terça-feira, novembro 29, 2005

Hoje os Crucifixos...

O episódio da retirada das Cruzes nos estabelecimentos de ensino público é bastante reveladora da forma como o nosso Governo faz política.

Primeiro lançam um boato pelos canais normais. Comentam-no com reservas, posteriormente, afirmando que não existem razões para alarme, que tudo se encontra na estrita legalidade e no âmbito de uma prática governativa que pugna pela igualdade.

Depois vêm os protestos da sociedade, as ameaças da Igreja...

Recentemente um conjunto de desmentidos confusos da Administração Pública vêm fazer crer que não existe qualquer directriz para proceder à retirada dos ícones.

Creio que faltará muito pouco para que venha um conjunto de estudos, sempre de entidades independentes, garantir que as crianças apresentam melhores índices escolares nas salas onde não existem crucifixos...

Dessa ciência experimentalista, desse culto da eficácia, desse altar do utilitarismo, têm vindo as últimas reformas educativas, os sucessivos embrutecimentos mentais da camada estudantil e as sucessivas melhorias nos “ratings” internacionais, através da retirada de matérias lectivas elementares das programações.

Em 2008 teremos um referendo nacional sobre o Cristo-Rei! Escolher-se-á que adereço colocar no Redentor. Algo que lhe dê um carácter mais laicizante, mais em sintonia com os valores do nosso tempo...

Não tenho dúvidas que a opção estará entre uma opção mais cavaquista, onde se acrescentará um telemóvel e uma “suitcase” à imagem sacra, ou uma opção mais hedonista onde deverá pontificar uma camisa havaiana, uns “Ray-Bans”...

A opção C, defendida pelo Bloco de Esquerda, consistirá apenas no acrescento à proposta anterior de um “charrinho” luminescente...

Ao abrigo da sacrossanta liberdade religiosa a Igreja abster-se-á de apresentar qualquer proposta. No fim de contas foi essa ideia de igualdade de credos que moveu a assinatura da nova Concordata e é esta que gera a confusão de ideias (ou ausência delas) que tem assolado a Igreja Portuguesa. Por isso continuam a reiterar a adesão aos ideais da igualdade confessional, para depois defenderem a manutenção dos crucifixos nas paredes das escolas públicas.

Sejam os que aceitaram pela Concordata tornarem-se iguais aos islamitas, aos IURD´s e Manás...

Sejam os que fazem constantes apelos ao voto nos socialistas...

Sejam os franciscanos que estão nos conselhos de administração de instituições bancárias...

Sejam os que andam de mãos dadas com a maçonaria e em especial os que facilitam os templos para a prática de rituais de magia em Funerais de altas-individualidades do Estado Português...

Sejam os que fazem parte de “comissões de direitos humanos e minorias” que pregam aos microfones da Rádio Renascença que “a igualdade de que Cristo falava é outro nome para Igualdade de Oportunidades” (sendo talvez a Segunda Vinda de Cristo na pessoa de Rawls, Sen ou Dworkin).

Depois não adianta dizer que a culpa é do Sócrates!

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