domingo, julho 23, 2006

Homossexualidade e Democracia


















Na Austrália tem surgido uma discussão no seio da Uniting Church, uma das seitas protestantes que por lá grassam, sobre a admissibilidade do sacerdócio homossexual. Esta forma de protestantismo morre com o mesmo ferro com que matou. Por um lado advogou a não existência do conjunto de elaborações que constituem a Tradição Cristã. Agora que se observa que partes significativas dessa denominação religiosa fazem a apologia de pecados evidentes, pretendem a criação de uma nova tradição, uma tradição de assembleia, de vinculação a decisões anteriores e invioláveis das autoridades. Se, por vício de forma, não podem reclamar a superioridade de elementos de significado autónomos acima do elemento interpretativo (a sua reforma é uma revolta contra a existência de um acervo), têm de afirmar o predomínio de decisões anteriores da sua Assembleia.

Não há dúvida que a revolta dos membros “conservadores”, os que consideram que existe um limite à vontade do Homem, é legítima. O diferendo que os opõe aos homossexualistas reside no facto de estes não considerarem a existência de limites à vontade humana, através de uma interpretação desenquadrada da ideia de que o Homem é criado à imagem de Deus. O resultado é a ideia de que Deus é igual ao homem bom e ao mau, o que resulta na ideia de que ou Deus não é o Bem, resultando na ideia pós-moderna de que o Bem é superior a Deus, ou na concepção, mais relevante nesta questão do homossexualismo, de que Deus é tudo e, por conseguinte, toda e qualquer acção humana é legítima, desculpável, boa. Ideia incapaz de suportar qualquer concepção moral.
O erro mais que evidente da Reforma, a ideia de que libertos do enquadramento da Tradição e Autoridade da Igreja as associações livres de homens se fixariam numa moral mais forte (porque firmada na razão de cada um), mostra-se como erro no seu máximo esplendor.

Uma “reverenda” lésbica queixava-se da sua expulsão do sacerdócio na Uniting Church, alegando que a linguagem da Bíblia era a culpada pelo ódio sexista perpetrado contra si, o que pode indiciar que a seguir à religião podemos ter a Bíblia “a la carte”. O total desprezo pela base da sua fé, subordinando a elementos exógenos à própria Revelação, é mera consequência da inversão Deus-Homem, Bem Cósmico-Bem Individual que atrás referi.
Em oposição os “conservadores” tentam criar uma constituição onde anteriormente postulavam a dúvida, onde defendiam a decisão apostólica como prerrogativa da assembleia de crentes, onde faziam a apologia da dissenção.

A cada dia que passa se torna mais visível a diferença entre a Religião e a Reforma.
A ideologia esquerdista, realização completa da Reforma, não pode co-existir com a existência de elementos que não sejam subversivos. Esta é a verdadeira guerra em que vivemos...

Quem duvida de que se trata de uma questão de formas de governo?

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