quinta-feira, setembro 27, 2007

A Mentira das Meias-Tintas















A história do Catolicismo Moderno é a invenção permanente de razões compatíveis com o Mundo Moderno para que, sem fundamentos, se consiga evitar a total imersão na amoralidade. É por isso que, ao contrário de muitos, eu acho que o Vital Moreira e a República e Laicidade têm sempre razão. Apresentam-nos sempre loucura e amoralidade, mas em perfeita consonância com o que a generalidade da população e os bonitos princípios da Constituição que nos rege, defendem.
São os católicos que estão errados. Disso não tenho a mínima dúvida. Numa sociedade em que o Estado não tem qualquer directriz religiosa e se submete a legislar segundo os desejos da multidão, o laicismo e o secularismo são consequências lógicas e imediatas. A Igreja Portuguesa aceita, sem pestanejar, esta situação. O Senhor Dom Manuel Clemente acha que o secularismo e o laicismo são enormes progressos da civilização. Está no seu direito. Precisamente o mesmo direito que uma pessoa de outra denominação religiosa tem de se deslocar a um hospital e dizer a um moribundo para este tomar uma dose de morfina e evitar o sofrimento da vida, para gastar o legado da família em prostitutas e vinho, para se dirigir aos familiares de uma vítima de um acidente e lhes dizer “vão-se divertir e ganhar dinheiro, que ele há de se desenrascar!”. Tenho pena que não existam ateus em cada hospital, relembrando às pessoas que toda a agonia e sofrimento não têm qualquer razão, destinatário ou redenção. Hedonistas e ateus fariam bem em espalhar a Boa Nova sartreana.
Eles têm razão! Se o Estado é secular e laico, não há qualquer razão para que se prefira o amor dos filhos, o sofrimento da vida, a uma vida com drogas e envolvida no falso afecto de uma prostituta. Se o Estado não promove, nem possui, qualquer posição sobre as grandes questões do Homem, porque é que não devemos ter as senhoras da Clínica dos Arcos a exercer o seu direito à livre-expressão à porta das consultas de obstetrícia das maternidades de todo o país. Porque é que não temos as senhoras do “Barco do Aborto”, ou livros do Peter Singer, a incentivar à morte de crianças dentro da Alfredo da Costa? Estas senhoras têm outra visão do que é a vida humana que, segundo esse Estado acéfalo e hiper-tolerante e esse progresso civilizacional do mundo moderno, é tão aceitável como outra qualquer. Nunca encontrei qualquer resposta para estas perguntas...
O Senhor Bispo do Porto afirma que há duas formas de laicidade. Uma positiva, que respeita as religiões todas e uma negativa, que acha que a religião é matéria individual. O problema é o mesmo... como podem ser toleradas todas as posições religiosas? Isso levaria a que as pessoas que têm posições religiosas que toleram o Aborto, a Pedofilia ou o Homicídio de Infiéis, tenham de ser toleradas, possam agir como desejam e possam espalhar a sua mensagem livremente (o Estado não deve imiscuír-se na religião da sociedade, segundo diz). A comunidade fragmentar-se-ia num multiculturalismo amoral. Cada um agiria segundo os seus desejos, escolhendo a religião que melhor satisfaz os seus desejos. Calculo que o Senhor Bispo do Porto não veja mal nisto, à luz desse progresso civilizacional que consagra o divórcio entre o Político e o Religioso.
A bem da Cultura da Vida, defende-se a sua paridade com a cultura da Morte e apresenta-se o facto como “real ganho da história e da civilização”. Esta Igreja fala por cifras, conta meias-verdades e apresenta-as como triunfos, como se já houvesse tornado às Catacumbas...

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