sexta-feira, junho 27, 2008

Os Jogos de Palavras






















Há uns tempos no blogue Inconformista, Rodrigo N. P., publicou um artigo que falava sobre o Nacionalismo e a Direita Anti-Revolucionária. É quase um manual para o nacionalista de hoje, moderníssimo (ultra-moderno, aliás) que corta a direito e vai directo às preocupações do homem actual. Caminha no sentido da actualidade em todos os sentidos, incluindo na superficialização de conceitos e na incapacidade de alcançar sentidos nas palavras que ultrapassem a superficialidade momentânea.

O Nacionalismo (como apanhou bem o GdR) a que o autor se refere, corresponde a uma situação em que a adesão política vai para a comunidade, independentemente do que esta defende e acima de toda a actividade especulativa. Se não existe Nação numa situação em que a comunidade se articula em torno de valores exteriores a si, ficamos a saber que Portugal nasce com a I República e que até então seria uma outra coisa qualquer. Isto já diz muito sobre esta forma de nacionalismo.

Depois vem uma enorme confusão. Diz o Rodrigo N. que o Contra-Revolucionário luta por uma comunidade jurídica e que o nacionalismo que perfilha se guia por um critério histórico. Se este erro é comum, não é certamente menos disparatado. Ao longo de toda a Época Medieval não existiu qualquer teoria que tenha defendido a defesa do Rei ou da comunidade política apenas por esta ser a sua. Pelo contrário, a filosofia política medieval supreende o homem moderno pelo seu constante apelo a critérios que são extra-jurídicos. A comunidade jurídica deve existir porque serve finalidades que são maiores que a própria e o Direito serve para as proteger. Ninguém diz “defende o teu Rei ou o teu país porque eles são o teu Rei e o teu país”, mas tenta munir o homem de critérios para que encontre a acção justa (saber que Rei servir vem da capacidade de compreender a melhor ordem política). Ora quem usa esse argumento são precisamente os defensores da modernidade que dizem “o que é justo é aquilo que a comunidade ou o Rei te dizem”. Muitos até dizem que isso é ser contra o “abstracionismo universalista”...

Todos percebem o que o autor quer com isto e a confusão desemboca onde todos (menos o autor do escrito) já perceberam irá dar. Se o “verdadeiro nacionalismo” está acima da especulação, não se percebe qual é o critério acima do jurídico ( que expressa a vontade da comunidade) que poderá ser “histórico e étnico”. Há uma inconsistência grave e elementar em todos os que dizem que a comunidade é o critério e depois desatam a dar-lhe os seus critérios. Se assim fosse, não deveria o RNP aceitar os critérios que lhe são dados pela presente comunidade e aceitar as suas leis (a imigração p.ex.)? A não ser que se encontre inserido noutra comunidade, mas isso de comunidades imaginadas é um instrumento de poder, como dizia o Anderson. Habitar comunidades imaginadas e falar contra a abstracção é caso estranho.

Compreendo bem que o autor se encontre mais identificado com alguns figurões do século XX do que com os construtores da Nação Portuguesa e é precisamente por isso que não entendo o tom da coisa. Não há aqui nada passível de ser confundido.

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sexta-feira, junho 06, 2008

Adeus e até ao meu regresso

Estarei ausente nas próximas semanas.

Um abraço a todos,

O Corcunda

quarta-feira, junho 04, 2008

Menção Honrosa (II)

Desta vez foi o Pasquim merecedor de uma muito simpática referência de Walter Ventura nas páginas de O Diabo. É uma honra ver um texto meu nas resistentes páginas de um jornal que (este é o melhor elogio que lhe posso fazer) está fora do seu tempo.
O Diabo é um bom exemplo da virtude da Esperança e de que a aventura portuguesa é uma corrida de fundo.
Entretanto o Rui Albuquerque, que dá uma entrevista no mesmo jornal sobre o futuro do PSD, escreve sobre o que tenho aqui dito sobre a Direita. Não terei tempo nas próximas semanas para aqui escrever sobre o assunto, mas parece-me que o RA viu bem o problema. Encontrar os limites de valores que tenham capacidade de existir enquanto norma política é o grande esforço da Direita para os próximos anos. Veremos...

terça-feira, junho 03, 2008

Menção Honrosa

O Vitório Cardoso foi distinguido pela SHIP pelo seu trabalho de imprensa em prol da independência nacional. É uma distinção mais que merecida, a uma das pessoas com maior orgulho em ser Português que conheço. O Vitório é rapaz da minha geração e uma das poucas pessoas nesta, que se preocupa em dar vida ao "orgulho nacional", em ser memória de uma maneira de sentir Portugal que se encontra em vias de extinção.
Eu podia dizer ao Vitório para continuar o bom trabalho. Não precisa... É ele que, de vez em quando, me brinda com um telefonema de encorajamento, um desabafo ou um projecto.
A única coisa que espero é que ele nos continue a encorajar pelo exemplo e pelo amor a Portugal.
Tivessem o mesmo amor-pátrio muitos dos que andam por aí com a Nação na ponta da língua e talvez se conseguisse alguma coisa para "o torrão".

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Contacto para espetáculos:

o_corcunda@hotmail.com

Também fazemos casamentos e baptizados...

segunda-feira, junho 02, 2008

É Mesmo Agora (I)














As reacções ao meu texto anterior, são quase uma resenha dos problemas da Direita Portuguesa nos últimos vinte anos.
O Rui Albuquerque fala-nos da “ecologia direitista”. Fala bem. Retrata uma Direita que vai passando com o tempo, agarrada a elementos e memórias do passado que não são mais do que ícones e em pouco falam com os dias de hoje (ao bom jeito dos que idolatram Marx e o Che e depois disputam pelo aumento dos salários e da propriedade individual e vão gastar o soldo no “Mac” mais próximo). Se a Memória é imprescindível ao homem moral, também é fundamental que a reverência pelos antigos não seja senão um reflexo de colocar os seus princípios em prática. Não há nada mais progressista que uma memória estéril, que lembra os navegadores e abomina a memória do Ultramar, que fala dos heróis, mas não lhes procura copiar as virtudes.
O grande falhanço dessa Direita, que também é sociológica, foi a incapacidade de procurar uma fonte para a sua proposta política. A solução que achou para uma “principiologia” foi a memória da acção política de Salazar, esquecendo que este já se encontrava em conversação prudencial com o seu tempo. Retirar da acção os princípios políticos, foi o erro fundamental desta Direita, que se encontrava já incapacitada de concordar, desde o Estado Novo, em algo que fosse superior ao “carisma” do líder.
Esta é a grande barreira a ultrapassar. Nem Salazar era tão salazarista, sabendo que noutras circunstâncias a defesa dos mesmos princípios poderia conduzir a acções bem diferentes. Definir Salazar como anti-liberal ou anti-parlamentar é apenas apanhar a acção e não as motivações. A união em torno destes elementos não faz justiça ao estadista, nem permite que os que com ele partilham os princípios actuem num “ambiente hostil”, encontrando-se presos num conjunto de “políticas” e não adequando as políticas à manutenção dos princípios, como deveriam fazer.

Já quanto às festividades actuais do 28 de Maio, nada sei. Sei apenas que a juventude que o Rui refere em nada se pode considerar parte dessa Direita Portuguesa e que quando celebram a data o farão, certamente, por engano, uma vez que nessa data se celebra a continuação da aventura ultramarina, um Portugal como projecto político e espiritual, as ruínas da Civilização Cristã contra a sua total aniquilação. Quem decide fazer evocações de datas, incorporando nestas elementos fantasiosos, fá-lo por sua conta. Não é o culto das datas e dos homens que determina a sua inserção política, mas as razões para o mesmo (os hindus que prestam culto a Nossa Senhora não passam a ser cristãos, porque o fazem segundo uma crença diferente).

Quando aqui falo na Direita, não estou a falar de grupos sociais. Falo em todas as pessoas que desprezam a ideia de que a comunidade política existe para servir caprichos individuais, de que o Homem é o elemento mais elevado na determinação da acção humana e que acreditam que a liberdade individual só faz sentido quando preservada em princípios que são maiores que a vontade momentânea. Vejo-os todos os dias. No meu grupo de amigos, que persegue uma alternativa filosófica a uma sociedade sem justiça, no autocarro onde as pessoas se insurgem contra a miséria humana gerada pelos programas de auxílio à Droga, na tasquinha onde ao almoço ouço como pessoas mais velhas a lamentar a miséria dos povos de África contra a ideologia genocida dos “direitos e auto-determinações” em que a única voz ouvida foi a das armas.


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