quarta-feira, abril 29, 2009

O Problema do Bigode Monárquico









Anda meia blogosfera preocupada preocupada com o problema do Bigode Monárquico. O problema não é despiciendo, dada a importância da estética em todas as coisas políticas.
Nada tenho contra o fomento do Bigode Monárquico. Conheço grandes monárquicos de bigode lustroso, outros de bigode aparado, outros de suissas, outros já sem qualquer protecção pilosa. Os primeiros fazem do reviver do tufo capilar uma questão de honra, encrustada nos armoriais dos avoengos e do espírito novecentista que gostariam de reviver. Os segundos e terceiros fazem-no para esconder algumas imperfeições faciais, insuficiências e inseguranças.
Há porém uma nova moda monárquica. O bigode na cabeça. É a estética do século XXI!
O bigode na cabeça caracteriza-se pela ideia de que se pode usar o bigode onde se quiser. Os defensores desta nova moda vivem obcecados com os bigodes nas caras dos outros, por acharem que o bigode deve existir onde o proprietário queira. O pé direito, a testa, o bícepe, são os grandes candidatos à localização do bigode, segundo os defensores desta perspectiva actualizadora. Bigode sim, mas só consoante a moda do Progresso e da Democracia.
Neste momento sou um defensor de todos os que ainda acreditam que o bigode deve estar entre a boca e o nariz, de todos os que acreditam que a Monarquia, como o bigode, tem um lugar que não nos compete escolher e que foi ditado pela Natureza, de todos os que não fazem plásticas para disfarçar o bigode no sovaco e o possuírem “sob a sua asa”.

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sexta-feira, abril 24, 2009

O Santo do 26 de Abril











Os próximos dois dias serão um bizarro momento na vida dos portugueses.
Amanhã celebra-se o Anti-Portugal. O momento em que os portugueses decidiram abandonar às mãos do terror do totalitarismo comunista uma parte significativa da sua população, o momento em que Portugal se transformou numa região europeia, em que adoptámos uma Constituição abjecta, em que o Socialismo se tornou o nosso regime, em que abjuramos todos os princípios que fizeram Portugal.
No Domingo, porém, a conversa é outra. Celebraremos Portugal como se ainda o tivéssemos entre nós. Na memória do Condestável vive a Fé de um homem de vida casta, a consciência do Dever do político e da Nação ao serviço da Justiça Divina, o combate num espírito de caridade ilimitada pelo inimigo, o amor do Rei, a consciência absoluta da comunidade na amizade cristã. No Santo repousa tudo aquilo que repugna ao homem moderno e por isso não podemos deixar de rir um bom bocado com as recentes loas de todos os quadrantes da sociedade, sempre pronta a aproveitar uma boleia para o mundo do “faz de conta que temos um país”.
No 26 de Abril devemos pôr os olhos no passado, para olhar de frente o futuro e vencer o Anti-Portugal.

quarta-feira, abril 22, 2009

Deuses e Demónios do Populismo
















Uma das maiores demonstrações de impotência da Esquerda é a forma como vê os seus adversários. O “fáchismo” que descrevem nos seus oponentes é uma visão infantil do que foi o Fascismo na realidade, com toda a sua moral popular, estatista, restruturadora, centralizadora. Para a Esquerda, o “fáchista” é aquele que defende um conjunto de normas que não vêm da soberania popular, que não se submete ao papel instrumental da racionalidade como forma de elevar a Humanidade ao papel de realidade transcendente, que rejeita que o objectivo da vida humana seja a criação de uma sociedade em que se cumpre a panaceia do indivíduo (em que este ultrapassa a escassez e vive como Deus no seu universo particular). É evidente que os fascistas não partilhavam esse credo, mas a infantilidade mental que preside a esta dicotomia é apenas um reflexo de visões simples do mundo que reflectem a forma populista da esquerda de contemporânea.
A forma como Hitler é descrito como um inimigo da razão esclarecida (um contra-iluminista, portanto), um mero caso clínico de loucura ou um defensor do preconceito social populista (que a Esquerda veio destruir) é apenas uma forma de varrer para baixo do tapete os problemas levantados pelo paradigma moderno de que Hitler foi consequência lógica.
Afirmar que o problema de Hitler se encontra no seu desprezo pela Razão é apenas o primeiro acto da paródia. É verdade que Hitler foi um crítico da razão iluminista enquanto forma de ordenar a comunidade política. Mas também o foram Rousseau, Nietzsche ou Sartre. Não se consegue vislumbrar de que forma é que o anti-racionalismo de Nietzsche, que se encontra tão em voga nesta época pós-moderna, pode ser a causa de uma mal tão grande e de tantas bençãos (Foucault, Deleuze, etc.). E quem mais do que Hitler, transformou as ciências numa forma de religiosidade política, forçando nas descrições científicas as distinções que a necessidade política forçava? O segundo acto está montado. A diferença entre o mau e os bons está na forma como os segundos fazem uso dessa racionalidade. Os maus matam pela raça, os bons pela classe social. Sartre, santificado na Europa Ocidental, afirmava o seu pacifismo enquanto defendia os campos de concentração onde se empilhavam inimigos do povo. Estaline, o maior assassino da História, era um santo que fazia o mundo adequar-se ao sonho de Marx. A diferença entre o populismo de uns (do povo, com toda a fúria socialista) e o que é dirigido a outros (a pequena burguesia, com todo o seu ódio racial) é, para o Esquerdista, toda a diferença do mundo. Mas qual é a diferença real, ou o critério para avaliar a diferença entre os preconceitos de Robespierre ou Marx, a necessidade do Terror e da destruição física e social da burguesia ou da nobreza e ou de um outro qualquer povo?
É curioso que num mundo obcecado com os campos de concentração, a abertura ao Leste tenha vindo com a total incorporação da máquina estatal comunista. Sem culpados, sem crimes, sem dias da memória histórica...
Estão nos a preparar para o quê?

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segunda-feira, abril 20, 2009

Imaginação

Diz-se que a Conferência Episcopal Portuguesa prepara um documento onde irá explicar por que razão os católicos não devem votar por políticas que confrontam a Doutrina. É estranho que a CEP tenha de referir algo que deveria ser evidente para qualquer católico, mas nos tempos que vivemos, em que há empresários comunistas, socialistas-católicos, social-democratas liberais e democratas-cristãos a favor do socialismo, a coisa pode ter algum préstimo.
A advertência é bem estranha, dado que, ao que se diz, incluirá uma referência ao dever (religioso?) de votar.
Não vale a pena entrar nas especificidades da relação entre o voto e o descalabro em que Portugal se encontra, na forma como durante tantos anos o silêncio da Igreja parece ter permitido a crença de que as políticas e as concepções religiosas estariam desligadas ou na forma como a CEP achou que o regime que referenda a vida de terceiros seria matéria susceptível de votação. Só iríamos chegar onde chegámos.
Vale a pena, sim, analisar de que forma as propostas dos vários partidos podem ser susceptíveis de qualquer compatibilização com a Doutrina da Igreja.
Sobre a Esquerda dos direitos ao aborto, da destruição da família, da transformação do amor em desejo, não preciso de falar. Mas será que falar de um PSD que toma o preservativo panaceia para a felicidade humana (é só ver qual o partido que defendeu o plano de luta contra a SIDA sem uma palavra sobre qualquer preceito Cristão)? Será que vale a pena falar de um CDS que afirma que se afirma como pós-ideológico e possui nas suas fileiras apologistas dos casamentos homossexuais, defensores do paraíso anarco-capitalista, gente que acredita que o Mercado é a melhor forma de obter o paraíso do progressismo mercantilista? Será que vale a pena falar do MEP que se apresenta como uma comunidade de santinhos a defender exactamente o mesmo que o PS, mas com pedigree na acção social? E do PNR, onde o seu líder afirma que o facto de ser católico é irrelevante para as políticas que defende? E do MMS, em que se escondem dezenas de charlatães endinheirados a falar sobre mérito, solidariedade, contra o neo-liberalismo, num emaranhado de idiotices sem nexo?
O facto da CEP fingir que existe alguma proposta consentânea com a Doutrina no panorama político, quer dizer que não a têm em apreço suficiente ou que sobrestimam os partidos e a democracia portuguesa? Nunca o saberemos, provavelmente.

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A Profunda Religiosidade de Obama

Aqui.

quinta-feira, abril 16, 2009

Com Imperdoável Atraso

Muito obrigado, João!

terça-feira, abril 14, 2009

O Império da Moda e as suas Técnicas














Uma das grandes ilusões europeias é a miragem de um mundo sem soberania.
Evidentemente que este sonho faz parte da moderna utopia unificadora, da substituição do papel do Papado na ordem internacional, por uma ideia participada e partilhada de unidade humana, prostrada perante o vazio de si próprio. Uma Europa que decidiu tornar-se luz do mundo, mas que decidiu que a única coisa que a une é a ausência de autoridades substantivas no seu modo de vida, depara-se com o problema eterno de tudo o que é vazio. A Democracia, a crença de que a comunidade será aquilo que se quiser e puder, os Direitos Humanos, a ideia de que a autoridade pode não ter fundamento, o Culto da Diversidade, um estranho fetichismo que acredita que o valor se encontra na diferença de propostas e não na sua validade, são expressões da forma como o império pós-religioso se apoia em expressões sem qualquer substância, para prosseguir finalidades que variam consoante o Poder. Nada na Democracia, nos Direitos Humanos ou no Multiculturalismo é fixo ou pode conduzir a qualquer proposição moral. Pelo contrário, todos os valores ou princípios que podem ser considerados na Democracia, nos Direitos Humanos, ou na defesa da multiculturalidade, repousam noutras fundamentações, mais elevadas.
O desprezo pela Soberania ou pelo valor intrínseco da comunidade, é apenas mais uma dessas formulações vazias, que esconde uma realidade bem mais prosaica. É frequente ouvir-se falar do federalismo como solução para os problemas do mundo, para dar resposta à “complexidade crescente” do mundo. A resposta é lamentável. A União Europeia não consegue dar resposta aos vários problemas do mundo moderno (a crença de que existe solução para esses problemas é também uma característica desse projecto). Então por que estranha razão andou a União Europeia em conflito com os EUA, a Rússia, em vez de os tentar aglutinar no seu projecto político? Por que estranha razão a UE não aplicou fora da Europa a solução que encontra dentro das suas fronteiras, a partilha de Poder? A resposta é simples. Toda a ideia de que a cooperação internacional e a “partilha de soberania” são uma forma excelente forma de resolução de problemas, esconde um problema existencial. A UE não o faz, porque não partilha os valores ou o sentimento de comunidade dos outros. Precisamente o oposto da versão UE para consumo interno, que sempre alardeou que a comunidade política europeia, o Estado-Nação, tinha os dias contados e que a bem da funcionalidade e bem-estar dos povos europeus, estaria na altura de passar a certidão de óbito ao Estado-Nação e transformá-lo em componente de uma nova máquina, mais forte. O Estado-Nação estava obsoleto pelo seu carácter soberanista. Contudo criou-se uma máquina nova, cheia de componentes antigos, que herdou as características das máquinas antigas e que se considera, ou pretende considerar, um interlocutor dos Estados. Uma máquina que assume liberalismo económico quando lhe convém e proteccionismo quando a ocasião muda. Mudou o tamanho. Um Estado Grande e não um Supra-Estado, como é evidente.
Entretanto, a Europa e os seus “valores” afirmam tudo e o seu contrário, escondendo a falta de identidade que os leva a perseguir valores mudanos como se algo de elevado se tratasse. Desligados de qualquer noção de Justiça, os cidadãos da Europa vão achando normal que as leis e sanções sejam feitas com vista ao lucro e ao poder e não a qualquer norma que transcenda a comunidade. O shopping chegou ao gulag.

quinta-feira, abril 09, 2009


segunda-feira, abril 06, 2009

Esquecimentos Liberais



















"Quando o termómetro religioso está em cima, o termómetro da política está em baixo, e quando o termómetro religióso está em baixo, o termómetro político, a repressão política, a tirania, eleva-se. Esta é uma lei da humanidade, uma lei da história."

Juan Donoso Cortés


Sobre o liberalismo e as suas contradições, creio que ficou tudo dito com o excelente comentário do Modernista (interrompido pelo Haloscan). É incompatível o jusnaturalismo liberal, com a crença na posse da comunidade política que provém da concepção contratualista de Rousseau.
Há, porém, um ponto de que os liberais portugueses se esquecem na sua transposição das políticas liberais para este pedaço de chão.
Os liberais que falam das instituições da sociedade civil, os ditos liberais-conservadores, esquecem-se sempre que o propósito da liberalização política seria deixar a sociedade organizar-se em liberdade. O que é mais curioso nesta liberalização é que a crença dos liberais clássicos corresponderia, num passe de mágica, a um reforço dessas instituições. O que se viu, contudo, foi precisamente o oposto. A “libertação” da sociedade das garras da política foi uma fraude grotesca que destruiu a família e as associações sociais, precisamente pela incapacidade que os liberais sempre tiveram de compreender que o núcleo de amizade política, a comunidade e a sua justiça, representa e condiciona todas as relações sociais.
Num mundo de fortes convicções religiosas a repressão política é quase desnecessária e o liberalismo sempre se viu como defensor das várias perspectivas religiosas privadas, por essa razão. Razão que, infelizmente para eles, era verdadeira apenas no contexto dos conflitos protestantes. O liberalismo nunca se conseguiu libertar desse preconceito, gerado pelo ambiente da sua geração, de que removendo a política do social as instituições ficariam mais fortes. Esse erro seria pago nos séculos XIX e XX. A defesa de uma comunidade sem princípios, em favor de uma sociedade de crenças, gerou apenas uma a ausência de crenças em ambas. Movendo uma guerra à Religião, a única que havia no país (ao contrário do ambiente britânico onde a religião era o fulcro da discórdia), sob a perspectiva de que esta teria de ser removida da esfera pública, chegou-se a uma situação lamentável em que um dos regimes menos cristãos (em que o catolicismo era mera forma) da história do país, se revestia de uma capa de catolicidade. Em Portugal o liberalismo não resolveu qualquer disputa no povo. Introduziu uma nova religião e uma ideologia para disputar com o Catolicismo.
Os liberais não ficaram, contudo, por aí. Ao verem a colapsar todas as crenças da comunidade e sociedade, viraram-se para a Esquerda para o levantamente dos novos mitos sociais. Em vez de assumir a derrota, afirmaram-se ao lado do progressismo da I República, do 25 do A., prontos a assumir crédito pelos novos ídolos, a democracia e os direitos humanos, esquecendo a perfeita incompatibilidade do liberalismo com a democracia (quantos países democráticos são liberais no sentido da clássica) e comprando os Direitos Humanos com um pacote de fervorosas concepções anti-liberais (direito ao trabalho, férias pagas, etc.).
Os liberais em Portugal fizeram uma revolução contra a Igreja, em favor de uma treta religiosa que nem eles compreendem. Depois perceberam que sem esta não conseguiriam ter sociedade e tentaram controlá-la (I República). Ao verem que o não poderiam fazer, ajudaram à construção do progressismo. Agora reinvindicam para si os benefícios progressistas da “religião política” que ajudaram a erguer e que vai contra o que queriam proteger. E o pior é que alguns nem perceberam isso.

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quinta-feira, abril 02, 2009

Ao Cuidado de Dom Ilídio

Para que o Bispo Ilídio possa alcançar finalmente zénite do progressismo em moral sexual e a sua perfeita adequação com o tempo presente, sugeria-lhe que apoiasse esta nova prática sexual, cada vez mais difundida entre os nosso irmãos espanhóis.
Só depois desse apoio, o senhor bispo poderá estar realmente actualizado com o progresso na área sexual e ser considerado, de facto, um homem do seu tempo.
Precisamos de mais homens actualizados como este santo bispo.

Anarco-Capitalismo e Escravatura

No seguimento de uma troca muito interessante de comentários na caixa anterior, o Carlos Novais apresentou o direito de secessão como solução para todos os males do mundo. A guerra passaria de moda, pela simples razão de que se todos respeitassem a autonomia dos outros, não haveria nenhuma razão para que tentássemos coagir outrém.
Numa sociedade meramente voluntária, onde não existe um momento constitucional com aceitação de princípios superiores às expressões de vontade dos indivíduos, mas a formação de vários contratos associativos, tudo vale, não existindo princípios de justiça que sobrevêm à sucessão de contratos e a vontade de ambos fôr a única forma vinculativa, existe a possibilidade de destruir a condição da outra parte para dessa forma conseguir obter termos mais vantajosos para o próprio. Onde não existam princípios de justiça superiores e que precedam o acordo entre as partes, a própria existência do outro enquanto realidade política pode ser discutida. O não-reconhecimento de outros seres humanos como possuidores de direitos políticos não só é uma questão meramente voluntária e individual (liberdade de consciência), como até uma possibilidade remota. Se a própria formação da associação política prevê a possibilidade de negar a humanidade a outras pessoas e a agir em conformidade, fazendo um contrato de desigualdade gritante (a troca de um pão ou de um direito de passagem por um terreno pelo trabalho de uma vida), toda a loucura é permitida.
Defender, porém, o inverso, ou seja, que todos têm a possibilidade de retirar dos contratos por acto da sua vontade, é destruir qualquer possibilidade de vida em comum entre as pessoas, valendo qualquer contrato o mesmo que nada. Mas e o credor não tem o direito de pedir a restituição daquilo que foi dado?
É por isso que o liberalismo tem como problema essencial a aceitação obrigatória dos pressupostos que permitem a liberdade (inviolabilidade da propriedade). E por isso que o princípio da auto-determinação que Rousseau postulou como forma de oposição ao liberalismo é incompatível com todas as formas de propriedade liberal. Marx percebeu isso muito bem. Pelos vistos os liberais não.

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