Verdades Difíceis
-A Caminho da Verdadeira Servidão-
Ficou meio mundo indignado com as declarações do Cardeal Joachim Meisner, por este ter afirmado que "Quando a cultura não está ligada à veneração do divino, o culto cai no ritualismo e a cultura degenera. Perde o centro". Toda a classe política alemã (a mesma que pactua com esta nojeira!) fez questão de se indignar com as declarações do Cardeal, que ainda mencionou que uma sociedade que se encontra descentrada irá incorrer nos erros do passado, no nazismo e comunismo.
Quem ler esta notícia do DN, não pode senão ficar estarrecido com o que se diz. Não se percebe (ou percebe-se bastante bem, até) porque razão é que se fala em elogios ao Nazismo que pertencem a outra história totalmente diferente. Não se percebe se o problema está na condenação do nazismo vir da Igreja e perigar o monopólio da esquerda, se está na forma como cada vez mais só é permitido ter pensamento, quando este se encontra minimizado pela ausência da pretensão em ser mais do que uma perspectiva pessoal e momentânea.
Toda esta histeria é um sintoma dos nossos tempos, mas é particularmente ilustrativa da forma como uma sociedade liberal, castrada de valores concretos. O próprio John Locke, que fez uma curiosa apologia de uma tolerância que hoje enche as bocas de todos os ignorantes que se acotovelam para comer à mesa dos “grandes” , sabia que esta teria de terminar, forçosamente, nos católicos. A razão é simples. A Doutrina Católica não acredita que as esferas política e moral existam de forma separada, que a política possa fazer algo que não seja impedir o Mal e promover a Justiça.
A solução para o Político remeter o Catolicismo para a esfera da crença privada foi o Modernismo de que Maritain foi o máximo expoente, que postulou a total independência da esfera política. Segundo esta perspectiva a política tem uma dimensão própria e dependente apenas da vontade dos cidadãos (em perfeita consonância com o que aqui transcreve o AAA), em clara oposição com toda a Doutrina da Igreja que sempre concebeu a justiça como matéria pública e não matéria privada de expressão pública.
Nunca percebi como pode um Católico saber que a Doutrina Religiosa que o anima defende estas posições e desprezá-las em função de uma liberdade individual (autonomia) que surge com a tentativa de destruír tudo o que a Igreja significa, nem sequer percebi como é que se pode aceitar que estas posições “modernistas” se tornem maioritárias, mesmo quando em total contradição com a Igreja. Ao contrário do que muitos pensam, a Tradição faz parte da Revelação e não é substituível por um conjunto de apreciações de pensadores modernos que contradizem essa linha. Isso simplesmente não é Catolicismo.
Nem o liberalismo, nem o modernismo-católico, são soluções para o que quer que seja. Se um modernista-católico aceita a injustiça do político, simplemente porque deixámos de ter uma sociedade de cristãos, só posso dizer que esse é um pensamento frustrado, porque nada pode criar. Quando esta posição se cola ao pensamento liberal e à sua apologia de que a educação para o satanismo, para o hedonismo, para o homicídio, é uma questão privada ou de defesa do interesse estatal, é evidente o factor que predomina nesse pensamento, em clara oposição a dois milénios de história. O totalitarismo liberal é tão mau como os outros...
Resta aceitar, que é sempre a parte mais difícil...
Etiquetas: Modernidade
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