sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Uma Questão de Prioridades











O incompreensível Cristianismo da Conferência Episcopal não cessa de me surpreender. Absorve-se com a questão do casamento homossexual, desincentivando ao voto no PS, como se tivesse começado na semana passada o fito socialista de destruir os últimos resquícios de Cristianismo nas instituições civis.
Durante anos a CEP assistiu impávida ao afrouxamento dos laços da família nas sucessivas simplificações do Divórcio. A questão, diziam, era a liberdade religiosa. De índole meramente civil, o casamento não tinha de espelhar o sacramento do matrimónio. Sobre a importância dos valores na escolha política nada ouvimos.
Depois veio a questão do Aborto. Pouco preocupados com a inocência das vidas em questão, a CEP mostrou-se favorável a um Estado que dispõe da capacidade, por via referendária, de retirar a alguns o seu bem mais precioso: a vida. Mais uma vez, parecia que a forma socialista de ver o mundo, os seus ideais laicos e republicanos, nada tinham a ver com a legitimação deste crime. Acometida de algum inchaço ou miopia intelectual, a Igreja Portuguesa não identificou no partido de onde partiram todas as acções sérias de legalização de tal prática, quaisquer valores anti-cristãos. Chegou mesmo a afirmar que não se deveria imiscuir em política.
Subitamente, na semana que corre, a CEP fez um achado de relevo: o PS defende valores que não são os do Cristianismo! Desde já endereço um abraço a esse verdadeiro conjunto de sábios que, com um ligeiro atraso de quase 40 anos, descobriram a incompatibilidade entre o materialismo socialista e o Cristianismo. Estranho apenas que a compreensão de tal incompatibilidade surja na sequência da questão do casamento homossexual e não tenha vindo a tempo de salvaguardar a família e a vida de inocentes.
Há muito que alguma Igreja Portuguesa (entenda-se, o clero ligado ao regime e muitos daqueles padrecos laicos que não tiveram coragem de tomar votos) anda a preparar uma estratégia de estalo, que consiste na aceitação das relações homossexuais com um nome diferente para impedir a possibilidade de adopção de casais homossexuais. Uma estratégia espetacular que será desmontada em dois minutos por acto legislativo regular, com votos da esquerda parlamentar e do PSD pró-aborto.
Mas, também, o que é que se pode esperar de gente que demorou quarenta anos a perceber que um Cristão não pode ser socialista ou que acha que a prioridade do país é a economia?

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