Pecados...
Custa-me que haja civis de primeira e de segunda.
Como já disse não considero que ninguém tenha razão neste conflito. Uns foram terroristas, outros ainda são, outros respondem com crimes de guerra...
Mas, ao contrário do que muitos apregoam, a não existência de razão de um lado ou outro não licita todas as acções e a ausência de razão não retira as regras que regulam a interacção entre os homens.
Preocupam-me tanto os libaneses atacados pela aviação israelita, como os desgraçados que são alvo dos ataques indiscriminados de mísseis do Hezbollah.
Entristeço-me pelos que só vêm uma parte...
Diz o André que a existência de uma ameaça à existência do Estado justifica acções contra populações. Não me parece... Isso legitimaria acções contra os civis espanhóis que apoiam a ETA, contra os familiares dos Etarras, contra pessoas que são inocentes (não tomam acção directa em hostilidades). Levanta isto um problema a que é difícil furtar-se. Sendo certo que nem todas as opiniões são lícitas é fundamental que só as acções danosas sejam reprimidas. Este é um princípio antitotalitário elementar, que permite distinguir criminosos e não criminosos, combatentes e não combatentes, aqueles que é lícito alvejar e os que não pertencem a esse grupo.
Qualquer sacrifício consciente e evitável de inocentes é uma imoralidade.
É bem verdade que Israel é vítima de terrorismo (particularmente brando neste momento, quando comparado com épocas anteriores), mas isso não implica que as populações libanesas possam ser sacrificadas nessa luta contra acções criminosas. Uma invasão terrestre que destruísse o Hezbollah, ou a utilização de mísseis apenas contra alvos militares seria uma intervenção lícita. Explodir civis e terroristas ao mesmo tempo...
Imaginemos que uma qualquer organização terrorista defendia o fim de Portugal e que Marrocos lhe daria guarida. Se é certo que Portugal teria todo o direito de intervir no território marroquino para salvaguardar a sua existência (falo moralmente e não no desavergonhado direito internacional público que temos) é certo que não poderia chacinar civis (ainda que estes achassem muito bem o fim de Portugal). Ainda que devesse defender o estabelecimento de um regime que condenasse acções de terrorismo, não o poderia fazer condenando todos os que o Governo Português pensa partilharem a causa da destruição de Portugal.
Um Estado que adere ao terrorismo não é Estado, porque não exige de si os seus próprios preceitos. É um contra-senso arbitrário.
Não há nada mais anti-cristão que a Guerra Total, a guerra à alma do inimigo.
Vencerá quem tiver a força de dar a outra face...
Etiquetas: Internacional, Modernidade, Pensamento Tradicional
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