terça-feira, janeiro 13, 2009

Política de Suinicultura











Comunismo e Liberalismo não são apenas duas ideologias modernas, mas um mesmo propósito de sociedade. Qualquer destas formas políticas tem uma escatologia própria mas uma utopia terrena e um desígnio muito semelhante, a criação de uma sociedade que gira em torno de desejos e recursos. Esse tema central de ambas as ideologias corresponde à obsessão generalizada da Modernidade, a ideia de que tudo é expressão de materialidade e que toda a resposta é quantificável, facto que conduziu a que o “Bem” religioso e alter-mundano, fosse traduzido nas religiões seculares da Modernidade por “Mais”, sob o beneplácito de Maquiavel. De um lado os que acreditam que a sociedade, num passe de mágica, pode criar uma sociedade em que todos têm a sua ração, do outro os que acreditam que das várias interacções humanas emerge uma distribuição melhor da mesma ração. Duas religiões com obsessões quantitativas e apetitivas.
É também por isso (noutros casos apenas por uma vontade servil de se colocar aos pés dos detentores do poder) que o Liberalismo tolera bem o Comunismo. E pela mesma razão ambos observam o Cristianismo como inimigo a ser conquistado e dominado pela vontade dos governantes, como se observa pelo cesaropapismo britânico fundamentado por Locke e pelas nacionalizações religiosas dos comunismos que se verificaram por esse mundo fora. Tanto o Comunismo como o Liberalismo têm perfeita consciência de que só sobrevivem numa sociedade de impulsos e desejos e em que toda a repressão é injustificada. Prazer e Dor, Desejo e Satisfação, são os elementos essenciais dessa sociedade suinizada de resposta a impulsos. Qualquer apelo à Virtude, à medida do Homem que proporciona acesso a bens não quantificáveis e qualitativos, é por isso banido por extra-subjectividade. O epíteto “fascista” deixou o significado original de movimento político de massas, para se dizer daquele que não acredita que o indivíduo-átomo é o destinatário final de toda a política. Qualquer pessoa que se recuse a aceitar que os laços humanos são mais importantes que uma individualidade possessiva, que não tem outra finalidade que não seja a total plasticidade do Homem para obter uma total submissão ao poder e ao tempo, quebra a grande premissa de Comunismo e Liberalismo: que devemos todos estar juntos (comunismo) ou separados (liberalismo) para que possamos no fim caber nessa orgia de auto-satisfação do ponto-ómega do Progresso ou da sociedade em que cada um vê satisfeitas as suas necessidades.
É frequente ver-se por aí muita gente da “direitinha” e dos que, espertos, fazem pela vidinha, dizer como o ideal comunista é bonito, mas impraticável. Todo o porco sonha com a pocilga...
Também sou o “fascista” dessa rapaziada.

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