Cidadão Ortiga
As declarações de Dom Jorge Ortiga na TVI são bem demonstrativas da confusão entre prudência e princípios que grassa nas mentes da Igreja Portuguesa. O Senhor Arcebispo fala-nos de uma doutrina que só se aplica aos crentes, que o Estado deve ser laico, e que o a Igreja deve estar em pé de igualdade com as outras denominações.
Sigamos o exemplo do Primaz de Braga e abracemos a poligamia mórmon ou islâmica, a excisão clitoriana africana e os festins de sangue dos rituais satânicos, no seio da nossa legislação. A igualdade das religiões torna forçosa a aceitação desses modos de vida no seio da comunidade portuguesa. O Estado Laico cria uma tangibilidade da lei que não se compadece com a moralidade pós-cristã da monogamia, das restrições à homossexualidade, do Decálogo, porque não possui a fonte para a restrição moral.
O Arcebispo repete a mesma figura triste que Marcelo Rebelo de Sousa fez no Referendo do Aborto. Quer dizer “não”, mas sem aceitar os conceitos que o poderiam justificar, acaba por dizer que a sociedade pode fazer o que quiser, mas sem a sua sanção subjectiva. Esquece-se, como se esqueceu MRS, que a sua sanção subjectiva não serve para nada.
Da próxima vez que o Arcebispo falar contra os casamentos homossexuais, o aborto, ou o facto de haver um sistema de vigilância em casa de cada pessoa, é preciso que alguém lembre o Arcebispo de que o Estado se encontra desligado das concepções cristãs de justiça.
Retira-se-lhes a Espada, tornam-se cordeiros...
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