quarta-feira, janeiro 28, 2009

Algumas Reflexões sobre o Perigo da Monarquia












A actual ofensiva monárquica em torno do constitucionalismo monárquico e da sua legitimação é um erro monumental que a Ideia Monárquica pagará muito caro. As gerações vindouras, que buscarão alternativas ao seu tempo, deparar-se-ão com um deserto intelectual e uma obsessão com a legitimação do presente. A única coisa que se ouve aos monárquicos de hoje é «a monarquia é muito adequada àquilo que vivemos», o que, sejamos sinceros, não tem qualquer validade quando esse presente se alterar.
Esta visão curta dos nossos monárquicos remonta ao século XIX e a todo o conjunto de falácias que o abjecto regime saído das Guerras Liberais gerou, com a sua plêiade de barões novos-ricos e sanguinários da guerra-civil, a sua obsessão com o modelo inglês ou francês, a sua inspiração claramente maçónica encoberta pelo Catolicismo como religião oficial, pela maioria dos deputados e representantes ajoelhados perante as ideologias do Progresso, os positivismos e os utilitarismos (autênticas filosofias de pocilga que haviam de seguir da monarquia de republicanos até à República).

É até possível que a Monarquia do Norte tenha falhado por causa dos Integralistas. Não acredito, mas não é importante para o caso. O que é certo é que os que tinham a monarquia e as vetustas instituições na boca, foram os primeiros a quererem silenciá-las. Porque não aceitaram estes as antigas instituições e juras constitucionais com a carga religiosa correspondente da Nação Antiga? Será que seria por preferirem ajoelhar perante as efígies de Bentham, Comte e Rousseau? Será por colocarem esses ídolos acima dos Princípios da Nação? Há aqui um erro essencial. Para quê retroceder ao regime anterior, quando o regime caiu por falta de monárquicos?

Hoje os monárquicos fazem essa mesma escolha. Escolhem um regime monárquico por este ser mais republicano e democrático, numa paródia sem fim. Querem voltar a essa monarquia que é igual à república, esquecendo-se que a maior parte dos portugueses já não se revêem em qualquer representação tradicional. O que foi nos tempos pós-Sidónio uma alternativa de ordem é hoje uma alternativa de caos, de um representante tradicional armado em presidente ou “conducator” democrático. Para isso o presente já tem o seu presidente.

Uma ordem política monárquica ou republicana que não tenha como finalidade princípios transcendentes, que não inculque a Virtude, que não compreenda a essência natural do político e a sua subordinação a uma Justiça Maior, não me interessa para nada. A Monarquia Constitucional e a do Norte condenaram-se por serem fruto de homens de ideais republicanos (todos os que acreditam que a Constituição e a Religião são produtos da vontade popular). Não me interessam para nada, como os gráficos com os PIB’s, os gastos com o Chefe-de-Estado, ou os índices de criminalidade monárquicos e republicanos. Tudo isso é vulgata republicana que deveria causar indiferença ao monárquico.

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