segunda-feira, maio 26, 2008

As Cantigas de Intervenção

O drama dos moçambicanos na África do Sul é um exemplo para o mundo. Esqueçamos que o regime de um dos “santinhos laicos” do movimento progressista mundial está a gerar um conjunto de famélicos, excluídos e homicidas xenófobos. Esqueçamos que o tribalismo mais aceso que alastra por África, e que tem sido o grande combustível dos conflitos ou justificação para os mesmos, tem sido aceite pelas potências ocidentais e trazido das margens para a vida pública internacional depois da implosão da URSS. Esqueçamos, ainda, que o mito da Imigração Inócua tem vindo a ser desmentido todos os dias na vida das populações africanas que se deparam com concorrência na luta pelos “restos” da sociedade produtiva.
O que realmente surpreende é a forma como todos os que defendem intervenções humanitárias em todo o lado se esqueceram da África do Sul. Aqui há um regime santificado por Mandela, e apesar da pouca acção da polícia não se vê ninguém a levantar a voz contra estas práticas de fazer corar Milosevic.
Estranha-se que a doutrina dos Direitos Humanos, que supostamente e de um ponto de vista objectivista, teria como objectivo diminuir a discricionaridade da aplicação dos seus princípios e criar uma estrutura de justiça impessoal, seja capaz de culpar os chineses e os sérvios, mas desculpabilize os sul-africanos.
A Justiça que não é cega é justiça?

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