uma concepção de justiça, mas de regras procedimentais, desligadas de uma avalição da sua benevolência. As regras são regras, os deveres são deveres, ainda que delas venha o mal, um mal que não deve ser analisado.
O socialismo fundamenta-se numa concepção de justiça. O marxismo, p.ex., baseia-se na necessidade de sujeição às leis (ou melhor, Leis) da matéria. O socialismo democrático numa justiça de igualdade tem como grande utopia a igualdade de todos os homens... Por isso se escuda no assistencialismo para promover a sua ideologia, uma igualdade no vazio (uma igualdade que dispensa o critério para aferir o igual e o diferente, considerando que o erro é o mesmo que o certo, que o vício é o mesmo que a virtude). O socialismo é errado por ser amoral, mas também por não encontrar um limite para a esfera individual que não seja a utilidade material (ou o medo do Outro, no caso de Rawls).

A justiça política cristã consagra as necessidades do Homem, que são essencialmente um ambiente onde possam ser cultivadas as virtudes, onde o homem se cumpra. Ao contrário da justiça socialista que promete ou tem como intenção a igualitarização do mundo (O sonho de Martin Luther King de aplanar todas as colinas, para assim dar condições iguais a todos os homens, ao bom estilo Leveller), a justiça cristã pretende defender os elementos bons da nossa sociedade. O incentivo da família e do cumprimento da palavra dada, do serviço do bem-comum, da repressão dos instintos mais baixos são objectivos fundamentais, como propostas de sociedade.

Há contudo que compreender que essa insistência na virtude e moral são incompatíveis com um Estado que fomenta o parasitismo e a inveja. Uma sociedade em que os cidadãos pensem que têm direitos sobre o trabalho dos outros como direito inerente à sua humanidade é uma sociedade que se estabelece nas premissas da inveja, que fomenta o parasitismo e é incompatível com qualquer horizonte de moralidade que não seja a satisfação do estômago. Daí poderão advir todas as bestialidades... “Alimenta-me e dar-te-ei a minha alma”!
Logo um Estado “completo” é o que promove a nobreza de carácter ao recompensar os benfeitores, os que dão sem pedir, os que se destacam nas várias actividades pela sua dedicação e mérito, o que enaltece as corporações devotadas aos interesses dos seus membros e a forma como estes lhes dão garantias de uma vida regrada e estável.

A tentação socialista é o grande legado marxista para o século XXI. A ideia de que o homem vive numa esfera privada e amoral, e que o Estado tem apenas de prover as necessidades materiais para que ele faça o que quiser. Como se fosse possível um homem bom sem uma boa sociedade... Ou que um homem seja a mesma coisa que um porco, satisfeito pela pança!

A Justiça, a verdadeira, não fala de direitos abstratos.
Não fala de férias pagas ao Abominável Ieti...
Promove, através de uma ordenação jurídica (incentivos à propriedade familiar, que reduz o abandono pelas famílias dos “velhos indesejáveis”, o número de divórcios, de crianças sem apoio familiar...) e da alma ser movida acima do interesse contratual.

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Gracias!



















Está aqui disponível uma excelente bio e bibliografia de Maeztu que vale bem uma vista de olhos dos mais interessados.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Momento Hilariante








Não percam hoje nos noticiários o novo programa de humor brasileiro...
Um comuna a incentivar ao investimento externo!

Eu Sei Que Tive Azar

Hoje fui surpreendido com a notícia de que um certo Arquitecto irá abandonar a cátedra da ideia-feita para classe média letrada. Trata-se de uma mudança que não afecta em nada um jornal sem esperança de “melhoras”... Nem sequer surpreende a sucessão, pois o que deixou de ser epidérmico passará a ser paquidérmico, imóvel, sujeito às chibatadas dos donos. Sem grandes novidades...

Eu tive a infelicidade de conhecer o dito Arquitecto, prova-viva de que os genes são matéria de pouca monta nos assuntos dos homens...
É interessante conhecer personagens que gravitam na política, sem a ela pertencerem, serem directores de jornal sem vocação, ou conhecimentos para tal... Fica-se por isso na base do “falei uma vez com” ou “tal sujeito é um indivíduo com qualidades”! Num domínio de elevação e profundidade, portanto.

Mas o que mais me surpreendeu sempre no Arquitecto foi a sua ambição em dar passos maiores que a perna! O senhor percebeu rapidamente que só poderia deixar de ser lesma quando criasse doutrina... Começou então a elaborar alguns conceitos-chave!
Sendo a política uma matéria de responsabilidade, teorizou o Arquitecto, deveria existir um Tribunal responsável por ditar penas, interdições ou coimas, por má gestão da coisa pública. Ao ouvir tal pensamento senti a necessidade de partilhar com o Arquitecto duas questões que me assaltaram. Primeiro que a ideia era perigosa, pois tornava a magistratura um órgão de cariz político. Segundo, que a ideia não era original e já havia sido posta em prática eficazmente pelos Tribunais Populares da União Soviética.
O Arquitecto olhou para mim com olhar grave e não respondeu, com a soberba de quem não deve nada a ninguém (nem sequer à inteligência).

Um país de fidalgos, onde os apelidos garantem postos, onde a ignorância é recompensada como uma virtude, onde um homem iletrado é director de um jornal “de referência”.

quarta-feira, outubro 12, 2005

Publicidade Não Endereçada

Tenho actualizado a Revista.
Tem muito "material" que me parece de interesse e já está alindada com "bonecos".
O objectivo é, como hábito, a divulgação do pensamento político e de materiais que vou encontrando por aí.
Passem por lá e digam depois o que acharam...

Uma Teoria Para Hoje (II)

A Teoria e a Realidade









Há tempos, num daqueles maravilhosos momentos de erudição que o programa Prós e Contras da RTP nos proporciona, Adriano Moreira falava sobre os problemas de Portugal no contexto das complexidades do início do século XX. Num daqueles seus momentos que são seu apanágio Fátima Campos Ferreira interrompe a reflexão: “Ó Senhor Professor, mas o que é que isso significa na realidade?”. Com indulgência o Professor retorquiu “O que eu lhe estou a dizer é a realidade!”.

Infelizmente a mentalidade de Campos Ferreira parece ter feito escola em grande parte dos que falam sobre política. A ideia é de que existem dois níveis de pensamento... um pensamento filosófico que desprovido de interesse prático! Outro raciocínio que determina a acção, que se situa no domínio prático!

A grande falácia consiste na ideia de que é possível existir um pensamento prático, sem finalidades, sem uma ideia de bem, sem uma concepção definidora do próprio ser. Por isso é que as discussões sobre a natureza do Ser Português não são exercícios barrocos, mas questões essenciais na teoria que determinarão a prática.

A ideia do filósofo como um tonto que pensa em questões absolutamente desligadas da realidade é uma ideia antiga, que tem relevância nalguns casos de extremados idealismos. Tem razão de ser nos que consideram que é a realidade que se molda à teoria. Tem razão de ser quando falamos dos que tomam o pensamento segundo a vertente racionalista!
A modernidade inventa um Facto (um dado revelado pela observação) ou um Desejo primordial (no caso dos romantismos) e subordina toda a sua teoria sob essa lógica.
Esta forma de pensar baseia-se numa premissa errada, porque diviniza o facto como se verdade revelada se tratasse. Pega no mundo através dos objectivos dos homens e deforma-os segundo uma lógica que escapa a qualquer análise.
Esta é a ideia central de todo o pensamento moderno (cientificismo, voluntarismo) e de outras coisas que nem chegam a ser pensamento...

Esta ideia é exactamente oposta a qualquer posição realista da filosofia como a que defendemos. A filosofia não pode ter como outro fim que não seja compreender o que existe. Só através da inteligência se pode dizer o que é determinado objecto. Como se pode compreender o que é uma cadeira sem compreender a distinção entre uma cadeira e uma mesa? Como se pode falar de propostas e soluções para a comunidade política sem se definir a própria comunidade política? Como é possível aventar remédios para a coisa pública, sem se ter noção de saúde, de como o corpo político se constitui? Como se poderá estruturar uma sociedade sem se concordar quanto aos membros que lhe pertencem?

Só a partir daí se podem estabelecer linhas de acção, definir amigos e companheiros, fazer amigos pela partilha da verdade...

Por essa razão não existe qualquer tipo de necessidade de reequacionar o real.
A mudança de circunstâncias (território, regime, orçamento) não implica uma mudança do real, porque o real é perene. A cadeira será sempre cadeira enquanto servir para nos podermos sentar nela. O político será político enquanto servir para cumprir a natureza do Homem, proporcionando-lhe um espaço onde floresça a virtude.
Da mesma maneira que a mudança de cores, materiais e desenhos não retira à cadeira a sua qualidade de cadeira, enquanto cumpre o seu “telos”, também as limitações materiais de uma comunidade particular, provida de tradições, a que chamamos Nação, é absolutamente irrelevante no que concerne à definição do justo e do injusto, na definição do bom e do mau, para a essência do Ser Português.

Afirmar que o regresso aos “estreitos muros da velha Casa Lusitana” implica uma mudança de essência, uma mudança na estrutura do Ser Português, uma mudança nos fundamentos da nossa sociedade é um argumento ilógico, como afirmar que a quem são roubados os bens, os títulos, ou mesmo a família, deixa de ser quem é, tivesse de abandonar os seus códigos de conduta, ou mesmo as suas obrigações... A sua Identidade!

Só equacionando a perenidade se pode compreender a a realidade circunstancial.

O resto é confusão...

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terça-feira, outubro 11, 2005

Portugalidade Buícica

Segundo fontes bem informadas no seio da candidatura presidencial de Nélson Buiça, uma das primeiras medidas o dito candidato pretende mudar a bandeira nacional para algo mais consentâneo com o seu ideário político.
A custo de muitos perigos um repórter do Pasquim conseguiu pôr as mãos na proposta de novo estandarte do descendente do regicida. Aqui fica para a vossa aprovação...














(Imagem pilhada de A Guerra das Bandeiras de 1910.)

Muitos Anos de Vida

(Devido e Atrasado)

Como já devem ter reparado não tenho andado por aqui! As minhas intermitências são as necessárias a um moço da minha idade... Estudos, trabalhos, isolamentos mais ou menos forçados, leituras, um bocadinho para viver!
É fácil falar de política, é mais trabalhoso falar dos amigos!
É difícil falar do prazer que temos em encontrar alguém que partilha as nossas visões, as grandes preocupações dos homens, as necessidades do espírito humano.
Por isso me é difícil falar do meu amigo FG Santos.

No dia 8 de Outubro cumpriu-se o primeiro aniversário do Santos da Casa, um blogue que é actual, atento, cultivado nas coisas dos homens. Dizer isso não é nada, ou é, muito pouco. Não é por isso que leio o Santos da Casa!
Leio o Santos porque é a expressão de um homem direito.
Quando o FG Santos concorda ou discorda é por bem, não é daquelas alimárias gregárias movido por espírito sectário. É um ser peculiar na blogoesfera, porque partindo de ideias feitas (como todos nós, aflitos pela maleita que apelidamos de humanidade) está sempre disposto a embarcar na aventura do pensamento, a aferir o verdadeiro e falso, o bom e o mau.
O FG Santos tem muitos méritos, mas tem sobretudo uma inclinação que transcende o aqui e agora. Isto pode parecer estranho para um homem que se diz descrente...
O Santos é crente! Acredita num caminho para lá da treva e do despotismo da ausência de critério. Acredita na verdadeira liberdade que parte da liberdade de um povo de se autogovernar segundo os seus princípios, segundo os laços que perpassam as gerações.
Acredita que voluntária ou involuntariamente nos encontramos abraçados àquilo que nos escapa, mas que é intemporal.
E o caminho tem de ser feito, sozinho ou acompanhado.

Um grande abraço ao FG Santos, português de boa cepa!

segunda-feira, outubro 10, 2005

A Sina de Cyrano








Consciente das suas falhas e limitações prefere governar pela face de outros, através de vários Sócrates! Suprimindo as lacunas da sua personalidade e formação vai lançando na cena política as auas antíteses, pequenas marionetas que falam pela voz do “whip” partidário. Escondido nos arbustos vai segredando deixas e escolhendo novos pretendentes para Roxane que lhe aumentem o poder...
A indumentária parola, o silvar do verbo, a feição abrutalhada, impedem-no de se aproximar do objecto amado e dizer “ sou eu quem amas”!
Quando os comentadores jubilados falam em “erros de casting” é porque, voluntariamente ou não, caíram no engodo...
A máquina manda na gente sem alma! Sabemos quem manda na máquina...

Ontem nas inteligentes (porque madrugadoras) declarações de derrota, pudemos observá-lo mais magro, mais ponderado, com menos música no linguajar...
Nem parecia que tinha sido a sua grande derrota.
Nem pareceu que se distanciava dos candidatos por si escolhidos.
Não parecia já o mesmo homem que delimitou a estratégia e pelo qual todos os candidatos falavam...
Não parecia, mas era... Hábil!

Derrotadas as “criaturas” parece ter chegado o momento de Cyrano se “declarar”...

Os Invertidos

A inversão do ónus da prova em matéria fiscal é muito interessante.
Se esta não afecta os direitos de defesa dos arguidos porque não se aplica a outros casos?
Será mais importante a fuga ao fisco ou a punição de homicidas, pedófilos, traficantes de droga?
Continua a obsessão socialista com o dinheiro dos outros e o desprezo pela imoralidade...

domingo, outubro 09, 2005

Esquizofrenia







Quem é o comentador, qual é ele, que andou sempre a fazer a apologia do sistema democrático e que agora já é defensor do mote "Uma República e não uma Democracia"? Quem é que anda sempre a fazer a apologia do liberalismo e depois é cavaquista convicto? Quem é o amigo que anda a fazer a apologia da vontade individual e depois fala de diferenças locais que devem ser preservadas como se houvesse algum critério externo ao homem?
Ainda dizia o filósofo que algo não pode ser uma coisa e o seu contrário...