sexta-feira, maio 30, 2008

A Direita é Agora














O que se passa actualmente no PSD é claramente positivo para a clarificação da Direita em Portugal. Existe uma colisão entre os vários elementos e tendências que fizeram do PSD o partido dominante das décadas de 80 e 90 e que estão a levar o partido ao colapso. As desavenças entre os notáveis e os “caciques”, entre liberais e social-democratas, criaram uma situação de fraccionamento extremo, em que quando uma facção atinge o poder, os restantes se encontram excluídos da participação.

Por outro lado, os que se encontram no CDS e que ainda têm um discurso que não o meramente tecnocrático do Portas recente, encontram-se completamente à margem do discurso do partido e sabem que o líder pós-Portas (que está para o ano que vem) encontrará um partido sem militantes, sem projecto e sem ideias. Na melhor das perspectivas, o CDS será um partido com 3 ou 4%, sem os notáveis “portistas” e nas mãos de gente que não terá a capacidade de Portas para ideologizar o partido. A sangria que começou com Nogueira Pinto irá deixar o partido sem forças para se reerguer e com um grupo parlamentar residual, composto por nomes de Portas que serão reciclados à nova amálgama ideológica. O CDS terá de escolher entre morrer e ser absorvido pelo PSD. Pior, pode escolher as duas.

O panorama extra-parlamentar também não é animador, com o nacionalismo em conluio com o socialismo mais extremado e refém da vulgata esquerdista dos direitos individuais e do proletariado, bem como com reciclagem dos velhos mitos materialistas que serviram para a criação de unidades políticas artificiais. O discurso anti-americanista ainda não conseguiu explicar como é que sem NATO e com despesas gigantescas para uma defesa autónoma europeia, se vai conseguir manter as maternidades em Carrazeda de Ansiães…

O PND incapaz de, apesar de alguma gente de valor que por lá andou, passar qualquer tipo mensagem para a sociedade, é um exemplo gritante de como a falta de uma política clara (primeiro centrista, depois presidencialista, depois conservador-liberal) pode destruir um movimento. Apesar de morto e enterrado, uma qualquer alternativa terá sempre de passar por recuperar muita gente que embarcou no navio errado, bem como deixar nos “anos 90” alguns figurões que dele não deveriam ter saído.

Com o fim do CDS, com a travessia no deserto do PSD, com um nacionalismo residual, com um PND no caixão, não estará na altura dos que dizem ter princípios de Direita fazerem alguma coisa? Ou então que se calem para sempre...

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