sexta-feira, julho 09, 2010

Caros Amigos e Leitores,

Graves problemas pessoais têm me impedido de escrever, acompanhar esta página ou responder às vossas mensagens. Peço-vos que me perdoem, mas neste momento nada mais posso fazer. Obrigado pelas vossas mensagens e constantes referências.

Um abraço

quarta-feira, abril 14, 2010

O Paraíso Comunista, Aqui















“In communist society, where nobody has one exclusive sphere of activity but each can become accomplished in any branch he wishes, society regulates the general production and thus makes it possible for me to do one thing today and another tomorrow, to hunt in the morning, fish in the afternoon, rear cattle in the evening, criticise after dinner, just as I have a mind, without ever becoming hunter, fisherman, herdsman or critic.”

Karl Marx, German Ideology (1845)

Na teoria marxista o Comunismo é definido como a obtenção de um sistema social em que Necessidade governa. É claro que essa Necessidade, como tudo em política, depende do sujeito a que se refere e da finalidade a que se destina, e essa distinção corresponde, em traços genéricos às grandes distinções do Socialismo.

No Socialismo Utópico (a grande finalidade beatífica da estrutura marxista) a Necessidade refere-se à capacidade de gerar autonomia da coerção, o desígnio descrito por Marx pela autosuficiência criada pela abundância. Não tendo abandonado os fortes traços anarquizantes e individualistas do pensamento liberal, o Paraíso Terreno do Marxismo não corresponderia a uma afirmação de um pensamento único ou a eliminação da discórdia (como p.ex. pretendia Rousseau), mas a criação de uma entidade que permitiria que a discórdia já não fosse importante em termos políticos, dado que o método de “administração das coisas” criaria um governo objectivo. Em suma, não é que todos pensem da mesma maneira, é que a abundância e a técnica trariam ao Homem um “jardim de delícias”, que a própria natureza do nosso mundo veio a desmentir, e que tornariam as discussões um passatempo.

É claro que este objectivismo ridículo (a pretensão de um conhecimento desumanizado e de onde é retirado o factor observação), aliado a uma falsa concepção de Natureza (a crença de que o Objectivismo poderia eliminar a sobreposição dos homens), esbarram numa concepção esvaziante de Humanidade. A libertação do Homem face ao seu semelhante é feita no sentido permitir ao oprimido meios para não depender do opressor em termos materiais, mas esquece (por acreditar numa concepção rousseauniana de Natureza) que depois de removidas todas essas camadas opressivas que constituem as hierarquias de valor, não existe possibilidade de aceitar ou rejeitar e toda a opressão é bem-vinda ou rejeitada com base numa impulsividade animalesca. O próprio acto de libertação isola o Homem e transforma-o no ser vazio que é dotado de sentido apenas pela Força.

Esta foi a grande arma que o Socialismo Real utilizou, submetendo o sacrifício do presente a uma miragem mentirosa e impossível, submetendo a Necessidade das pessoas à do Estado, no intuito de que estes, num presumível futuro, pudessem usufruir de uma esfera absoluta de liberdade privada, submetendo-se absolutamente à sociedade.
Esta é precisamente a formula com que a sociedade actual, legítima herdeira dos socialismo e do marxismo nos brindam e daí provém, precisamente, as suas incongruências.

O ataque à Igreja a que assistimos não é um evento esparso ou obra de meia-dúzia de fanáticos que são contra a liberdade de expressão. É a própria visão desse paraíso comunista, prosseguido por outros meios, os meios liberais, que impele a perseguição a todo o Absoluto. A finalidade de libertação individual, um Estado absoluto e independente de concepções de Bem que consagra total liberdade privada, é uma marca do pensamento liberal de Locke. O autor percebeu na sua formulação que este sonho não seria compatível senão com visões protestantes, afirmando a Tolerância (a virtude suprema da comunidade política) como incompatível com qualquer perspectiva não-subjectiva.

Por outro lado, o Progressismo vigente encarregou-se de fazer coincidir a Necessidade do Estado com a individual, através da construcção de mitos como a incapacidade económica das sociedades baseadas em perspectivas transcendentes e em concepções de Bem, a ideia ridícula de que na presente sociedade moderna existe um espaço maior de liberdade do que em qualquer altura da História.

Se perguntarmos na rua a qualquer um dos nossos compatriotas desta libérrima terra, garanto que serão poucos os que não compartilham do sonho liberal-comunista de que cada um deve fazer a vida que lhe apetece, independentemente dos laços naturais que possuam nesta terra. E desses, a esmagadora maioria terá por essencial a mudança de mentalidades (a remoção dos absolutos) como prioridade para atingir esse cume da liberdade e essa sociedade livre de discriminação, sem sequer aperceber os constrangimentos à liberdade e a defesa implícita de um posicionamento ideológico que tal acarreta.

E não vai parar...

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segunda-feira, abril 05, 2010

A Adúltera Lapidadora

Do que mais me tem interessado na perseguição que Bento XVI tem vindo a sofrer, tem sido a forma como grupos homossexuais (e identificados como tal) se manifestam. Um grupo que tem como identidade uma preferência sexual é algo que para levar tão a sério como um “clube de swingers” da província ou um sindicato de pêgas. A politicização da sexualidade é, em si, sintoma de falta de harmonia com qualquer hierarquia da alma. Só mesmo uma gigantesca perturbação do espírito pode conduzir a que pessoas que rejeitam liminarmente a autoridade da Igreja se manifestem contra este ou aquele princípio nesta inclusos, não por realizarem uma interpretação diferente de princípios de justiça, mas em virtude de impulsos sexuais. São os que pregam o fim da restrição e da subordinação do Homem à Lei de Deus, que agora apontam o dedo aos que não contiveram a sua perversidade. Os que atacaram a autoridade moral da Igreja são os mesmos que, ao colocar as opiniões todas ao mesmo nível, abriram a porta à ideia de que conceitos como complementaridade dos sexos, abertura à vida humana e natureza, são meras convenções. Resta saber por que insondável razão se erguem estes contra os que ignoraram convencionalismos como a maioridade, a puberdade ou a auto-determinação?
Nós temos uma razão para condenar a pedofilia, os pedófilos e os que os ajudam (o que não é manifestamente o caso do Santo Padre). Nem todos se podem gabar do mesmo…

terça-feira, março 23, 2010

6 Anos desta Pasquinada













Cumprem-se hoje seis aniversários deste abandonado espaço. Poderia queixar-me da falta de tempo para lhe dar a actualização necessária, mas relembro-me de tempos em que mal dormia para escrever um texto, rebater um erro, ou comentar uma questão enquanto esta estava fresca.
As razões para este abandono prendem-se com o cansaço dos anos, com a esterilidade de grande parte dos debates que têm emergido na blogosfera, com o desaparecimento de gente que estaria disposta a repensar os fundamentos da Grande Causa, com o pouco reconhecimento dos problemas essenciais por parte das pessoas que poderiam fazer a diferença no futuro.
O persistente grupo de leitores que esta coluna foi acumulando vai fazendo com que o seu desaparecimento nunca seja totalmente consumado. Apesar de não ter andado por aqui, os textos e os arquivos têm sido lidos. Há uma espectativa a que não tenho correspondido, criando a maior das injustiças. São os leitores e comentadores fiéis quem paga as favas e não os comentadores injustos, os caricaturadores de ideias, os que vêem as discussões como meios de notoriedade.
Esta é a minha página. Uma construção que, longe de ser grandiosa, já conta com um percurso que me retrata e que irá, Deus permita, acompanhar-me por mais uns quilómetros do caminho com o punhado de amigos que vão decidindo persistir.
Muito obrigado a todos.

sábado, março 13, 2010

O Carro do Marcelo



quarta-feira, fevereiro 24, 2010

1 Ano de Tribuna

Curta "saltada" pela blogosfera, apenas para desejar ao Afonso Miguel, pelo primeiro aniversário da sua casa, muitos anos de permanência no Bom Combate e de resistência com o espírito a que nos habituou. A Tribuna é uma casa de visita obrigatória, sobretudo num tempo em que a irreverência é confundida com irresponsabilidade e egoísmo.
Que continue presente, é o que este fiel leitor e amigo pede.

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

A Palhaçada

Soube que amanhã o circo vai descer à cidade. Será mais um espectáculo de strip-tease dado que se vão pôr a nu todas as debilidades de pensamento da nossa direita sociológica e o seu festival de banalidades e disparates motivados por gregariedade classista.
Analisemos…
Os slogans são o disparate do costume. Celebramos a família e o casamento. A família como núcleo de Amor Cristão, à imagem do Criador, sempre aceitou que a forma pode transcender a materialidade e por isso sempre lutou para que a família fosse mais do que um conjunto de consequências naturais. A adopção é disso um caso. Argumentar que uma família homossexual não é família por não poder gerar vida é, não apenas estúpido, como insultuoso para a própria Fé e para os milhões de famílias que não têm descendência. Logo, o valor de passear criancinhas pelas ruas é algo de muito duvidoso.
Mas a palhaçada só se encontra completa quando vemos um conjunto de gente ligada à Igreja a mover-se a favor da forma presente, o estilo séc. XIX, de casamento civil. Isso sim é algo que só ao nível da dupla Croquete e Batatinha…
Uma forma de casamento que é tomada como meramente contingente pelo Estado, que é dissolúvel por vontade de uma das partes, onde a dissolução do vínculo fundamental não é vista como falha mas como acto próprio da esfera de autonomia do indivíduo, torna-se, subitamente, a razão para a união de toda a boa sociedade do país.
Em relação ao divórcio não houve manifestações. Ninguém pareceu preocupado com a destruição de lares ou com a manutenção dos bons preceitos cristãos, com a destruição das tradições sociais do bom povo português ou com a necessidade de ter o Matrimónio como referencial do casamento civil. Nunca apareceu movimento que se preocupasse com o assunto, a Igreja Portuguesa expressou reservas, mas, em momento algum, afirmou uma alternativa social para o problema. Em conluio com o Regime aceitou sempre essas como matérias da Democracia e não como elementos estruturantes de qualquer sociedade. Nunca ninguém levantou a voz para afirmar que a manutenção dessas instituições e a sua intocabilidade pelos poderes públicos, é o mais fundamental reduto da liberdade social.
É por isso que é de perguntar, qual o espanto com o casamento homossexual? Quando os heterossexuais aceitaram violar a regra mais elementar da Família Cristã, a indissolubilidade, ninguém disse uma palavra. Agora que são os homossexuais, há manifestações, palhaçada e criancinhas a desfilar.