segunda-feira, julho 17, 2006

A Filosofia Aventaleira

Nunca consigo perceber se existe um limite para a desonestidade intelectual de certos aglomerados de esquerda mais “aventaleira”. No outro dia veio parar a minhas mãos uma alocução do Dr. Medeiros Ferreira no IDN que é a todos os títulos extraordinária.
Começa por um elogio à profundidade analítica desse homem de pensamento-livre (quanto à acção…), o General Loureiro dos Santos, que havia levantado dúvidas sobre a existência de um Pensamento Estratégico Nacional no tempo de Salazar. O notável açoriano prossegue afirmando as suas dúvidas sobre se é possível que, num regime sem liberdades, possa existir um Pensamento Estratégico…

“ (o problema) é saber se é possível detectar um pensamento estratégico (…) durante um regime ditatorial, onde a liberdade de expressão e de organização não estão garantidas e são reprimidas”

Notável! Já estamos a imaginar o Professor Salazar a lançar “cara ou coroa” para descobrir se havia de enviar tropas para o Ultramar ou não…
Para além do mais ficámos a saber que entre Atenas e a Revolução Francesa não houve estratégia nos povos deste lado do Mundo! Também no bloco comunista ou no mundo não ocidental, só poderemos achar que a mão divina tem guiado os povos… A casuística tem funcionado de uma forma excepcional, sem estratégia ou orientação! É surpreendente, mas não é, por isso, uma reflexão menos notável… Só podemos gabar a coragem e a assertividade do Dr. Medeiros Ferreira.

Continua a este nível com uma reflexão político-constitucional arrojada, mas decisiva, afirmando não saber se o Estado Novo terá sido a II República!
Primeiro porque República é sinónimo de Democracia, não fazendo sentido falar duma sem a outra! Esta afirmação é uma clara demonstração de superioridade do intelecto do ex-MNE, face às posições retrógradas e fascizantes de um Aristóteles, de um Maquiavel, de todos os Republicanos dos Estados Unidos…
Outra razão é evidente…
Houve no Estado Novo um interregno em que o Presidente da República se chamava Chefe-de-Estado! Considero este momento ainda mais decisivo e profundo que o primeiro. O autor subverte a própria Constituição de 33 que afirma a existência de um PR… Como toda a gente sabe Carmona não era bem um PR! Era mais um Führer do Estado Português, com poderes supra-constitucionais, à moda dos “fáchistas”!
Se a subversão das fontes não é um elemento extraordinário de filosofia pós-moderna, então eu não sei o que isto significará…
Pouca honestidade?

Se isto não é revelador...

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