quinta-feira, setembro 13, 2007

A César Augusto






















Antes das minhas férias, o Dragão dedicou-me um texto a propósito da possibilidade de os Poucos melhorarem os Muitos. É sempre difícil responder ao Dragão, porque qualquer resposta parece sempre pastosa e sem graça. Ainda assim acredito que esta desvantagem poderá ser vantajosa.

Não acredito na possibilidade de mudança da Natureza Humana, porque esta é coisa permanente. Acredito, porém, que é possível aproximar os homens (que de facto o Homem é coisa que não existe...) dessa norma e que a grandeza dos homens públicos consiste na capacidade de compreender que a matéria condiciona a forma, mas que a forma (à boa maneira aristotélica) é tudo o que interessa pela capacidade de evoluír a matéria desordenada a um estado e ordenação superior.

Realizar a Natureza Humana não é transformar os homens, à boa maneira do Iluminismo, em sábios ou santos, mas conseguir adequar os homens à função que podem desempenhar. Em muitos casos a única coisa que podem esperar é a ordenação que os force a um grau de justiça limiar. Os Muitos nunca poderão ser justos no verdadeiro sentido da palavra (os que dispondo de total liberdade de acção, não procedem a crimes e que compreendem essa necessidade), mas poderão facilitar uma existência que permita uma vida em comum, que os impeça de voltar a almoçar os seus inimigos, de violar os seus filhos, de dizer tudo o que lhes vai na cabeça...
Diz o Dragão que se contenta em que o não piorem, sabendo, por certo, que esse tesouro a manter são os melhoramentos (a aproximação à Norma) de idades mais favoráveis.

Crendo que é possível mudar os homens, não podia ser mais desconfiado face aos tempos que vivemos, em que nos informam na crença de que a disformidade é o mesmo que a boa forma. Crer que existe aqui alguma ascendência ou descendência que é própria do tempo e não das forças presentes é tomar a parte pelo todo e conceder religião à materialidade.

É bem verdade que Cristo nos mandou amar o nosso semelhante, mas sempre como Ele nos amou. Forçando a bondade e colocando-nos no nosso lugar na Grande Cadeia do Ser, para que saibamos que os diferentes amores correspondem a diferentes lugares e diferentes deveres. O Amor é sempre encontrar o nosso lugar.

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